Fanfic: Te Espero no Paraíso | Tema: Chris Evans, Ana de Armas

Você já sentiu como de toda a sua vida passasse diante dos seus olhos? Eu tenho me sentido assim há dois dias. Tenho 28 anos e vivi toda a minha vida em busca de ser perfeita, me formei com honras no ensino médio, cursei uma ótima faculdade e com bolsa, tenho o emprego dos sonhos em uma das maiores empresas de publicidade de São Paulo. Eu fui uma filha exemplar, eu nunca bebi, nunca fui a festas, nunca namorei um bad boy, não fiz uma tatuagem com 15 anos e nem coloquei um piercing escondido dos meus pais.

E agora? Sabe do que adiantou?

Nada

Há exatos dois dias eu estou sentada no meu sofá, olhando para os resultados da minha ultima angiografia, depois da minha décima consulta com a minha médica, descobrimos a causa das minhas perdas de memória. Eu tenho um aneurisma, em uma área do meu cérebro inoperável, e mesmo em busca de todos os recursos possíveis, não existe mais salvação pra mim.

Eu penso em ligar para os meus pais, mais não quero decepciona-los por ser a filha que vai os fazer sofrer. Minha mão sempre diz que os filhos devem enterrar os pais, infelizmente ela esta errada. Provavelmente dentro de 6 meses ela vai me enterrar, talvez 1 ano como disse a minha médica, será que e o meu diploma de pós graduação na USP me compraria um lugar no céu?

Talvez eu deva ligar para o meu pai, se ele não estiver na sua décima expedição de pesca. Meu pai sempre teve uma boa relação comigo, eu não dava trabalho, ele pagava os boletos da minha faculdade, e eu fingia que não sentia falta de um conforto paterno há 10 anos desde que ele e mamãe se separaram. Bem que ele falou pra eu ingerir mais peixe, talvez o Ômega 3 tivesse me salvado.

Eu podia ligar pra minha melhor amiga, Elena sempre me da os melhores conselhos, mas acho que nesse momento ela iria grita e chorar e dizer que sente muito, como boa canceriana dramática que ela é. Ou talvez ela só me leve para um bar, encher a cara me faria bem. É dessa vez eu preciso encher a cara, e pela primeira vez na vida (ou pelo menos na vida que me resta) é isso que eu vou fazer.

Alcanço meu celular em cima da mesa de centro, lotada de caixas de Burguer Kig, já que eu vou morrer não tem porque fazer dieta. Abro meu aplicativo de mensagens e rolos às mensagens, grupo da redação da empresa, minha mãe me mandando uma nova dieta milagrosa, fotos do meu pai segurando um peixe que eu não sei identificar, até que chego ao contato da minha amiga, com seus cabelos loiros e cacheados jogados de lado, enquanto segura duas margaritas na foto, decido ligar, pois quero que ela me atenda logo.

— Olá pra minha redatora favorita - Escuto a voz de Elena do outro lado da minha - Só um milagre para você esta me ligando em plena terça feira às 23h, quem está morrendo.

Fico muda por um tempo sem ter coragem de responder.

— Eu. Eu estou morrendo Elena – E pela primeira vez eu desabo em lágrimas – Eu sei que você não vai acreditar, mas eu preciso muito falar com você agora, pode me encontrar no Santa Júlia em meia hora?