Fanfic: A Dama de Vermelho (Vondy) | Tema: RBD

Alerta de gatilho, o texto a seguir contém menção a violência.

― Olá, senhorita ― declarou o senhor Uckermann enquanto retirava seu chapéu para cumprimentá-la. ― Que surpresa vê-la aqui.

― Pois eu digo o mesmo ― respondeu a dama de vermelho espantada. ― O que o traz de volta a Belmonte?

― Eu precisava resolver uma última coisa.

― Outro assassinato? ― ela mencionou em um tom brincalhão, tentando esconder a tensão do reencontro.

― Depende do ponto de vista, mas é um mistério que aguardo ansiosamente por sua revelação. ― Ele a encarou por um breve momento, deixando transparecer uma certa expectativa.

Por um segundo, a moça cogitou que ele se referia a ela. Na verdade, tinha quase certeza, já que Christopher a examinava cauteloso, como se buscasse as melhores palavras. De repente, aquela dificuldade de respirar ressurgiu e a sua boca ficou seca.

― E a senhorita? Irá viajar? ― ele comentou ao notar as malas do lado dela.

― Eu? ― A mulher franziu a testa, reparando em suas coisas. ― Hã... Sim ― ela disse confusa.

― A senhorita não parece muito convencida sobre isso. ― O investigador não afastou o olhar do dela. ― Será que me acompanharia até o armazém? Estou louco para tomar uma água.

― O meu trem partirá em meia hora.

― Eu trago a senhorita a tempo. ― O rapaz ofereceu seu braço, esperando que seu gesto fosse aceito.

Seu instinto era de permanecer na estação, porém seus pés já se moviam para acompanhá-lo, talvez em seu âmago desejava encerrar esse mistério de uma vez. Estava cansada de guardar o segredo, de sempre viver nas sombras com medo. Quem sabe, não foi por essa conversa franca entre os dois que a dama de vermelho esperou todo esse tempo?

Logo após pedir sua bebida, Uckermann e a moça se acomodaram nas cadeiras do Armazém quase vazio a essa hora. A agonia dela aumentava a cada instante de silêncio, consumida pela sua curiosidade, decidiu quebrar o impasse:

― O senhor não explicou de forma clara o que o trouxe de volta à cidade.

― Você. Eu não consegui assistir ao seu sofrimento sem fazer nada. ― Sua voz transbordava empatia.

Com algumas lágrimas brilhando em seus olhos, a mulher estendeu a mão em direção a ele, aceitando o apoio que ele lhe oferecia.

― Essas semanas em que passei fora, investiguei sobre a senhorita ― o homem continuou seu esclarecimento enquanto acariciava a pele macia dela. Antes de prosseguir, limpou a garganta. ― Eu descobri o mistério que a envolve.

Ela fechou os olhos, processando a revelação do rapaz, não era capaz de encará-lo.

― E o que o senhor descobriu? ― sussurrou, sentindo-se exposta e vulnerável.

― Seu nome verdadeiro é Dulce Maria, não é?

Surpreendida, a moça arregalou os olhos, aquele simples ato evocou memórias angustiantes. Seu corpo petrificou no assento, apenas balançou a cabeça concordando.

― O que mais o senhor sabe?

Christopher observou o estado dela, percebendo que precisava abordar o assunto de uma maneira mais sensível, pois mexeria com suas emoções fragilizadas. Ele coçou a nuca, desejava que ela reconstruísse sua vida e não fugisse novamente. Após um breve momento de reflexão, escolheu começar por algo pendente.

― A discussão que ocorreu entre você e o senhor Nogueira possui alguma relação com o que aconteceu no seu passado?

― Sim, eu havia pedido demissão do Burlesque quando ele anunciou que dois investidores de Villa de Santa Fé chegariam na cidade. ―  Dulce fez uma pausa, lembrando da cena. ― Achei que seria reconhecida por um deles. ― Suspirou abatida. ― Nós dois discutimos e eu deixei escapar o motivo de ter fugido daquele maldito lugar.

― A senhorita não teve culpa, agiu da melhor forma para se proteger. ― O rapaz levou a mão da dama de vermelho até seus lábios, beijando-a.

Ao mesmo tempo que lágrimas rolavam pela bochecha dela, a moça compreendeu que, para encontrar a felicidade, era necessário confrontar seus medos, despir-se de sua alma intimidada. Em um gesto rápido, ela secou a pele molhada, determinada a encerrar esse capítulo doloroso. Entretanto, no instante seguinte, a senhora Valdez apareceu trazendo a jarra de água do investigador, toda a sua coragem evaporou-se quando a mulher desapareceu do seu campo de visão.

― Dulce, o que acha de tomar um ar? Caminharmos até a cachoeira? ― o senhor Uckermann sugeriu.

Ser chamada por aquele nome não foi desagradável, pelo contrário, seu tom tinha um toque afável, pronunciado com carinho.

― Mas e as nossas malas? ― ela perguntou preocupada.

― Peço para a senhora Valdez guardá-las. ― O homem prontamente levantou-se, estendeu uma mão para a dama de vermelho. ― Vamos? ― Encarando-a esperançoso.

A moça olhou para os lados, as poucas pessoas que se encontravam no estabelecimento os observavam curiosos.

― Vamos! ― Entrelaçou suas pequenas mãos na dele, sentindo uma ansiedade percorrer seu corpo.

Caminharam a passos lentos em direção à cachoeira, um nervosismo a contagiou, ansiosa para confessar seus sentimentos ao rapaz, desejava desabafar tudo o que a impedia de buscar a felicidade. Alguma coisa dentro dela gritava para que expusesse suas aflições e se abrisse completamente. Enquanto percorriam o trajeto, o sol lançava seus raios tímidos através das copas das árvores. O som da corrente de água ficava cada vez mais alto, envolvendo-os em uma melodia calma. Os galhos balançavam em um ritmo suave, em sintonia com o ambiente. Dulce respirou fundo, sentindo a brisa fresca acariciar seu rosto, espiou Christopher ao seu lado, cujo olhar demonstrava serenidade. Era hora de se libertar das amarras do passado.

― Sabe, o senhor Nogueira também queria me ajudar igual ao senhor. Ele me disse para seguir em frente, mas eu não quis escutá-lo.

― Entendo, às vezes é difícil aceitar conselhos ou apoio quando estamos enfrentando nossos próprios medos ― Uckermann respondeu convicto.

Ao chegarem na cachoeira, o rapaz encostou-se em uma pedra, colocando as mãos nos bolsos do casaco e aguardou a moça continuar seu relato. Ele imaginava que não era fácil para ela, visto que, talvez, fosse a primeira vez que ela contava para alguém o que havia lhe acontecido.

― Muito difícil mesmo! ― Dulce suspirou. ― Ainda mais porque não almejava que me vissem como uma coitadinha, desonrada. ― Desviou seu olhar do dele assim que percebeu que eles ficaram marejados. ― Não é tão simples deixar tudo para trás, principalmente quando uma pessoa em que você confiava, seu próprio noivo te violenta e, se isso já não bastasse, o seu pai, quem deveria zelar por você, finge que nada aconteceu. ― Inspirou o ar, buscando por mais coragem. ― Meu pai... ― ela sorriu sarcástica. ― Eu deduzi que ele me protegeria daquele homem, mas ao invés disso me obrigou a casar com o infeliz. ― Ao terminar, a mulher não conseguiu mais conter suas emoções, desabando em um choro descontrolado. Liberando toda a dor que tinha guardado por tanto tempo.

Christopher foi ao encontro dela, percebendo o seu sofrimento, abraçou-a em um gesto reconfortante. Ele acariciou suas costas, não possuía palavras que pudessem aliviar sua dor, porém estava determinado a estar presente para oferecer o consolo necessário.

― A senhorita começou a usar a cor vermelha por esse motivo? ― Uckermann disse sem se soltar da moça que balançou a cabeça afirmando. ― Creio que seja como um protesto pelo que causaram em você, certo? Penso também que é para a senhorita não se esquecer do que aconteceu. ― Ele não esperava por uma resposta, apenas quis expressar o seu entendimento. ― Você está segura, agora! ― O rapaz a apertou em seus braços.

Dulce permaneceu alguns minutos acalmando-se no peito dele, aproveitando a sensação de estar protegida. Encontrando um alívio a cada batida do coração do investigador. Eles ficaram em silêncio, apenas ouviam o canto dos pássaros e o barulho da água.

― Como o senhor descobriu? ― Assim que se recuperou, a mulher perguntou intrigada ao se afastar um pouco.

― Eu presumi que a senhorita deveria ser filha de alguém com muito dinheiro. ― A moça franziu a testa pela explicação dele. ― Notei que as suas roupas são de boa qualidade, então deduzi que o norte seria o destino mais provável, pois se estivesse fugindo buscaria se distanciar o máximo possível. Questionei em todas as cidades sobre uma dama vestida de vermelho, até chegar na certa. O povo comentou da filha de um fazendeiro que abandonou o noivo no altar, usando um traje escarlate, confirmando minhas suspeitas.

― O que mais o senhor sabe?

― O seu pai queria que esse casamento ocorresse devido a um acordo financeiro com o seu noivo, que acredito ter muitas posses.

― O senhor é bom mesmo, por isso que o chamam para investigar ― mencionou surpresa. ― Mas como solucionou a outra parte? ― Somente sua melhor amiga conhecia sua história triste, além do homem que dizia ser seu pai, refletiu.

― Desde o primeiro dia que avistei a senhorita, havia algo na sua atitude que me falava que era uma fachada, os seus olhos me mostraram a dor que você escondia tão bem. Essa intuição me levou a desconfiar de que alguma coisa traumatizante tinha acontecido. Naquele dia em que a senhorita e a Julieta se desentenderam, consegui decifrá-la. Ficou claro para mim que existiam duas versões de você: a verdadeira Dulce, aquela que não deixou a mãe do garoto ser julgada sem provas, não toleraria nenhuma injustiça, assim como fizeram com você; já a outra em minha frente é a que criou uma barreira para se proteger de qualquer aproximação, pois queria encobrir suas cicatrizes.

A moça entreabriu os lábios espantada. Parecia despida diante das revelações, o peso da vulnerabilidade a atingiu, encarou os seus pés envergonhada.

― Mas o senhor não estava presente nessa hora, soube de que maneira? ― declarou em um fio de voz.

― Escutei das dançarinas enquanto a senhorita e a Julieta discutiam. ―  estendeu a mão, erguendo o queixo dela. ― Você não precisa enfrentar isso sozinha. Eu me apaixonei pelas duas Dulces, desejo apoiá-la em cada desafio desse caminho sinuoso.

― Apaixonado? Não é possível! Eu não mereço ser amada.

― Está errada, senhorita. Você merece ser respeitada, amada e protegida. As cicatrizes do seu passado não definem seu valor, eu vejo tanta bondade em você mesmo depois de tudo o que lhe aconteceu. ― Ele encostou sua testa na dela.

― Não vou negar que sinto o mesmo pelo senhor, mas... ― Suspirou triste, lutando para conter as lágrimas. ― não posso prometer que superarei meus medos de imediato. Eu ainda tenho receio de me entregar por completo.

― Certo, então acho que possuo uma solução. ― O rapaz sorriu divertido. ― Uma proposta.

― E qual seria? ― A mulher perguntou, curiosa.

― O que a senhorita acha de começarmos do zero? Um novo encontro como manda a etiqueta, um jantar no Armazém, aliás, está me devendo um.

Dulce pensou por um instante sobre o assunto com um sorriso tímido nos lábios.

― Imagino que para isso funcionar os dois necessitam permanecer em Belmonte? ― Ela entrelaçou seus braços ao redor do pescoço dele.

― Sim, é verdade. ― O homem concordou em um aceno. ― Não pretendo ir a lugar nenhum sem a senhorita. ― Uckermann avançou em direção a boca da moça. ― Passo para buscá-la às sete ― mencionou antes de beijá-la.

Ela correspondeu ao toque dele, como se fosse um acordo silencioso. Estava disposta a tentar encontrar a felicidade ao lado do rapaz. Em seu âmago, a mulher ansiava por ser cortejada pelo investigador. Imaginava-se caminhando de braços dados com ele pelas ruas da cidade, desfrutando de piqueniques na beira da cachoeira, onde a brisa acariciava seu rosto à medida que o amor florescia em seu coração. Dulce recomeçaria pronta para confiar seus sentimentos a Christopher, sabendo que ele era alguém em quem poderia confidenciar seus segredos mais ocultos.


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Aninha!!! Obrigada por acompanhar mais uma fanfic minha < 3 então descobrimos o que a Dul tanta escondia. Muito triste que ela tenha passado por isso, mas estou feliz que os caminhos deles se encontraram. Ela ainda possui muita coisa para superar, porém com uma ajudinha especial dessa, tenho certeza que logo conseguirá.   

Queria agradecer a AnnyVondy também que esteve por aqui, que sumiu do site, estou preocupada ainda. Se alguém tiver algum contato dela me avisa!! 

E, teremos uma parte 2. Vou deixar a sinopse e o link aqui para quem quiser acompanhar mais desse casal < 3 

Sinopse: Dulce e Christopher estão prestes a encarar uma noite que mudará suas vidas, dessa vez não terão como escapar do esperado jantar no pitoresco Armazém. É o momento perfeito para abrirem seus corações, compartilharem os sonhos e os caminhos que os uniram. Nada seria capaz de impedi-los agora, pelo menos de possuírem uma conversa sincera. No entanto, justo quando a moça pensou que não haveria mais imprevistos, um pedido inesperado surge no meio da refeição, deixando-a completamente atônita. Mal sabia ela que as surpresas estavam somente começando. Ao receber a notícia de uma viagem que poderia influenciar no seu presente, Dulce Maria precisará encontrar a força necessária para confrontar os próprios fantasmas. Além disso, o futuro de seu relacionamento com Christopher será colocado à prova diante dos obstáculos impostos pelo destino. Eles conseguirão superar os desafios para alcançar a felicidade que tanto desejavam?


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