Fanfic: Outono em Abril | Tema: Stray Kids

Lee Know

Tentei ligar umas sete vezes quando entrei no banheiro com a desculpa de tomar banho, mas Hyunjin não atendeu à nenhuma das chamadas. Provavelmente ele estava me ignorando por ter ficado chateado ao presenciar o meu envolvimento com Han, ou simplesmente deixara o celular de lado, justamente para não ter que pensar nisso durante o seu tempo longe de mim. Mas era fato que a sua fuga havia sido influenciada pelas minhas ações e eu estava me sentindo mal por aquilo.

Eu compreendia a sensação desagradável que despertara em Hwang ao demonstrar afeto por outra pessoa na sua frente, mesmo assim, eu sabia que ele devia ter plena consciência de que eu precisava agir daquela forma, ainda mais estando sob a supervisão de Bang Chan. Entretanto, por mais que estivéssemos de acordo com esse fator, isso não reduzia o desconforto de viver aquilo.

Não tentei mandar mensagens porque texto por achar um método impessoal demais para explicar o que estava se passando na minha cabeça, então simplesmente resolvi esperar, já que não havia outra escolha.

Voltei para o quarto de Jisung, apenas enrolado em uma toalha e imerso em meus pensamentos.

- Hyunjin ditou moda agora? - questionou ele, olhando-me de cima abaixo.

- Oi?

- Nunca te vi sair do banho aqui em casa sem estar completamente vestido.

- Ah sim, eu estava com preguiça - falei.

- Longe de mim reclamar disso! - exclamou Han, erguendo as mãos em sua defesa. - Inclusive, se quiser tirar a toalha, não faço objeções.

Eu sorri com a proposta dele e apaguei a luz antes de me aproximar de seu corpo e empurrá-lo sentado sobre a cama.

- Jagiy... - Han começou a falar, mas eu o parei.

- Não tem como me enrolar para tomar um banho como da outra vez, porque você já fez isso.

Ele balançou a cabeça bem rápido em sentido negativo.

- Ótimo, deita aí - mandei.

Senti que Hannie estava com vontade de rir da minha atuação rígida, mas não deixei que isso afetasse o andamento da cena.

Removi a minha toalha, deixando que caísse sobre a lateral da cama, enquanto eu subia pelo corpo dele. Puxei sua camiseta larga para cima, retirando ela por completo, e logo depois beijei seus lábios com agressividade.

Foi automático, Han entrou no clima na mesma hora e suas mãos rapidamente passaram a apalpar o meu corpo. Puxei o restante da sua roupa para baixo, igualando nossos visuais e passei a língua pelo seu pescoço, envolvendo a região em beijos.

Jisung trouxe meu rosto de volta à frente do seu e nos beijamos mais uma vez, o calor estava se estendendo por todo o meu corpo e eu estava totalmente excitado em ficar com ele, mas partes da minha mente viajavam longe, pensando em como eu desapontara Hwang.

Saí de cima do corpo de Han por um minuto e segurei seu braço, enquanto me aproximava do seu ouvido para falar.

- Vire de bruços.

Soltei o seu braço e, com a respiração ofegante, Jisung apenas fez o que eu pedi.

Deitei novamente, agora sobre as suas costas, sentindo o seu toque quente embaixo do meu corpo, e voltei a beijar o seu pescoço daquele ângulo. Han já estava gemendo e o som da sua voz fez com que arrepios se passassem pela minha pele como ondas de nostalgia.

Apoiei um braço sobre o colchão, para com a outra mão poder finalmente encaixar o meu corpo ao seu. Quando enfim entrei, soltei um gemido alto, quase como se fosse um alívio poder fazer aquilo e dispersar de todos os flashes que a minha mente forçava em trazer de volta.

Jisung gemia sem medo de acordar alguém e eu pensei em como era diferente poder se soltar daquele jeito, sem ter que esconder o que tínhamos, e como eu já não lembrava mais como era isso.

Movimentei-me rápido, pois Han já era acostumado com esse modus operandi, aplicando toda a força que eu tinha, mesmo que isso fizesse com que minhas coxas se machucassem um pouco, por já estarem doloridas da academia e dos ensaios.

A verdade é que eu estava colocando para fora todo o meu estresse por não saber mais o que fazer na conjuntura atual da minha vida.

- Minho... - Han sussurrou meu nome sobre o travesseiro, apenas por costume de me chamar durante essas horas, e aquilo me fez gemer forte mais uma vez.

Desci mais o meu peso sobre as suas costas e alcancei sua orelha com meus lábios, mordendo de leve o seu lóbulo e aproveitando para falar baixinho ao seu ouvido.

- Você falando desse jeito não vai me deixar durar muito tempo mais - avisei, com a minha respiração totalmente entrecortada dificultando a fala.

Jisung soltou um gemido ainda mais alto e longo e eu soube que tinha acabado com ele naquele exato momento, apenas com o que eu havia dito. Então ergui um pouco o tronco do meu corpo e pressionei sua cintura com as minhas mãos, enquanto acelerava meus movimentos nele até chegar no mesmo ponto final.

Deixei meu peso pender para o lado vazio da cama, deitando-me ali e tentando recuperar a minha respiração.

Han foi virar o rosto para me encarar e eu resolvi virar com o meu corpo todo em direção ao armário. Por mais que tivesse sido ótimo o que havíamos acabado de fazer, por algum motivo, eu não me sentia bem o suficiente para encarar seus olhos agora. Ele não estranhou a minha mudança de posição na cama, pois provavelmente achou que eu queria uma conchinha e me abraçou pelas costas.

- Amo você, jagi - falou com delicadeza.

Eu fechei os olhos naquela hora, tentando segurar a mágoa que me corrompia por dentro, pois "te amo" haviam sido as últimas palavras que eu trocara diretamente com Hyunjin mais cedo naquele mesmo dia e agora eu estava prestes a falar elas para a pessoa por quem Hwang sentira ciúmes por minha causa.

- Eu também - respondi pela metade, tentando me privar do pesar que o restante da frase causaria.

Hannie não exigiu a sequência de palavras, porque caiu no sono logo em seguida, e eu pude enfim deixar as lágrimas escorrerem dos meus olhos em silêncio.

***

Hyunjin

Felix deixou suas chaves comigo antes de sair naquela manhã, assim eu não teria que pegar carona com eles para voltar para casa e, com isso, evitaria talvez esbarrar com Minho saindo para o estúdio.

Voltei para casa só quando já tinha certeza que não encontraria com ninguém por lá. Eu sabia que os próximos dias exigiriam muito dos garotos por estarem na reta final da competição e isso veio a calhar com o momento que eu precisava viver agora, um afastamento improvisado.

No meu coração, tudo que eu mais desejava era ver Lee Know e poder estar com ele como havia sido nos últimos tempos, mas nós dois sabíamos que o que estávamos vivendo era errado e que chegara em um ponto mais crítico. E nem era por algumas pessoas já estarem cientes do que sentíamos, mas porque eu não estava mais conseguindo suportar vê-lo declarar sua afeição por Han sem desmoronar totalmente por dentro. E eu não queria invejar Jisung, eu também amava a amizade dele... então, para piorar tudo, ainda vinha junto o ressentimento de estar traindo a confiança de alguém que eu admirava profundamente.

Senti que precisava tirar um tempo para mim para recolocar a cabeça no lugar, pois o brilho que Lee Know havia trazido para os meus dias, estava se transformando em dor.

Talvez eu devesse parar enquanto ainda estávamos por cima e guardá-lo no meu coração somente como uma boa lembrança. Mas só de imaginar a falta que ia me fazer não poder tocar os seus lábios com os meus, já me fazia sentir um aperto na garganta.

Tirando um tempo pelo meu quarto, percebi quantas atividades havia retomado desde que tínhamos começado a nos envolver. Tivera inclusive que comprar mais telas para pintar, meu sketchbook já estava nas últimas folhas e eu andava trabalhando em dois ensaios solos para ter algo especial para apresentar quando pudesse fazer o meu comeback com o grupo.

Minho tinha trazido luz para a minha vida, mas eu tinha sido grato o suficiente por isso? Na primeira recaída de ciúmes, eu já estava me afastando e ignorando as chamadas perdidas na tela do meu celular.

Eu não sabia para onde correr com o que estava sentindo.

Não consegui retornar as ligações naquele dia e também não consegui atender as novas tentativas que ele fez no dia seguinte.

Tentei focar nos meus ensaios sozinho, sabendo que ele não apareceria na JYPE durante as tardes daquela semana, pois não havia mais tempo nenhum sobrando entre as gravações do Kingdom.

Eu não tinha como prever isso, mas o terceiro dia havia sido a minha última oportunidade de atender uma ligação de Lee Know e eu desperdicei a chance.

Sentia muita falta da companhia dele e uma profunda saudade de poder abraçá-lo, mas ao mesmo tempo, eu estava quebrado por dentro e com medo de piorar esse sentimento se desse abertura para o retorno do nosso caso.

No quarto dia, Minho não tentou mais entrar em contato e aquilo me machucou bastante, mas certamente eu também o havia afetado por não dar atenção para o que ele queria me dizer.

No sábado, os garotos passaram o dia inteiro fora para a filmagem da última performance do Kingdom, que já implicaria no resultado final do programa. Como eles haviam ido muito bem nas últimas apresentações, eu tinha certeza de que tinham muita possibilidade de ganhar dos outros grupos.

Até aquilo me dava um aperto no coração, pois eu desejava muito poder fazer parte disso e o meu direito havia sido roubado por pessoas que queriam me prejudicar por motivos invejosos. O Stray Kids ia vencer o programa sem a minha ajuda, o que fazia com que eu me sentisse, no mínimo, dispensável.

Obviamente eu estava certo no palpite e eles se saíram extremamente bem sucedidos. Quando já era cerca de dez horas da noite, Bang Chan me ligou para avisar sobre o troféu de primeiro lugar e me chamou para me juntar ao grupo na comemoração que fariam em um pub fechado, comentou também sobre terem convidado os outros grupos para participar - provavelmente alguns membros iriam e outros não, mas era seguro dizer que a festa teria bastante gente.

Eu não queria ir, não estava no clima para isso, porém, esse era o tipo de convenção social em que eu deveria me fazer presente, fosse para demonstrar o meu apoio ou para defender minha posição no grupo e mostrar que não seriam boatos que me derrubariam.

Aquela seria a primeira vez que eu veria Minho novamente em quase uma semana nos evitando.