Fanfic: A Dama de Vermelho (Vondy) | Tema: RBD

Percorrendo o trajeto em direção à delegacia, a dama de vermelho escutou alguns cochichos das pessoas. Sem conseguir identificar do que se tratava, ela manteve o ritmo, não diminuiu os passos e tampouco acelerou, presumiu que o motivo poderia ser a sua vestimenta. Entretanto, a essa altura todos já deveriam estar acostumados com a sua marca registrada, certo? Arqueando a sobrancelha, a mulher misteriosa reconsiderou sua suposição. Claro! As cores do seu vestido! Enquanto se arrumava nessa manhã, decidiu que faria uma homenagem para o senhor Nogueira, escolheu um espartilho vermelho sangue com detalhes em roxo e na parte de baixo, a saia era preta. Como uma manifestação da tristeza profunda que guardava em seu coração.

Quando a moça atravessou a rua para entrar na delegacia, os burburinhos ganharam mais força. As palavras “assassina” e “esquisita” foram murmuradas entre a pequena aglomeração. Ignorando os comentários, ela continuou a andar, desejando que sua partida da cidade estivesse próxima. Não via a hora de tomar outro rumo! Ao pisar no tablado de madeira, seus olhos se depararam com o investigador que se localizava no batente da porta. De braços cruzados, o homem a encarava, a dama de vermelho quase podia sentir os pensamentos sendo lidos por ele. Arregalou os olhos, momentaneamente assustada pela perspicácia do rapaz. Em seguida, Christopher esboçou um sorriso simpático, convidando-a para entrar.   

Para o alívio da moça, não levou mais do que dez minutos para assinar os documentos. O olhar atento do investigador havia a deixado desconfortável, como se estivesse exposta.  

― Catarina… ― Escutou a voz do homem. ― Um minuto, por favor. ― Ela já se encontrava do lado de fora quando ele a alcançou. 

― Pois não, senhor Uckermann? ― A mulher o avistou vigilante.  

― Gostaria de fazer um convite para a senhorita. ― O rapaz retirou o chapéu, em um gesto cordial. Pareceu escolher as melhores palavras para então pronunciar: ― Aceitaria me acompanhar para jantar?

A dama de vermelho não esperava por esse convite um tanto inesperado, balançou a cabeça em negação enquanto refletia por um instante. 

― Creio que não devo aceitar. ― A moça acenou se despedindo e retomou a caminhada. 

― Espera, senhorita ― Christopher comunicou em um tom mais alto ―, posso saber o motivo, pelo menos? ― mencionou ao mesmo tempo em que segurava, gentilmente, no braço dela.

Assim que a mulher misteriosa virou o rosto, o investigador soltou a mão que a barrava de se locomover. 

― O senhor não iria gostar da minha companhia, acredite ― ela o encarou por alguns instantes, e em seguida retornou para o seu trajeto.  

Dessa vez, o rapaz não a impediu de se dirigir para a pousada. As palavras dela rodopiaram em sua mente, intrigando-o. Enquanto observava a dama de vermelho se afastar, ele teve a sensação de que aquele jantar precisava acontecer. 

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A água quente acariciava a pele macia da moça, desfrutava de um banho relaxante, os músculos tensos aos poucos se afrouxaram. Seu único desejo era o de se recolher em sua cama confortável, para que levasse todas as preocupações embora. Os últimos dias haviam sido desgastantes, além da sua prisão, outra questão também atrapalhou o sono dela: o Burlesque. Suspirou confiante ao lembrar da chegada de um dos donos. Pelo menos, por ora, não se preocuparia em ser reconhecida, já que eles nunca tinham se cruzado em sua cidade natal. Fechou os olhos agradecida, notando que a tensão de seus ombros dissipou, ela mergulhou na água para remover o sabão e, segundos depois, quando estava prestes a sair da banheira, bateram em sua porta.

A mulher misteriosa levou um susto, dos grandes, quando três toques firmes ecoaram no ambiente. Rapidamente buscou pelo pano branco para se secar. Com pressa, ela apanhou o roupão vermelho de tecido grosso para cobrir o corpo.     

Ao abrir a porta, seus olhos esbugalharam de espanto no minuto em que se deparou com o senhor Uckermann parado na soleira.

― Boa noite, senhorita. Peço desculpas pela minha intromissão a essa hora. ― O homem limpou a garganta, surpreendido, por vê-la vestindo peças tão reveladoras.   

Retomando a compostura, o rapaz prosseguiu com sua explicação, no entanto, a dama de vermelho o analisava atônita.

― Devo confessar que o motivo do seu “não” me deixou intrigado, pois não creio que a companhia da senhorita seja assim desagradável. Então, eu tomei a liberdade de trazer o jantar para cá.

Um empregado apareceu logo atrás do investigador empurrando um carrinho de madeira cheio de comida. A moça permaneceu, durante alguns segundos, completamente sem reação. Porém, no momento que se recuperou do susto, comentou com um sorriso irônico:   

― O senhor parece ser bem obstinado, não é mesmo?

Ela balançou a cabeça em negação, enquanto o empregado da pousada se retirava do quarto. Em seguida, o tom de sua voz mudou, adotando uma forma imponente.  

― Além do mais, aparenta não compreender o sentido da palavra “não”. ― Fitando o homem à sua frente, a mulher misteriosa cruzou os braços.

Christopher adentrou no cômodo caminhando na direção dela, com passos decididos, ele se aproximou parando a centímetros de distância da dama de vermelho.

― Oras, a senhorita também não pode afirmar que serei uma companhia agradável ― respondeu ao mesmo tempo em que retirou o chapéu e seus olhos castanhos encontraram o da moça, por um breve instante, antes de desviar para o carrinho de iguarias. ― Prometo ficar calado, não vamos desperdiçar essa comida toda, não acha? ― O homem percorreu o quarto até a pequena mesa de madeira, sentando na cadeira para começar a refeição.

Ele pegou um pedaço de carne, servindo-se, sem esperar por um convite dela. Não lhe restando outra opção, a não ser jantar com o investigador. A mulher atravessou seu aposento, apertando as tiras do roupão, pois na pressa de abrir a porta não havia laçado direito. Além disso, decidiu que continuaria usando aquela peça, estava muito confortável com ela, não trocaria por outra somente por causa do rapaz intrometido. Talvez seu ato fosse um protesto pela petulância dele. Aliás, a dama de vermelho considerou se retirar do cômodo e deixá-lo sozinho, entretanto julgou ser uma afronta ter que sair do próprio quarto devido à presença do senhor Uckermann. Não permitiria uma intimidação, não dessa vez! Então, por que não concordar logo com o jantar? Era apenas um jantar, certo?

No final das contas, passar um tempo com Christopher foi muito agradável, apesar de não conseguir cumprir com a sua promessa. O rapaz contou diversas histórias dos casos em que investigou, algumas engraçadas, outras curiosas. Embora o rumo da conversa estivesse interessante, a moça compreendeu que, em um momento, o homem iria questioná-la sobre a sua vida. Observou algo na postura dele, como se a qualquer instante as temidas perguntas pudessem surgir de sua boca.

― Quanto tempo a senhorita se encontra em Belmonte? ― ele mencionou receoso, quando terminou de comer.

A mulher admirou a perspicácia do rapaz, ciente de que ele era capaz de desvendar seus segredos. Contudo, preferiu não revelá-los. A atmosfera descontraída de minutos atrás desapareceu.

― Apenas alguns meses. ― A dama de vermelho parou de comer no segundo em que falou. ― O senhor possui mais alguma novidade sobre a investigação do senhor Nogueira? ― Limpou os lábios em um lenço de tecido com delicadeza.

― Espero encontrar o verdadeiro culpado em breve, posso apostar que aquelas pistas me conduzirão ao caminho certo ― ele disse determinado e, sem hesitação, tentou abordar o delicado assunto mais uma vez. ― Creio que a senhorita nasceu em uma cidade maior ― O homem refletiu em voz alta. ― Perdoe-me a minha curiosidade, eu estou muito intrigado pela senhorita.

A moça se levantou depressa da cadeira, consciente de que os olhos castanhos dele a acompanhavam.

― Já está tarde. ― A mulher resolveu encerrar o papo.

Entendendo que ultrapassou o limite, ele pegou o seu chapéu, colocando na cabeça e começou a andar em direção à porta, porém antes de partir, esclareceu: 

― Não foi minha intenção parecer intrusivo.

Pois muito bem, senhor Uckermann, não se preocupe. Adorava quando estranhos se metiam em minha vida privada, sem convite! A dama de vermelho refletiu ironicamente. 

― Sou fascinado por mistérios e, ao olhar para a senhorita, sinto que guarda algo a sete chaves ― prosseguiu o rapaz e ao notar o desconforto da moça, desculpou-se de novo. ― Não quis causar nenhum constrangimento, apenas me deixei levar pela curiosidade. 

A mulher ameaçou contestá-lo, chegou a abrir a boca, mas as palavras não saíram. Por que ele precisava ser tão observador? Apesar de Christopher possuir razão, não gostaria de revelar essa informação, visto que, na certa, seria exposta. A mulher simplesmente se encaminhou até a porta em silêncio para desejar boa noite.

― Boa noite, senhor Uckermann ― disse assim que tocou na maçaneta da porta. 

Ele permaneceu imóvel no meio do quarto, como se esperasse por sua confissão. Escutava-se apenas o cricrilar dos grilos. O rapaz cruzou a distância que faltava entre os dois e ela presumiu que ele fosse embora, mas, para a sua surpresa, o investigador se aproximou ainda mais, ficando a poucos centímetros de distância, tão próximo que as respirações quase se misturavam. A dama de vermelho pôde sentir o calor que o corpo dele emanava, e por um instante, pensou em afastar-se. Porém, alguma coisa naqueles olhos castanhos a manteve paralisada.  

― Realmente, a senhorita é uma mulher muito misteriosa ― Christopher declarou em um impulso ao acariciar o rosto dela com o polegar. ― Seus olhos me cegam, não sei se me querem ou me negam.

Como se esperasse pelo toque das mãos do homem, a moça permaneceu no lugar, espantada pela própria reação. O aroma da colônia masculina do rapaz invadiu suas narinas e, de repente, uma sensação intensa e avassaladora a atingiu, fazendo-a desejar os lábios rosados dele. Inesperadamente, ela projetou o tronco para frente encostando sua pequena estatura na dele, permitindo um contato sutil entre os dois. Sem pensar duas vezes, o investigador segurou o rosto da mulher ao mesmo tempo em que sua boca tocou a dela em um beijo terno.

Olha o beijo aí Anny!! Ela não tava muito contente pela intromissão dele mas no final não resistiu, né? Até o próximo capítulo, acho que terça consigo, vamos ver!! Até lá, beijos ;*