Fanfics Brasil - Capítulo 4 - Abalos sísmicos Outono em Abril

Fanfic: Outono em Abril | Tema: Stray Kids


Capítulo: Capítulo 4 - Abalos sísmicos

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Hyunjin


Sem muito o que pensar, pois a decisão estava tomada desde o momento em que li o nome do mensageiro, vesti um casaco, coloquei o celular e a carteira no bolso, e saí rumo a encontrar Felix.


A noite estava fresca, mas não parecia fria. Passei em uma loja de conveniência perto da esquina de casa e comprei uma bandeja de guiozas para não chegar de mãos abanando, apesar de saber que ele já havia jantado.


Nossas casas não ficavam tão afastadas, estavam praticamente em uma linha reta de cerca de dez minutos de caminhada, mas como parte da rua era íngrime, a ida costumava ser mais cansativa que a volta, pois o solo deles tinha uma elevação maior que o nosso. Em compensação, o retorno era bem tranquilo e até mais rápido.


Sem fôlego por causa do trajeto, apertei a campainha e fiquei esperando do lado de fora até que alguém me recebesse. Seungmin foi quem abriu a porta e, antes de dar passagem, ficou me encarando por um instante.


- Parece que você acabou de fazer um show - disse ele.


Vindo de Kim Seungmin, nem de longe isso devia insinuar que eu estava bonito.


- Obrigado? - respondi incerto, sem esconder minha cara de aversão.


- Não era um elogio.


- Eu imaginei...


- Seu cabelo está molhado - informou, enquanto abria espaço para que eu finalmente passasse pela porta.


Esforços físicos me faziam suar mais do que qualquer outro membro do grupo, por isso que dez minutos subindo ladeira foram suficientes para colar partes da minha franja nas laterais da minha testa. Pensei se deveria levar o comentário de Seungmin a sério e me preocupar com o desleixo da minha aparência naquele momento, mas o máximo que eu poderia fazer para melhorar isso seria pedir um secador de cabelos emprestado e usá-lo antes de encontrar com Felix - opção que acabou se tornando inviável, pois dois minutos depois que adentrei o apartamento, ele já surgiu no final do corredor dos quartos, vindo a meu encontro.


- O que tem na sacola? - perguntou Seungmin, distraindo minha atenção do caminhar de Yongbok.


- Nada para você.


Seungmin estreitou os olhos em censura à minha resposta torta e deu as costas logo em seguida para voltar ao próprio quarto.


Felix passou por ele no corredor, vindo na minha direção quase aos pulos e questionando exatamente a mesma coisa.


- E aí, o que tem na sacola? O que é?


- Guiozas.


- Delícia - disse ele com um largo sorriso no rosto.


Não pude me conter de sorrir também, sua animação era tão contagiante! Por mais que eu soubesse que a euforia dele não era por me ver e sim pelo que estava vivendo atualmente na competição entre os grupos, não tinha como não me sentir empolgado naquela presença tão irradiante.


Deixamos a bandeja na geladeira para comermos mais tarde e partimos direto para o quarto dele para relaxarmos.


Felix se sentou na cadeira da escrivaninha para minimizar as abas do navegador e colocar o computador em repouso, observei ele em sua aparência plena e lembrei que meu cabelo estava uma zona total. Passei os dedos pela frente, puxando a franja para trás numa tentativa tosca de ajeitar as madeixas, mas não havia muito o que fazer.


- Você fica sexy fazendo isso - disse Yongbok, observando-me.


- Eu estou um caos.


- Você quer tomar um banho?


Estreitei os olhos para ele, tentando decifrar qual era a intenção por trás daquela pergunta.


- Isso é um convite? - questionei, querendo soar a minha malícia como uma brincadeira, caso estivesse errado nessa suposição.


Felix riu de forma bastante audível.


- Não exatamente - falou ele.


- Pareceria coisa do Lee Know se fosse de fato um convite.


- Talvez eu esteja convivendo demais com ele.


- Então foi mesmo um convite...


Yongbok umedeceu os lábios sorridentes antes de responder.


- Você quer que eu lave o seu cabelo?


- Está tão ruim assim?


- Não está, mas você parece incomodado com ele.


- Seungmin entrou na minha cabeça.


- Vamos lá, eu te ajudo com isso.


- Está bem.


Essa não era a ideia de encontro que eu tinha em mente, mas topei porque estava me sentindo meio desconcertado com o que devíamos ou não fazer. Não sabia se o pingue-pongue que tinha rolado no quarto poderia ser traduzido como uma paquera ou se eu só estava fantasiando em cima da gentileza dele.


Entramos no banheiro, fechamos a porta e Felix já foi em direção ao armarinho que ficava embaixo da pia, pegando duas toalhas de banho e me entregando uma delas.


- Sente aqui - disse ele, indicando o piso ao lado da banheira.


Tirei meu casaco, ficando apenas com a camiseta branca que estava por baixo e fiz o ordenado. Assisti Yongbok criar um rolinho com a toalha que tinha ficado em suas mãos, para depois posicionar o mesmo sobre a borda da banheira.


- Desça sua cabeça - pediu.


Afastei as costas do acrílico e deitei o pescoço sobre a toalha, com o auxílio das mãos dele me guiando ao lugar certo.


Felix se levantou mais uma vez para afastar a cortina do box e ligou o chuveiro de súbito, esquecendo-se de puxar o pino da mangueira da ducha antes para que ela funcionasse sem a interferência do restante da água jorrando dentro da banheira.


- Argh! - arfou ele em descontentamento. - Molhei meu cabelo sem nem ao menos molhar o seu ainda.


Dei risada da situação.


- Pronto, agora a água está saindo do jeito certo - informou, trazendo a mangueira para molhar o cabelo que realmente estava destinado a ela.


- Credo! - reclamei - Que gelada!


Felix riu.


- Calma aí - disse, levantando mais uma vez para ajeitar o controle de temperatura e então voltando a tocar em meus cabelos com a água em uma condição mais agradável.


- Agora sim - suspirei aliviado.


- Seu cabelo está enorme - comentou, passando os dedos pelos fios, como se os medisse do início ao fim.


- Molhado ele parece ainda maior.


- Vou passar o shampoo, ok?


Balancei a cabeça concordando.


Eu o assistia de baixo, mas quando senti seus dedos se estenderem pela raiz dos meus cabelos, apenas fechei os olhos e aproveitei o momento.


Eu nunca havia sido uma pessoa que gostava de toques tão íntimos, muito menos nos meus cabelos, mas isso era diferente na minha relação com Felix porque a gente já havia criado um vínculo de proximidade e ele sabia até onde ir - costumava pedir permissão ao invés de impor um toque.


- Está bom? - perguntou.


- Corro o risco de dormir aqui mesmo inclusive - respondi sem abrir os olhos.


Ouvi a risada quase silenciosa dele e imaginei a expressão em seu rosto exatamente como deveria estar naquele momento.


- Vou enxaguar - avisou.


Ao puxar a mangueira de ducha novamente, que ele havia largado ligada dentro da banheira enquanto massageava a minha cabeça, Felix deixou ela escapar das mãos por um instante e a água jorrou, molhando parte do meu rosto e dos meus ombros.


Surpreso com aquela chuva aleatória, mas ainda sem abrir os olhos para não deixar a água entrar neles, levei a toalha que estava em minhas mãos até meu rosto e sequei ele rapidamente.


- Descul... - começou Yongbok, mas eu o interrompi.


- Relaxa - falei, finalmente voltando a encarar seus olhos.


Felix terminou de enxaguar meu cabelo e eu pude levantar dali outra vez, o que era um alívio, porque meu pescoço já estava começando a ficar desconfortável.


Esfreguei a toalha em meus cabelos para tirar o grosso da umidade e depois disso voltei minha atenção mais uma vez para o meu cabeleireiro improvisado.


- Você se molhou mais do que eu tinha percebido - comentei, envolvendo a cabeça de Felix com a toalha que eu acabara de utilizar, como se fosse um tipo de véu.


- Levando em consideração o nosso resultado, não sei se foi a melhor das ideias.


Retornamos ao seu quarto e o garoto andou em linha reta até o armário, largando a toalha sobre uma das maçanetas dele e selecionando roupas secas para nós dois de dentro de uma gaveta.


- Para você - disse e me entregou uma camiseta preta.


Eu agradeci e segurei a mesma, mas fiquei rapidamente petrificado no mesmo lugar e posição, pois, logo em seguida, Yongbok simplesmente removeu a camisa que estava vestindo para trocar por outra também e já fazia um tempo que eu não tinha mais aquela visão.


Não havia nada de sútil na forma em que eu estava encarando o seu corpo, como se estivesse me faltando ar, então obviamente ele percebeu meu estado de espírito.


Com um sorriso que parecia lisonjeado e ao mesmo tempo encabulado, Felix se aproximou e tocou uma das mãos com que eu segurava a camiseta em frete ao meu corpo.


- Você precisa se vestir ou vai pegar um resfriado com esse tecido molhado - disse.


Seu corpo estava mais próximo agora e eu sentia meu sangue esquentando.


- Você não se vestiu - comentei, enquanto fitávamos um os olhos do outro.


Eu tentava controlar minha respiração em vão, porque ela já estava pesada. Felix apertou a minha mão e eu soube na mesma hora que aquele era o consentimento para que eu agisse.


Deixei cair a camiseta e puxei sua mão com a minha, trazendo de vez seu corpo de encontro ao meu e já encaixando meus lábios aos seus.


A loucura tomou posse e nos beijamos como se dependêssemos daquilo para sobreviver. Tudo que eu conseguia pensar era como eu sentia falta do toque dele... da pele dele... e de podermos nos permitir todas as liberdades de curtir um ao outro.


Durante o beijo, Felix tateou pela minha cintura e puxou a barra da minha camiseta molhada para cima, rompendo nosso contato apenas por um minuto enquanto me despia dela, e retomando meus lábios fervorosamente na sequência.


Bati com a panturrilha na beirada da cama, ainda sem dar fim no que estávamos fazendo, mas senti os joelhos de Yongbok cutucando os meus como um sinal de que eu me curvasse para trás e finalmente me deitasse.


Assim o fiz, estirando-me sobre o colchão e me arrastando mais para cima, até que minha cabeça alcançasse o travesseiro. Felix subiu na cama e foi escalando sobre o meu corpo, parando perto do meu quadril.


- Posso? - questionou, com as duas mãos agarradas no cós da minha calça.


- Não precisava nem perguntar - respondi com a voz já ofegante.


- Só preciso fazer uma coisa antes - informou.


Devo ter feito cara de confusão, pois ele riu enquanto se levantava do meu corpo, saindo da cama e se aproximando da porta. Só assimilei de fato que ele tinha ido apagar a luz quando seu dedo pousou sobre o interruptor.


Felix voltou para mim exatamente de onde tinha parado e demos continuidade no nosso ímpeto por uma boa hora, até que nossos fôlegos se esgotaram e clamaram por uma pausa.


Durante esse recesso embaixo das cobertas, envolvi Yongbok em uma conchinha, sabendo que poderia falar qualquer coisa ao seu ouvido sem ter que encarar de frente as suas expressões.


- Eu senti saudades disso - sussurrei, acariciando seu abdômen como se desenhasse nele.


- Você faz muita falta no Kingdom - disse Felix.


Suspirei, ligeiramente decepcionado com a resposta pouco pessoal dele, mas Felix não percebeu isso porque ainda estávamos com a respiração muito falhada pelo ato.


- Eu só vi hoje o comunicado da JYPE com o seu pedido de desculpas oficial pelo bullying - continuou comentando.


Percebi que a conversa estava sendo conduzida para tópicos casuais, talvez fosse por curiosidade dele, mas mais me parecia que a real intenção de Yongbok era dispersar de um papo sentimental ou romântico.


- Não foi exatamente isso que eu fiz, mas eu compreendo que esteja sendo visto dessa forma - tentei esclarecer. - Como eu já tinha te dito, nunca pratiquei nenhum ato violento na escola, jamais toquei em alguém ou machuquei um colega. O que houve foram desentendimentos verbais e foi por isso que me desculpei. Mas discussões de insultos assim ocorrem o tempo todo, foram desavenças isoladas e não casos de bullying.


Eu não queria ter entrado naquele assunto e muito menos me sentia confortável me defendendo, sempre soava que quem se defendia demais acabava parecendo culpado.


Esperei pelo parecer de Felix sobre o que eu havia dito, mas ele continuava em silêncio.


- Yongbokie? - chamei.


Porém, não obtive resposta, Felix caíra no sono e provavelmente não havia nem ao menos escutado metade do que eu havia dito em proteção da minha reputação.


Inspirei o ar pesadamente, frustrado com aquilo. O que era para ter sido uma noite incrível... com poucas palavras destruiu meu ânimo e ainda me colocou a relembrar os motivos pelos quais eu seguia sofrendo.


Tirei meu braço de cima do seu corpo com cuidado para não acordá-lo e levantei da cama. Procurei no chão do quarto minha calça e a camiseta que Felix tinha me emprestado. Vesti tudo em silêncio e saí dali para esfriar a cabeça.


Era cerca de uma e meia da manhã, a casa toda estava escura e eu resolvi não acender nenhuma das luzes, então apenas rumei até a sala e sentei no sofá, com os pés sobre ele e meus braços cruzados sobre os joelhos.


Eu não sabia se o que Yongbok dissera estava sugerindo que ele acreditava que eu poderia ter realmente cometido alguma atrocidade e pedido perdão por tal ato. Aquela suposição começou a me arranhar por dentro.


Sentia vontade chorar, mas já estava tão exausto por ter feito isso tantas vezes durante esse período de afastamento, que o meu estoque de lágrimas parecia seco.


O vidro da janela da sala deixava entrar um pouco da luz da rua, então eu conseguia ter vislumbres dos móveis da casa na penumbra e isso não me incomodava, o sufoco surgiu quando uma figura estranha apareceu perto da televisão e eu instantaneamente berrei, sem nem ao menos pensar que poderia acordar a casa inteira fazendo isso.


O vulto voou para a minha frente e tapou a minha boca com a mão.


- Psiiit - escutei a voz de Lee Know sussurrando por silêncio. - Se você acordar o Kim Seungmin, teremos um problema sério.


Estiquei as pernas pra baixo e levei a minha mão ao coração.


- Misericórdia, você quase me matou de susto.


Lee Know se agachou em frente às minhas pernas para falar comigo.


- O que diabos você está fazendo aqui sozinho? - indagou.


- Só estou tirando um tempo para pensar.


Ele ficou me encarando em silêncio, como se esperasse que eu continuasse a falar.


- Você não vai me perguntar se eu estou bem, né? - questionei.


O garoto fez que não com a cabeça.


- Eu já sei as duas respostas para essa pergunta.


- Como assim "duas respostas"?


- A que você repete para todo mundo e a verdadeira, que você oculta.


Não encontrei palavras para me justificar, se é que eu deveria fazer isso. Ele tinha razão, eu não estava bem, mas não queria contagiar ninguém com o meu constante desânimo.


Minho levantou e resolveu se sentar ao meu lado no sofá, ele encurvou seu corpo para a frente, apoiando os cotovelos sobre as pernas e fechando as mãos com os dedos entrelaçados.


- O que rolou com o Yongbok? - perguntou, com o olhar focado à frente, sem encarar o meu rosto.


Apertei os lábios, pensando no que responder.


- Nada - falei por fim.


Lee Know soltou o ar como se fosse uma risada conformada.


- Ultimamente você tem conseguido ser mais low profile que o Bang Chan no Instagram - brincou, olhando para mim outra vez. - Se precisar desabafar, eu não vou falar para ninguém. Yongbok te magoou de alguma forma?


Não respondi, não tinha forças para isso e ele entendeu que não conseguiria ir longe com aquele questionário.


- Você está com fome? - mudou de assunto.


Acenei positivamente com a cabeça.


Minho se levantou do sofá, parando de pé em frente a mim.


- Vem - estendeu a mão.


- Da última vez que aceitei a sua mão, quase sofremos um acidente.


- É o perigo que eu ofereço - disse ele com um sorriso pretensioso -, você vem ou não?


Decidi correr o risco.



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Autor(a): leeluna

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Hyunjin Lee Know me puxou pela mão até a cozinha e mesmo quando chegamos lá, ele não a soltou nem após acender a luz. Olhei das nossas mãos para o seu rosto e ele me cedeu novamente o sorriso de desdém. - São raras as oportunidades em que você me deixaria fazer isso, então estou aproveitando - disse Minho ...


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