Fanfic: In my dreams Vondy - Finalizada | Tema: Vondy

Uma semana depois, e tudo continuava na mesma, digo me referindo a saúde do Christopher. Pelo menos em meio a esse tanto de acontecimentos, ele não tinha fraturado a bacia, já que o raio X que bateram do seu quadril deu ok. Enquanto na lanchonete Verônica que por infelicidade minha, tinha dado as caras na terça e sexta. E dentre esses dias ela ficou trancada no escritório do Christopher com o Jaime por horas. Tenho pra mim que ela está aprontando algo, só espero que isso não prejudique aos funcionários. Principalmente a mim, já que ela faz questão de mostrar o quanto me odeia. Entretanto eu nem ligo, visto que o meu sentimento por ela é recíproco. Terminei de dar os últimos ajustes no meu vestido em frente ao espelho, para ir passar a véspera de Natal com os meus pais na casa da tia Nádia, e comecei a pensar em como seria o meu Natal se Christopher não tivesse sofrido aquele acidente. Com certeza passaria conosco, ou provavelmente na sua família. Senti as lágrimas escorrerem pelas bochechas, e encarei o meu reflexo no espelho outra vez, vendo o quanto eu estava apagada e com enormes olheiras embaixo dos olhos. Pois eu mal consegui dormir durante a semana. Estava sendo horrível, visto que eu não conseguia evitar os pesadelos dos quais a maioria deles me diziam que Christopher não iria voltar. Era como se ele não estivesse mais em nosso meio, sim em outro plano. 

- Filha você já está pronta? - Levei um pequeno susto ao escutar a voz da minha mãe, que logo foi entrando no quarto. - Está muito bonita com esse vestido filha. - Me elogiou logo assim que eu resolvi virar o meu corpo para encará-la. 

- Do que adianta estar bonita se ele não está aqui comigo. - Meus olhos começaram a lacrimejar novamente, e mamãe aproximou um pouco mais segurando a minha mão. 

- Não fique assim querida, se Deus quiser o Christopher irá sair dessa. E só ter fé de que tudo vai dar certo. - Secou um pouco das minhas bochechas com a ponta dos dedos. 

- Tomara viu, pois está sendo horrível ficar sem ele. Ainda mais com a sua ex esposa rondando a lanchonete. Sabe mãe, eu não estou com a mínima vontade de ir a casa da tia Nádia. Por mim eu passaria a véspera aqui dormindo. 

- Dulce, lembre-se do que nos conversamos. Não adianta se entregar, tem que fazer pelo menos um pouco de esforço para continuar vivendo filha. Sei que está sofrendo, mas você precisa se divertir. Vai ser legal sua tia e divertida e também a Márcia, Joana, Marcelo e a tua prima vão estar lá 

- Qual prima? Depende porque se for a que eu estou pensando é melhor continuar em casa. - Revirei os olhos. 

- É ela sim. Dulce eu entendo que vocês tenham as suas diferenças, mas esqueça o passado e perdoa ela.- Apertou minha mão. 

- Falar e fácil mãe, quero ver se fosse com a senhora. Talvez faria o mesmo ou até pior. É outra traição não é uma coisa tão simples de perdoar. Ainda mais quando ela faz questão de pegar o próprio ex namorado da prima. Me desculpe mas isso é imperdoável. 

- Filha a Larissa pode ser meio maluquinha, mas vocês precisam se entender novamente. E além do mais as duas trabalham na mesma lanchonete. Lembre-se de que foi ela que conseguiu o serviço pra você. Isso foi uma forma dela se redimir de tudo que fez. 

Bela forma de se redimir. Me infernizando e controlando os horários que eu chego, e ainda fazendo minha caveira para o Jaime no início logo assim que comecei a trabalhar lá. 

- Mãe por favor não se engane com essa garota. A Larissa nunca gostou de mim, sempre foi invejosa. - Bufei. 

- Dulce não fala isso. Lembra de quando as duas eram crianças e não se desgrudavam uma da outra. Eu achava aquilo tão bonitinho as duas querendo dormir juntas e passar o dia todo brincando. Sinto tanta falta. - Suspirou. 

- A senhora pode não acreditar, mas eu também sinto falta daquela Larissa sabe, que me ajudava com os exercícios, principalmente os de matemática. Mas infelizmente ela mudou muito depois que começou a andar com a Julia. Ficou arrogante e dando pra vários garotos do colégio. Inclusive o André que infelizmente era o meu namorado na época. - Passei a mão no cabelo jogando-o para o lado. 

- Moças! - Papai acabou interrompendo a nossa conversa ao surgir na porta do quarto. - Já estão prontas? Vamos lá vai dar oito horas. 

- Nossa! - Espantou-se. - Então vamos Dulce, já está pronta? - Apenas afirmei. - É a maquiagem não vai colocar? 

- Não quero mãe, estou desanimada até para comemorar o Natal que dirá me maquiar. - Joguei os ombros para frente enquanto caminhava até a porta. 

- Filha eu sei que deve estar sendo bem difícil para você lidar com tudo isso. Mas não fique assim o Christopher é um rapaz forte e vai sair dessa. - Papai me abraçou de lado após eu ter me aproximado. 

- Tomara que ele saia mesmo. Essa semana a Annie disse que os médicos falaram para eles, que talvez o Christopher precise fazer uma cirurgia. Eu tenho tanto medo disso pai. Medo de que aconteça algo é que ele não aguente. - Encostei a cabeça em seu ombro deixando que as lágrimas tomassem conta do meu rosto. 

- Minha princesinha não fique assim, vai dar tudo certo. Tente pensar positivo e entregar tudo nas mãos de Deus. - Acariciou as minhas costas tentando me reconfortar. 

- Vou tentar, mesmo que o medo me impeça algumas vezes de ser positiva. - Me afastei dele logo após secar as lágrimas do meu rosto. 

E depois assisti ele se afastar da porta, e caminhar até a sala. Já que o meu quarto ficava no corredor da casa. Depois que mamãe e eu saímos, apaguei a luz e tranquei a porta logo em seguida. 

💫💫💫💫💫

As festas de Natal na casa da tia Nádia, costumavam ser bem animadas, visto que uma das minhas tias fazia questão de trazer o karaokê para nós cantarmos. Tia Marcia era a mais animada das três, e bastante namoradeira. A mulher já beirando os quarenta tinha mais pique do que eu com apenas dezenove. Todos os natais ela trazia o Karaokê do seu bar, na intenção de nos ficarmos até altas horas da noite se divertindo. Até papai que era todo certinho e ranzinza entrava na dança. Bebia e zoava junto com todos antes e depois da Ceia. 

- Minha linda! Que bom que você veio? - Como sempre tia Márcia se aproximou toda alegre para me cumprimentar. - Nossa! Como você está linda! Uma moçona. E o seu namoradinho aquele rapaz que veio contigo no ano passado? - Perguntou com uma certa curiosidade, enquanto se afastava e tocava o meu antebraço. 

- Então tia, Arthur e eu terminamos há um tempo. Já tem dois meses. O motivo foi porque a nossa relação já estava esfriando, não por minha causa, e sim a dele. Mas não foi só isso. O ponto principal para eu dar um basta foi ver ele me traindo com outro homem. - Arregalou os olhos. 

- Put`z! Nossa! Que situação! Então ele gosta da mesma fruta que nos gostamos? 

- Exatamente tia! 

Ela começou a gargalhar tão alto, que o medo de papai virar o pescoço e escutar parte da conversa me deixou temerosa. Pois até hoje ele não sabia dessa história. E nem queria que soubesse. 

- É assim mesmo querida, relacionamentos vem e vão, ainda mais nos dias atuais. A maioria dos homens quando não quer farrear são gays. Eu falo isso por experiência própria. Tá osso arranjar um homem que preste viu. 

- Do que vocês estão rindo? 

Não falei, estava demorando para papai se intrometer na conversa. 

- Nada Renato, só estava falando aqui pra sua filha que por sinal está lindíssima com esse cabelão sobre as minhas histórias não é Dul? 

Ainda bem que a tia Márcia tinha o conhecimento de como era o papai. 

- Exato. Ela estava contando uma coisa aqui muito engraçada né tia. 

Fiquei sem graça diante da situação torcendo para o meu rosto não acabar entregando. Já que eu estava a ponto de senti-lo esquentar. 

- Ok! Estou de olho nas duas. E principalmente em você Márcia. Vê se não vai encher a cabeça da minha filha de besteiras. - Direcionou lhe um olhar desconfiado. 

- Pode deixar Renato não vou colocar caraminholas na cabeça dela. - Sorriu forçadamente. 

- Eu acho bom mesmo, porque estou de olho. 

Apontou os dedos para olhos, e logo em seguida direcionou os para ela, e virou as costas caminhando novamente na direção da tia Joana e o tio Marcelo, já que os três estavam conversando. 

- Então agora que o ranzinza do seu pai se afastou, eu vou te fazer uma pergunta. Você está namorando? 

- Desculpa tia. - Os meus olhos começaram a marejar. Pois não tinha como, já que mencionar qualquer coisa sobre ele me deixava bastante emotiva. - Sim e não. 

- Eu sei da história Dulce, a sua mãe me contou. Poxa que barra vocês devem estar passando. - Me encarou com olhar de pena. 

- Sim, eu estou arrasada tia com tudo que está acontecendo. Ele não merecia ter sofrido aquele acidente. - Sequei um pouco das lágrimas que começaram a cair pelo rosto. 

- Olha Dul vou te dizer uma coisa: seja forte e não entregue os pontos. Sei que é difícil, pois nos três já passamos por isso quando perdemos seus avôs. Mas você precisa continuar vivendo. Entendi. E outra ele vai sair dessa pois é um rapaz jovem. 

- Todo mundo está falando a mesma coisa será que isso é um sinal? - Uma pontinha de esperança se acendeu em mim. 

- Talvez seja uma grande hipótese querida. Não sabemos só ele. - Apontou o indicador para cima. - Então eu sei que você está desanimada, mas vamos nos animar dançar, cantar e mostrar essa sua linda lá no karaokê. Pois eu trouxe ele na intenção dar uma animada e também para ouvi-la cantar. 

- Obrigada tia mas hoje não vai rolar, não estou bem pra isso. Vou ficar só escutando vocês cantarem. - Curvei os ombros para frente. 

- Nada disso, vamos cantar dançar, e beber uns drinks que eu sei que gosta. - Ela cutucou minha cintura esboçando um sorriso travesso. 

- Com o papai aqui, eu acho meio difícil disso acontecer. 

- Ah Dul larga aquele careta do seu pai, que eu mesmo me entendo com ele. Você tem cara de que gosta de funk e sertanejo. Acertei? - Apenas afirmei. - Então vamos lá dançar e mexer um pouco os esqueletos. 

Segurou o meu pulso arrastando até a parte lateral da casa onde aconteceria a festa. 

- Tia Márcia! Estou tão feliz que você veio. 

Estava demorando para Larissa chegar. Ainda bem que o Natal passado ela só ficou aqui poucos segundos, e depois foi embora. E espero que esse ano ela faça o mesmo. 

- Larissa! - Soltou o meu pulso para cumprimentá-la. - Está lindíssima mulher. É essa maquiagem porreta. Arrasou!

- Obrigada tia! - Inspirei logo após ela ter me dando uma breve encarada. - Dulce que bom te ver aqui.. - Esboçou um falso sorriso. 

- Igualmente Larissa. 

Fiz questão de continuar seria, pois se tinha uma coisa da qual eu não conseguia, era esconder dos outros a minha insatisfação. Ainda mais com a Larissa que era uma verdadeira cobra. Tanto que até a tia Márcia acabou percebendo esse clima estranho.

- Vocês ainda continuam brigadas? - Desconfiou. 

- Não tia que isso, é que a Dulce está assim por causa do... -Interrompi. 

- A tia Márcia já sabe de toda a história ok. Portanto não precisa falar com ela. Porque isso é assunto meu e só desrespeita a mim. 

Colocou a mão sobre o peito enquanto expressava uma cara de choque. 

- Dulce! - Tia Márcia me encarou com um olhar repreensivo. 

- Tia me desculpe, mas não tentem forçar uma amizade entre a Larissa e eu novamente. Porque isso não vai acontecer ok... Nos falamos depois com licença. - Fiz questão de ignorá-la e virei as costas saindo dali. 

💫💫💫💫

Mais tarde depois que praticamente quase todos estavam um pouco embriagados, e cantando no karaokê. Larissa que por infelicidade minha, ainda estava presente no local, falou que teria que ir embora. Pois tinha um compromisso com o Jaiminho que ela fez questão de enfatizar. Não querendo afirmar nada mas já afirmando, eu tenho pra mim que ela o trai. Não sei se estou certa, mas do jeito que ela é, e bem capaz que isso aconteça. 

- Tchau priminha nos vemos na terça na lanchonete.

Ainda teve a audácia de se despedir de mim com uma certa ironia. Cretina! 

- Tchau. 

Me mantive seria enquanto enfiava um pedaço de carne na boca. Já que eles resolveram fazer churrasco. 

- Dulce ficou clima super estranho entre vocês. Que isso filha! Você passou praticamente a noite toda com essa cara. Todos se divertindo rindo enquanto você aí emburrada como se o mundo tivesse acabado. Lembra do que conversamos Dulce, eu entendo que esteja passando por um momento difícil com o seu namorado no hospital. Mas é preciso continuar seguindo em frente. 

- Mãe chega ok! Eu quero ir embora pra casa. - Fiz menção de levantar da cadeira, já que eu estava começando a ficar sem paciência pra esse tipo de coisas. Será que ninguém ao menos poderia respeitar a minha dor. Pois eu literalmente estou de luto e permanecerei assim até Christopher acordar do coma. - Vou pedir ao papai para me levar. - Comuniquei enquanto caminhava na direção dele que estava conversando com o tio Marcelo. 

- Olá tio! - Cumprimentei ele após me aproximar. - Cadê a Cecília? Por que ela não veio com vocês? 

Cecília era a irmã mais nova da Larissa, um amor de menina doce, meiga e carinhosa o oposto da irmã mais velha. 

- Está na casa dos meus irmãos. Ela resolveu ficar lá por causa dos primos. Queria muito brincar aí nos resolvemos deixar ela lá. - Sorriu. - É você mocinha como está? 

- Indo sabe tio, com o meu namorado no hospital está sendo bem difícil seguir sabe. 

- Eu entendo querida, o seu pai me contou um pouco sobre o assunto. Então não fica triste vai dar tudo certo. - Também me encarou com um olhar de pena. 

- Pai o senhor pode me levar para casa? - Abracei ele de lado. 

- Mas já filha? - Espantou-se. 

- Sim pai, não tenho clima para comemorar nada, só quero ir para casa descansar e só acordar quando essas coisas ruins passarem. 

Um breve filme se passou pela minha mente ao recordar dos pequenos momentos que eu havia passado ao lado dele. Por que ele tinha que sofrer esse acidente? Por quê? 

- Filha você não acha que está se entregando demais? Tem que reagir. A vida tá aí para ser desfrutada. Aproveita a sua juventude, pois ela passa rápido viu. 

- Seu pai tem razão Dulce, tem que reagir. É tocar pra frente. É principalmente ter fé acima de tudo. Não é Renato? 

- Com certeza. 

- Tudo bem eu entendo o ponto de vista dos dois. Mas é que vocês não entendem a dor insuportável que eu estou sentindo, e não sabe o que é amar alguém tão intensamente como eu amo o Christopher. - Meus olhos começaram a ficar marejados . 

- Engano seu minha filha, eu já fui jovem e tive a sua idade, e sei perfeitamente bem o que é esse amor fogo de palha que vocês costumam sentir. 

Não acredito que ele estava dizendo isso. 

- Fogo de palha nada pai! Eu o amo, e muito. Bom eu acho melhor nos pararmos com esse assunto, e o senhor me levar em casa. - Direcionei o olhar na intenção de falar com tio Marcelo. - Desculpa tio mas eu não sou uma boa companhia para hoje. Mas de qualquer forma eu desejo um feliz Natal ao senhor. - Cumprimentei ele com um abraço. 

- Igualmente querida. Espero que você melhore e saia dessa. Uma moça jovem e bonita como você não pode se entregar desse jeito. 

Me afastei para despedir do restante do pessoal e também desejar um feliz Natal a todos já que por muita insistência da minha parte, papai iria me levar em casa.