Fanfic: Caminho do Heroi | Tema: Histórias Originais
“Me perdoe, eu não pude ser um bom pai para você, mas pelo menos agora você está seguro...”
“Lian, meu filho... Viva!”
Acordo ofegante e assustado, rapidamente me levanto passando a mão sobre a testa limpando o suor gelado.
- Novamente esse sonho... – Suspiro preocupado.
Fico um tempo sentado olhando para a janela, o dia estava bem bonito, o sol já está no céu acompanhado de um céu azul sem nuvens, vendo isso já fico um pouco aliviado sobre antes.
- Esse sonho, ele se parece muito com algum tipo de lembrança, será possível? – Me pergunto enquanto me levanto da cama.
Meu nome é Lian Reniel, sou um adolescente de 17 anos, com cabelos castanhos e olhos azuis brilhantes que brilham com a chama da aventura. Sou um pouco alto medindo cerca de 1,75m, tenho o corpo definido por conta dos intensos treinos que tive.
Eu não sei sobre o meu passado, mas cresci nessa floresta que fica bem no pé da montanha perto da cidade dos anões. Sempre tive uma paixão por aventura e pelo desconhecido, muitas vezes saindo para explorar a floresta próxima. Aos 10 anos comecei a treinar com o vovô e com o passar dos anos me tornei cada vez mais habilidoso com a esgrima e as artes marciais.
De uns tempos para cá comecei a ter esses sonhos estranhos com a voz de um homem dizendo que é meu pai e pedindo perdão, eu não sei o que isso significa, mas vem acontecendo quase todas as noites e já está começando a me assustar.
Ando calmamente pelo corredor passando pelo quarto do vovô sem que o acorde já que ainda estava bem cedo, então saio pela porta da frente indo em direção ao lago em frente da casa para poder lavar o rosto.
- Acordou cedo em pirralho! – Exclamou o velho enquanto estava sentado em uma das pedras do lago.
- Eu achei que ainda estivesse dormindo vovô, até tomei o cuidado de não o acordar! – Respondo um pouco frustrado.
Esse é meu vovô, seu nome é Dargon Pedraforte, ele é um velho anão de algumas centenas de anos que considero como meu pai, pois foi ele quem me criou desde que eu era um bebê.
Ele tem cerca de 1,20m de altura, com uma constituição robusta, com braços fortes e pernas musculosas. Tem a pele mais escura que a de um humano, uma barba ruiva bem espessa caindo até sua cintura, olhos castanhos que transmitem inteligência e vivacidade.
O vovô sempre foi conhecido por sua habilidade em trabalhar com metais e pedras preciosas e suas criações são as mais cobiçadas na cidade aonde ele vende. Além de ser um perfeccionista em seu trabalho ele também é muito sábio e um lutador feroz, sempre está me treinando em artes marciais, esgrima e estudos de todos os tipos de magia que conhece.
Embora o vovô possa parecer um pouco intimidador á primeira vista, ele é na verdade um anão gentil e afetuoso, especialmente comigo. Ele está sempre disposto a me ensinar e ajudar em qualquer situação.
- E então? Por que está acordado tão cedo? – Pergunta se levantando da pedra.
- Aquele sonho de novo, eu não sei mais o que fazer! – Exclamo preocupado
- Entendo... Acho que chegou a hora de te contar. – Diz pensativo acariciando sua barba.
- Me contar o que? – Questiono curioso.
- Sobre o seu passado. – Responde de maneira séria.
- O-oque? O que quer dizer com isso? – Pergunto ainda mais preocupado.
- Mas antes disso, vá na floresta caçar algo para comermos, estou morrendo de fome! – Gargalha dando uns tapinhas da barriga.
- Você nunca muda, não é? – Começo a rir junto.
Após aquela conversa com o vovô, volto para casa para me trocar e preparar as coisas, nós moramos em uma casa em meio a floresta, o vovô nunca foi muito de ficar em vilarejos ou cidades, ele preza mais pela paz e tranquilidade pois consegue trabalhar em sua forja sem problemas, bem pelo menos é isso o que ele diz.
Depois de um tempo, saio novamente carregando uma espada, arco e flecha e uma mochila com algumas coisas, me despeço do vovô e adentro floresta para caçar.
Caminhando por um tempo escuto um barulho semelhante a passos de javali dentro da vegetação, abro um sorriso, pois é o tipo de carne que mais gosto e fazia um tempo que não comia.
Ando calmamente pela floresta seguindo o som dos passos, chegando encontro o Javali, mas não era um qualquer e sim de uma espécie gigante que alcançava facilmente os 2,00m de altura. Silenciosamente tiro meu arco das costas e preparo a flecha apontando para o animal, então em um tiro rápido eu consigo acertar o Javali que no desespero sai correndo para dentro da floresta.
- Esse vai dar uma boa comida por semanas! – Digo animado.
Sigo os rastros de sangue deixados pelo Javali, o tiro foi certeiro na sua garganta então não vai demorar para que o animal caia em algum lugar e realmente não demorou, pois o encontro deitado agonizando de dor. Sem pensar saco minha espada e finalizo o animal assim acabando com o seu sofrimento
- Peço desculpas por isso... – Suspiro colocando a mão na cabeça do javali em sinal de desculpas.
Coloco novamente minha espada na bainha, pego minha mochila tirando um acorda, rapidamente amarro o animal morto para ficar mais fácil carregá-lo até em casa. Levanto o javali o colocando nas minhas costas e caminho de volta para casa, com certeza o vovô vai ficar feliz.
- Ei você aí, o que pensa que está fazendo?! – Exclama uma voz feminina que vinda de dentro de alguns arbustos.
Foi então que uma mulher sai da vegetação, ela era alta e esbelta com cabelos loiros longos e olhos verdes brilhantes e ao mesmo tempo misteriosos. Ela está vestindo uma camisa branca com bordados dourados, um jaleco vermelho acompanhado de uma bolsa, calças pretas e botas de couro com salto alto.
- Como assim? Estou caçando ué. – Respondo um pouco confuso com a pergunta da mulher.
- Não, não está! Você acaba de matar um animal em extinção! – Exclama nervosa.
- Espera aí, você está achando que esses animais estão em extinção? – Questiono contendo o riso.
- Mas é claro! Você tem ideia de como essa espécie é bem difícil de encontrar pelo país? – Resmunga nervosa.
- Entendi, bom dia para você então. – Me despeço seguindo meu rumo.
- Espera ai! – Exclama.
- O que foi agora?! – Pergunto já sem paciência
- Você é um humano certo? O que faz aqui no domínio dos anões? Os humanos não têm autorização para estar aqui. – Questiona curiosa olhando para mim.
- Eu que te pergunto isso! – Digo Grosseiramente
- Bom, eu sou uma pesquisadora do império Constelation que fica ao sul, estou fazendo uma expedição pelo país para estudar e catalogar todas as espécies de plantas e animais, então eu tenho autorização de estar aqui! – Responde estudando o peito toda cheia de si.
- Não faço a mínima ideia do que está falando. – Digo sem entender nada.
- Você é mesmo um bicho do mato... – Reclama decepcionada se sentando em uma pedra.
- Já terminou? Posso ir agora? – Aperto a corda no Javali caído.
- Bem... É que... Tem como você ficar comigo só por um momento? – Pergunta completamente envergonhada enquanto coçava a cabeça.
- O que?! Eu mal te conheço! – Questiono indignado com aquele pedido repentino.
- Eu acabei me perdendo na floresta e não consigo encontrar a clareira onde estou acampada, mas a ajuda já está a caminho, porém não quero ficar esperando sozinha... – Faz voz de choro enquanto encolhe as pernas.
- Saco... Tudo bem, de qualquer jeito não posso rejeitar alguém que precisa de ajuda. – Suspiro me encostando em uma árvore e se sentando.
- Muito obrigado jovenzinho! – Responde com um sorriso.
Ficamos um tempo conversando, ela diz que seu nome é Lyra Michels, tem 30 anos de idade e é uma pesquisadora de uma universidade renomada no império sendo uma das poucas mulheres que conseguiram entrar neste campo. Ela nasceu em uma família de estudiosos respeitáveis e passou a infância estudando com seu pai.
Por mais que não pareça, a Lyra é uma pessoa pragmática e bastante determinada. Ela trabalha com afinco e dedicação em sua profissão, muitas vezes passando horas a fio em seu laboratório para produzir poções e elixires úteis para a população. (Parece até o vovô).;
Lyra também detém conhecimento arcano e mágico sendo proficiente em conjuração de feitiços e as usa para ajudar aqueles que mais precisam, isso mostra o quão bondoso é o seu coração.
Demorou cerca de uma hora, mas a ajuda que Lyra disse finalmente chegou. Era uma mulher espadachim de estatura média, com longos cabelos pretos que ela mantém presos em um rabo de cavalo. Seus olhos são castanhos escuros e intensos, e sua pele é bronzeada pelo sol.
Ela veste uma armadura de couro negro justo ao corpo, com detalhes em prata e vermelho, e usa botas de couro até o joelho. Ela carrega uma espada longa de lâmina reta e prateada, com uma empunhadura adornada com rubis.
- Finalmente te encontrei Lyra, por que você sempre se afasta do acampamento? – Suspira se aproximando da amiga.
- Eu não tenho culpa se a curiosidade fala mais alto! – Exclama emburrada.
- Pois bem, vamos voltar já está na metade do dia e temos que preparar as coisas para partir. – Diz enquanto ajudava Lyra a se levantar.
- Ei garoto, muito obrigado! Se por algum acaso precisar de alguma ajuda, venha me procurar na aldeia próxima a essa floresta, estaremos por lá! – Diz animada acompanhando a sua guarda costas.
- Pode deixar, foi legal conversar com você também! – Respondo acenando enquanto as duas adentraram a floresta.
Após as duas sumirem, coloco o javali nas costas e retorno para casa, a caçada foi bem-sucedida. O animal era bem pesado fazendo com que eu me mova com passos pesados pelo caminho. Ao me aproximar de casa, fui saudado pelo vovô que me aguardava ansiosamente. Ele me recebeu com aplausos admirado pelo tamanho da presa que eu havia caçado.
- Dessa vez você conseguiu um dos grandes em garoto? Meus parabéns! – Aplaude com felicidade.
- Eu também fiquei bem surpreso quando o encontrei, isso vai durar por semanas! – Exclamo com alegria.
- Certo, vá para dentro se limpar enquanto eu vou tirar o couro desse grandão e preparar a carne. – Responde com um sorriso enquanto bagunça meu cabelo.
- Beleza! – Aceno com a cabeça e entro dentro de casa.
Não demora muito e já saio de dentro de casa totalmente limpo com uma nova muda de roupas. Olho ao redor procurando pelo velho anão, mas sem sucesso, então percebo que o javali ainda está com o couro no corpo o que era estranho já que o vovô tira em questão de minutos.
O ambiente fica silencioso, o céu já não está mais azul e limpo e sim cinzento com nuvens turbulentas e ventos ferozes. Estranhando eu pego minha espada que estava encostada em um tronco ao lado e me coloco em posição de batalha.
Escuto alguns sons de galhos se quebrando seguido de um rosnado intenso e feroz, fico cada vez mais tenso pois nunca ouvi nada parecido, então de repente uma besta sombria pula de dentro da floresta.
Ela era uma criatura assustadora, com uma aparência que parece ter saído diretamente dos pesadelos mais obscuros. Ela tinha o tamanho de um urso, mas sua pele era negra como a noite, sem pelos ou escamas. Em seu corpo havia cicatrizes profundas e marcas de batalha, indicando que havia lutado e matado muitas criaturas antes.
Os olhos da besta eram amarelos e brilhantes como fogo, sua boca era repleta de dentes afiados e pontudos. Suas garras eram longas e curvas, prontas para dilacerar qualquer coisa que cruze seu caminho.
Mas o mais assustador de tudo era a aura sombria que emanava da criatura. Ela parecia ser feita de escuridão e destruição, envolta de uma maldade que fazia o ar ao seu redor parecer denso e pesado.
A besta rosna ferozmente, as garras afiadas se estendem para frente se preparando para realizar seu ataque. Sem medo eu avanço rapidamente, esquivando das garras do monstro, enquanto balançava minha espada em direção ao seu corpo, mas a criatura também era ágil, e conseguiu se esquivar do golpe com facilidade, dando um salto para trás antes de avançar novamente.
A batalha de desenrola em uma dança mortal, eu me movo rapidamente e cortando o ar com minha espada, enquanto o monstro ataca com garras e presas afiadas. Então finalmente consigo acertar um golpe fatal no pescoço da criatura fazendo a besta se afastar momentaneamente, mas ela não se deu por vencida e se recupera avançando novamente com ainda mais fúria.
Eu já estou sentido o cansaço começando a pesar sobre meu corpo, mas eu me recuso a desistir, então concentro procurando uma abertura na guarda do monstro, e finalmente encontro a oportunidade quando ele ataca com suas garras, deixando sua cabeça desprotegida.
Com um grito de guerra, eu avanço e desfiro um golpe certeiro na cabeça do monstro, cortando-a profundamente. A criatura solta um rugido ensurdecedor, e caiu no chão com um baque surdo.
Eu fico ofegante, a espada está tremendo na minha mão enquanto me recuperava do combate, porém estava aliviado ao se dar conta que mesmo com dificuldade eu venci a batalha.
Porém logo esse alívio virou desespero, pois em uma árvore ao lado estava meu vovô caído, cheio de feridas profundas e agonizando bastante. Rapidamente corro em sua direção para ajudá-lo.
- Não, não, não... calma vai ficar tudo bem vovô! – Me apresso rasgando um pedaço da minha camisa e usando para estancar o sangue do ferimento.
- Fique calmo garoto... Vai ficar tudo bem comigo... – Sorri de forma forçada.
- Cala a boca! Não se esforce! – Tento desesperadamente estancar o seu sangue.
- Ei, criança... Escute atentamente o que eu tenho a dizer... – Tosse sangue enquanto segura minha mão fortemente.
- Por favor não... – As minhas lágrimas já caiam sem controle sobre sua mão.
- Você foi o meu maior aluno e meu maior orgulho... Continue lutando pela justiça e pela verdade, e nunca se esqueça do que aprendeu comigo! – Sorri alegremente.
- Eu... Eu jamais vou esquecer... – Respondo tentando controlar o choro, mas sem sucesso.
- Ótimo... Eu ia contar... Sobre seu passado, mas parece que você terá que descobrir sozinho... – Tosse ainda mais sangue.
- Velho, isso não importa agora! – Exclamo nervoso!
- Seu futuro, está na cidade dos humanos, vá para lá e não olhe para trás. Eu sempre... Estarei...com... você... Meu filho... – Diz em seus últimos suspiros.
Eu sinto uma dor aguda no peito quando o vovô expirou. Me ajoelhei ao lado se seu corpo com as lágrimas correndo pelo rosto e me sentindo perdido e desamparado.
O vovô morreu em meus braços, me deixando sozinho perdido em solidão, porém sinto uma determinação ainda maior tomar conta de mim, a de honrar sua memória e continuar lutando pela justiça. Prometo a mim mesmo que jamais irei se esquecer os ensinamentos e o legado daquele sábio anão, e sempre se esforçar para ser um guerreiro honrado e corajoso, assim como ele havia sido.
Ao anoitecer eu coloco o corpo do vovô em uma jangada cheia de lenha, em seguida o cubro com os lençóis brancos de sua cama e empurro a embarcação que foi seguindo o curso do rio. Rapidamente eu pego meu arco e coloco fogo em uma flecha que é atirada até a jangada fazendo com que tudo seja consumido pelas chamas.
Eu me curvo e presto um último ato de respeito a aquele que me ensinou tudo o que sei, minha vida muda completamente sem ele, mas o que me conforta é saber que sempre irei levar os ensinamentos e as memórias daquele que mais amei.
- Adeus... Pai! – Sussurro segurando seu colar nas mãos.
Ao longe posso ver seu corpo coberto lentamente sendo consumido pelas chamas e suas cinzas sendo levadas por uma brisa suave e sumindo no horizonte e com isso dou um sorriso, pois percebo que Dargon, o Sábio finalmente alcançou a liberdade que tanto desejava.
Autor(a): aquelequeescreve
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Após o velório passei o resto da noite em claro preparando a bolsa com o essencial para a jornada que me aguarda, ainda não me acostumei com o sentimento de perda, sinto um vazio enorme dentro de mim, mas não posso ficar para baixo. Agora tenho um objetivo, preciso chegar até a cidade dos humanos conforme o vovô havia me informado, ma ...
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