Fanfic: Como Se Vingar De Um Cretino(adaptada) | Tema: Vondy
Ah Deus! De quanto dano os maus são causa, provocando, dessa arte, a própria ruína?
— Henrique VI, Parte II, Ato II, Cena I
Enquanto Christopher descia a escada para o jantar, a casa parecia incomumente quieta. Era verdade que a família já estava reunida na sala de jantar para comer, mas o silêncio não parecia ser aquele provocado pela falta de caos. Em vez disso, era quase como se a Residência Uckermann estivesse prendendo a respiração.
Ou, mais provavelmente — como decidiu enquanto endireitava o casaco e abria a porta da sala de jantar —, foi a visita de lady Dulce Saviñon que deixara seus sentidos transtornados. Christopher entrou na sala... e parou.
Ela estava sentada ali, rindo de algo que Bradshaw dissera. A surpresa deve ter transparecido em seu rosto, pois Dulce ergueu uma sobrancelha quando o olhar encontrou o dele.
— Boa noite, milorde — disse Dul, o sorriso inalterado, embora os olhos castanhos tenham esfriado.
Duvidava que qualquer pessoa além dele mesmo tivesse reparado na mudança. Christopher cerrou o maxilar.
— Lady Dulce.
— Você está atrasado para o jantar — reclamou Edward, seu irmão mais novo. — E Dul disse que isso é rude.
Nanico nunca tinha visto a fedelha antes, mas já estavam se tratando pelo primeiro nome. Christopher tomou seu lugar na ponta da mesa, notando que algum idiota a colocara bem à sua direita.
— Ficar para o jantar sem ser convidada também é.
— Ela foi convidada — afirmou Milly.
Ao ouvir aquilo, Christopher reparou que suas tias estavam presentes no jantar pela primeira vez em dias. Praguejando baixinho por Dulce ter desviado a sua atenção da própria família, ele se levantou outra vez.
— Tia Milly. Bem-vinda novamente ao caos. — Christopher deu a volta na mesa para dar um beijo em no rosto da tia. — Mas a senhora deveria ter me chamado. Eu teria ficado feliz em carregá-la até aqui.
Corando, a tia o dispensou com a mão.
— Ora, que sandice. Dulce retornou com uma engenhoca com rodas, então ela e Dawkins me arrastaram até a sala de jantar. Foi bastante divertido.
Christopher se endireitou, voltando a encarar Dulce.
— Retornou? — repetiu ele.
— Sim — respondeu ela com doçura. — Estou me mudando para cá.
A boca de Christopher começou a se abrir novamente, mas ele apertou o maxilar com força.
— Não está, não.
— Estou, sim.
— Não es...
— Ela está, sim — interrompeu Edwina. — Veio para ajudar Milly, então fique quieto e sente-se, Christopher Von Uckermann.
Ignorando os risinhos de seus irmãos mais novos, Christopher voltou a olhar para Dulce. E aquela mulher ultrajante estava sorrindo para ele.
Evidentemente, o mal que provocara durante sua vida fora tão tremendo que o castigo eterno estava começando cedo. A eternidade não era longa o suficiente nesse caso. Estampando um sorriso indiferente no rosto, ele voltou a se sentar.
— Entendo. Se a senhora acha que ela pode auxiliá-la, tia Milly, então não tenho objeção alguma a fazer.
Dulce se enfezou.
— Não tem objeção alguma? Ninguém perguntou...
— Entretanto, gostaria de observar, lady Dulce — continuou ele —, que a senhorita decidiu se hospedar em uma residência com cinco homens solteiros, três deles adultos.
— Quatro — corrigiu Andrew, corando. — Tenho 17 anos. Sou mais velho que Romeu quando se casou com Julieta.
— E é mais novo que eu, que é o que conta — retrucou Christopher, olhando com severidade para o irmão.
A falta de disciplina não costumava perturbá-lo, mas, maldição, Dulce não precisava de mais munição contra ele. Ela já tinha um bocado.
— Não se preocupe com minha reputação, lorde Dare — disse Dulce, embora Christopher tenha reparado que ela evitou olhá-lo. — A presença de suas tias me provê toda a respeitabilidade de que preciso.
Por algum maldito motivo, Dulce estava decidida a ficar. Mais tarde descobriria por quê, quando não tivesse meia dúzia de pessoas prestando atenção em cada palavra que os dois trocariam.
— Então fique — disse, lançando um olhar sombrio a ela. — Mas não diga que não avisei. Embora estivesse longe de ser imune ao charme considerável de Dulce, ele desenvolvera o talento de parecer indiferente. Bradshaw, dois anos mais novo e com uma reputação que falava por si só, não era tão talentoso assim. Por outro lado, Robert, com seus 26 anos, parecia estar jantando sozinho, dada a atenção que dispensava a todos. Andrew apenas babava, enquanto Edward parecia subitamente fascinado em aprender boas maneiras à mesa.
Christopher sobreviveu ao jantar sem sofrer uma apoplexia, então escapuliu para a sala de bilhar para fumar e se lamentar. Qualquer coisa que houvera entre ele e Dulce havia chegado ao fim — ela tinha deixado isso total e repetidamente claro. Qualquer que fosse a tramoia que estava se desenrolando, ele não estava gostando. E gostava menos ainda do fato de ter que recorrer a Dulce para conseguir respostas — a menos que as arrancasse de Milly e Edwina, que também haviam sucumbido ao charme da jovem e não faziam ideia do que ela estava tramando.
— Lady Dulce foi se deitar.
Dare deu um pulo. Bit estava apoiado no batente da porta, os braços cruzados em cima do peito.
Christopher o fitou enfezado, perguntando-se por um breve instante há quanto tempo o irmão estaria ali.
— O que foi? Robert, o Inescrutável, resolveu falar sem ser solicitado? É um milagre ou você está tentando causar problemas?
— Apenas achei que você deveria saber, caso estivesse cansado de se esconder. Boa noite.
Robert se endireitou e desapareceu pelo corredor.
— Não estou me escondendo.
Christopher apenas tinha regras para si mesmo quando se tratava de lady Dulce. Se ela atacasse, responderia na mesma moeda. Se ela se insinuasse em um grupo do qual ele já fazia parte, não se oporia. E Dulce podia quebrar seus malditos leques nos dedos dele sempre que bem entendesse, porque em sua opinião o que ela realmente queria, por algum motivo, era continuar tocando-o.
O contato raramente provocava mais do que um tremor, e dava a Christopher a oportunidade de comprar leques substitutos para ela — o que, é claro, a irritava ainda mais.
Mas essa insistência de Dulce em viver sob seu teto era diferente. Não havia páginas para isso nesse livro de regras, e ele precisava desesperadamente criar algumas antes que qualquer coisa acontecesse.
Christopher apagou o charuto e subiu para o andar superior.
***
Dulce sentou-se diante da lareira em seu quarto com um livro fechado no colo. Não dormira nada na noite anterior — refletir sobre seu plano a manteve desperta e agitada até o amanhecer. Esta noite, contudo, era ainda pior. Ele estava na mesma casa, talvez a apenas um andar de distância, ou a apenas um corredor de distância.
Uma batida leve ressoou em sua porta, e Dul quase caiu da cadeira.
— Acalme-se, pelo amor de Deus — murmurou para si mesma. Pedira a Dawkins, o mordomo, um copo de leite morno; não era como se Dare fosse aparecer em seu quarto em plena luz do dia, muito menos a essa hora da noite.
— Entre.
A porta se abriu e o visconde entrou no quarto.
— Está confortável? — perguntou ele com sua voz arrastada, parando diante da lareira.
— O que... Saia daqui!
— Deixei a porta aberta — disse Christopher em um tom baixo —, então, se não quiser uma plateia, mantenha a voz baixa.
Dulce respirou fundo. Ele tinha razão: se sucumbisse a seu pânico repentino por estar sozinha no quarto com Dare, garantiria sua própria ruína e destruiria qualquer chance de ensinar a lição de que ele desesperadamente precisava.
— Está bem. Falarei mais baixo, então: saia daqui.
— Primeiro me conte o que diabos você está tramando, Dulce.
Ela nunca soubera mentir, e Dare estava longe de ser um bobalhão.
— Não sei por que acha que estou “tramando” alguma coisa — retrucou ela. — Minhas circunstâncias mudaram no último ano e...
— Então está aqui por mera bondade, para cuidar das titias — comentou ele, apoiando um braço na cornija.
— Sim. — Dulce gostaria que ele não parecesse tão à vontade em seu quarto, e tão pecaminoso o tempo todo. — O que mais sugeriria que eu fizesse, dadas as circunstâncias?
Christopher deu de ombros.
— Case-se. Vá torturar um marido e fique longe de mim.
Dulce largou o livro e se levantou. Não queria discutir aquele assunto em particular; preferiria, na verdade, que ele jamais o tivesse mencionado. Se não respondesse, contudo, Dare jamais acreditaria em qualquer palavra gentil que lhe dissesse agora ou no futuro, muito menos se apaixonaria por ela.
Autor(a): leticialsvondy
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— O casamento, lorde Dare, não é mais uma opção para mim, não é mesmo? Christopher a fitou por um bom momento, a expressão sombria e ilegível. — Para ser franco, Dulce, a quantia dos seus rendimentos é mais importante do que sua virgindade para a maioria dos homens. Poderia citar uns cem homens que ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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candyle Postado em 20/03/2023 - 23:57:41
Christopher gente como a gente cheio de dívidas kkkkkkk continua
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candyle Postado em 19/03/2023 - 23:42:10
Continuaaaa
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candyle Postado em 18/03/2023 - 20:51:08
Meu Deus, que mulher desprezível essa Amélia Continua
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candyle Postado em 17/03/2023 - 19:45:02
Continuaaa
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candyle Postado em 14/03/2023 - 20:41:01
Continuaaaaa, tô amandoooo
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candyle Postado em 10/03/2023 - 12:11:28
Continuaaa
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candyle Postado em 07/03/2023 - 17:59:33
Morri na parte do vadiar kkkkkkkkkkkk Continua, tô amando essa guerrinha nada saudável (pras leitoras) kkkk
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candyle Postado em 04/03/2023 - 23:24:12
Dois cabeças duras mano kkkkkkkkkkkkkk continuaa
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candyle Postado em 03/03/2023 - 22:27:03
Aínda bem que vc voltouuu! Tava muito ansiosa e veio logo um hot maravilhoso kkkkkkk Posta maiiiis
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candyle Postado em 23/02/2023 - 23:29:10
Continuaaaaa