Fanfics Brasil - Capítulo 24 - Limbo (Epílogo) Outono em Abril

Fanfic: Outono em Abril | Tema: Stray Kids


Capítulo: Capítulo 24 - Limbo (Epílogo)

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Lee Know


Acordamos no dia seguinte sem juízo nenhum, pois eu não havia colocado o despertador para tocar, então não sabíamos que horas eram exatamente e tudo que podíamos fazer era descobrir essa informação de forma aleatória, e então compreender se nos encrencaríamos ou não por termos passado a noite juntos no quarto de Hyunjin.


Mesmo que tivéssemos despertado, continuamos deitados de conchinha debaixo das cobertas, e eu passei a minha coxa por cima das pernas de Hwang para não dar a ele nenhuma escapatória, mantendo-o preso ao meu corpo. Beijei o seu pescoço por trás, fazendo com que arrepios percorressem a sua pele, como ele era muito transparente, esse tipo de sensação não me passava despercebida, e aquilo me fez recordar da primeira vez em que eu o havia beijado a pele, quando estávamos deitados na barraca, montada no meio da sala de minha casa.


Estava muito confortável abraçar ao seu corpo quente e sentir que ele ainda pertencia a mim, eu não queria deixar aquele momento acabar.


- Temos que levantar - disse Hyunjin, com a sua voz matinal meio enrouquecida.


- Fique de olhos fechados, ainda é noite - menti. - Você disse que seria meu durante toda a noite.


- Você está me enrolando...


- E está dando certo?


- Está... - admitiu ele, com o tom de voz mais doce, soando quase tímido.


Hwang tentou se mover na cama, mas eu o mantive detido no mesmo lugar.


- Você não vai levantar - avisei.


- Eu não ia levantar, eu só ia me virar para te beijar.


Relaxei a minha perna, tirando de cima dele, e deixei que mudasse de posição. Hyunjin se virou de frente para mim e selou a minha bochecha com os seus lábios macios, eu não resisti e virei o meu rosto para tocá-los com os meus.


Engatamos em um beijo suave e eu puxei o seu lábio inferior, mordendo de leve para gravar a sensação na minha cabeça. O beijo de Hyunjin era tão prazeroso quanto sexo, porque a sua boca despertava uma atração quase surreal. Mas, além disso, era maravilhoso poder beijá-lo apenas pelo fato de que estávamos apaixonados e cada ato se tornava um reforço dessa reciprocidade.


- Vamos tomar café da manhã? - perguntou ele após o beijo, ainda sem abrir os olhos e com o rosto muito próximo ao meu.


Fiquei encarando a sua beleza etérea enquanto ele seguia descansando as pálpebras e não podia notar que eu o admirava. Eu sabia que não tinha mais como fugir da contagem regressiva para o final do nosso relacionamento a partir dali.


- Não! Eu não quero! - exclamei de forma dramática, apertando ele em meus braços novamente. - Hyunjinnie, não me obrigue!


Hwang riu alto e me contagiou com seu bom humor. Querendo ou não, essa era a melhor forma de fecharmos o nosso caso.


- Eu amo você - disse ele, ainda com um tom de riso na voz.


- Seria mais fácil se você não me dissesse isso...


- Então essa foi a última vez.


- Não foi, não - falei, com uma leve expressão de desdém, mas com certeza de que estava certo.


- Veremos... - desafiou-me, erguendo as sobrancelhas em uma cópia perfeita do jeito que eu mesmo costumava fazer. - Agora vem tomar café da manhã comigo - disse e me deu um selinho rapidamente.


Por incrível que parecesse, não estávamos temendo sermos pegos no pulo ao sairmos juntos do quarto dele, talvez um pouco dessa tranquilidade fosse proporcionada pelo sentimento de conformismo com relação ao nosso término, pois, pela primeira vez em muito tempo, sairíamos daquela porta apenas como amigos.


Se alguém perguntasse por que motivo eu estava no quarto de Hyunjin, poderíamos facilmente falar que tive insônia e que fui conversar com ele por ser a única pessoa acordada de madrugada. Então nos vestimos e nos locomovemos calmamente para o interior da casa.


***


Hyunjin


Abril terminou sem grandes novidades, eu não tinha nem como ter ideia, mas ainda viriam quase dois meses pela frente, prolongando o meu hiato do Stray Kids. Descobri isso na marra, enquanto seguia vivendo na base de incertezas e inseguranças a respeito da minha carreira profissional.


Querendo me afastar um pouco, para poder readaptar os meus sentimentos e não ter isso interferindo também nesse tempo de luto indefinido, tirei duas semanas sabáticas na casa de meus pais, para mudar de ares e fugir um pouco de tudo.


No entanto, era meio óbvio que eu não conseguiria ficar longe dos garotos por muito tempo, então retornei ao apartamento depois desses catorze dias e tentei recuperar o período perdido, voltando a frequentar a JYPE e praticando os solos que eu andava preparando desde o mês anterior.


Lee Know e eu mantivemos nosso contato como costumava ser antes do meu recesso, deixando em off o romance que vivemos. Ainda assim, nós não escondíamos um do outro a saudade que batia daqueles dias, deixávamos isso implícito em meio a todas as brincadeiras e provocações que fazíamos como antigamente, a diferença é que agora elas tinham realmente um fundo de verdade e nostalgia.


Às vezes era mais difícil segurar a vontade de simplesmente puxá-lo para longe das câmeras quando ele insistia em dizer que eu era apenas dele e tocava as minhas mãos ou as minhas coxas na frente dos outros membros ou em meio a performances musicais. Minho sabia o poder que tinha sobre mim e aquilo também me fazia pensar que talvez ele mantivesse o mesmo sentimento vivo dentro dele.


No entanto, eu precisava distrair a minha cabeça disso ou facilmente cairia em tentação, e logo estaríamos nos questionando novamente sobre prejudicar Jisung e o grupo com nossas ações impulsivas. Para que eu pudesse tirar a minha mente de Lee Know, aceitei retomar a relação com Felix de onde havíamos parado, seguindo com o romance sem compromisso e sem exigências. Era mais fácil agora que eu não nutria os mesmos tipos de sentimentos que já tivera anteriormente por ele, mas parecia que aos poucos a sua casca grossa para relacionamentos estava se tornando mais maleável, pois Yongbok passou a ter mais cuidado comigo. Então fomos estreitando os laços e isso me ajudou a não ter que depender apenas de uma pessoa emocionalmente, nos momentos em que eu precisasse de apoio. Eu estava feliz em poder contar com a companhia e com o afeto dele com mais frequência.


No final de junho, o meu afastamento do grupo finalmente chegou ao fim, não foi anunciado bem como eu gostaria que fosse, pois a empresa teve que retratar uma imagem de arrependimento para mim. Eu já fazia doações e trabalhos voluntários de tempos em tempos, independentemente das denúncias que haviam saído em fevereiro, porém, essas atividades foram utilizadas como uma fachada para demonstrar que eu estava trabalhando para me tornar uma pessoa melhor após ser acusado de bullying. Mas, por mais que eu ficasse um pouco incomodado com essa representação midiática artificial, era melhor passar por isso do que perder a oportunidade de fazer parte do Stray Kids.


Em dezembro de 2022, fizemos o nosso comeback com um álbum especial, pois era a primeira vez que incluíamos várias músicas solos no repertório e eu tive a sorte de conseguir emplacar três canções entre as faixas do SKZ-Replay. A vida já tinha melhorado muito e agora era até estranho relembrar daquele passado em que a infelicidade batia sem parar no meu peito e eu só tinha um único motivo para me fazer sorrir.


Mais de um ano havia se passado e muita coisa tinha mudado, principalmente na relação do Stray Kids como grupo. Por passar por todas as adversidades de 2021, acabamos nos unindo bastante, pois, após o período das gravações do Kingdom, os garotos puderam se ver livres de tantas responsabilidades e, com isso, voltaram a abraçar a minha presença em suas vidas cotidianas enquanto eu ainda estava perdido. E, no decorrer do tempo, fomos apenas firmando ainda mais nossas amizades.


O ano de 2023 chegou com o anúncio da sequência da nossa turnê Maniac e agora teríamos que embarcar em uma bateria de shows ao redor do mundo, porém, dessa vez tínhamos introduzido algumas das canções novas no setlist e isso era bastante empolgante.


Em uma das noites de apresentação, Felix, Han, Changbin e eu descemos do palco após a performance especial da rap line, dando lugar para os outros quatro membros subirem e cantarem as faixas específicas da vocal line.


Sentei no sofá do camarim do backstage e ergui as minhas pernas sobre a mesinha de centro em frente ao móvel, enquanto assistia na tela presa à parede, a exibição do que estava se passando no palco durante o nosso pequeno intervalo.


- O que você está achando? - perguntou Han, parado de pé próximo a mim, sem tirar os olhos da tela.


- Lee Know manda bem - comentei, uma vez que era ele que estava cantando naquele momento.


- Não, eu estou perguntando o que você está achando da música.


- A música é boa - falei e franzi um pouco a testa, sem entender onde ele estava querendo chegar com aquela pergunta.


- É a primeira vez que ele performa ao vivo a música que escreveu para você.


- O que você quer dizer com isso?


- Literalmente o que eu acabei de falar - respondeu ele, com a voz séria. - Limbo é sobre você, ou melhor, é sobre vocês.


Levei meu punho fechado em frente à boca, numa expressão pensativa, tentando ocultar a minha surpresa em Han ter me abordado tal assunto de forma tão direta. Por dentro, eu tinha me sentido gelar completamente.


- Não, ele não me contou - disse Han, poupando que eu mesmo tivesse que questionar aquilo. - Ele escreveu essa letra durante o tempo em que você estava em hiato, a palavra "limbo" é uma ótima forma de descrever o que você estava passando e ao mesmo tempo foi o que ele próprio teve que viver depois que vocês romperam.


- Han, do que você está falando? - perguntei, querendo ver se conseguia me fazer de louco e desviar das suas suposições.


- Eu meio que já sabia, mas quando Lee Know me mostrou a composição, foi que eu finalmente tive certeza do motivo pelo qual ele geralmente voltava ao meu quarto com cheiro de ninfa.


Eu não sabia onde me esconder e não adiantava tentar disfarçar mais nada para dispersar do assunto, porque Jisung tinha plena certeza do que relatava. Então apenas cobri minha boca inteiramente com a mão, tentando raciocinar como pediria desculpas por aquilo.


- Por que você não disse nada? - perguntei, tentando camuflar o meu nervosismo.


- Não é óbvio? Olha pra ele - Han apontou para a televisão, na qual Minho ainda aparecia cantando e dava para identificar um pequeno sorriso em seus lábios, denotando a sua satisfação a cada estrofe. - A música é melancólica, mas ele claramente estava feliz com você.


- Eu sinto muito - falei, sem saber mais o que articular além daquela frase.


- Aparentemente, você era o que ele precisava na época. Como que eu iria me opor à felicidade de quem eu mais amo?


- Han...


- Está tudo bem, Hyunjin, já faz tanto tempo também...


- Você vai me desculpar, mas você é muito estranho. Como que você não está com raiva de mim agora?


Jisung riu alto.


- Você tem sorte de eu ser seu amigo, viu - disse ele, com um sorriso sincero no rosto.


- De fato.


- Aproveite o show - falou, tocando com a mão no meu ombro e saindo em total plenitude para trocar de roupa perto das araras, onde Felix e Changbin também se encontravam.


Desci os meus pés da mesinha e apoiei os meus cotovelos sobre as minhas pernas, fechando as mãos em frente ao meu rosto, com os dedos entrelaçados, e prestando atenção nas lines sensíveis que Lee Know cantava, enquanto tentava recordar em minha mente o restante da letra que já havia se passado.


 


Andar lado a lado,


Eu não sabia que seria o último


Nas pegadas deixadas para trás


Olho para trás para ver se o seu cheiro permanece


 


Nossa história foi linda


As memórias deixadas por você em mim


Significando mais do que isso


Por favor, não se esqueça disso


Vagando por um longo dia


A noite que recomeça


Ainda há muitas coisas que não pude dizer


 


Para que eu não me machuque em meus sonhos


Quero te chamar baixinho


Eu não consigo me esquecer de tudo, o momento que eu desejo


Será que tudo voltará a ser como antes?


Eu sei que mudará com apenas uma palavra


As palavras não ditas


Tranque-me em um sonho profundo, não me deixe ir


 


Não me lembro, um pedaço da sua memória que pensei ter esquecido


Quando eu sentir sua falta, eu vou revisitar de vez em quando


A sua imagem especial que só eu posso ver


Você também vai pensar em mim pelo menos uma vez?


 


Por fim, Minho estava certo, a declaração de amor da última manhã que passamos juntos não poderia ser a última que eu diria a ele, porque nada tinha mudado para mim. Nós não podíamos ficar juntos agora, mas eu precisava que ele tivesse certeza que, mesmo nesses anos todos, eu jamais deixara de pensar nele, nem ao menos uma vez.


O agora não era permanente, então, após expor os meus sentimentos, eu deixaria o meu coração em modo de espera, no aguardo das suas palavras não ditas.


 


Fim (ou em breve um recomeço).


 


 


***


N/A: Eu vou deixar vocês imaginarem como querem que a fanfic se encerre, se após isso, Lee Know assumiria Hyunjin em algum momento ou seguiria com Jisung. Porque eu não consigo escolher entre os dois, pois o Han foi bastante injustiçado esse tempo todo. Mas acho que foi um meio poético de fechar essa história. Eu realmente espero que vocês tenham gostado, desde o princípio sempre foi um drama, mas tentei terminar com sensibilidade e com uma pitada de romantismo. 


PS: A referência ao cheiro do Hyunjin vem do perfume A Chant for The Nymph da GUCCI, que ele mostrou ter adquirido em uma live, e cuja tradução do nome é "Um Cântico para uma Ninfa". É um perfume para todos os gêneros, não é focado apenas em um público-alvo.


 



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Autor(a): leeluna

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