Fanfics Brasil - Cap. 11 - Crepúsculo Nárnia - O Rei Feiticeiro [+16]

Fanfic: Nárnia - O Rei Feiticeiro [+16] | Tema: Nárnia


Capítulo: Cap. 11 - Crepúsculo

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O céu estava nublado e começava a nevar novamente. Pedro queria fazer compras no mercado de rua da cidade, afinal ficariam por tempo indeterminado.


— A Lúcia precisa de outra muda de roupas e fitas para o cabelo, não é?


A garota meneou a cabeça e sorriu. Edmundo terminava de abotoar a vestimenta de peles.


— Tudo bem, vou na frente para preparar os quartos de vocês. — E saiu animado. — Ah! Os mapas! E as minhas espadas, Pedro?


— Estão aqui, majestade. — Um pajem veio lhe entregar seus pertences. Também lhe deu um alforge para guardar tudo, incluindo o livro que salvara na biblioteca.


Saiu à galope em direção ao castelo, e assim que chegou, deixou os mapas na Sala de Reuniões e foi para seus aposentos. Não havia visto Jadis na Sala do Trono, o que não era do feitio dela, contudo, estava por demais curioso para se preocupar, por isso sentou-se na sua cama de peles, pousou o pesado volume encadernado de couro sobre o colo, e começou a folhear as páginas.


Sem que percebesse, Jadis já estava de pé ao lado dele, observando a intensa concentração do garoto.


— Livro de feitiços? — falou de súbito, o que fez Edmundo dar um pulo de susto, fechando o livro sonoramente.


— Você não sabe bater antes de entrar? E isso é apenas um livro de fábulas e contos...


— Reconheço o meu antigo grimório quando o vejo. Mas está tudo bem. — Ela sentou-se ao lado dele e deslizou a mão pelas folhas já gastas. Parou no capítulo de materialização de gelo. — Vou lhe mostrar por onde deve começar. Veja, é uma energia guiada pela sua vontade e memória.


— Memória? Quer dizer que só posso criar algo que já tenha visto?


— E tocado, sim. — Ela criou uma adaga de gelo liso em sua mão. Era bem translúcido, ainda que não fosse tão bem-acabado. — Deve se lembrar da sensação de segurar a arma que deseja criar, então libere sua energia com vontade.


Edmundo esticou a mão e se concentrou. Lentamente, fez surgir uma haste fina de gelo sulcado.


— Desse jeito?


Ela segurou o braço dele com força e o esticou mais.


— Com firmeza, com o ímpeto de usar a arma! — Um fluxo de energia passou dela para ele, e a haste se tornou uma bela espada de gelo afiado e cristalino. — Assim!


— Acho que entendi. Nem foi tão difícil! — Ele ficou admirado.


— Ótimo. Com esse feitiço nunca estará desarmado. — Ela se levantou e o puxou. Ficaram de frente à parede. — Toque nela. A energia se manifesta primeiro nas mãos e pés. Sinta a extensão do gelo à sua volta e guie sua vontade mágica através da parede, e então dê-lhe alguma forma.


Edmundo focou sua atenção e lentamente, saindo da própria parede e do chão, moldou um pequeno cavalete de armas.


— Então foi assim que construiu esse castelo! Incrível! Mas é meio desgastante.


— Só porque ainda não usou o poder o suficiente. Quanto mais o usar, mais forte se tornará, tanto você quanto a magia. — Ela pegou a espada que o rapaz havia formado e simplesmente a deixou cair. Estilhaçou-se em pequenos cacos de gelo ao atingir o chão. — Interessante.


— O que é interessante?


— Criou cristal de gelo ao invés de gelo denso.


— E isso é ruim? Pra ser inquebrável basta eu canalizar mais energia e vontade, certo?


— Não é o que quis dizer. A magia vem da alma. A sua se manifestou tão frágil e cristalina — e o encarou — como o seu próprio coração. Minha magia é dura e grosseira. Nunca consegui criar algo tão bonito.


— Você poderia aprender.


— Não diga coisas sem sentido. Nós dois sabemos que é impossível.


— É tão impensável assim você poder ter um pouco de consciência?


— Não é só impensável, é ridículo.


— Então me diga por que quer essa criança?


— Isso já não é da sua conta.


— É claro que é! É minha criança também! E não vou permitir que faça o que quiser com ela.


Ela lhe deu um sorriso esmaecido e se aproximou, encurralando Edmundo contra a parede.


— Meu querido, ainda não entendeu a grandiosidade do meu plano nefasto? — Ele engoliu em seco, sentindo suas pernas tremerem involuntariamente.


— Que plano é esse?


— É você! — sussurrou ela. Jadis se afastou bruscamente, satisfeita por deixá-lo perplexo e assustado.


— Como assim? Espera! Você não explicou coisa alguma! — Ele segurou o braço dela, mas o olhar da Feiticeira fez gelar seu coração; sua respiração cessou por um momento e ele a largou, pálido.


— Se não consegue pensar por si mesmo, não é problema meu. — Ela se retirou do quarto deixando Edmundo para trás, paralisado de medo.


Ele se sentou em sua cama e recuperou a calma. Teve vontade de chorar. Como poderia continuar se gabando de ser um rei e guerreiro, se quase desfalecia de terror diante dela? Foi tomado por uma grande ansiedade e não teve ânimo de se levantar.


Quando Ariel entrou, pediu que ele preparasse quartos para seus irmãos e amigos. Escolheu os aposentos no mesmo andar que o seu, e pediu que um grande banquete fosse servido ao cair da noite.


E no final da tarde, Lúcia, Pedro e Cáspian chegaram ao castelo. No Salão de Jantar, conversaram descontraídos enquanto saboreavam a farta refeição. Havia saladas, frutas, pães e carne assada, além de sucos e hidromel.


— Ed! — chamou Lúcia. — Ainda está cansado?


— Não, por quê? Pareço cansado?


Pedro foi quem respondeu.


— Cansado não, só emburrado.


— Mas o Edmundo é sempre desse jeito. — Brincou Cáspian, e todos concordaram com risadas.


— Engraçadinhos... — respondeu tentando rir com eles. — Não sou tão emburrado assim. É que essa é a minha expressão habitual.


— Por isso — argumentou Lúcia — que quando sorri, o que é raro, parece o fim de uma tempestade iluminada pelos raios do sol.


— Que profundo, Lú! — exclamou Pedro; Cáspian completou:


— É exatamente essa a sensação! Edmundo, você parece estar sempre bravo ou muito sério. Devia relaxar de vez em quando.


— Eles têm razão — completou Pedro.


Para sair daquele assunto incômodo, Edmundo se levantou e foi até o outro lado da comprida mesa. Ali havia embrulhos com fitas enlaçadas.


— Já ia me esquecendo, tenho presentes. Isso é pra vocês. — E distribuiu os pacotes.


— Presentes? — Lúcia sorriu. — Mas por quê? Nem é nosso aniversário.


— É que... — hesitou um pouco tímido — Eu não tenho dinheiro na Inglaterra, por isso queria dar algo a vocês de mais valor, pelo menos aqui. Pensem nisso como uma compensação por terem que aturar o meu eterno mau-humor.


Pedro riu e não pôde deixar de gozar o irmão.


— Olha, Ed, se é por esse o motivo, acho que os embrulhos deveriam ser bem maiores!


— Beeeem maiores! — falou Lúcia em tom de brincadeira.


— Se continuarem reclamando — alertou Edmundo — vou pegar tudo de volta!


— Eu não disse nada! — justificou-se Cáspian.


— E por que não convidaram o Trumpkin?


— Convidamos, mas ele tem medo da Feiticeira.


— Ou — falou Pedro — nas palavras dele, prefere se manter neutro.


— Que belo, Edmundo! — Lúcia ergueu uma tiara feita de filigranas para prender tranças; era toda de prata com pequenos diamantes entrelaçados entre os fios. — Parece com a minha coroa!


— Um presente digno de uma rainha — gracejou o irmão mais jovem, que recebeu um carinhoso abraço como agradecimento.


Já Cáspian ergueu um punhal de marfim entalhado com a cabeça de um falcão. A lâmina era tão reluzente quanto o brilho de uma estrela.


— Minha nossa, Edmundo! É uma peça sem igual!


— É mágica, sabia?


— E o que ela faz?


— Nunca erra o alvo.


— E como sabe?


— Eu arremessei até de olhos fechados! E mesmo com obstáculos, ela ricocheteia e acerta, só precisa mirar antes de atirar.


— Impressionante! Obrigado, Rei Edmundo, irei levá-la sempre comigo.


— Agora é a minha vez — disse Pedro abrindo seu embrulho. Havia um pequeno baú preto com bordas douradas, e dentro, um espelho de mão. Todos caíram na gargalhada vendo a expressão confusa de Pedro. — Muito engraçado. Por acaso isso é mágico também?


— Olhe para ele — ordenou Edmundo com a expressão peralta.


Pedro olhou e viu seu rosto.


— Só vejo o meu reflexo.


— Viu só? Ele mostra a criatura mais magnífica de Nárnia — falou sério, tentando não rir para não estragar a piada. — Não é incrível? Mas só funciona com você; se outra pessoa olhar, será apenas um reflexo normal e sem graça.


Pedro o encarou com os olhos estreitos.


— Só você pra me passar um trote em plena Nárnia. — Pedro guardou o objeto de volta no baú. — Agradeço. Guardarei com muito zelo.


Cáspian quase lacrimejava de tanto rir.


— Ora, Pedro, é a imagem da criatura mais magnífica de Nárnia, é impossível não ficar admirado com tal visão!


Enquanto isso, Edmundo foi até a cristaleira de madeira escura, repleta de porcelanas e cristais finos, e tirou um pano vermelho e dobrado.


— Estou brincando, Pedro. Esse é o presente de verdade. — E lhe entregou a peça com um sorriso de lado.


— Quando faz essa cara é porque está aprontando.


— Não, é sério, pode abrir.


Ao desenrolar o tecido, viu um pendente de prata com uma delicada escultura cristalina: era a cabeça de um leão entalhada em gelo, como uma pequena medalha.



— É o Aslam! — disse Lúcia se aproximando para ver melhor, bem como Cáspian.


— É de cristal? — Admirou-se Pedro. — É um entalhe extraordinário. Achou isso no tesouro da Feiticeira?


— Eu o esculpi. — Todos o miraram espantados.


— Você?


— Aprendi a moldar o gelo. A medalha é de gelo mágico. Significa que nunca irá derreter, nem mesmo no sol do deserto. O único jeito dele se desfazer é ser atingido por uma lâmina mágica. — Deu uma pausa e então falou, displicente. — Ou se eu morrer. Pelo menos era o que estava escrito no Grimório.


Todos se mostraram um pouco tensos.


— Isso não tem graça, Ed — falou Pedro recolocando o pingente no pano bordado em ouro. — Não vou usar isso.


— Não é piada. Se alguma coisa acontecer enquanto estivermos separados, saberá que eu...


— Não! Já disse! Não vai acontecer nada com você; não vou permitir!


— Pedro... — Edmundo suspirou. — Pare de achar que pode me proteger de tudo.


— Posso tentar! E digo com convicção quando falo que todos iremos voltar pra casa.


— Pelo menos guarde com você. — Ele se sentou na cadeira almofadada.


Pedro hesitou em tocar na joia, e foi aí que ele comentou em tom seco.


— Não devia usar os poderes que a Feiticeira deu a você.


— São meus poderes agora. Usando ou não, continuarão comigo, não faz diferença.


— Faz diferença sim! Quanto mais os usa, maior fica o elo entre vocês. Não vê que é o que ela quer? Lembre-se de que ainda está enfeitiçado!


— Como assim? O anel não está mais comigo!


— Não me refiro a esse encantamento. — Pedro olhou para o irmão e meneou a cabeça; não queria lhe contar o que sabia. — Você e ela estão unidos por causa da criança, sabe disso.


As feições de Pedro e os olhares silenciosos de todos deixaram Edmundo com a impressão de que escondiam algo dele. E isso o deixou profundamente irritado.


— Agora me lembro que mais cedo ouvi vocês dizerem que precisavam me contar alguma coisa. O que era? — E quanto mais se demoravam a responder, mas seu nervosismo aumentava. Lúcia pegou uma bandeja tampada e a empurrou para o centro da mesa.


— É um assunto delicado, podemos terminar de comer a sobremesa antes de conversarmos? — Mas ao destampá-la havia cubos e mais cubos açucarados de Manjar Turco. Pedro e a garota notaram como Edmundo ia ficando vermelho de raiva, e antes que ela pudesse tampar o prato novamente, ele estapeou a bandeja, derrubando tudo aquilo no chão. — Ed! Calma! Deixe pra lá! A Jadis só está querendo te provocar.


— O que houve? — Cáspian não havia entendido a explosão do amigo.


— Eu... Eu não estou me sentindo muito bem. Ariel irá levar vocês aos seus aposentos quando terminarem. — Edmundo saiu da sala, apressado. Pedro fez menção de ir atrás dele, mas desistiu. O assunto havia sido adiado por mais aquela noite, o que era uma coisa sensata a se fazer, já que estavam em território inimigo. Cáspian ainda estava confuso com a reação dele.


— Alguém pode me explicar o que aconteceu aqui?


— É uma coisa que evitamos comentar — disse Lúcia. — Aslam pediu que não mais falássemos sobre isso.


— Mas então você ouviu dos anões? — perguntou Pedro.


— Do Sr. Tumnus — respondeu a garota um pouco triste.


— Então é verdade. Ouvi alguns anões conversando, dizendo que a Feiticeira havia oferecido doces ao Ed para nos trair. Manjar Turco, para ser mais exato.


— Isso só pode ter sido uma brincadeira maldosa — comentou Cáspian. — O Edmundo nunca faria uma coisa dessas.


— Você não nos conheceu quando éramos crianças de verdade. O Ed era muito difícil de se lidar; mal-humorado, rebelde e brigão, e só se importava com ele mesmo. Quando viemos pra cá, ele se separou de nós e ajudou a Feiticeira na guerra.


— Uma alta traição... — sussurrou Cáspian consigo mesmo. — Mas vocês eram só crianças, não é? E provavelmente não tinham ideia da responsabilidade que pesava sobre suas escolhas.


— Mesmo assim, Aslam quase perdeu a vida para salvá-lo da morte.


— Ele nos pediu que não tocássemos mais no assunto — falou Lúcia. — Mas ouvimos boatos... Acho que a Jadis enfeitiçou o Ed, com esses tais doces. Manjar Turco era a sobremesa predileta dele, agora ele não consegue nem mais olhar praquilo.


— Não sabemos o que Aslam conversou com o Ed quando o resgataram, mas ele mudou muito desde então. Só que eu... — Cáspian terminou a frase dele.


— Você nunca o deixou se esquecer daquilo, não é? Por isso brigaram naquela noite. Pedro, isso é cruel.


— O que você fez? — Lúcia quis saber.


— Eu discuti com ele e acabei pondo isso pra fora... Agora ele sabe que sabemos.


— Pedro! Não devia ter feito isso!


— Eu sei, mas agora está dito.


— Deviam conversar, você e seu irmão — aconselhou Cáspian. — Antes que essa mágoa cresça e se torne uma ferida incurável.


— Tem razão. — Pedro se levantou. — Vou resolver isso entre nós agora mesmo.


— Agora? Tem certeza de que é o momento apropriado?


— Não vou ter paz enquanto não resolver essa questão.


Pedro deixou o salão indo para o quarto de Edmundo. Entrou sorrateiro e chamou por ele. Viu o rapaz debruçado no parapeito da varanda aberta. Posicionou-se ao lado dele.


— O que quer, Pedro? Estou cansado.


— Podemos conversar? Pacificamente. — O outro suspirou. — Sei que não quer falar sobre o que aconteceu entre você e a Feiticeira...


— É, não quero! ‘Mas os anões têm a língua solta e se divertem espalhando boatos tolos.’ Foi o que disse pra eles diante daquela tumba.


— Você escutou?


— É, eu estava lá, prestando atenção a tudo, como sempre. E tenho certeza de que o Sr. Tumnus também segredou isso para a Lúcia, que eu traí vocês por um punhado de doces.


— E é verdade? — Edmundo hesitou, mas como um desafio, desabafou.


— É. É verdade que ela me prometeu doces, mas sabe o que mais ela me disse que eu teria? Além de todo o Manjar Turco mágico que eu pudesse comer, eu teria um castelo. Eu seria rei e governaria uma terra de faz de conta. E você seria meu criado. Essa última parte foi a mais tentadora.


— Era porque eu era rígido demais com você...


— Era porque eu era uma criança idiota, e acreditava que tudo isso era um sonho! O que sempre me irritou foi você pensar que eu era um parvo, um coitado. Você nunca acreditou em mim de verdade, Pedro! Eu sempre vivi vendo você me observando, esperando que eu cometesse o próximo erro, então eu não podia errar, nunca!


— Ed, não era isso! Eu não estava te julgando, estava preocupado com você. Eu tinha medo de te perder. Essa sensação me assombrava o tempo todo, porque no meio de toda aquela loucura você quase morreu, duas vezes! E agora parece que quanto mais eu tento te proteger, mais você escorrega pra longe. Por causa do meu desespero eu não sabia como lidar com você, a não ser desse jeito, mas me desculpa, eu também não sou perfeito. Ela te enganou daquela vez, mas agora...


— Pode parar! Eu caí numa armadilha sim, mas ela me torturou e me ameaçou o tempo todo. Eu contava o que ela queria pra ficar vivo. Não foi divertido, Pedro, foi pavoroso. Só que agora... — Ele se interrompeu, pois nem mesmo ele estava convencido de seu próprio discurso sobre ser um adulto valente que não temia mais a Feiticeira Branca.


 — Agora o que?


— Agora estou velho demais pra ser protegido. Sempre que diz isso me sinto inútil e fraco, então pare!


— Precisar de ajuda não é ser inútil...


— Eu não preciso da sua ajuda! — esbravejou ele. Logo em seguida cobriu o rosto com as mãos. Aquela sensação de desespero voltava em ondas, hora como mágoa e raiva, ora como medo e desolação. — Por que sempre tem que me tratar desse jeito? Eu sou capaz de fazer o mesmo que você...


— Sabe que não é verdade. Eu não sou tão sábio quanto você, e você não é tão forte quanto eu. Cada um tem o seu próprio dom, mas parece que você não se sente satisfeito com o que Aslam deu a você. Não pode ter tudo, Ed. — Houve uma longa pausa, e Pedro viu o brilho de uma fúria se avolumando nos olhos do irmão. Temeu aguçar ainda mais a escuridão no coração dele e tentou aliviar a tensão. — Parece que você nunca entendeu que eu não estava te rebaixando, estava protegendo quem é importante para mim. É claro que eu confio em você, mas sou egoísta e orgulhoso, e é difícil pra mim aceitar a possibilidade de falhar com você. Você não tem medo de nada, nem tem limites... Isso me deixa apavorado.


— Finalmente está sendo sincero. — Ele parecia ter se apaziguado. — Ficou com inveja porque matei uma serpente marinha?


— Fiquei. — Ele riu de sua confissão. — Fiquei mesmo. Queria ter visto aquilo. Deve ter sido assustador.


— Não sei se o Cáspian me olhava em pânico por causa dos monstros ou pelo fato de me atirar contra eles sem nem mesmo piscar.


— Provavelmente ambos! — As risadas ecoaram pelo crepúsculo. — Sabe Ed, você nunca foi a minha sombra, ou a do Cáspian, você sempre foi o nosso protetor.




Aquilo tocou Edmundo de uma forma que nem ele mesmo esperava. Era o reconhecimento que sua alma ansiava por tanto tempo. Agora tudo fazia sentido, principalmente as palavras de Aslam, que na época soaram enigmáticas e consoladoras, mas que agora lhe pareciam uma grande responsabilidade, a de proteger as pessoas amadas de uma forma que só ele poderia.


— Eu só queria ter certeza de que eu não era tão ruim assim.


— Você nunca foi ruim, Ed! — A voz de Lúcia despertou a atenção deles; a garota vinha da entrada do quarto com um sorriso tímido. — Desculpem interromper, mas fiquei preocupada e acabei ouvindo toda a conversa.


Edmundo suspirou conformado.


— Pelo menos agora sinto como se um peso tivesse deixado os meus ombros. — Ela apertou as bochechas dele até que ele gemesse.


— Não custa nada deixar a gente te proteger de vez em quando. Só um pouquinho!


— Só um pouquinho. — Ele piscou para ela que riu em retorno. Eles três ainda conversaram por bastante tempo, relembrando muitas aventuras, compartilhando seus sentimentos e esclarecendo algumas situações das quais nunca haviam averiguado claramente.


E assim a noite deu lugar a uma manhã pacata e gloriosa.


 Fim do Capítulo 11



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Autor(a): callyzah

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Pedro e Edmundo haviam adormecido na cama; foram deixados ali por Lúcia, que retornou para seu próprio quarto. Edmundo estava num sono pesado, preso num pesadelo onde andava sob uma nevasca, vendo apenas a silhueta fugaz de seus irmãos e amigos se desvanecendo no horizonte nevoento. Acordou de sobressalto, sentando-se na cama com uma breve exclama&cced ...


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