Fanfic: Como Se Vingar De Um Cretino(adaptada) | Tema: Vondy
— O casamento, lorde Dare, não é mais uma opção para mim, não é mesmo?
Christopher a fitou por um bom momento, a expressão sombria e ilegível.
— Para ser franco, Dulce, a quantia dos seus rendimentos é mais importante do que sua virgindade para a maioria dos homens. Poderia citar uns cem homens que se casariam com a senhorita em um piscar de olhos, se tivessem a chance.
— Certamente não preciso, e nem quero, um homem que deseje apenas o meu dinheiro — respondeu acaloradamente. — Além disso, fiz um acordo com suas tias. Eu cumpro com minha palavra.
Dare se endireitou da pose desleixada. Ele parecia mais alto do que Dulce se lembrava e, antes que pudesse se conter, ela deu um passo atrás. Um músculo na bochecha masculina se contraiu, e ele virou para a porta.
— Dê-me a fatura daquela cadeira de rodas — disse por cima do ombro — que a reembolsarei.
— Não há necessidade — respondeu ela, tentando recuperar a compostura. — É um presente.
— Não aceito caridade. Entregue-me a fatura amanhã.
Dulce abafou um suspiro irritado.
— Está bem.
Depois que a porta se fechou, ela permaneceu onde estava por um bom tempo.
Na noite em que Dare tirara sua virgindade, Dulce achava estar apaixonada. Descobrir no dia seguinte que ele o fizera para ganhar uma aposta — o prêmio sendo uma de suas meias, ainda por cima — doera mais do que achava ser possível.
Dulce jamais o perdoara, independentemente dos motivos que o levaram a não se vangloriar da vitória à sociedade. Agora lhe mostraria o quanto doía ser traído. Então, quem sabe, ele entenderia o que significava ser honrado, e poderia ser um marido decente para alguma pobre e ingênua garota, como Amelia.
Com isso em mente, Dul se deitou na cama e tentou dormir. Amelia Johns precisava ser incluída no plano, ou ela mesma se provaria tão fria quanto Christopher Uckermann fora. Talvez devesse resolver isso de uma vez; esperar até o baile de Ibbottson apenas daria a Dare mais três dias para arruinar a vida da srta. Johns.
***
Amelia Johns pareceu surpresa ao ver Dulce na porta da Residência Johns na manhã seguinte. Com o cabelo escuro preso em um belo coque, com cachos estrategicamente soltos acariciando o pescoço e as bochechas, e o vestido matinal de musseline da cor do sol, ela parecia o retrato da inocência dos contos de fadas.
— Lady Dulce — cumprimentou Amelia, fazendo uma reverência, com os braços cheios de flores.
— Senhorita Johns, obrigada por me receber esta manhã. Posso ver que está ocupada... Por favor, não permita que eu atrapalhe seus afazeres.
— Ah, obrigada — respondeu a garota, sorrindo, enquanto colocava as flores ao lado do vaso mais próximo. — Estas rosas são as preferidas de mamãe. Eu odiaria que murchassem.
— São lindas. — A garota não a havia convidado a se sentar, mas Dulce não queria parecer impaciente, então se acomodou lentamente em um sofá no meio do amplo salão matinal.
Amelia permaneceu em frente ao vaso, sua sobrancelha alva se franzindo enquanto ajeitava os botões amarelos para lá e para cá, buscando o ângulo perfeito. Por Deus, aquela garota não tinha chance alguma contra Dare.
— Gostaria de um chá, lady Dulce?
— Não, mas obrigada. Para falar a verdade, gostaria de discutir algo com a senhorita. Algo de natureza... pessoal.
Dul deu uma olhada para a criada que ajeitava as almofadas dos móveis excessivamente estofados.
— Natureza pessoal? — Amelia deu uma risadinha cativante. — Minha nossa, isso parece muito intrigante. Hannah, isso é tudo por ora.
— Sim, senhorita.
Assim que a criada se foi, Dulce se deslocou para um assento mais próximo a Amelia.
— Sei que isso parecerá extremamente incomum, mas tenho um motivo para perguntar — disse ela.
Amelia parou de arrumar as flores.
— O que é?
— A senhorita e o lorde Dare. Há uma conexão entre vocês, não há?
Os grandes olhos azuis de Amelia se encheram de lágrimas.
— Ah, não sei! — choramingou.
Dulce apressou-se em levantar e colocou o braço em torno dos ombros da jovem.
— Calma, calma — falou com sua voz mais alentadora. — Era isso que eu temia.
— Te... Temia?
— Ah, sim. Lorde Dare é conhecido por ser difícil.
— Sim, ele é. Às vezes, acho que vai me pedir em casamento, e então ele muda o rumo da conversa até eu não saber mais se sequer gosta de mim ou não.
— Mas a senhorita espera um pedido de casamento, não é?
— Lorde Dare está sempre falando que precisa se casar, e dança comigo mais do que com qualquer outra garota, e me levou para uma volta de coche pelo Hyde Park. É claro que espero um pedido de casamento. Toda a minha família espera.
Amelia parecia quase indignada por Dulce ter dúvidas quanto às intenções de Dare.
— Sim, acho que isso seria bastante justo. — Dulce conteve uma careta.
Dare fizera o mesmo com ela, seis anos atrás, e Dul esperara a mesma coisa. Tudo que ganhara, contudo, fora a ruína, uma meia roubada e um coração partido.
— E, nesse caso, preciso confidenciar algo à senhorita.
Amelia secou os olhos com um belo lenço bordado que combinava com seu vestido.
— Precisa?
— Sim. Lorde Dare, como a senhorita deve saber, é o melhor amigo de meu primo, o duque de Wycliffe. Por conta disso, tive inúmeras oportunidades, ao longo dos anos, de observar o comportamento do visconde em relação às mulheres. Preciso dizer que, sem exceção, sempre o achei deplorável.
— Excessivamente deplorável.
Até agora, indo bem.
— Por isso, decidi que lorde Dare precisa aprender uma lição sobre como se comportar diante de uma mulher.
A confusão ficou clara no rosto inocente de Amelia.
— Uma lição? Não estou entendendo.
— Bem, eu, por acaso, estou hospedada na Residência Uckermann por um curto período de tempo, para ajudar a tia de lorde Dare a se recuperar da crise de gota. Planejo aproveitar essa oportunidade para demonstrar a ele como seu comportamento com relação à senhorita tem sido péssimo. Poderá parecer um pouco estranho. Poderá até parecer, por um breve período, que Dare é afeiçoado a mim. Mas lhe garanto que meu único propósito é ensinar a ele uma lição que, no fim das contas, tanto o encorajará a pedi-la em casamento quanto fará dele um marido melhor.
Parecia lógico — para ela, de toda forma. Dulce observou a expressão transparente de Amelia para ver se a garota também achava.
— A senhorita faria isso por mim? Nós mal nos conhecemos.
— Somos ambas mulheres e condenamos o comportamento de Dare. E eu ficaria imensamente satisfeita em ver que ao menos um homem aprendeu a tratar uma mulher de forma adequada.
— Bem, lady Dulce — disse Amelia lentamente, voltando a mexer nas chamativas rosas —, acho que, se a senhorita puder ensinar uma lição a Christopher que o convenceria a se casar comigo, isso seria muito bom. — Pausou, franzindo o cenho de leve. — Porque, se estamos sendo sinceras uma com a outra, preciso admitir que ele me confunde com bastante frequência.
— Sim, Dare é mestre nisso.
— A senhorita o conhece melhor do que eu, e tem uma idade mais próxima da dele, então suponho que seja mais sábia também. Por fim, ficarei feliz se puder ensinar uma lição a ele. Quanto antes, melhor, pois estou decidida a me tornar a viscondessa de Dare.
Ignorando o insulto à sua idade, Dulce sorriu.
— Então temos um acordo. Como eu disse, no início, as coisas podem parecer um tanto estranhas, mas seja paciente. Tudo dará certo no final.
Dulce cantarolava enquanto ela e sua aia subiam na carruagem contratada e retornavam à Residência Uckermann. Dare não saberia o que havia acontecido até que fosse tarde demais. Depois que tivesse terminado, ele jamais pensaria em mentir para jovens vulneráveis sobre seus sentimentos, ou em roubar suas meias enquanto dormiam. Depois disso, ele ficaria feliz em aceitar Amelia Johns como esposa, e nunca sequer pensaria em olhar para os lados.
***
— Então, Beacham, conte-me as novidades.
O advogado parecia inquieto sentado de frente para Christopher, mas Dare não considerou isso um mau sinal. Nunca vira Beacham não parecer nervoso.
— Fiz o que o senhor me solicitou, milorde — contou Beacham, folheando uma pilha de papéis até encontrar o que queria. — No último relatório, a cevada estava sendo vendida, nas Américas, por sete xelins a mais, a cada cem libras, do que aqui.
Christopher fez uns cálculos rápidos.
— Isso dá 140 xelins por tonelada, com os custos de envio a quanto, cem xelins por tonelada? Não acredito que valha o tempo e o esforço para um lucro total de 12 libras, Beacham.
O advogado fez uma careta.
— Esses não são os números exa...
— Beacham, vamos partir para outra.
— Ah. Sim, milorde. Para onde partiremos?
— Para a lã.
Beacham tirou os óculos, limpando-os com um lenço. Essas tiradas de óculos costumavam ser um bom sinal.
— Com exceção da lã de carneiro Cotswold, o mercado está bastante fraco.
— Eu crio carneiros Cotswold.
O advogado recolocou os óculos.
— Sim, eu sei, milorde.
— Todos sabemos. Providencie isso. Toda a produção de verão será enviada às Américas, teremos menos gastos.
O advogado não tirou os óculos dessa vez, e Christopher pensou que passara tempo demais fazendo apostas, buscando pelas fraquezas de seus oponentes e sinais traiçoeiros. Por outro lado, no último ano ganhara mais dinheiro para as propriedades com as apostas do que pelos meios convencionais.
— Prevejo um lucro de aproximadamente 132 libras.
— Aproximadamente.
— Sim, milorde.
Christopher soltou o ar dos pulmões, mas o prendeu novamente quando uma figura feminina de musseline amarelo e cor-de-rosa passou pela porta aberta do escritório.
— Ótimo. Vamos prosseguir, então.
— Ah, ainda é um risco, milorde, quando acrescentarmos o tempo e a distância à equação.
Com um sorrisinho, Christopher se levantou.
— Gosto de riscos. E sim, sei que não é o bastante para fazer qualquer diferença na minha situação. Mas vai parecer que estou ganhando dinheiro, o que é tão importante quanto.
O advogado concordou com a cabeça.
— Se puder ser sincero, milorde, gostaria que seu pai tivesse tido uma compreensão tão perspicaz sobre os rendimentos.
Ambos sabiam que o pai de Christopher gastara dinheiro onde deveria ter poupado e tinha sido avarento com itens pequenos e insignificantes, o que servira apenas para alarmar e desassossegar tanto os credores quanto seus colegas. O resultado fora um desastre completo.
— E sou grato por você ser o único advogado a serviço de Dare a não espalhar boatos. — Christopher se encaminhou para a porta. — É por isso que ainda trabalha para mim. Prepare a correspondência, por favor.
— Sim, milorde.
Christopher alcançou Dulce na porta do salão de música.
— E aonde a senhorita foi esta manhã? — perguntou.
Ela deu um pulo, a culpa óbvia em seu belo rosto.
Autor(a): leticialsvondy
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— Não é da sua conta, Dare. Vá embora. — Esta é a minha casa. — A reação assustada o intrigou, e Christopher mudou o que ia dizer. — Tenho um coche e uma carruagem. Ambos estão à sua disposição. A senhorita não precisa contratar alguém de fora. — Não me ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 18
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candyle Postado em 20/03/2023 - 23:57:41
Christopher gente como a gente cheio de dívidas kkkkkkk continua
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candyle Postado em 19/03/2023 - 23:42:10
Continuaaaa
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candyle Postado em 18/03/2023 - 20:51:08
Meu Deus, que mulher desprezível essa Amélia Continua
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candyle Postado em 17/03/2023 - 19:45:02
Continuaaa
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candyle Postado em 14/03/2023 - 20:41:01
Continuaaaaa, tô amandoooo
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candyle Postado em 10/03/2023 - 12:11:28
Continuaaa
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candyle Postado em 07/03/2023 - 17:59:33
Morri na parte do vadiar kkkkkkkkkkkk Continua, tô amando essa guerrinha nada saudável (pras leitoras) kkkk
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candyle Postado em 04/03/2023 - 23:24:12
Dois cabeças duras mano kkkkkkkkkkkkkk continuaa
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candyle Postado em 03/03/2023 - 22:27:03
Aínda bem que vc voltouuu! Tava muito ansiosa e veio logo um hot maravilhoso kkkkkkk Posta maiiiis
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candyle Postado em 23/02/2023 - 23:29:10
Continuaaaaa