Fanfic: Como Se Vingar De Um Cretino(adaptada) | Tema: Vondy
E uma coisa eu digo, com certeza: quem vier a desposá-la ficará cheio de ouro.
— Romeu e Julieta, Ato I, Cena V
Christopher queria bater a cabeça em alguma superfície dura.
— Sei que é ruim — grunhiu, contentando-se em olhar irritadamente para o advogado, do outro lado da mesa. — Estou vendo os números com a mesma clareza que você.
— Sim, milorde, é claro que está — concordou Beacham em um tom apaziguador, empurrando os óculos para cima. — O que quis dizer é que a situação é muito ruim. Insustentável, quase.
— Quase — repetiu Christopher, apegando-se àquela palavra como um salvavidas. — Então é remediável.
— Hum, bem, veja...
— O quê?
Christopher esmurrou a mesa.
O advogado deu um pulo, e os óculos escorregaram por seu nariz. Engolindo em seco, ele os empurrou de volta para o lugar.
— A propriedade de Glauden, em Dunborough, é alienável, milorde. Conheço vários nobres, e até mesmo um ou dois comerciantes, que estão procurando por um terreno pequeno na Escócia. Para caçar, o senhor sabe.
Christopher meneou a cabeça.
— Glauden está na minha família há duzentos anos. Não serei eu quem vai perdê-la.
E Robert tinha passado o último inverno lá. Se Bit se sentia confortável em algum lugar, Christopher não iria tirar isso do irmão.
— Para ser sincero, milorde, mesmo conhecendo sua... habilidade para as apostas, e até mesmo depois de ver os resultados, não sei ao certo como o senhor conseguiu se manter solvente. É, realmente, uma espécie de milagre.
— O que importa é que eu não quero ser o homem que começará a vender qualquer uma das propriedades da família. Dê-me outra opção.
— O senhor já vendeu a maioria dos pertences pessoais. Seus cavalos, com exceção de Charlemagne, o iate, a cabana de caça em Yorkshire, o...
— Seja prestativo, Beacham, pelo amor de Deus — interrompeu Christopher. Sabia o que tinha vendido, mas não era o suficiente. — Do que preciso para conseguir pagar meus impostos, minha criadagem, e a comida que ponho na mesa pelos próximos três meses, me diga?
— De outro milagre — murmurou o advogado, passando a mão pela cabeça quase calva como se aquilo fosse estimular sua atividade cerebral.
— Em números, por favor.
Beacham suspirou, inclinando-se para a frente para abrir um dos livros-razão das centenas que parecia ter.
— Trezentas libras por mês.
— É bastante.
— Sim. A maioria dos seus credores continuará honrando os contratos por mais alguns meses, mas somente se o senhor não assumir novas dívidas.
Christopher supunha que essa era uma boa notícia, mas se sentia como alguém que chamara um padre para proferir as últimas bênçãos.
— Muito bem. Posso conseguir trezentas libras.
Não fazia ideia de como, mas conseguiria, porque era necessário.
— Está bem, milorde.
— E agora a má notícia — continuou Christopher. — Para pagar todos os meus credores, ter recursos para sementes, para o rebanho, tudo. Quanto?
— Tudo, milorde? Não gostaria de vislumbrar um número mais... prático?
— Estou aguardando o dia em que você responderá uma pergunta sem fazer algum comentário antes — ralhou Christopher, fitando o advogado com irritação.
Se começasse a destruir as coisas, o pobre Beacham poderia morrer de pavor.
— Sim, milorde. Para poder retomar para si mesmo e para as propriedades uma condição de adimplência de uma só vez, o senhor precisaria, aproximadamente, de 78.521 libras.
Christopher piscou.
— Aproximadamente — repetiu.
Ao menos, quando dava o golpe de morte, Beacham o fazia com precisão.
— Sim, milorde. Que podem ser pagos em parcelas, é claro, o que provavelmente é mais inteligente e mais fácil de conseguir pôr em prática, mas isso acabará aumentando a quantia de dinheiro necessária.
— É claro.
A quantia era próxima do que esperava, mas ouvir outra pessoa confirmar o número tornava tudo pior, de alguma forma.
— Quanto tempo tenho para conseguir as trezentas libras para este mês? — perguntou, recostando-se em sua poltrona velha e confortável.
— Meu palpite seria de uma semana, ou duas, se o senhor conseguir... fechar alguma aposta contra as pessoas certas. E vencer, é claro.
— Não tenho tido muito tempo para apostas ultimamente.
Havia, também, o fato de que ele fora banido do White’s, o local onde sempre encontrara seus mais abastados oponentes.
Beacham pigarreou.
— Se me permitir a ousadia, ouvi dizer, milorde, que o senhor está cortejando uma jovem com a intenção de desposá-la. Como o senhor se recusa a vender qualquer propriedade, talvez essa seja a única alternativa viável.
— Sim, tenho alguém em mente, mas ela precisará ser convencida.
O destino podia ser caprichoso, mas também parecia saber o que estava fazendo. Lady Dulce Saviñon tinha um rendimento anual de quase 20 mil libras e, mesmo sem seu dote, por acaso sabia que ela investira seu dinheiro com sabedoria nos últimos seis anos. Todas as propriedades de sua família seriam salvas em uma questão de segundos assim que ela dissesse os votos. O problema era que Christopher não sabia se podia convencê-la a dizê-los.
A determinação em torná-la sua esposa tinha mais a ver com uma necessidade urgente e desejo do que com dinheiro. Se Dulce fosse uma pobretona, sua obsessão provavelmente acabaria com ele no tribunal de Old Bailey por falência.
Se ela o rejeitasse... Não, não pensaria nisso.
O advogado se mexeu, e Christopher retornou ao presente.
— Obrigado, Beacham. Marquemos nossa próxima reunião para a terça-feira que vem, e veremos se estarei em uma condição melhor ou pior do que hoje.
— Está bem, milorde.
Pela expressão do advogado, ele não esperava que as coisas melhorassem. O próprio Christopher tinha suas dúvidas quando a isso.
Teria de contar a Dulce exatamente o quanto estava desesperado pelo dinheiro dela antes de pedi-la em casamento. Eles contornaram sentimentos e problemas de verdade por anos. Já passara da hora de falarem a verdade.
A pior parte de tudo era que queria se casar com Dulce. Quando Amelia lhe contou sobre a carta e as meias, aquilo se tornou a questão mais importante em seu calendário. Precisava proteger Dulce de quaisquer rumores que emergissem.
A ideia de viver sem ela era completamente inaceitável. Mesmo que isso significasse vender cada maldita peça de roupa. Não conseguia considerar o matrimônio com qualquer outra pessoa. Seria ela, ou mais ninguém. E seria Dulce.
Uma coisa que aprendera em meio a esse caos era simples: precisava dizer a verdade, não importava quão furiosa ou magoada ela pudesse ficar. Sabia que podia cortejá-la, se tivesse tempo. Dulce precisava ver, repetidamente, que ele mudara.
Autor(a): leticialsvondy
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Mas três meses não pareciam suficientes para se redimir, muito menos os dois dias do ultimato de Amelia Johns. Com quatro irmãos, duas tias e um bocado de propriedades, todas ocupadas por criados que dependiam de Christopher para colocar comida na mesa e roupas em seus corpos, ele não tinha muita alternativa. Christopher subiu para se arrumar para ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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candyle Postado em 20/03/2023 - 23:57:41
Christopher gente como a gente cheio de dívidas kkkkkkk continua
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candyle Postado em 19/03/2023 - 23:42:10
Continuaaaa
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candyle Postado em 18/03/2023 - 20:51:08
Meu Deus, que mulher desprezível essa Amélia Continua
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candyle Postado em 17/03/2023 - 19:45:02
Continuaaa
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candyle Postado em 14/03/2023 - 20:41:01
Continuaaaaa, tô amandoooo
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candyle Postado em 10/03/2023 - 12:11:28
Continuaaa
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candyle Postado em 07/03/2023 - 17:59:33
Morri na parte do vadiar kkkkkkkkkkkk Continua, tô amando essa guerrinha nada saudável (pras leitoras) kkkk
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candyle Postado em 04/03/2023 - 23:24:12
Dois cabeças duras mano kkkkkkkkkkkkkk continuaa
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candyle Postado em 03/03/2023 - 22:27:03
Aínda bem que vc voltouuu! Tava muito ansiosa e veio logo um hot maravilhoso kkkkkkk Posta maiiiis
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candyle Postado em 23/02/2023 - 23:29:10
Continuaaaaa