Fanfics Brasil - Capítulo 1 - Flores secas Outono em Abril

Fanfic: Outono em Abril | Tema: Stray Kids


Capítulo: Capítulo 1 - Flores secas

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Hyunjin


Era difícil expressar a bagunça em que eu me encontrava naquele exato momento, havia caixas espalhadas pela sala de estar, mas elas nada tinham a ver com o caos que estava rolando por ali. Todos aqueles blocos mal empilhados de papelão eram um reflexo da displicência de Han, que não conseguia se desfazer de nenhuma embalagem das coisas que comprava na Internet, após guardar os utensílios no seu próprio quarto - era comum levar séculos para que ele se livrasse do lixo, isso quando essa tarefa não sobrava para o restante de nós. Não era à toa que quando morávamos todos na mesma casa, Seungmin sempre acabava mandando mensagens secas no chat do grupo, com as fotos das sujeiras que Jisung espalhava por todo canto, costumávamos rir disso, mas não tinha como discordar daquelas reclamações frias.


Agora que havíamos nos separado em dois apartamentos diferentes, eu acabava sendo o membro extra do 3Racha e, por ser a extensão alongada e não uma das três pernas do tripé, muitas vezes me via encarnando o papel de Kim Seungmin também.


Eu poderia ser atrapalhado para muitas funções e, até mesmo, bastante distraído se não parasse para pensar direito, mas com certeza era organizado com relação aos meus pertences e com os espaços compartilhados da casa.


Os gritos estavam incessantes e eu levei as mãos à cabeça tentando organizar as ideias. Bang Chan havia sido o portador das notícias, mas era também a pessoa que pedia silêncio após mais de 5 minutos de algazarra grupal - para não ser injusto, vale ressaltar aqui que Lee Know também berrava por silêncio, mas parecia mais que estava incentivando o restante dos garotos a continuarem com o tumulto. Foi apenas quando I.N tropeçou em uma das caixas de Han, caindo com tudo no chão, que a barulheira se dissipou de vez.


Chan levou a mão à testa, preocupado.


- I.N, você está bem? - perguntou ele.


Felix se prontificou instantaneamente a ajudar Jeongin a se levantar, oferecendo o braço e expondo um sorriso singelo no rosto. 


- Eu estou ótimo, mais que bem! - respondeu I.N, com o sotaque forte denunciando sua origem.


- Ufa - suspirou Chan. - Bom, como eu disse a vocês, temos menos de um mês para começarmos a nos preparar, o que é bem pouco, mas pelo menos o orçamento da JYPE foi liberado como esperávamos, então temos boas chances de nos darmos bem no Kingdom, já que foram generosos sobre os nossos custos.


- Ou seja, estamos ricos! - gritou Han.


- O quão ricos? - questionei. - Quando cheguei aqui, vocês já estavam berrando, então eu só quis entrar na onda.


- Me deixe ver o envelope de novo - Han pediu para Chan.


- Temos o capital de 5 milhões de wons para confecção de cenário -  respondeu o líder, entregando o papel.


- Isso não é muito - retrucou Lee Know de cara fechada.


- É o máximo que a produção do Kingdom deixa os grupos investirem - explicou Bang Chan.


- Mas temos praticamente o cartão diamante da JYPE para o restante dos custos de maquiagem, figurino, cabelo e... o mais importante, comida! - disse Han, balançando a carta em frente ao rosto de Lee Know, que tentou arrancar a mesma dele, mas teve sua própria mão segurada pela mão livre de Jisung naquele exato momento.


Lee Minho riu do mesmo jeito desconcertado que ele apenas fazia quando soltava uma piada ruim ou quando recebia um elogio extremamente inesperado. Eu assisti aquela cena de segundos com uma pontada de inveja pelo que eles tinham e, inconscientemente, meus olhos encontraram com os daquele com quem eu desejava viver algo semelhante. Felix pestanejou e sorriu na minha direção, como se soubesse que eu estava pensando afetuosamente sobre ele, mas sem de fato corresponder ao que eu realmente sentia.


Eu sabia que não havia futuro para nós e não era por sermos parte de um mesmo grupo e termos certas políticas anti relacionamentos a cumprir, afinal, todos nós havíamos assinado a papelada jurídica que informava sobre o status de nossas relações se classificar como estritamente profissionais, mas as quebras de contrato já estavam rolando em silêncio há tanto tempo, que nenhum de nós delataria o outro para a empresa. 


E não era diferente entre Felix e eu, já datava de tempo que a nossa amizade evoluíra, cedendo a pequenos prazeres esporádicos. Como quando encurralávamos um ao outro nas escadas de incêndio após os intervalos das gravações de alguns MVs, ou quando nos beijávamos embaixo das cobertas, enquanto os outros estavam ocupados demais fazendo baderna, para perceberem nossas breves fugas entre lençóis durante filmagens em casas alugadas ou em lives repletas de colchões.


Felix era considerado pelos membros como uma figura etérea, um anjo propriamente dito, mas talvez eu o conhecesse melhor que os demais, pois ele tinha esse lado que gostava de correr um pequeno risco para se divertir. Por isso, até para o fandom, muitas vezes acabava ficando na cara que a nossa aproximação havia florescido para algo mais.


Porém, infelizmente parava por aí... pode-se dizer que éramos amigos com benefícios e, por mais que as coisas esquentassem sempre que visitávamos um ao outro e tínhamos a oportunidade de ficar a sós entre quatro paredes, após o fogo baixar, Felix olhava para mim com a mesma afeição que oferecia para qualquer um dos outros membros, com aquelas enormes íris meigas me fitando como um amigo.


Tínhamos um nível grande de intimidade, dividíamos o que chamávamos de "anéis de casal", mas eu tinha consciência que se outro membro próximo ao Yongbok oferecesse o mesmo tipo de compartilhamento, ele aceitaria de bom grado também. Eu sabia que estava no coração dele de certa forma, mas não me sentia tão especial quanto a isso, justamente porque seu coração era a maior parte do seu ser.


Em contrapartida, Han Jisung não pensava duas vezes antes de anunciar em qualquer programa de televisão que Lee Know era a sua alma gêmea, ele não precisava explicar a natureza do envolvimento entre os dois e era extremamente óbvio que o seu amor era genuíno. A aproximação de Minsung se desenvolveu tão rápido, que nem deu tempo de se incomodarem com outros corações partidos.


Han ofereceu a mão a Lee Know e este nunca mais a soltou. Era como todos enxergávamos isso, Minho não saberia viver sem Jisung. Talvez eu fosse o Lee Know da minha relação, pois Felix era um espírito livre - que provê amor, mas não se prende.


Os garotos da casa lírica (eles não sabiam que eu os chamava assim, mas como boa parte deles não se aventurava em fazer rap, achei que o nome era adequado para distingui-los) se estenderam no nosso apartamento para comemorarmos o bônus que havíamos recebido. Jantamos juntos na sala e depois alguns foram se retirando quando já era quase madrugada.


Apesar de não escondermos nossos flertes do restante, Felix e eu só resolvemos ir em direção ao meu quarto quando a maioria já havia se dissipado dali.


Ao entrarmos em meu espaço pessoal, já fui automaticamente me jogando na cama em busca de conforto, após ter passado tanto tempo sentado no chão durante o jantar. Mas Felix permaneceu de pé por mais alguns instantes, encarando a última tela que eu tinha começado a pintar e que ainda estava sobre o cavalete.


- São hortênsias? - questionou, voltando o olhar para mim.


- Lavandas.


- Oh... e os seus outros desenhos?


- Estão todos embaixo da escrivaninha.


- Achei que eram as telas reservas - disse, enquanto bisbilhotava quadro por quadro, observando eles de cima, sem tirá-los da ordem e lugar.


- Eu pintei todas, essa é a última. Tenho que ver que fim vou dar para tudo isso.


Felix posicionou novamente as telas onde estavam e veio em direção à minha cama, deitando-se ao meu lado e se aninhando na parte direita do meu peito. Ajeitei meu braço por baixo de sua cabeça como se fosse um travesseiro fino.


- Posso fazer uma exposição dos seus quadros no meu quarto - brincou ele.


- Você vai cobrar entrada?


- Não para o artista.


Meu coração palpitou e eu fiquei receoso que ele tivesse escutado as batidas aumentarem a velocidade, por mais que não estivesse com o ouvido sobre o lado correto para isso. Olhei de soslaio para Felix e ele notou minha investigação acerca de sua percepção.


- Está tudo bem, hyung?


- Okay - ignorei sua pergunta e fechei os olhos, sorrindo desacreditado com o que havia acabado de escutar -, você disse isso de propósito agora.


- Eu disse - confessou rindo com a voz grave. - Sei que você gosta.


- Você não me deixa opções desse jeito, Yongbok.


Felix sorriu com uma pitada de malícia no canto esquerdo da boca, o que fez com que eu mordesse meu lábio por uma fração de segundo antes de decidir puxar seu rosto levemente a encontro do meu e finalmente beijá-lo.


Não houve hesitação, Yongbok estava esperando por isso, todas as suas palavras haviam sido premeditadas afinal. 


Seus lábios em formato de coração estavam quentes, ao contrário da temperatura gelada daquela noite de final de janeiro, e parecia que faziam um encaixe agradável com os meus, o que tornava aquele beijo tão excitante quanto despertava incerteza no meu peito - enchendo a minha cabeça de questionamentos e fazendo com que minha mente inquieta trabalhasse ao mesmo tempo que se divertia.


Ambas as mãos dele tocavam as minhas bochechas enquanto o momento perdurava, mas as minhas foram de encontro à sua pele, encostando nas suas costas por dentro da camiseta, o que me colocou em posição de poder puxá-lo para cima do meu corpo de uma vez.


A noite se estendeu mais do que imaginávamos e acabamos desabando a dormir apenas quando já havia passado das três horas da manhã. Todos estávamos acostumados a pernoitar uns nos apartamentos dos outros, então não haveria nenhuma estranheza se Felix aparecesse no nosso café da manhã. Mas não consegui descansar tanto quanto gostaria, acordei pelas seis horas e depois disso não preguei mais os olhos.


Rezava a lenda de que havíamos sido separados em dois grupos de moradia de acordo com as nossas rotinas de sono, uma vez que eu e o 3Racha tínhamos o hábito de passar da uma da manhã acordados, enquanto os garotos líricos eram regrados a dormir à meia noite em ponto. Entretanto, não sei se isso realmente havia contado para essa divisão, pois enquanto morávamos juntos, eu já havia presenciado Felix virar a noite jogando inúmeras vezes e sabia que Lee Know também tinha uma tendência a madrugar por conta do horário que gostava de postar no Bubble.


Fazia sentido manter o 3Racha numa mesma casa, mas não entrava na minha cabeça por que motivo não inverteram o meu lugar com o Minho, afastando ele do Han e dos outros dois mais velhos com quem mais mantinha contato, e ao mesmo tempo dificultando minha convivência diária com Felix e com I.N, por quem eu tinha muito carinho.


Tudo isso se passava na minha cabeça nesse momento porque era incrivelmente gratificante assistir Yongbok dormindo pacificamente. Seus olhos pareciam estar fechados com leveza, como se nem ao menos sonhasse, e a sua respiração era tranquila. Se fosse possível enxergar auras, eu tinha absoluta certeza de que ele brilhava mais que todos nós juntos.


Na tentativa de eternizar aquela imagem, levantei e andei pelo quarto atrás do meu sketchbook, encontrei sem fazer muito barulho e voltei para a cama, sentando com as costas escoradas na parede e rabiscando o que eu não sabia que viria a ser a última arte que eu faria inspirada em Lee Felix até o final do Kingdom.



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Autor(a): leeluna

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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