Fanfic: Como Se Vingar De Um Cretino(adaptada) | Tema: Vondy
À brecha novamente, meus amigos; ou de ingleses os fossos entupamos
— Henrique V, Ato III, Cena I
Dulce Saviñon era inteligente e cética — especialmente quanto a ele —, então a melhor forma de derrotá-la era mantê-la desequilibrada. Christopher se sentou de frente para ela no coche, recentemente lavado e polido, e olhou pela janela, para a escuridão. Aquilo era guerra, não havia dúvidas, e ele pretendia vencer.
É claro que uma vitória completa significaria nada mais, nada menos do que se casar com ela: Dulce definira o alto valor da aposta quando obtivera prazer em seus braços e depois o deixara, como se fosse algum tipo de cafetão. Torná-la sua faria de Christopher o grande vencedor, e a impediria de escapar dele e de sua cama novamente.
A única questão era como lidar com aquilo. Gostava da companhia de Dulce e desejava seu corpo. Ela também o desejava, mas Christopher não tinha certeza se gostava dele. Quaisquer que fossem suas maquinações, precisava convencê-la a dizer “sim”. Ao menos Dul concordara em acompanhá-lo esta noite.
— Não sabia que ainda havia camarotes disponíveis para aluguel em Vauxhall a essa altura da temporada.
A duquesa viúva de Wycliffe, parecendo ainda mais indiferente que Dulce, o estava encarando com rancor desde que ele chegara para levá-las à queima de fogos, como se esperasse que Christopher desistisse com sua vigilância minuciosa. Mas precisava dela ali para garantir a presença de Dul. Fora isso, mal reparara em seu olhar gélido e desaprovador.
Até mesmo a insinuação implícita de que não fazia ideia de onde tinha conseguido dinheiro para alugar um camarote o irritou por apenas um instante.
— O marquês de St. Aubyn precisou viajar para fora da cidade esta semana — improvisou. — Ele me emprestou o camarote.
— Você se correlaciona com St. Aubyn?
Ah, não.
— Somos conhecidos.
A duquesa viúva não pareceu contar aquilo como um ponto a seu favor.
— E ele simplesmente ofereceu?
— Sim. — Depois de Christopher arrancar cinquenta libras dele em um jogo de faraó. — E é claro que logo pensei na senhora e em Dulce.
— Mas tive a impressão de que suas tias nos acompanhariam — disse a duquesa, o tom de voz se tornando ainda mais acusador.
— Elas estão a caminho, acompanhadas pelos meus irmãos.
Dulce se recusava a olhá-lo nos olhos desde que Dare chegara, mas ele não podia evitar admirá-la. Dul estava usando um vestido azul-escuro, com um xale prateado brilhante jogado sobre os ombros e grampos azuis e prateados no cabelo escuro.
Quando a ajudara a entrar no coche, a mera atitude de pegar em sua mão já o deixara com a boca seca. Queria deslizar os dedos pela pele dela de novo, queria sentir as mãos femininas em seu corpo e senti-la se contorcendo debaixo de si.
— Dulce — disse a tia, fazendo-o pular —, conte-me sobre seu piquenique com lorde Westbrook.
— Não acho que lorde Dare queira ouvir...
— Provavelmente não, mas eu quero. Conte-me.
Christopher não precisava ser lembrado de que Dulce tinha outros pretendentes. Ficara tentado a segui-la naquele almoço para se certificar de que ela não estava mentindo ou se divertindo demais. Se não tivesse que correr atrás de St. Aubyn para conseguir o camarote, a teria seguido.
— Foi muito bom. Ele levou pato assado.
— E sobre o que vocês conversaram?
— Nada de importante. O tempo, os eventos da temporada...
— Westbrook já a pediu em casamento?
Dessa vez, os olhos encontraram os de Christopher, e então voltaram a se desviar.
— A senhora sabe que não. Por favor, pare de me interrogar.
— Só anseio pela sua felicidade.
— Não parece que...
Christopher apertou o maxilar com força.
— Você espera que Westbrook a peça em casamento? — perguntou ele.
— Ah, vejam, chegamos.
O coche entrou nos Jardins de Vauxhall, juntando-se ao comboio que já estava ali. O cavalariço abriu a porta e abaixou a escada. Christopher desceu para ajudar as damas a saírem. A duquesa saiu primeiro, ainda o fitando como se ele tivesse contraído a praga.
— Por que estamos aqui com você? — indagou ela.
— Tia Frederica — reprimiu Dulce de dentro do coche.
Christopher encarou a duquesa.
— Porque estou cortejando sua sobrinha — respondeu. — E porque sou muito charmoso e intrigante e a senhora não conseguiu resistir ao meu convite.
Para sua surpresa, a duquesa soltou uma risada breve.
— Talvez seja mesmo por isso.
— Dulce — chamou Christopher enquanto a duquesa se encaminhava para a trilha —, vai descer ou devo me juntar a você aí dentro?
A mão dela apareceu de dentro do coche e Christopher segurou os dedos enluvados. Mesmo com a camada de tecido, podia sentir a energia que corria entre eles. Dulce desceu e parou ao seu lado, mas ele continuou segurando sua mão.
— Você deixou Westbrook beijá-la? — murmurou.
— Isso não é da sua conta. Solte-me.
Christopher a soltou relutantemente.
— Quero prová-la de novo — continuou, ainda no mesmo tom baixo, oferecendo o braço a ela.
— Isso não vai acontecer.
Dulce virou o rosto, expondo a curva delicada de seu pescoço para ele. Christopher teve uma ereção. Grato pelo sobretudo que vestia, se aproximou.
— Westbrook faz você tremer? — sussurrou, controlando-se ao máximo para não dar um beijo na orelha dela.
— Pare. Imediatamente. Mais uma palavra nesse sentido e o chutarei com tanta força que você poderá se juntar ao coral dos meninos de Westminster.
— Diga meu nome.
Dulce suspirou.
— Está bem. Christopher.
Ele parou, fazendo-a parar também.
— Não, olhe nos meus olhos e diga o meu nome.
— Isso é ridículo.
— Me agracie com isso.
Inspirando fundo, fazendo com que seu colo se estufasse, Dul se virou para encará-lo, os olhos castanhos e meigos sob a luz do luar.
— Christopher — disse em um suspiro, estremecendo.
Ele poderia se afogar naqueles olhos. O problema era que Dulce, sem sombra de dúvida, ainda o queria também.
— Assim está melhor.
— Tem mais alguma coisa que deseja que eu diga? O nome do seu cavalo, ou a tabuada?
Os lábios dele se contraíram.
— Meu nome basta. Obrigado.
Continuaram andando, apressando-se para alcançar a duquesa viúva.
— Não sei por que você persiste — proferiu Dul, a voz baixa o bastante para que ninguém na multidão conseguisse ouvir. Era um tom que aperfeiçoaram com o passar dos anos. — Já lhe disse que nunca mais confiarei em você.
— Você já confia em mim, meu bem.
— E o que faz achar isso?
— Você deixou vários itens pessoais sob minha posse e, independentemente do que pense de mim, sabe que eu jamais os usaria contra você. — Christopher segurou o braço dela, virando-a para que ficassem frente a frente. — Jamais.
Dulce corou.
— Então, você tem uma qualidade redentora. Em meio a todos os defeitos, dificilmente é algo de que se gabar.
— Estou começando a achar que eu deveria ter lhe trazido um leque.
— Eu...
— Aí está você — disse a duquesa, segurando o outro braço de Dulce e arrancando-a de Christopher. — Precisa me resgatar de lorde Phindlin.
— A senhora é uma mulher atraente, e viúva — ponderou Dulce, toda calorosa agora que não estava mais conversando com Christopher. — Não pode culpá-lo.
— Acho que é meu dinheiro que ele quer — comentou a duquesa, olhando por cima do ombro para Christopher.
Que maravilha. Agora era apenas mais um na multidão de machos gananciosos e ambiciosos.
— Pode ser, Sua Graça — retrucou ele —, que lorde Phindlin apenas tenha muito bom gosto. Se buscasse apenas dinheiro, talvez tivesse apontado sua mira para uma mulher mais... suscetível.
As duas sobrancelhas da duquesa se ergueram.
— Deveras.
As tias, Bradshaw e, surpreendentemente, Bit já ocupavam o camarote quando chegaram. Dulce cumprimentou a todos, dando beijos no rosto de Milly e Edwina, e então se sentou em meio ao trio de tias. Frederica se engajou em uma conversa, ignorando os fogos de artifício e a orquestra na praça. Christopher observou o grupo com uma frustração crescente. Sabia que mexia com Dul. Se não mexesse, ela não se esconderia. Porém, enquanto ela mantivesse a duquesa entre os dois, Christopher não podia fazer muito em termos de flerte.
Deu um leve sorriso. Jamais pensara em usar flerte e Dulce na mesma frase. Mas não conseguia tirar os olhos daquela mulher fantástica. Quando ela o fitou, calor se espalhou por suas veias. Dulce ficara tão furiosa seis anos atrás que tudo isso poderia ser o início de um novo jogo. Ela mesma dissera que Christopher aprendera a lição. Mas ele era um jogador há muito mais tempo que Dulce. Independentemente de quão altas fossem as apostas, permaneceria nesse jogo até o fim.
Autor(a): leticialsvondy
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— Não era o marquês, Dulce? Ela voltou ao presente, parando de olhar para Christopher e voltando-se para a tia. — Desculpe, o que a senhora estava dizendo? Frederica franziu o cenho, mas logo suavizou a expressão. — Milly estava perguntando de seus pretendentes. — Ah. Sim, então, era o marquês. É claro. Aq ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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candyle Postado em 20/03/2023 - 23:57:41
Christopher gente como a gente cheio de dívidas kkkkkkk continua
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candyle Postado em 19/03/2023 - 23:42:10
Continuaaaa
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candyle Postado em 18/03/2023 - 20:51:08
Meu Deus, que mulher desprezível essa Amélia Continua
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candyle Postado em 17/03/2023 - 19:45:02
Continuaaa
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candyle Postado em 14/03/2023 - 20:41:01
Continuaaaaa, tô amandoooo
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candyle Postado em 10/03/2023 - 12:11:28
Continuaaa
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candyle Postado em 07/03/2023 - 17:59:33
Morri na parte do vadiar kkkkkkkkkkkk Continua, tô amando essa guerrinha nada saudável (pras leitoras) kkkk
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candyle Postado em 04/03/2023 - 23:24:12
Dois cabeças duras mano kkkkkkkkkkkkkk continuaa
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candyle Postado em 03/03/2023 - 22:27:03
Aínda bem que vc voltouuu! Tava muito ansiosa e veio logo um hot maravilhoso kkkkkkk Posta maiiiis
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candyle Postado em 23/02/2023 - 23:29:10
Continuaaaaa