Fanfic: Com Amor, Marília | Tema: Murila
47 - Capítulo
"Eu estava lá. Do começo ao fim. Te ajudei a se reerguer. Não lembra?" - Virgin River
A campainha toca e eu corro para abrir, Grito que estou indo, coloco um short rapido e abro a porta. Arregalo os olhos e fico em choque. Maiara levanta o óculos e eu quase não a reconheço. Pálida, triste, com olheiras e sem a expressão que sempre me tras alegria.
- Meu Deus, Maiara! O que houve com você? - ela apenas me abraça e começa a chorar
- Maiara, você tá me deixando preocupada. O que houve? Alguém morreu? O que houve? - ela não me larga, nem para de chorar, decido ficar quieta e dou a ela o tempo que precisa, até que ela me solta, com a cabeça baixa, secando o rosto - Mai.. - seco uma lágrima da sua bochecha, acariciando seu rosto - Que houve?
- Que bom que você voltou. - e ela volta a chorar
Eu não sei o que aconteceu, mas parece que fiquei mais tempo fora do que eu deveria. Algum tempo depois consigo fazer Maiara sentar no sofá e beber água, se acalmando um pouco. Ela tem um envelope nas mãos, ela está trêmula, pálida.
- Me conta. O que aconteceu? - ela coloca o copo na mesa e começa a abrir o envelope - Você comeu hoje? - ela não responde - Maiara!
- Aqui dentro desse envelope tá o resultado do meu exame.
- Que exame?
- Eu estava tentando engravidar, Marilia. Tem uns meses.. Só que nunca dava certo e eu comecei a.. hã.. - ela trava
- Fala Mai, pode falar, o que seja..
- Comecei a sentir umas coisas estranhas, uns sintomas que não deveria sentir e procurei o médico.
- Você tá doente? Você tem o que?
- O que eu tenho vou saber agora, mas.. Gabriel acha que é mioma, mesmo se esforçando para não me assustar, eu reparei como a feição dele mudou.
- Eu entendo pouco.. Isso é grave?
- Mioma uterino pode me impedir de ter filhos - eu tomo um susto, como se fosse golpeada na cara.. Maiara não merece isso, ela não! Ela é a única pessoa do mundo que não merece nem de longe qualquer tipo de dor. - Eu não tenho coragem de abrir. - ela me entrega o envelope. - Abre. - eu hesito - Por favor. - pego o envelope da sua mão e abro
- Bem.. - começo a ler
- Fala, Marilia. Não importa o que esteja ai..
- Eu não entendo muito isso, mas.. - algo me atrai a atenção, olho Maiara cheia de medo e expectativa me olhando - Aparece um mioma submucoso localizado no endométrio e três miomas pediculados na superfície externa do útero. - ela abaixa a cabeça e fica em silêncio, eu largo o envelope de lado - Amiga, isso tem tratamento. Com certeza tem! Nós vamos nos melhores médicos, nos melhores hospitais, compramos um útero novo para você se for o caso, mas não fica assim. - me levanto e paro agachada na sua frente - Vamos superar isso, você sabe que não está sozinha.
- Nem tudo o dinheiro compra, Marilia. - ela controla o choro - Ouvir a filha do fernando pedindo um irmãozinho que nunca vai vir, eu e Fernando fazendo planos de uma criança que não vai vir.. Meu lado maternal tá apitando. Eu estou no limite para ter outro filho. Era agora ou nunca ai aparece isso e.. Não vai dá para esperar resolver isso, não dá para contar com a sorte, não quero sofrer aborto atrás de aborto. O momento era ideial, minha carreira está calma.. Teria todo tempo do mundo para cuidar desse bebê, mas agora.. Nada mais importa.
- Mai, nós vamos levar isso pro Gabriel, ele vai com certeza encontrar uma solução. Você não merece isso, você não vai passar por isso, não. - me levanto e começo a andar pela sala - O iago tem um amigo em Miami que é médico obstetra, ele é o melhor na área, ele já ganhou prêmios com pesquisas, com certeza ele tem uma solução, eu vou ligar para ele agora e vamos resolver isso, não vamos ficar de braços cruzados e.. - pego o telefone na bolsa e começo a discar para iago, Maiara se levanta, tira o celular da minha mão e larga no sofá
- Não, Maiara.. Não hoje. - ela volta a sentar no sofá - Eu nem conversei com Fernando, não sei o que vou fazer. - ela me olha - Agradeço sua preocupação e esforço, mas eu preciso decidir isso com ele. Tô me sentindo vazia, sabe? Como se eu fosse uma árvore podre.
- E eu como sua filha mais velha também. - ela sorri
- Se enxerga, Marilia. Você é tão velha quanto eu.
- Hoje você pode me dar todos os foras do mundo que eu sou todo ouvidos.
- Vou no banheiro. Sai apertada no laboratório e não fui
- Vai lá.
Levo Maiara pra cama, ela tira os sapatos e eu lhe preparo uma sopa. Ela toma sem reclamar, bebe um chá e ela começa a desabafar.. Conta de como ela queria essa criança, de como ficou apavorada quando começou os sintomas, de tudo que Fernando lhe disse e do apoio que ele estava lhe dando.. Ela começou a bocejar. Pelo estado que ela chegou aqui, ela não dorme há dias e não se alimenta bem. Pelo menos consegui fazer ela comer, agora ela precisa descansar um pouco. Ela finalmente para de falar e deita de lado.
- Descansa um pouco, Mai. Não pensa nos problemas um pouco, tenha em mente que não importa a solução, nós vamos encontra-la, ok? Eu te prometo. - ela fica quietinha, deitada e eu faço cafuné nos seus cabelos até ela dormir, como se fosse realmente uma criança.
Minha amiga, minha melhor amiga, minha irmã. A Maiara! Não vou permitir que nada aconteça com ela.. Com ela não! Que aconteça comigo! Deus, ei, me escuta aqui! Com a Maiara não. Você pode me castigar quantas vezes você quiser, de todos os jeito, eu já estou acostumada.. Agora a Maiara não, ela não merece isso! Isso é injusto, é cruel.. E me faz repensar em quanto a vida tem dessas injustiças. Quantos casais que se amam que não estão juntos, quando corações apaixonados batem solitários por ai pela ausência, quantos sonhos foram sufocados pelas circustâncias, quandos dias se passam enquanto esperamos dias melhores, quantas lágrimas são derramadas em vão em nome de pessoas que não são sensíveis aos sentimentos do outro, quantas lágrimas de dor estão escorrendo pelo rosto de pessoas cheias de sonhos fracassados injustamente.. O mundo nunca foi um lugar bom de se viver. Nascemos chorando e parece que é para isso mesmo que viemos: para chorar. Problemas na família, separação dos pais, morte, problemas na escola, brigas, inimizades.. Ai você se apaixona e acha que o mundo pode sim ser um lugar bom, mas ai.. Ou você não é correspondida, ou você quebra a cara e é decepcionada. Ai volta a chorar.. A vida te vira do avesso milhões de vezes ao longo dos seus anos de vida, mas somos teimosos, sempre levantamos sorrindo e acreditando que um dia.. não um dia sim, um dia tudo vai dar certo. Só que o tempo passa e esse dia nunca chega, até que descobrimos a maior alegria das nossas vidas: estamos grávidas. Quando descobrimos que existe uma vida dentro de nós a esperança renasce. Tudo de ruim que vivemos se torna irrelevante. Porque quando nasce uma criança, nasce junto a esperança. Esperança essa de que tudo pode dar certo, tudo pode mudar.. E nós temos a função de ajudar essa criança a encontrar e viver o melhor dessa vida. Nossa vida nunca mais é a mesma.. E tudo que Maiara precisava nesse momento era dessa esperança, dessa renovação. Que está sendo arrancado dela da pior forma. Como você quer que eu acredite em finais felizes, contos de fadas e que vai dar tudo certo? Como? Estamos falando da Maiara.. Olho ela dormindo.. Sinto um amor tão grande por ela! Maiara está comigo desde sempre. Já passamos por tanta coisa juntas, mas nunca, nunca imaginei estar nessa situação. Ela dorme pesado e sei que ela precisa descansar. A campainha toca, deve ser Koko.
Me levanto e deixo Maiara dormindo, fecho a porta e vou para sala. Quando abro a porta para dona Ruth, um Leozinho cheio de saudade e sujo de sorvete pula no me colo, me abraçando apertado demais e que estava com saudade.
Autor(a): bixulinha
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