Fanfic: Como Se Vingar De Um Cretino(adaptada) | Tema: Vondy
— Tenho um esperando por mim na esquina.
— Eu a levo até lá, então.
Christopher só estava com medo de que ela tentasse algo travesso. Mas Amelia tinha a carta e as meias. Mantendo uma mão no bolso para se certificar de que nada cairia, ela o seguiu pelas escadas até saírem pela porta da frente.
— Lembre-se de que você vai me encontrar amanhã para almoçar — disse Amelia quando os dois chegaram ao coche. — Espero sua visita na casa dos meus pais.
— Estarei lá. — Abruptamente, Christopher deu um passo adiante. — Não estou feliz com isso, Amelia. Não gosto de truques. Nem de armadilhas.
— Só estou pensando em nós dois — retrucou ela, afastando-se de leve. Nunca vira esse lado dele antes. E achou bastante excitante. — Eu quero um título e você quer meu dinheiro. Mas tive outras ofertas esta temporada, Christopher. Considere isso amanhã, também.
— Irei à sua casa às 13h.
Amelia entrou no coche.
— Estarei esperando.
Christopher voltou para casa e fechou a porta da frente. Respirando fundo, se recostou na robusta peça de carvalho e a trancou. Aquele tiro passara perto demais.
No entanto, a visita repentina de Amelia, respondera uma pergunta que estava martelando em sua cabeça. Ela ainda era a escolha lógica em sua vida: jovem, obediente — embora não tão obediente quanto costumava pensar — e rica. E ele definitivamente não queria se casar com ela.
Dando um leve sorriso, se endireitou e caminhou até a escadaria. Christopher se perguntou o que Dulce diria se a pedisse em casamento amanhã. Isto é, depois que recobrasse a consciência.
Ele e Dulce iriam se casar. Ela podia muito bem estar planejando o terreno para outra humilhação dele e, se fosse esse o caso, Christopher precisava contorná-la. Desde que Dul aceitasse o pedido, ele podia lidar com o resto.
Uma figura escura se moveu no topo da escada e Christopher ficou tenso, cerrando as mãos em punhos. Se fosse alguma outra mulher que não Dulce, iria se atirar da sacada.
— Você vai se casar com ela? — perguntou a voz baixa e grave de Bit.
Christopher relaxou.
— Ainda bem que é você. E não, não vou.
— Ótimo. — O irmão se virou e desapareceu nas sombras novamente. — Boa noite.
— Boa noite.
Independentemente do que Robert vira ou ouvira, obviamente não iria dizer nada. Christopher voltou ao quarto e trancou a porta. Depois de refletir por um instante, apoiou uma poltrona para bloquear a passagem. Chega de visitas esta noite. Precisava pensar.
***
Quando Christopher chegou à Residência Hawthorne na manhã seguinte, precisamente às 10h, estava usando um conjunto conservador de casaco azul e calça cinza, uma gravata rebuscada e botas polidas. Dulce o observou pela janela enquanto ele entrava pela viela e batia à porta da frente.
Ela ainda não conseguia acreditar que Christopher estava ali para visitá-la. Mesmo quando o odiava e desprezava, ver aqueles olhos castanhos e o cabelo escuro e encaracolado tocando o colarinho fazia seu coração bater mais rápido. Dizia a si mesma que era raiva, e que o procurara em todas as ocasiões para insultá-lo e feri-lo pelo mesmo motivo. Agora, já não tinha tanta certeza.
Mas o que isso dizia sobre ela, se continuava se sentindo atraída por um homem que a magoara e a humilhara? Será que só achava que Christopher tinha mudado ou será que ele realmente mudara? Será que a visita era outro truque que partiria seu coração para sempre dessa vez, ou ele estava sendo sincero?
— Milady, lorde Dare está aqui para vê-la — anunciou Pascoe da porta de sua sala de estar particular.
Ela se virou para o mordomo.
— Obrigada. Descerei em um minuto.
— Está bem, milady.
Depois de colocar as luvas e pegar a sombrinha, Dulce se olhou uma última vez no espelho e desceu a escada. Christopher estava no salão matinal, andando de um lado para o outro como parecia sempre fazer na casa de sua tia.
— Bom dia.
Ele parou.
— Bom dia.
Os olhos se encontraram, e aquele calor familiar se espalhou pelas veias dela. Foi com grande dificuldade que Dulce se conteve para não ir até Christopher e puxar seu rosto para um beijo. Isso era novidade — antigamente, depois que o sangue fervia, queria ir até ele e enfiar um leque em sua cabeça. Talvez isso fosse parte da atração: desejar Christopher Uckermann era perigoso. Gostar era ainda mais nocivo.
— Como está o seu... — Ele olhou para além dela, onde Pascoe estava espreitando. — Como estão seus machucados? — se corrigiu.
— Muito melhores. Estou apenas um pouco dolorida e com algumas cores interessantes em alguns lugares.
Christopher sorriu.
— Fico feliz em saber que esteja se sentindo melhor. Está pronta?
Dul confirmou com a cabeça.
— Mary nos acompanhará.
— Está bem. Teremos uma guarda armada, também?
— Não se você se comportar.
O sorriso de Christopher aumentou.
— Então talvez você precise requisitar uma.
Os batimentos de Dulce vacilaram.
— Ora, pare com isso. Vamos.
Mary os aguardava no saguão, e eles desceram a escada da frente e viraram na direção da rua Grosvenor. Dulce repousara a mão no braço de Christopher, desejando não precisar usar luvas e que pudessem andar de mãos dadas. Gostava de tocar a pele dele, e o cheiro de sabonete, couro e charutos que parecia sempre o acompanhar a inebriava.
— O que foi? — perguntou Christopher.
Ela o fitou.
— Como assim, o que foi?
— Você está se apoiando em mim. Achei que quisesse me dizer alguma coisa.
Dulce enrubesceu, endireitando-se.
— Não.
— Ah. Bem, eu quero lhe contar uma coisa.
— Conte — respondeu, torcendo para que ele não percebesse o quanto achava sua presença excitante.
Christopher olhou-a, a expressão suavizando com um sorriso.
— O gato de Edwina tomou conta da casa. Esta manhã, Dragão matou a flor-de-lis do quepe do uniforme social de Bradshaw e levou até as tias, todo orgulhoso, como se tivesse matado um elefante.
— Ah, não. O que Shaw fez?
— Ele ainda não sabe. Milly arrancou uma das miudezas daquele chapéu espalhafatoso dela, cortou, tingiu e costurou no quepe de Bradshaw.
Dulce riu.
— Você vai contar?
— Ele é um oficial da marinha de olhos perspicazes. Se não reparar, a culpa é dele próprio, pelo que me consta.
— Você é terrível! E se um dos superiores dele perceber?
Christopher deu de ombros.
— Se conheço Shaw, ele transformará isso na nova tendência da moda naval. Todos estarão usando chapéus femininos e bijuterias até o outono.
Ele desviou o olhar quando um coche passou por eles, e Dulce aproveitou o momento para analisar seu perfil.
— Era isso mesmo que você queria me contar? — questionou.
— Não. Mas imagino que você receba elogios pelos seus olhos e pelo cabelo o tempo todo. Estou tentando ser mais original. — Christopher olhou para trás, para Mary, que os seguia a alguns passos de distância. — Elogiar seus belos seios, no entanto, provavelmente não ajudaria minha causa.
O calor desceu pela espinha dela.
— E qual é a sua causa? — perguntou no mesmo tom doce.
— Acho que você já sabe — respondeu Christopher —, mas ainda estou tentando conseguir uma confissão de que você confia em mim.
— Eu...
— Dare!
Uma voz alegre veio de algum lugar à frente e Dulce parou abruptamente.
Lorde Bellefeld emergiu de uma loja de roupas e foi até eles, apertando a mão de Christopher.
— Ouvi um boato incrivelmente extraordinário — contou o gorducho marquês, fazendo uma reverência para Dulce.
Christopher enrijeceu.
— E qual boato seria? — perguntou ele. — Sou objeto de tantos.
— Ah! De fato, você é, meu caro. Este que ouvi diz que você está cortejando esta adorável jovem aqui. É verdade?
Christopher sorriu para Dulce. Algo nos olhos dele fez seu coração palpitar.
— Sim, é verdade.
— Excelente, meu caro! Vou apostar dez libras em lady Dulce, então. Tenham um bom dia.
O sangue dela congelou. Antes mesmo que pudesse perceber, tinha se desvencilhado do braço de Christopher e agarrara o marquês pelo ombro.
— O que... — Sua voz tremia, e Dulce precisou começar novamente. — O que quis dizer com isso? Apostar dez libras em mim?
Bellefeld não parecia nem um pouco perturbado.
— Ah, há um quadro em aberto no White’s sobre com quem Dare acabará se casando. No momento, os palpites são de dois para um de que ele vai conchavar com aquela tal de Amelia Johns até o final da temporada. A senhorita é uma aposta mais improvável, mas agora tenho informações privilegiadas.
O marquês piscou para ela.
O sangue se esvaiu do rosto de Dulce, e ela agarrou o paletó de Bellefeldpara não desabar no chão desmaiada.
— Quem... quem mais está nesse quadro? — conseguiu perguntar.
— Hum? Não me lembro de todos os nomes. Uma moça chamada Daubner, e uma Smithee, ou algo assim. Quase meia dúzia, pelo que me lembro. Não é isso, Dare?
— Eu não saberia — respondeu Christopher após um momento, a voz estranhamente seca. — Ninguém me contou.
Finalmente, Bellefeld pareceu perceber que dissera algo inapropriado.
Enrubescendo, se afastou.
— Ninguém está insinuando nada, tenho certeza — defendeu-se o marquês. — É tudo um mero divertimento, a senhorita sabe.
— É claro — disse ela, soltando-o.
Ele debandou dali, mas Dulce permaneceu onde estava. Não conseguia se virar para encarar Christopher. Queria voltar correndo para casa e nunca mais olhar para ninguém.
— Dulce — disse ele baixinho, e ela se encolheu.
— Não... ouse...
— Vá para casa com Mary, por favor — ordenou Christopher em um tom sombrio e raivoso que nunca ouvira antes. — Preciso resolver algo.
Dulce se forçou a olhá-lo. O rosto estava pálido, como o dela provavelmente também estava. É claro que Christopher estava chateado; fora delatado, seu plano fora descoberto.
— Vai apostar em mim? — Forçou-se a dizer. — Eu não apostaria, se fosse você... Informações privilegiadas. E não, eu não confio em você. Nunca, nunca, confiarei.
— Vá para casa — repetiu Christopher, com a voz vacilante.
Ele a encarou por mais um instante, então se virou e saiu a passos largos na direção de Paul Mall. Provavelmente para mudar sua aposta para uma moça mais suscetível.
— Milady? — chamou Mary, aproximando-se. — Tem algo errado?
Uma lágrima escorreu pelo rosto de Dulce, e ela a secou antes que qualquer um pudesse perceber. Jamais poderiam pensar que estava chorando porque Christopher a deixara ali.
— Não. Vamos para casa.
— Mas e lorde Dare?
— Esqueça-o. Eu já esqueci.
Ela marchou até em casa, com Mary trotando para acompanhá-la. Seu traseiro doía, mas apreciava a dor, dava-lhe algo diferente em que pensar. Ele fizera a mesma coisa. Christopher a seduzira, deitara-se com ela e a traíra. E, dessa vez, não tinha ninguém a quem culpar senão a si própria.
Autor(a): leticialsvondy
Este autor(a) escreve mais 15 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Ainda bem que descobrira antes de perder seu coração completamente. Um soluço escapou da garganta quando Pascoe abriu a porta. Não, não doía, porque não se importava. Qualquer coisa entre eles era apenas luxúria. E podia afastar a luxúria de sua cabeça. — Milady? — Estarei em meus aposentos & ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
candyle Postado em 20/03/2023 - 23:57:41
Christopher gente como a gente cheio de dívidas kkkkkkk continua
-
candyle Postado em 19/03/2023 - 23:42:10
Continuaaaa
-
candyle Postado em 18/03/2023 - 20:51:08
Meu Deus, que mulher desprezível essa Amélia Continua
-
candyle Postado em 17/03/2023 - 19:45:02
Continuaaa
-
candyle Postado em 14/03/2023 - 20:41:01
Continuaaaaa, tô amandoooo
-
candyle Postado em 10/03/2023 - 12:11:28
Continuaaa
-
candyle Postado em 07/03/2023 - 17:59:33
Morri na parte do vadiar kkkkkkkkkkkk Continua, tô amando essa guerrinha nada saudável (pras leitoras) kkkk
-
candyle Postado em 04/03/2023 - 23:24:12
Dois cabeças duras mano kkkkkkkkkkkkkk continuaa
-
candyle Postado em 03/03/2023 - 22:27:03
Aínda bem que vc voltouuu! Tava muito ansiosa e veio logo um hot maravilhoso kkkkkkk Posta maiiiis
-
candyle Postado em 23/02/2023 - 23:29:10
Continuaaaaa