Fanfic: Como Se Vingar De Um Cretino(adaptada) | Tema: Vondy
Sai, mancha amaldiçoada! Sai! Estou mandando.
— Macbeth, Ato V, Cena I
Amelia instruiu o coche alugado a esperar no final da quadra, e pagou ao motorista cinco xelins extras para manter a visita e a identidade dela — se percebesse quem era — em segredo. Puxando o capuz para cobrir bem o rosto, desceu a rua e atravessou a curta viela de entrada da Residência Uckermann. Ela só havia visto a casa do lado de fora, e a ideia de que em breve aquele palacete seria seu provocou um calor arrepiante em si.
A casa de seus pais era opulenta, mas não ficava na rua Albermarle. Apenas as famílias de sangue azul mais antigas tinham casa nessa região nobre de Mayfair. E logo faria parte daquele grupo de elite, o único lugar onde nem mesmo o dinheiro do pai poderia comprar sua entrada.
Faltando duas horas para o amanhecer, Amelia esperava que a casa estivesse escura e todos, adormecidos. Quando empurrou lentamente a porta da frente, que, por sorte, estava destrancada, pareceu estar correta. A lua estava cheia e demoraria a se pôr, e sob a luz fraca que penetrava pela janela ela subiu a escada até o segundo piso.
Christopher mencionara que os irmãos ocupavam os quartos da ala oeste da casa, então ela pegou o corredor que seguia naquela direção. Seria tão fácil que Amelia desejou ter pensado nisso antes. O plano de lady Dulce não parecia estar indo bem, então era preciso resolver o problema — e o que mais fosse necessário — com suas próprias mãos. Amelia conteve o riso. O resultado certamente a beneficiaria.
O cômodo da primeira porta que abriu estava escuro e vazio, então, fechando a delicadamente, seguiu para o próximo. Nele, um pequeno amontoado de cobertas ocupava o centro da cama. Prendendo a respiração, entrou no quarto e fez uma careta. O rosto que espiava por debaixo das cobertas era jovem e angelical demais para ser de Christopher — um de seus irmãos mais novos. Ele tinha muitos.
Reconheceu o ocupante adormecido do quarto seguinte como Bradshaw, algum tipo de oficial da marinha. Ele era bastante bonito, mas não tinha um título nem mesmo uma chance real de conseguir um, a não ser que Christopher morresse sem deixar herdeiros. E se ela tivesse opinião sobre aquele assunto — como teria —, isso não iria acontecer.
O relógio que tiquetaqueava silenciosamente no corredor a lembrou de que tinha um tempo bastante curto antes que a criadagem começasse a se levantar.
Ela abriu a porta seguinte e espiou.
Ah, sucesso. Ficou feliz por ver Christopher estirado na cama, de barriga para cima, debaixo das cobertas, e não o irmão do meio, Robert. Na única ocasião em que o vira, ele a deixara desconfortável e nervosa, com seu silêncio e os olhos perspicazes. Parecia que nunca dormia.
Movendo-se o mais silenciosamente possível, Amelia fechou a porta e foi até a cama na ponta dos pés, tirando a capa enquanto andava. Não pôde conter um sorriso. Se Christopher fizesse jus a metade da reputação que tinha, esta noite seria prazerosa em mais de um sentido.
***
Christopher abriu um olho de leve quando dedos delicados deslizaram por seu peito.
Primeiro, pensou estar sonhando com Dulce novamente, e, sem querer acordar, suspirou e fechou o olho.
Uma língua lambeu sua orelha, e os dedos delicados escorregaram para debaixo da coberta. Ele franziu o cenho. Mesmo em seus sonhos, Dulce tinha um cheiro suave de lavanda. Esta noite, ela cheirava a limão.
Algo se mexeu no colchão e se acomodou em seus quadris. Ele abriu os olhos de supetão.
— Olá, Christopher — sussurrou Amelia Johns, abaixando-se para beijá-lo, seu cabelo escuro esparramado pelos ombros e seios desnudos.
Praguejando, a jogou para o lado e saltou da cama.
— Que merda você acha que está fazendo aqui? — inquiriu, agora plenamente desperto.
Amelia se sentou na cama, os olhos brilhantes sob a luz fraca do luar. O olhar desceu pelo corpo dele e se focou na região abaixo do umbigo, menos chocada do que se esperaria de uma debutante inocente. Aparentemente, ela não era tão inocente quanto fora levado a acreditar.
— Quero assegurá-lo de que seu cortejo é bem-vindo — arrulhou ela, passando a língua pelo lábio superior.
Christopher pegou um cobertor de cima de uma poltrona e o enrolou nos quadris.
Antes de Dulce voltar a se deitar em sua cama, teria apreciado uma visita de madrugada de qualquer mulher bonita, mas as coisas tinham mudado. Além disso, reconhecia uma armadilha quando via uma. E esta era uma das boas.
Totalmente nua, tudo que Amelia precisava fazer era gritar, e ele seria um homem casado.
A parte mais masculina dele reconhecia que ela era bastante bonita e desejável — além, é claro, de rica. Engolindo em seco, Christopher voltou seu olhar para o rosto dela.
— Não entendi bem do que a senhorita está falando — disse baixinho, torcendo para que ninguém na casa tivesse ouvido sua explosão inicial, e um tanto surpreso por Amelia não ter angariado umas testemunhas. Ela o faria, disso tinha certeza. — Mas podemos discutir melhor essa questão amanhã durante um almoço, não acha?
Amelia meneou a cabeça.
— Posso satisfazê-lo tão bem quanto qualquer outra mulher.
Christopher duvidava disso, mas, dadas as circunstâncias, aquele não parecia um bom momento para argumentar.
— Amelia, discutirei qualquer coisa que você quiser amanhã, mas isto não é... decente.
Céus, ele parecia uma das mulheres que costumava seduzir falando daquele jeito. Christopher torcia para que funcionasse melhor com Amelia do que funcionava com ele.
Ela fez uma careta.
— Sei que não é decente, mas você não me deu escolha. Mal tem reparado em mim ultimamente. E eu sei por quê.
Aquilo parecia ameaçador. Independentemente do que estivesse se passando naquela cabecinha bonita, precisava se certificar de que não ultrapassaria aquelas paredes.
— Conte-me por que, então, sim?
— Lady Dulce Saviñon. Ela me assegurou que você seria um péssimo marido.
— Alertou, é?
Aquela intrometida abelhuda. Para falar a verdade, já esperava aquilo.
— Ah, sim. Ela disse coisas horríveis sobre você. E então me prometeu que iria lhe ensinar uma lição que o faria me apreciar mais. — Amelia saiu da cama e desfilou na direção dele, com a pele desnuda clara como leite no quarto escuro. — Então, veja, ela só está tentando fazê-lo parecer um tolo.
Christopher deu um passo para o lado quando ela se aproximou, querendo ter o máximo de distância possível entre eles caso algum dos membros da família ou da criadagem os descobrisse juntos.
— Eu poderia dizer o mesmo de você, Amelia.
Ela meneou a cabeça, os seios fartos espiando por debaixo de longas ondas de cabelo castanho enquanto andava.
— Não quero fazê-lo parecer um tolo — sussurrou Amelia. — Quero que se case comigo.
Ainda bem que Dulce fora honesta em relação à sua lição sobre o comportamento dele, caso contrário talvez tivesse ficado tentado a usar Amelia para apagar a sensação dela em sua pele.
— Isso é muito interessante — respondeu Christopher, abaixando-se para pegar o vestido enquanto andavam em círculos pelo quarto; ela avançado e ele recuando. — Por que você não coloca isto de volta?
— Eu não quero.
— De toda forma, está muito tarde, e, se seus pais acordarem e perceberem que você não está em casa, ficarão desesperados.
Fosse verdade ou não, Amelia desacelerou como se estivesse refletindo sobre as palavras dele. Aproveitando a oportunidade, Christopher segurou o vestido aberto para ela.
— Por favor — pressionou. — Você... me distrai demais, Amelia. — Nunca se esforçara tanto para não fazer sexo antes na vida. — Uma discussão importante como essa precisa acontecer em um ambiente mais adequado.
— Não, não precisa. Estou ficando impaciente, Christopher. Você vem me cortejando há semanas. Acho que deveria me levar para a cama e...
— Teremos tempo para isso mais tarde — interrompeu. Sua calça estava pendurada nas costas de uma cadeira. Largou o vestido e a pegou. — Estou, para falar a verdade, muito cansado esta noite.
— Eu poderia gritar e acordar a todos — disse ela com sua voz açucarada.
Christopher estreitou os olhos. Maldição.
— E aí terá de explicar por que está no meu quarto, e não eu no seu. Dirão que você é quem foi oferecida.
Amelia fez um bico.
— Como posso ser oferecida, ou qualquer outra coisa que não seja paciente, sendo que esperei a temporada inteira para você se declarar, Christopher?
Amelia tentou arrancar o cobertor da cintura dele. Christopher percebeu o movimento e segurou sua mão, mantendo-a longe.
— Se você me zangar — alertou em um tom de voz firme —, eu não me casarei com você, não importa quem sairá arruinado. Minha reputação sobreviveria a isso.
— Mas o seu bolso, não. Porque ninguém iria querer se casar com você depois da maneira vergonhosa com que me tratou.
— É um risco que correrei.
Se conseguisse fazer com que Amelia acreditasse em seu blefe, talvez amanhecesse como um homem solteiro.
— Hunf. — Batendo o pé, Amelia pegou o vestido que estava no chão. — Sabe o que acho? Acho que você está apaixonado por lady Dulce e, quando se declarar, ela vai rir de você. E então precisará implorar para me casar com você. E eu o farei implorar!
Virando-se, Christopher enfiou a calça e largou o cobertor.
— Já disse a você, podemos discutir isso amanhã, durante o almoço. Nós dois estaremos mais calmos e descansados.
E mais vestidos.
— Ah, está bem.
— Onde estão os seus sapatos?
Ela apontou.
— Ali, com minha capa.
Christopher foi até lá e acendeu uma lamparina, enquanto Amelia, irritada e mais do que um pouco insatisfeita depois de ver o belo corpo masculino, puxou o vestido até os ombros. Quando a luz da lamparina iluminou o quarto de amarelo, Amelia percebeu a ponta de uma meia feminina escapando da gaveta do criado mudo. Christopher ainda estava ocupado juntando suas roupas, então se aproximou e puxou. Um bilhete veio junto com a meia, e ela abriu, lendo-o rapidamente.
Não era de se admirar que o visconde estivesse relutante em abrir mão de Dulce Saviñon. Ela estava dormindo com ele. E deixando meias e mimos.
Olhando para as costas largas de Christopher, Amelia pegou a outra meia da caixinha pitoresca e enfiou ambas no bolso, juntamente com o bilhete.
Então aquela história de lição era balela. Aquela vadia estava planejando, esse tempo todo, roubar Christopher, e estava usando a tal lição como truque para impedir que suas rivais ficassem desconfiadas. Bem, lady Dulce iria se surpreender agora.
— Muito bem, coloque os sapatos, a capa e vamos — grunhiu ele.
Por um instante, Amelia considerou seu plano original de acordar a casa inteira e forçar Dare a se casar. Suas amigas poderiam rir dela por ser tão desesperada, depois de ter passado semanas dizendo a elas o quanto estava confiante em relação ao cortejo dele.
— Não estou muito feliz com isso — murmurou Amelia, para causar um efeito, colocando os sapatos.
— Nem eu. — Christopher não a ajudou a colocar a capa, apenas a entregou da máxima distância possível. — Algum coche a aguarda? — perguntou enquanto colocava o casaco.
Autor(a): leticialsvondy
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— Tenho um esperando por mim na esquina. — Eu a levo até lá, então. Christopher só estava com medo de que ela tentasse algo travesso. Mas Amelia tinha a carta e as meias. Mantendo uma mão no bolso para se certificar de que nada cairia, ela o seguiu pelas escadas até saírem pela porta da frente. — Lembre-se ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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candyle Postado em 20/03/2023 - 23:57:41
Christopher gente como a gente cheio de dívidas kkkkkkk continua
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candyle Postado em 19/03/2023 - 23:42:10
Continuaaaa
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candyle Postado em 18/03/2023 - 20:51:08
Meu Deus, que mulher desprezível essa Amélia Continua
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candyle Postado em 17/03/2023 - 19:45:02
Continuaaa
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candyle Postado em 14/03/2023 - 20:41:01
Continuaaaaa, tô amandoooo
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candyle Postado em 10/03/2023 - 12:11:28
Continuaaa
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candyle Postado em 07/03/2023 - 17:59:33
Morri na parte do vadiar kkkkkkkkkkkk Continua, tô amando essa guerrinha nada saudável (pras leitoras) kkkk
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candyle Postado em 04/03/2023 - 23:24:12
Dois cabeças duras mano kkkkkkkkkkkkkk continuaa
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candyle Postado em 03/03/2023 - 22:27:03
Aínda bem que vc voltouuu! Tava muito ansiosa e veio logo um hot maravilhoso kkkkkkk Posta maiiiis
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candyle Postado em 23/02/2023 - 23:29:10
Continuaaaaa