Fanfic: In my dreams Vondy - Finalizada | Tema: Vondy

Entrando no quarto aonde Christopher estava internado, eu reparei que as paredes eram do mesmo tom da enfermeira que passei o sábado inteiro. E aproximando da maca, eu olhei para o seu rosto reparando em cada detalhe, inclusive o pequeno corte que havia no supercílio e o outro no início da testa. Mas dentre esses, o que mais me deixou intrigada, foi o que tinha próximo a sua nuca, que estava com um enorme curativo. Fechei os olhos para tentar segurar as lágrimas, mas de nada adiantou. Pois eles começaram a marejar. Principalmente quando eu encarei os aparelhos que o mantinha "vivo" ajudando a fazer a checagem de todo o seu organismo, incluindo os batimentos cardíacos e entre outras coisas das quais eu era leiga demais para compreender. Por que Deus?! Questionei baixinho secando as bochechas molhadas, e olhei novamente para seu rosto vendo a serenidade estampada ali. Parecia que ele estava em um sono muito profundo que Não, não! Afastei tais pensamentos negativos, aproximando a mão da sua face na intenção de tocá-la. E também foi nesse momento que comecei a chorar novamente pedindo mentalmente a Deus para tirar Christopher dessa situação. 

- Chris meu amor, porque isso tinha que acontecer com você por quê? - Contornei em volta da sua orelha com o polegar. 

Depois de ter recebido alta naquele mesmo dia, eu fui para casa, pois Annie achou melhor que eu não fosse até a UTI vê-lo. Inclusive por causa dele não estar podendo receber visitas de pessoas que não fossem da família. Mas graças a Deus Annie conseguiu com uma enfermeira que tinha feito amizade para liberar a minha entrada. Contanto que eu higienizasse as mãos com álcool, e não ficasse por muito tempo. Porque senão eu poderia prejudicar a saúde dele. E como eu não queria que as coisas se agravassem, eu fiz tudo corretamente. Principalmente por não dar motivos a Verônica que infelizmente estava de tocaia. Mas espero não encontrá-la, mesmo que isso seja um pouco improvável, farei o possível para que isso não aconteça. Passei a mão sobre o cabelo jogando-o para o lado, e encostei a cabeça em seu peito. Sei que não podia fazer isso, mas estava sendo inevitável olhar para o Christopher nesse estado e não me aproximar de alguma forma. 

- Meu amor vai ficar tudo bem. Tenho fé que você vai sair dessa. - Encostei os lábios em seu peito sentindo a sua pele fria. - Não me deixa por favor?! Você promete que não vai me deixar. Promete?

Passei a mão em seu braço de forma carinhosa, e acabei escutando o barulho da porta. Por isso eu me afastei rapidamente dele, e encarei Verônica que estava com uma expressão de choque em seu rosto. 

- O que está fazendo aqui garota? - Como sempre ela não deixou de me encarar com um olhar de uma pessoa que mostrava toda sua arrogância e presunção. - Quem te deixou entrar aqui? Olha só, se você não sair daqui agora, eu vou ser obrigada a chamar os seguranças. 

- Eu não vou sair daqui. Não vou mesmo! Eu vim aqui para ver como o Christopher está, e não irei arredar o pé, até que o horário de visitas se concretize. - Passei as costas da mão na direção dos olhos. 

- Não vai! - Deixou a bolsa na poltrona e cruzou os braços na altura do peito. - Tem certeza disso? Garota! Olha até agora estou sendo boazinha demais contigo. Que roubou o meu marido. Mas isso não ficar assim. Não vai mesmo! Porque no que depender de mim você não pisa mais nesse hospital. E nem fica tão próximo dele como eu acabei de flagrar. - Foi se aproximando cada vez mais de mim que engoli seco e respirei fundo, ficando com um certo receio dela fazer algo comigo. Ainda mais com um certo grau de psicopatia que ela fazia questão de mostrar. - Escuta bem o que eu vou te dizer: se você não for embora daqui nesse exato momento, pode dando adeus ao seu emprego. Nem precisa colocar esses pés imundos na lanchonete ok. Porque agora quem vai estar no comando sou eu. Já que legalmente eu tenho direito a metade das coisas que o Christopher conquistou. Então eu acho bom você sair do quarto agora, antes que eu chame os seguranças para te tirar daqui a força. Anda! Vaza! Não quero você aqui. Entendeu? É muito menos perto do Christopher. Já tá avisada! - Se afastou novamente logo após ter abaixado o dedo que ela apontou pro meu rosto. 

- Você é muito cruel Verônica! - Meneei a cabeça apavorada. - Mas eu já estou sabendo de tudo que você fez com o Christopher. Coitado! Ele não merecia se casar com uma mulher igual a você. 

Mesmo borrando de medo pela cara que ela estava mostrando a mim, eu fui atrevida o suficiente ao ponto de colocar tudo aquilo pra fora. 

- O que você disse garota? É quem foi que te contou sobre isso? 

Dessa vez ela segurou no meu braço com uma certa força, logo após se aproximar. E olhando para o seu rosto que agora expressava raiva, eu acabei engolindo seco. 

- Não te interessa! Me solta! Agora! Pode deixar que eu vou embora daqui. Mas fique sabendo que você não vai ganhar essa. 

- Já ganhei. - Soltou o meu braço. - Ou você acha que quando o Christopher sair dessa situação vai se lembrar de você. - Me encarou de cima a baixo fazendo cara de nojo. - Ou da mulher que está ao lado dele por oito anos. Hum? Óbvio que ele não vai se lembrar da amante. Olha o estado que ele está. O Christopher sofreu traumatismo craniano. Portanto as chances dele sobreviver são poucas. O médico falou que ele sofreu uma lesão no crânio devido ao impacto na hora do acidente. Só que ele não teve muita sorte e acabou ficando em coma. Fora corte na nunca, o que resultou em mais sangramento. Então eu acho melhor você ir se preparando porque de uma hora pra outra ele pode morrer. Já que o médico que está acompanhando o caso dele não nos deu certeza se ele irá sobreviver ou não. Se caso sobreviver, ficará com sequelas. Como epilepsia, ou até paraplégico. Você vai aguentar ter que cuidar dele. Eu acho que não. 

Escutar ela falando tudo aquilo acabou fazendo eu entrar em desespero. Por isso eu me afastei e comecei a andar de um lado para o outro.

- Mas isso não vai acontecer com ele. Porque o Christopher é forte, e vai sair bem como antes. Se ele precisar de uma transfusão de sangue, eu estou aqui para ajuda-lo. 

Comecei a chorar ao pensar em tudo que ela falou. Por que Anahí não me disse nada? Será que ela queria me poupar? Acredito que sim. 

- Se eu fosse você não teria tanta confiança. Pois tudo pode acontecer com pessoas que se encontram nesse estado. E chances de sobrevivência são poucas... 

Era impressão minha, ou eu percebi um leve tom de ironia em sua voz. 

- É mentira! Você só está fazendo isso para me deixar mais apavorada. Porque no fundo a sua intenção é que eu me afaste dele. Mas isso não vai acontecer. Eu posso ficar afastada desse hospital, mas quando ele se recuperar vai voltar pra mim. Como antes do acidente. 

Gargalhou de forma debochada. 

- Garota! Para de se iludir! Você é doida! Ou o quê? Será que eu não deixei claro que ele vai ter sequelas quando acordar do coma. Ele não vai se lembrar de você. Só de mim é da família. Sinto muito mas você perdeu querida. Vai embora! Some desse hospital e não aparece mais.

Apontou o indicador para porta e foi nesse momento que o pai do Christopher abriu ela e nos encarou com uma certa seriedade. 

-Olá Verônica! Eu posso saber o que está acontecendo aqui? E porque está expulsando a Dulce? - Observei ele dar mais um passo a frente, e fechar a porta logo em seguida. 

- É er oi Sr Victor não tem ninguém expulsando ela. Ao contrário eu vim aqui ver como o seu filho está. - Apontou o dedo para mim. - Só que essa mulher está me expulsando do quarto. Justo agora que eu que estou completamente arrependida de tudo que fiz. Pedi até desculpas a vocês lembra? 

Não acredito que essa mulher estava se fazendo de vítima para ele. Bem que o Christopher tinha falado comigo uma vez. 

- Lembro perfeitamente bem Verônica. E continuo não acreditando em você. Principalmente a Dulce que não é de fazer coisas desse tipo. Ela uma jovem encantadora, doce que jamais se submeteria a isso. Portanto ela vai continuar aqui até que o horário de visitas encerre. Ok! Agora eu vou pedir para você se retirar, já que não pode ficar mais de duas pessoas no recinto. 

- Sinto muito Sr Victor, eu não irei sair desse quarto. Se quiser ela que se retire. Porque eu sou esposa dele e ela. - Me encarou de cima a baixo com cara de nojo. - Não passa de uma amante. Amante que o seu filho fez questão esfregar na minha cara. Está vendo como ele nunca foi santo. Agora está aí o pagando pelos erros . 

Apontou o indicador para mim fingindo estar muito magoada. Literalmente essa mulher deveria ser contrada pela Globo. Que está perdendo uma artista que sabe se passar muito bem pelo papel de vítima. 

- Negativo Verônica! Meu filho jamais seria capaz de fazer algo do tipo. Criei ele para ser homem de verdade e não um moleque. Ele se separou de você porque não estava aguentando mais. 

Ela espalmou a mão sobre o peito mostrando o quanto estava espantada. Só que eu já sabia que aquilo era puro teatro e fingimento. 

- O Christopher só dizia isso para se passar por bonzinho. Quando na verdade ele que era o monstro. - Não acredito que ela estava forçando um choro. - Ele já estava com pretensão de fazer isso há bastante tempo. Mas só tomou coragem depois daquela nossa pequena discussão na inauguração do restaurante de Meaípe. Aí ele veio com aquela história da separação, porque na verdade já deveria está atrás de um rabo de saia há bastante tempo. Eu entendo que me excedia as vezes com os meus ciúmes excessivos, mas agora como o senhor está vendo eu mudei e pretendo perdoar toda a traição dele com essa mulher quando sair do coma.

Ainda fez questão de secar a lágrima que estava forçando. 

Como diz Anahí é muito fingida essa mocreia! 

- Ok Verônica! Vamos ver o que irá acontecer daqui em diante. Se realmente o Christopher sair com sequelas que eu espero que isso não aconteça, certamente ele irá ficar meio confuso no início. Mas depois vai se lembrar de tudo gradativamente. E espero que se lembre porque será a minha decepção se o meu filho ficar com você outra vez. Agora por favor saia desse quarto, e deixa a minha futura nora e o Christopher em paz. Ok!

Apontou o indicador para ela e depois o corredor. Enquanto eu adorei ver aquela cena do meu sogro me defendendo daquela megera. Pelo menos agora eu poderia ficar mais um pouco aqui com o meu amorzinho. 

- Tudo bem Sr Victor, eu vou. Mas fique sabendo que isso não vai ficar assim. Eu não vou aceitar que a amante dele fique circulando por aqui.

A expressão que ela demonstrou em seu rosto não foi das melhores já que ela estava a ponto de querer me fuzilar naquele momento. 

- Obrigado Sr Victor! Eu nem sei o que dizer. - Abracei ele logo após a cobra ter saído. 

- Não precisa agradecer minha filha. Eu sei o quanto essa mulher é capaz de fazer para voltar a infernizar a vida do meu filho. Mas pode ter certeza que enquanto eu estiver aqui vivo isso nunca irá acontecer. - Esboçou um sorriso amigável. - Agora vou deixá-lo a sós com o Christopher. Qualquer coisa é só me chamar que estarei aqui pelo corredor. E mais tarde serão as meninas já que estamos revezando. 

Após observar ele sair do quarto e fechar a porta eu voltei a me aproximar da maca, e também a chorar novamente pensando em uma solução para tirá-lo desse estado. Pois não estava suportando mais vê-lo assim. Imóvel em cima dessa cama como se tivesse vegetando. E de fato ele estava.