Fanfics Brasil - Nosso novo "irmão" Lobo em pele de cordeiro

Fanfic: Lobo em pele de cordeiro | Tema: Fábula


Capítulo: Nosso novo "irmão"

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    Éramos três irmãos ovinos felizes a pastar. Todo amanhecer era a mesma vista majestosa do abundante e esverdeado gramado, em conjunto com a imensidão azulada que era o céu repletos de nuvens encobrindo o lustroso raiar do sol. Todos os nossos dias eram pacíficos e monótonos. Por vezes desejaríamos que algo inesperado acontecesse para mudar nossa rotina entediante.


    Certa noite eu, o mais novo, enquanto mirava o céu em sua profunda e misteriosa obscuridade, decorado por seus incontáveis pontinhos cintilantes, subitamente, notei algo incomum à posto que as nuvens pareciam falar comigo. Diziam para termos cuidado com o que desejamos, pois um grande infortúnio viria a nos suceder. Assombrado e inquieto por aquelas palavras incisivas e afiadas que cortavam tão profundamente quanto uma lâmina a nos tosquiar, fui me recolher.


    Na manhã seguinte, enquanto estavamos a pastar, nossa atenção se voltou para chamado peculiar. Seguimos todos a misteriosa voz que parecia ecoar por trás de alguns arbustos mais distantes da nossa morada. Subitamente, defronte a nós, um lobo cinzento surgiu dentre as moitas.


    – Minhas queridas ovelhinhas, venham se divertir comigo! – Clamou o carnívoro. Todos nos mantivemos em silêncio apreensivos. Como ele ousa invadir nossa propriedade e nos chamar para brincar inescrupulosamente? Sua mentira era escancarada. Estaria nos subestimando?


    – Tudo bem, eu entendo que estejam desconfiados de mim, já estou acostumado com isso. Mas a verdade é que me arrependo tanto de devorar vocês, meus caros amigos. Hoje eu venho em paz, sou um lobo diferente e peço apenas para que me permitam provar por intermédio de atitudes que minhas intenções são puras: almejo me tornar um de vocês. – Suplicou o lobo em tom de remorso.


    Após ouvirmos a história do lobo, automaticamente sentimos o peso de julgar alguém apenas pela sua aparência. Suas palavras pareciam sinceras e carregadas de dor. Até mesmo alguém como ele era digno do perdão. Ademais, há tempos sonhavamos com algo que viesse para quebrar a nossa monotonia.


     ́ Assim sairíamos no lucro  ́ – Refletia, enquanto deixava de lado minhas preocupações para com a mensagem das nuvens.


    – Pois bem, senhor lobo, estamos convencidos. O que sugere que façamos todos juntos agora? – Clamou meu irmão mais velho.


    – Que tal o jogo “Caça ao tesouro”? Sabe, depois dessa longa e densa floresta jazem pastagens bem ricas e, sem sombra de dúvida, superiores às terras daqui. – Retrucou o lobo. – Como eu sei o caminho, permitam que eu os guie pela floresta. Estarei logo atrás de vocês para impedir que sejam surpreendidos pelas costas. – Ofereceu, em seguida.


    Ainda por cima era atencioso. Realmente o julgamos mal. Já estava nos imaginando brincando todos juntos em um futuro muito próximo em meio às ricas e longínquas novas pastagens. Pedimos por mudanças e ganhamos um novo irmão. O que mais poderíamos querer?


    Estando todos de acordo, começamos nossa caminhada pela floresta. Enquanto nosso novo amigo nos guiava como prometido, ficavamos cada vez mais ansiosos e animados para chegar do outro lado. Contudo, a cada passo que tomávamos, a mata que nos cercava tornava-se cada vez mais escura. Não sabíamos o caminho de volta e nem era nosso desejo estragar os planos que nosso novo irmão havia cogitado com tamanho carinho.


    De repente, eu me vi cercado por um completo breu. Onde estariam meus outros irmãos? Será que me perdi deles de tão perdido que estava em meus pensamentos?


     ́ Não quero preocupá-los, melhor procurar uma saída e ir de encontro a eles.  ́


    Minha linha de raciocínio foi interrompida, de súbito, por dois gritos agonizantes não muito distantes dali.


     ́ Essas vozes...m-meus irmãos...eles, e-eles correm perigo e precisam de mim! Mas porque o lobo não os ajudou?!  ́ – a resposta à minha pergunta veio em milésimos de segundo após eu ter clamado pelos meus irmãos.


    Senti minha jugular ser forçada contra o chão por duas patas com garras extremamente afiadas. Próximo ao meu abdómen, presas sedentas pela minha carne rasgavam minha pele e estraçalhavam minhas tripas.


    Em meu leito de morte, consegui reunir forças o suficiente para murmurar:


    – Por...quê? Você era...como um irmão para nós...


    – O sucesso de um predador depende do quão bem ele conhece suas presas. Eu sempre estive ali, à espreita de vocês três. – Disse o lobo friamente.


    – N-não...pode ser...



– * –


    O predador, ao ver o pequeno carneiro agonizar, rasgou as veias em seu pescoço fazendo-o perecer em poucos segundos por hemorragia fatal. Talvez tenha sido seu primeiro e único ato de misericórdia para com suas presas.


    Na verdade, as ovelhas tinham tudo para viverem em fartura, mas tão cegas de ganância estavam que caíram na lábia do lobo faminto e em retribuição, pagaram amargamente pelo seu erro.


    Infelizmente, aprendemos a valorizar o que nos é mais precioso apenas quando perdemos tudo, inclusive nossas próprias vidas, restando nada mais que o sabor amargo do arrependimento pelas escolhas erradas.


    Então, agora, eu vos pergunto: Quem são os verdadeiros lobos dessa história? 




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Autor(a): terugon

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