Fanfic: Com Amor, Marília | Tema: Murila

41 - Capítulo

"Não é uma mentira se você acreditar nela", George Contanza.

Eu vou direto pro banho, Murilo liga para recepção com a esperança de conseguirmos água quente. Pouco tempo depois, eu saio do banho, em um roupão, com uma toalha amarrada nos cabelos. Abro minha mala, revirando feito louca.
- Que foi?
- Eu tenho quase certeza que esqueci de trazer calcinhas. - suspiro e ele ri
- Que notícia horrivel, Marília. - levanto o olhar para ele, fuzilando, ele gargalha
- Me empresta sua cueca.
- Você vai dividir cuecas comigo? - ele levanta a sobrancelha
- Só para eu passar a noite, amanhã compro calcinhas. - ele sorri
- Seria tão melhor se você dormisse sem.
- Você não está com tanta sorte assim
- Ué, não tem nada a ver. - reviro os olhos - Quantas vezes você já dormiu nua do meu lado.
- MURILO ME DÁ A CUECA! - ele ri
- Não custa tentar, né.
- ha ha ha - ele pega a cueca box branca e me entrega, sorrindo malicioso, eu agradeço e volto pro banheiro
- Quer uma camisa minha também?
- Vai se foder! - grito do banheiro e ele gargalha
Quando eu saio do banheiro, secando meu cabelo na toalha, com a cueca dele e uma camiseta de dormir, ele assobia, eu o olho.
- Até que te emprestar a cueca não foi uma má ideia. - o olho séria - Ok, já estou indo me foder. - eu rio
- Por que você é tão idiota?
- Nem Freud explica. - sorrio
- Champagne.. Hmm!!
- Já passou de meia noite, já é nosso dia. - ele me entrega uma taça
Eu bebo um pouco do champagne ele caminha pelo quarto, vai até sua mala e procura algo.. Eu me sento no pé da cama observando.
- O que você está procurando?
- Curiosidade mata.
- Grosso.
- Lembra do seu aniversário? - diz sem dar atenção, ainda mexendo na mala
- Sim, lembro. O que que tem?
- O presente que eu te dei. - ele se levanta, com um monte de revistas na mão, tesoura, cola e um livro. - Lembra da última página?
- Daqui continuamos juntos - digo meia boba, olhando fixamente para os olhos dele
- Achei boa a oportunidade e o dia para fazermos isso. - ele sorri
Não demorou e estávamos no chão, cercados de almofadas, recortando e relendo milhares de revistas sobre nós três.
- Olha essa. - sorrio - Você se lembra?
- Como posso esquecer. - ele ri - Quando o Léozinho estava aprendendo a engatinha e você colocou um milhão de videos dos tombos dele na internet. - eu gargalho - Sabe que ele vai te odiar por isso um dia!
- Mas era a coisa mais fofa do mundo. Ele levantava todo dono do mundo e começava, ai levava um baita tombo e ficava bolado, levantava e caia de novo.
- Você é a pior mãe do mundo. - rimos
- Vem não que você morria de rir também.
- Mas sair nota com isso na imprensa foi demais para mim.
- Não tenho culpa se eles são fofoqueiros
- Culpa é sua que postou mil vezes. - atiro uma almofada nele
- Cala a boca.
- Quer mesmo colocar isso? Ele vai te matar daqui há alguns anos.
- Ele vai ficar sabendo de qualquer jeito. Vou mostrar para a primeira namorada quando ele for apresentar para gente, vou deixar salvo no celular.
- Você é cruel! Não vou deixar meu filho passar por isso.
- Seu filho? Se toca! - ele ri - Estou brincando, não faria isso. Mas tenho certeza que se em vez do Léo , tivessemos tido uma menina você ia fazer coisa pior.
- Com certeza! Ia acabar com a vida do sujeito que tentasse namorar minha filha. - eu rio
- Tá vendo, Deus sabe o que faz.
- É diferente, Marília. - reviro os olhos - Menino por mais que seja meu filho, quando cresce sabe se virar, já nascemos com isso. Menina não, eu não quero que ela sofra, não quero que ela veja o quão ruim o mundo é, é só proteção.
- Não acho isso. - deito, recostando em uma almofada - Primeiro porque os homens não nascem sabendo, você acha que sabe lidar, mas não sabe. E independente de ser menino ou menina, eles vão sofrer, Murilo . Por mais herói que você seja, eles vão sofrer. Meninas vão ter seu coração partido e vão se apaixonar por babacas e meninos também vão perder o rumo, fazer merdas e sentir medo. É natureza humana e isso não muda pelo sexo.
- Por que você diz que eu não sei lidar?
- Porque eu te conheço o suficiente para saber que você não sabe lidar. - ele me olha confuso e ergue uma sobrancelha - Murilo, as melhores pessoas do mundo são também as que mais sofrem. Seu jeito de querer cuidar de tudo e todos todo momento, seus silêncios repentinos, seu jeito de as vezes falar comigo como se estivesse falando consigo próprio, sua paixão pelo trabalho.. Tudo que você faz me dá sinais de coisas que você não sabe lidar, ou lida por amor, sem entender.
- Estou na dúvida se pergunto o que isso tem a ver ou se encerro o assunto com medo da sua resposta. - eu rio
- Você me protege porque não quer que eu sofra, não quer que nem de longe eu me sinta vunerável como talvez você se sentiu alguma vez na vida. Seus silêncios são seus monstros internos falando e você tentando ignora-los. Você fala comigo como se falasse consigo mesmo quando está mentindo para si mesmo e tentando se convencer disso. Sua paixão pelo trabalho é uma fuga. Você se apegou nisso como se fosse sua salvação e seguiu, até hoje, você se apega nisso, porque isso é sua certeza, isso é o que você é. Poder ter a chance de ser alguém diferente na telinha, te impulsiona a ser diferente, a ser melhor
- Nossa!
- Que foi?
- Às vezes acho que você me conhece melhor que eu mesmo.
- Apenas de conheço há uns bons anos..
- É mais que isso.. - ele mexe nas revistas - Olhar tudo isso, relembrar tudo que vivemos, essas notas.. - ele me olha - Já passamos por tanta coisa juntos, não é? - eu ergo o corpo, me sentando de novo, apoio o rosto em seu ombro e abraço ele por trás, ele me olha
- Sim, muita coisa! Já vivemos de drama, a romance. Comédia romántica a 007, policial. - ele ri - Sem contar muita coisa! - ele confirma - Digamos apenas que tivemos uma vida bem intensa.
- Por que você fala sempre no passado?
- Por que é passado.
- E isso aqui agora.
- É o presente. De é de fato um presente. Mas estamos em um outro tempo, vivendo coisas diferentes.
- Por que você fragmenta nossa história? É tudo nós, um tempo só. Se não tivessemos vivido algo lá trás não estariamos aqui agora. É tudo presente. Se o amor tivesse acabado, tudo bem, seria passado, mas não acabou.
- Te amar deveria ser crime, sabia? Você deveria ser o oitavo pecado capital.
- Você ia adorar ser pecadora.. - ele coloca uma mecha de cabelo minha para trás da orelha e eu já me sinto levemente alterada pela bebida
- O Que seria de mim sem você
- com certeza minha vida seria sem graça , nunca conheci alguém que vive intensamente como você
- A gente podia fazer uma lista de coisas a fazer se um de nós falta
E foi assim que a lista começou como uma brincadeira. Se algo acontecesse, eles teria de deixar uma lista de coisas que deveria fazer a fim de sobreviver a perda
- Me responde uma coisa. - ele confirma - Eu vou precisar beber mais quantas taças de champagne antes de você me beijar. - ele ri
- Sabia que no fim das contas você repensar a ideia de dormir sem calcinha. - eu rio
- Você é um idiota, sabia?
- Idiota completamente apaixonado por você. - ele segura meu rosto e me beija, se virando para mim.