Fanfic: Stay with me | Tema: Gintama
No decorrer da semana, o ex-samurai apresentava um comportamento um tanto controverso: ele parecia estar mais afastado e tratando-os com frieza, demonstrando-se incomodado com pequenas atitudes. As conversas mal resolvidas com Kagura desencadeou inseguranças para contar a tão esperada notícia, aumentando ainda mais sua má reputação com guardar segredo, gerando questionamentos se isso realmente afetava ou não a sua personalidade. Gintoki sentia-se como um cabo-de-guerra, com ambos os lados o pressionando para tomar uma iniciativa o mais rápido possível antes que enlouquecesse, mas qual seria a melhor forma de contar sem que estrague tudo? Ele queria algo mais descontraído para não deixar aquela sensação de estranheza nos olhares, tornando algo especial e divertido, conseguindo bolar um plano em uma noite e colocando-o em prática logo no dia seguinte.
Assim que Shinpachi entrou no apartamento, teve como primeira vista a garota chinesa e seu cachorro gigante acordados logo cedo, o que era estranho, já que nunca a viu acordada nesse horário. Os seus olhos esbanjavam olheiras, remelas e uma voz abafada com bocejos. Havia algo de estranho conforme entrava e caminhava no ambiente, chegando a questionar a ruiva que o observava da porta da cozinha, onde escovava os dentes.
“Ei Kagura-chan, o que aconteceu para você acordar tão cedo assim?”
“O Gin-chan quer dar um recado importante. Só estávamos te esperando.”
“Me esperando? O que aconteceu?”
“Vai saber, até a Tsukki está aqui.”
“Ah? A Tsukuyo-san?!”
“Uhurrum.” – Assentiu com a cabeça. – “Parece ser algo sério.”
“Vindo do Gin-san, eu realmente não sei se devo me preocupar.”
“Lhe garanto que não é algo demais.” – Dizia uma voz Grossa e relaxada.
Ao olhar para trás, ambas “crianças” depararam-se com aquele olhar de peixe-morto que o albino possuía com uma pitada de noite-mal-dormida, mas dessa vez parecia estar levemente animado. Gintoki os convidou para sentar no sofá de frente para Tsukuyo, que estava na ponta do outro sofá, enquanto ele encostava-se na mesa de escritório.
“Então Gin-san, o que aconteceu para você querer nos reunir tão cedo assim?”
“É bom você ter um motivo para ter me acordado, se não irei matar você!” – A ruiva dizia em um tom brutal enquanto o cachorro uivava de fundo.
Antes de iniciar o seu pequeno discurso, o albino limpou a garganta para que os dois ficassem em silêncio enquanto deixava os seus braços cruzados e os olhos fechados, demonstrando a sua irritação com a situação, mas também para esconder a tensão e a super-ansiedade que sentia naquele momento. Suspirou e mentalmente contou até dez, iniciando o seu diálogo com sua feição relaxada casual.
“Bom... Eu os reuni aqui hoje para avisa-los que um novo membro entrará para o Yorozuya.”
“Um novo membro?!” – A dupla questionou.
“Tsukki, o que aquele desgraçado fez para você concordar em trabalhar conosco?!” – Dizia a ruiva colocando as mãos sobre a mesa de centro com o pescoço esticado em sua direção.
“Eu nunca concordaria em trabalhar para esse cara.”
“Oh, então quem seria louco de aceitar esse tipo de serviço?” – Shinpachi questionou.
“Ele não se importa.”
“Ele sabe que você não paga nossos salários faz mais de 6 meses?” – A ruiva questionou.
“Sabe.”
“E qual é o nome dele?” – Novamente o garoto perguntou
“Não descobri ainda.”
“Você realmente sabe de alguma coisa sobre esse cara, maldito?” - Kagura soltava as palavras de maneira brusca.
“Talvez, ele não é muito de falar.”
“E quando iremos conhecê-lo?” – O Adolescente olhava-o confuso enquanto perguntava.
“Hum...” – O albino Demonstrava-se pensativo. – “Em menos de 9 meses.”
“9 MESES DESGRAÇADO?!” – Kagura gritava furiosa. – “EM 9 MESES DÁ PARA NASCER UMA CRIANÇA!”
A sala ficou em silêncio com os dois se encarando, tanto que era possível ouvir o barulho do ponteiro do relógio passando e soando cada vez mais estranho. A loira não conseguiu se segurar e soltou uma leve risada, tornando ainda mais esquisito a situação.
“Eles entenderam tão rápido.” – Dizia encarando o albino após pegar uma xícara em cima da mesa.
“Ah...?” – Diziam a dupla.
1... *Tic-Tac*
2... *Tic-Tac*
3... *Barulho do gongo*
E a ficha caiu.
“O-O-O QUE?!” – Gritavam exatamente surpresos
“QUE-QUER DIZER QUE...” – O garoto gaguejava. – “Eu não posso acreditar!”
“MALDITO! DESGRAÇADO!” – Dizia a Yato socando o rosto do albino. – “COMO VOCÊ OUSA VIOLAR UMA MULHER?!”
“EU NÃO VIOLEI NINGUÉM!” – Ele a retrucava com um tom bruto.
“Isso é verdade.” – Tsukuyo quebrava o clima fervoroso com uma voz mais aveludada, colocando a xícara de chá sobre a mesa de centro novamente. – “Tudo o que aconteceu foi com meu consentimento.”
Kagura e Shinpachi se demonstraram sem jeito, os seus olhos piscando entregavam seus rostos incrédulos com aquela situação, Kagura até soltou a gola do albino, fazendo-o cair.
“Então vocês estão em um relacionamento?” – O garoto dizia confuso com a situação.
“Teoricamente, sim.” – Tsukuyo respondeu ao mesmo tempo que o albino levantava do chão com seu rosto inchado por conta dos socos.
“Estamos, é?” – Gintoki erguia uma de suas sobrancelhas, parando ao seu lado.
“Sim, estamos.”
“Não me lembro de você ter formalizado isso!”
“E precisava?”
“Claro que precisava, até porque você disse que ia pensar e mandou eu guardar segredo!”
“Mas eu nunca imaginei que estaria nessa situação!”
“Espera... Vocês vão ter um filho e não sabem nem se estão em um relacionamento sério?” – O garoto perguntava preocupado.
“Sim!” – Ele respondeu
“Não!” – Ela respondeu em conjunto.
Embora os dois estivessem juntos, não tinham uma ligação quando o assunto era relacionamentos. Era como uma partida infinita de ping-pong onde um sempre questionava o outro sobre a relação para saber em qual patamar estavam com essa história. Tsukuyo tinha em mente que já estava namorando com ele desde a primeira vez que dividiram a cama juntos, mas não queria ter que expor a sua vida pessoal dessa forma. Gintoki, por sua vez, acreditava que ela apenas o aceitava como um “companheiro de cama”, algo que ela não levaria muito sério, o verdadeiro tanto faz. Por conta desses pontos, ele não queria assumir algo sem seu consentimento, portanto pediu para ela formalizar dessa vez.
As crianças apenas assistiam as atitudes infantis do casal, agora já conformados com a situação. Shinpachi achava a cena um pouco icônica e engraçada, mas ao olhar para o rosto de Kagura não notava a mesma felicidade, ela aparentava uma expressão mais decepcionada, como se algo estivesse a incomodando enquanto olhava para o rosto do albino, que também avistou aquele rosto triste.
A troca de olhares foi extremamente desconfortável, o albino não sabia como se expressar, então desviou o olhar para o chão, tentando encontrar palavras que pudessem aliviar a tensão que pairava no ar. Kagura manteve-se em silencio e se retirou do ambiente, sendo seguida pelo o ex-samurai até a varanda, deixando os outros dois a sós. Quando ele encostou a porta a ruiva começou a questiona-lo:
“Você... Pretendia contar sobre você e a Tsukki? Ou só contou por causa do bebê?”
“Eu pretendia contar, mas...”
“Mas o que?” – Interrompeu-o. – “É algum outro segredo estupido que você achava que era sem valor?”
“Não é isso! Eu pretendia contar, mas as coisas aconteceram tão rápido e quando me dei conta, já ocorreu tantos eventos que me perdi no tempo.”
“Perdeu no tempo? Isso faz sentido para você, Gin-chan?” – Kagura cruzou os braços demonstrando a sua insatisfação.
“Isso não importa.” – Dizia de forma ruge. – “Eu queria fazer algo a mais, sei lá, planejado, não só jogar a notícia assim.”
“Mas você já sabia disso há um tempo, não é? Não era algo que você poderia ter planejado melhor?”
“Na verdade...” – Coçava a cabeça, tentando formular uma resposta. – “... Eu fiquei sabendo sobre o bebê alguns dias atrás, quando estava pronto para ir na antiga fábrica para ser mais preciso...”
A ruiva se sentiu surpresa e ao mesmo tempo algo alfinetou o seu peito, mas se sentia realizada, uma mistura de emoções. Embora já soubesse que ele arriscaria a própria vida para salva-los, não imaginou que o mesmo arriscaria o futuro do próprio filho para protege-la. Gintoki apenas olhou nos olhos de Kagura, tentando ler as suas emoções, sentindo a complexidade da situação e se culpando dela estar brava. Novamente tentou-se se explicar, numa tentativa falha de quebrar o gelo.
“E sobre o meu relacionamento com a Tsukuyo, bem...” – Falava sem jeito. – “Ela-“
“Ela não queria que você contasse, não é?”
“Hum, sim.”
“Eu percebi que você ficou surpreso quando ela afirmou sobre vocês.”
“Isso é tão estranho, não acha?” – Ele relaxou, apoiando-se na estrutura de madeira. – “Eu ainda não consigo acreditar que finalmente minha vida virou de cabeça para baixo de alguma forma. Não estou reclamando, pelo ao contrário, estou feliz e talvez um pouco ansioso.” – Exibiu um sorriso de satisfação.
“Gin-chan...” – Dizia com uma voz meio tremula, um pouco decepcionada e ao mesmo tempo preocupada em ser deixada de segundo plano. Ela não queria demonstrar isso abertamente, então fingiu um sorriso no rosto e completou a frase. – “Eu fico feliz por você...”
“Obrigado.”
“Embora você é um idiota e irresponsável a quase todo momento, creio que será um ótimo pai.”
“De novo esse assunto?”
“Sim. Eu queria me desculpar com você por ter sido dura. Eu não sabia o que estava acontecendo com você e acabei agindo sem pensar. Acho que, de certa forma, eu esperava mais de você, Gin-chan. Não que eu esteja desapontada com a notícia ou algo assim, só... bem, é tudo tão inesperado. Acho que eu ainda não sei como encaixar tudo isso na minha cabeça, sabe?” – Começou a relaxar a voz. – “Às vezes eu esqueço que nós temos uma vida fora do Yorozuya.”
O albino parecia estar incrédulo com o que a ruiva havia acabando de falar. Ela o observou a encarando com os olhos piscando em sequência, fazendo-a demonstrar um rosto confuso.
“Ué, eu disse algo de errado?” – Ela perguntou novamente.
“Não... Eu só acho que é um pensamento muito maduro para sua idade.”
Ela percebeu que ele não havia prestado atenção direito em suas palavras. Isso a irritou, e muito, fazendo-a dar um soco em sua nuca.
“Ei! Por que fez isso?”
“Cale a boca, desgraçado!”
-X-
Durante a noite, Fumiko fazia a patrulha noturna seguindo o mesmo caminho que Tsukuyo tinha o costume de fazer. Não havia nada fora do lugar, a cidade parecia estar mais silenciosa e o clima parecia estar no ponto perfeito.
Um vulto passou diante os seus olhos, chamando a atenção. Não era rápido, parecia estar usando roupas nada flexíveis, tanto que Fumiko não tinha dificuldades de alcança-lo. Ao observar melhor o seu rosto, notou que era a cortesã que havia sido vítima da droga de Yohalo, soltou-a logo em seguida e começou a questiona-la.
“Kahena-chan? O que faz aqui?” – Ajudava a se levantar. – “Quase ataquei você.”
“Eu... Eu preciso encontra-lo!”
“Encontrar quem? Eu posso ajuda-la.”
“Não posso dizer, apenas me deixe ir!”
Fumiko percebeu o comportamento agressivo partindo da cortesã, embora não eram próximas, a conhecia o suficiente para saber que esse comportamento não pertencia a ela, parecendo estar alterada.
“Kahena-chan me diga, o que aconteceu com você?”
“Não importa!”
A cortesã sacou uma kunai e atirou em direção ao seu rosto, pegando de raspão e fazendo-a recuar. Durante essa brecha, correu em direção a saída de Yoshiwara, mas foi parada quando Fumiko arremessou algumas kunai prendendo a ponta do seu quimono e fazendo-a tropeçar e cair. Instantaneamente pegou as suas algemas e colocou nela, assim evitando que ela atacasse novamente.
“Me desculpe, mas isso é para seu próprio bem.” – Fumiko dizia enquanto apertava as algemas.
Ouve-se um som característico de botas com salto vindo do telhado, caminhando lentamente em sua direção enquanto quebrava o silêncio do local. Esse som transformou-se em movimento ágil de um pulo, parando atrás de Fumiko, onde revelou ser um dos trios de Hyakka que fazia a patrulha na mesma região.
“Meninas, que bom que chegaram!” – Dizia a morena. – “Preciso que levem a Kahena-chan para um lugar seguro.”
“E por que nós devemos te obedecer?”
“Durante a ausência da Tsukuyo-dono, eu serei responsável pela Hyakka.”
“Nós juramos lealdade a Tsukuyo, não a uma recém chegada!”
“Mas eu já trabalho a anos na Hyakka!”
“Você foi uma das últimas recrutas do Housen, mas era tão feia que ele te colocou na Hyakka por dó.”
“Eu... Eu não me importo! Apenas estou fazendo o meu trabalho.” – Fumiko levantou a cortesã. – “Se a Tsukuyo me escolheu foi seguindo os próprios princípios.”
As outras integrantes não disseram nada, apenas observaram a recém-líder caminhar levando a cortesã para a prisão enquanto não conseguia controlar o seu comportamento agressivo.
Autor(a): Kayomii
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