Fanfic: Dolls in Pseudo Paradise - A história não contada | Tema: Touhou Project

     Há cerca de 200 anos, na cidade de Kyoto, no interior de uma mansão pertencente a uma família prestigiosa e nobre, nascia uma pequena e delicada garotinha. Todos os habitantes da morada sentiam-se hipnotizados com sua beleza e como resultado desse encanto, respondiam a todos os seus caprichos, tal qual uma fidedigna princesa.

     Conforme os anos se passavam, a menina tornava-se ainda mais esbelta, esbanjando toda a graciosidade de uma dama, porém a hediondez do seu coração se agravava na mesma intensidade. Para si, era inaceitável que outros indivíduos recebessem a mesma atenção que tinha. Dito isso, dia após dia, misteriosamente, as pessoas que costumavam frequentar a mansão, sejam elas conhecidas do casal detentor dos bens ou subordinados, foram gradativamente desvanecendo dali, sem deixar qualquer resquício de rastro de que algum dia chegaram a pisar naquela habitação. Pouco a pouco, os indivíduos iam se amedrontando com a aura obscura que crescia sobre aquela morada, sem saber, no entanto, quem seria o responsável por todos os sumiços que ali estavam acontecendo.

     “A próxima vítima pode ser eu!” – Era o que se passava na mente de todos os frequentadores remanescentes.

    Ao término de um ano, a menina e seus pais eram os únicos humanos a habitarem aquela vivenda. Com isso, ela conseguira novamente o que mais desejava: “o centro das atenções voltado apenas para si mesma”. Contudo, assim como todo governante insensato e cruel é tão logo destronado, o reinado da jovem e perversa princesa não tardou a findar. Quase como um castigo para reprimir sua malícia, a família foi agraciada com a chegada de um novo herdeiro, seu irmão mais novo.

     De repente, assim como em um piscar de olhos, todo o carinho e o zelo que recebia de seus pais havia sido tomado pelo mais novo membro da família. Havia sido jogada para os confins do esquecimento, sentia-se uma alma penada mendigando a atenção há muito renegada pelos seus pais. Era absurda a ideia de que eles não a amavam mais. Tentava desesperadamente clamar pelos seus progenitores, que não lhe davam a menor trela.

     Certo dia, cansada de tanto ser ignorada, tentou descontar sua imensa insatisfação em seu frágil e indefeso irmão. Abriu a janela do segundo andar da mansão, retirara o bebê do seu berço, deixando-o pendurado em seus braços para o lado de fora da janela. Iria jogá-lo para fora não fossem seus pais entrando subitamente no cômodo. Estarrecidos com a cena que estavam presenciando, decretaram um castigo para a garota, mandando-a recolher-se em sue quarto.

~*~

     “Preciso arrancar a erva daninha que se atreveu a brotar no meu jardim de felicidade...” – Refletia calmamente sentada em minha cama no meu quarto.

     Após isso, minha atenção se voltou à tesoura repousando sobre a minha cômoda. Levantei-me e lentamente fui de encontro ao objeto. Um pouco acima do móvel havia um espelho que, neste exato momento refletia o meu sorriso demente se estender de orelha a orelha através do meu rosto enquanto segurava a tesoura com uma das mãos.

     – Hora de começar esse lindo jogo... – Disse enquanto ria em escárnio.

~*~

     E desde então, a mansão havia se tornado um mausoléu abandonado por anos à fio. Quem quer que a visite não acreditará que algum dia já houve alguém residindo ali.

Continua...