Fanfics Brasil - Cartas em incógnito Os órfãos de Nevinny

Fanfic: Os órfãos de Nevinny | Tema: RPG, drama adolescente, mistérios


Capítulo: Cartas em incógnito

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⌚ 03:35 p.m.


— Certo, eu preciso que a senhora me diga o que mais a senhora lembra. Tudo o que você disse não ajuda em nada na investigação. Tem certeza que é só isso mesmo que você lembra? — você pergunta insistentemente a dona Ami na tentativa de obter alguma recordação importante.

Já estava na tentativa há algum tempo desde que chegara na residência de sua amiga a fim de arrancar qualquer recordação, qualquer lembrança que fosse pra que assim, de alguma forma, ajudasse na investigação do oficial Zhyan e adicionar ao depoimento feito naquela noite enfadonha. Porém, tudo o que dona Ami falava até o momento não tinha tanta relevância conforme o que estava procurando.

— Eu não entendo o que você tanto procura, S/N. Por que você tá falando da Mirella desse jeito? Ela é apenas uma enfermeira — diz dona Ami, segura.

— Não, dona Ami. Ela não é só uma enfermeira. Ela drogou a senhora. Dopou e sabe mais lá o quê — você diz com uma certa preocupação.

— Mas que coisa sem cabimento, S/N! Mirella não faria uma coisa dessas. Ela estava cuidando de mim! Da onde você tá tirando essas coisas? — ela questiona dando umas gargalhadas.

— Você precisa me ouvir. A senhora mesmo falou isso. Falou aquelas coisas, que 'tava com a Mirella numa noite e qual na outra manhã não lembrava direito o que aconteceu. Lembra?

— Não, eu não lembro de ter falado isso.

— Como não, dona Ami? Eu lembro de tudo — você afirma — Ah, mas isso não importa. Já vi que não vou conseguir o que eu tô querendo saber.

— Por favor, repita o que você me disse antes. Você falou que a Mirella vinha na minha casa com um rapaz e que a dona Leca sempre via isso acontecer? Como ela nunca me falou isso?

— Bom, talvez ela tenha até falado, mas parece que fizeram uma lavagem cerebral na cabeça da senhora — você diz revirando os olhos.

— Mas que coisa, S/N! Deixa de implicância! Nada disso aconteceu — dona Ami fala dando um sorrisinho.

— Aconteceu sim, dona Ami. Você precisa acreditar em mim.

— Eu nunca vi nenhum rapaz de jaqueta vindo numa moto dentro de minha casa. Também não lembro de ir pro armário da cozinha. Ninguém me prendeu lá. Nada do que você e outras pessoas me disseram tem cabimento. Vocês estão enlouquecendo, só pode — ela fala continuando a gargalhar.

— Ai! — você diz revirando os olhos já perdendo a paciência na conversa que parece que não vai levar a lugar algum.

Dona Ami insiste com toda a certeza de que não lembra de nada do que você relata para ela. É como se ela se entrasse em um modo absurdo de negação não querendo acreditar que aquilo poderia mesmo ser verdade. Ou então, poderia ser até pior... E se ela estivesse falando a verdade? Isso não é impossível de acontecer. Mas se esse for o caso, talvez a situação seja pior do que aparenta.



De repente, você ouve a porta da frente sendo aberta e logo vê dona Leca em seus passos lentos adentrando a residência. Observando a situação de dona Ami com uma certa preocupação em sua expressão já pergunta:

— Como ela está?

— Do mesmo jeito — você responde — Continua dizendo que não lembra de nada e ri quando eu falo da Mirella.

— Oh, que lástima! Não aguento ver minha amiga desse jeito — Leca diz pondo a mão sobre o rosto balançando a cabeça em sinal de negação como se tivesse dó.

— E o pior que não adianta — você inicia — Eu falo as coisas pra ela, conto o que aconteceu pra ver se ela se abre e parece que ela não faz a mínima ideia do que eu tô falando. Ou não quer falar nada sobre por algum motivo.

— Nós temos que continuar insistindo. O médico e as enfermeiras fizeram o mesmo que nós, mas também não tiveram sucesso em fazer minha amiga falar. Eu também não sei mais o que fazer.

— Parece que ela não quer falar nada sobre o assunto ou se recusa. Deve ter acontecido alguma coisa com ela — você diz.

— Acontecido alguma coisa? Mas o que você acha que pode ter acontecido com a minha amiga? — Leca pergunta.

— Parece que ela perdeu a memória.

— Perdeu a memória?! Mas como isso foi acontecer?

— A gente não sabe. Vamos ter que arrancar isso dela.

— Agora você me deixou preocupada. E se realmente alguma coisa aconteceu com ela? — Leca pergunta, preocupada.

— Vocês falam e falam aí como se eu não estivesse ouvindo. Acontece que uma outra pessoa irá tomar conta de mim. Vocês não têm que se preocupar— dona Ami diz aproximando-se aos poucos.

— Que outra pessoa que vai tomar conta da senhora, dona Ami? A senhora disse que não tem parente nessa cidade — você diz com desconfiança.

— E realmente não tenho. Mas isso já está sendo providenciado. Uma prima minha está se ajeitando pra se mudar pra minha casa. Já foi decidido logo depois que ela ficou sabendo que eu estive no hospital.

— Como a senhora nunca falou dessa prima antes?

— Eu não quis dizer nada porque... — ela inicia parecendo estar confusa — Ora, eu não quis dizer nada porque eu não quis, só isso.

— Isso é muito sem sentido.

— Bom, se sua prima vai cuidar de você então caso resolvido. Assim fica mais fácil dela acompanhar sua situação — dona Leca comenta.

— Ela não vem para cuidar de mim. Eu não preciso disso. Ela vem apenas para me fazer companhia — dona Ami diz, irritando-se — Agora deixem de enrolar. Vamos tomar o café da tarde comigo que já está no ponto.


Então depois da conversa, você dona Leca e dona Ami se juntam na cozinha para tomar café. E assim vão conversando sobre diversos assuntos, mas sempre voltando à essa tal prima misteriosa de dona Ami na qual ela nunca falara antes.



⌚ 04:19 p.m.


Em algum lugar nas redondezas do bairro, enquanto caminha por uma movimentada rua, um homem lhe para repentinamente surgindo em sua frente. Com uma roupa chamativa, dois bonés na cabeça e segurando uma espécie de baralho nas mãos, o tal homem, com um sorriso convidativo e gentil diz:

— Boa tarde, jovem! Deseja tirar uma carta de tarô?

— O quê?!

— Uma carta de tarô. Tira uma.

— Não precisa, obrigadx. — você fala seguindo seu caminho.

Ele, posicionando-se novamente em sua frente, diz:

— Se você não tirar, eu tiro pra você.

Já sem muita paciência, não tendo muito pra onde correr, pra sair o mais rápido da situação você decide tirar uma carta.

O homem estende o baralho na sua frente abrindo-o em forma de leque e, sem muita demora, aleatoriamente você logo puxa uma carta. Ao olhá-la, você vê uma imagem um tanto confusa: nela há uma espécie de sol com um rosto em perfil em seu interior, muito parecido com um emoji de lua com vários pontas em azul, branco e vermelho ao redor. Desses pontas saem gotas coloridas de vermelho, amarelo e azul indo em direção ao solo deserto onde há dois lobos observando o acontecimento. No fundo da imagem há duas torres parecidas com as de um castelo medieval, enquanto que bem na frente da carta, próximo aos lobos há um tanque de água com uma lagosta azul dentro como se estivesse indo em direção dos lobos.

— Essa é a carta da Lua — o homem diz — Parece que tem algumas coisas que você precisa resolver.

— Coisas pra resolver? Que coisas? — você pergunta, desconfiadx.

— Essa carta quer dizer ilusão, coisas inexplicadas ou que não foram ainda esclarecidas, dúvidas, traição, decepção, medos...

— Como pode uma carta dessa significar tanta coisa?

— Você já ouviu falar no poder do horóscopo, do zodíaco e do tarô? — ele pergunta.

— Já ouvi muito sobre esse assunto, mas eu não acredito nessas coisas.

— Por que não? É tudo fato. Isso tem um poder enorme.

— Eu sei qual é poder que isso tem: iludir as pessoas e fazer elas gastarem dinheiro. Não gosto nada disso.

— De acordo com a carta que você tirou, é evidente que você passou por alguma grande decepção na vida. Dúvidas rodeiam sua cabeça e alguns medos lhe impedem de agir ou fazer algo que tenha que ser feito. Isso não diz nada pra você?

— Dúvidas e medos todo mundo tem sobre alguma coisa. E decepção, quem nunca teve uma na vida? Eu sou estudante, então é normal ter todas essas coisas juntas — você fala, desdenhando.

— Não é sobre isso que eu falo. O tarô envolve coisas muito mais profundas do que você está me falando. Ele pega coisas do seu passado, presente e futuro, da sua vida íntima e pessoal. O tarô é um mundo gigantesco de coisas, informações. É muito mais além do que todos possam imaginar. Mas a maioria não liga pra isso — ele diz com uma expressão tristonha.

— É porque tem muitas coisas que não fazem sentido. Como você mesmo acabou de descrever essa tal carta da lua. O que você falou é muito genérico, se encaixa em todas as situações dependendo da carta que a pessoa tirar. Só faltou você dizer que um amor irá aparecer na minha vida ou que alguém do passado vai retornar.

— Se quiser saber sobre isso, pode tirar outra carta se quiser.

— Não. Essa já foi o suficiente. Eu preciso ir pra casa. Tenho coisas pra fazer — você diz seguindo caminho, mas logo é paradx pelo homem novamente.

— Tire mais uma carta. Você não está curiosx pra saber mais? — ele insiste.

— Me desculpa, mas não.

Um guarda que vai caminhando perto logo observa a situação e se aproxima rapidamente dizendo:

— Com licença. Estou interrompendo alguma coisa? Posso ajudar?

— Esse homem tá me atrapalhando. Tô tentando ir pra casa mas ele fica me parando toda hora.

— Que isso, seu guarda? Não tô atrapalhando ninguém, não — ele diz erguendo as mãos para cima.

— Não tá atrapalhando ninguém, não é?Eu já te conheço. Sei o que você fica fazendo aqui pelos arredores. É melhor você ir logo antes que a coisa fique ruim pra você. Ou já esqueceu da última vez que eu tive que te levar porque a moça te acusou de assédio? — o guarda diz.

— Aquela moça era maluca. Eu não fiz nada do que ela disse — o homem responde.

— Você já assediou uma mulher? — você pergunta, desacreditadx.

— Não.

— Já. Ele ficou seguindo uma moça por um tempo. Fez igualzinho como tá fazendo com você agora — o guarda diz.

— Eu só queria mostrar meu trabalho. Tinha muitas coisas que ela precisava saber.

— Guarde suas loucuras pra você. E pare de pertubar as pessoas, senão você vai ser impedido de andar pela região. Eu já te disso isso antes!

O homem do tarô nada responde apenas dando um passo para trás. O guarda, então, virando-se para você fala:

— Você já pode ir em paz agora. Esse maluco não vai mais pertubar você. Nós estamos dando uma chance pra ele depois das coisas que ele aprontou, mas parece que já está pra começar tudo de novo. Mas dessa vez não vamos ser mais gentis! — ele finaliza a frase em um tom mais alto, como se fizesse questão do tal homem escutar.

— Obrigadx, seu guarda. Achei que ele fosse me importunar até em casa com essa história de carta — você agaradece.

— Não há de quê. Você quer que eu te leve até sua casa? — ele pergunta.

— Não, não precisa. Ainda tá um pouco longe. Mas eu agradeço mesmo assim.

— Bom, se é asssim, melhor mesmo. Eu não estou de viatura e não posso ir tão longe. Mas de qualquer jeito vou ficar de olho enquanto você vai só por preocaução.

— Tá, pode ser. Eu agradeço — você diz olhando rapidamente para o homem do tarô que se afasta cada vez mais até sentar-se em um calçada.

— Não se preocupe. Vai ficar tudo bem com ele. Você está em segurança. Agora vá.

— Obrigadx, seu guarda. Tenha uma boa tarde — você diz se afastando-se para prosseguir seu caminho, mas antes dá uma rápida olhada para o homem do tarô ainda sentado na calçada.

Ele parece estar triste pelo que tinha acontecido ou preocupado com algo. Provavelmente pela ameaça que o guarda havia feito, talvez. Porém, independentemente disso, continua sua caminha em direção à sua casa.



⌚ 05:05 p.m.


— [...] então ele ficou insistindo pra eu tirar uma carta. Insistia mesmo. Parecia que aquilo era muito importante pra ele.

— Caramba, S/N, que doido! Mas você deu mole também. Se fosse eu no seu lugar teria dado um belo de um tapa na cara dele.

— Claro que não, Lívia! Eu não ia bater no homem. Mesmo que fosse merecido — você diz repreendendo sua irmã.

— Eu faria sem nenhum pudor — ela afirma — Mas sabe, se ele insistia talvez fosse mesmo importante. Eu acredito nessas coisas. Elas fazem muito sentido.

— Eu sei que você gosta e acredita, mas não importa. Eu não acredito e não queria muita conversa na hora. A sorte foi do guarda ter aparecido. Aquilo já 'tava ficando chato demais.

— Eu teria aproveitado e ter visto mais o que ele me diria. Ele não deixou nenhum cartão com você? — ela pergunta.

— Claro que não. Eu também não ia aceitar.

— É, eles sempre deixam. Bom, mas já passou agora não importa mais. Mas e aí, me fala. Como tá a dona Ami? Melhor? Não falei mais com ela depois da visita do hospital. Também ela 'tava meio alterada, então deixei passar um pouco de tempo — Lívia diz sentando-se no sofá da sala após pegar um garrafa de água de coco.

— Sem muitas novidades. Ela continua bem entre aspas. Continua com o tal esquecimento ou ainda não quer falar sobre nada ainda. Mas tem uma nova: parece que uma parente dela tá vindo pra tomar conta dela. O engraçado é que a dona Ami nunca me falou dela.

— É estranho mesmo. Mas ela deve ter seus motivos. Não sendo uma Mirella tá bom demais.

— Isso é verdade — você fala.

— Ah, e por falar nisso... eu tenho uma novidade também — Lívia diz dando um pulo do sofá.

— Qual? — você pergunta, curiosx.

— Espera aí que eu vou pegar.

Então, ela vai apressada para o seu quarto demorando apenas alguns segundos. Na sua volta, traz consigo dois envelopes dourados com todo entusiasmo e um sorriso gigantesco estampado no rosto.

— Olha o que eu trouxe!

— O que é isso? — você pergunta ao receber um dos envelopes.

— Estes são dois convites. Dois importantíssimos convites — ela declara — S/N, eu fui convidada... quer dizer, nós fomos convidadxs para um jantar. E você já é acostumadx com isso porque é um jantar de realeza, só vai ter gente chique nele.

— Um jantar? Quem é que vai fazer esse jantar?

— É da empresa. Esse jantar vai falar sobre negócios na qual eu quero me aventurar. Não posso falar nada ainda até se confirmar, mas vai ser uma boa. Uma grande oportunidade. Daí eles me deram esse convite e eu posso levar mais uma pessoa comigo, então eu queria saber se...

— Eu poderia ir com você — você diz revirando os olhos.

— É! — ela exclama, sorridente.

— Logo eu? Me levando pra um jantar de adultos onde eu vou ficar só sem fazer nada e nem conversar com ninguém?

— Ah, por favor, S/N! O quê que custa? Tudo bem, eu sei que não é o tipo de programação que você curte, ficar no meio de um monte de empresários, fotógrafos e tudo mais, mas eu acredito que você seja a pessoa ideal pra me ajudar.

— Eu não prometo nada — você avisa — Quando é esse jantar? E onde é?

— O jantar é em dois dias. E adivinha onde? Num hotel chiquérrimo em Dolahrey às oito horas. Eles pedem que vamos vestidxs de roupa casual. Eu já estou arrumando alguma coisa pra vestir porque não quero fazer feio. Você com certeza tem o que vestir, seus pais com certeza tiveram um ótimo gosto e te deram roupas a caráter, acredito.

— É, eu tenho roupas, sim. Não vai precisar comprar novas. Mas o jantar já em dois dias?

— É, eu sei que é em tão pouco tempo. Eu só tenho mais de quarenta horas pra preparar tudo. Acho que até lá eu fico doida.

— Mais doida você quis dizer.

— S/N, não começa! Você tá com sorte que hoje eu tenho coisas mais importantes pra fazer do que ficar brigando com você.

— Tá bom, parei. Mas dois dias tá muito perto. Eles fizeram esse convite surpresa demais.

— Eu sei, mas não tem nada que possamos fazer a não ser aceitar. E você vai me ajudar com todas as coisas que puder até lá. Nada pode dar errado. Esse jantar tem que ser perfeito e eu quero que ele fique marcado como uma das noites mais importantes da minha vida.



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Autor(a): brenno.gregorio

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • white_giraffe Postado em 01/04/2023 - 18:28:04

    Oi, também sou nova neste site que tentou publicar outras fanfics. Estou ansiosa para o próximo capítulo, espero que continue! ⁠✿

    • brenno.gregorio Postado em 01/04/2023 - 23:22:56

      Oi! Obrigado por gostar da minha história, fico muito feliz. O capítulo 3 já vai estar disponível em instantes. Não perde, não! :)


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