Fanfic: Nárnia - O Rei Feiticeiro [+16] | Tema: Nárnia
Edmundo acordou só, sobre a felpuda manta de sua cama na manhã seguinte. Estava tão relaxado e sonolento que não se recordava nem onde estava, nem o que havia acontecido na noite anterior. Havia sonhado com uma música que gostava muito, e ainda conseguia ouvi-la em sua mente.
De súbito, um lampejo de memória atravessou sua consciência. Seu corpo despido o alertou de que não havia sido um sonho, e se sentou assustado. Olhou para sua mão trêmula e viu o anel ali, reluzente como uma estrela vespertina. Arregalou os olhos e, ofegante, cobriu a boca com a mão.
— Eu não fiz isso! Eu não... O que foi que eu fiz?
— Edmundo! — Jadis entrou tão silenciosa quanto uma assombração, por isso o rapaz tomou um susto e tanto ao ouvir seu nome repentinamente. — Está feito! A Grande Magia foi selada.
Ele ainda não havia se recuperado do choque das memórias, nem do susto que acabara de levar, e por isso não conseguia articular nenhuma palavra. Trêmulo e ainda sem reação, gesticulou para que ela lhe desse um momento. Coçou os olhos tentando não se desesperar.
A feiticeira esboçou um leve sorriso e se sentou silenciosamente ao seu lado, reparando que ele estava prestes a chorar.
— Será que não o agradei o suficiente ontem, meu rei?
Ele deu um brado, irritado com a provocação dela.
— O que você fez comigo ontem?
— Ora... — Ela desviou o olhar trivialmente e deu de ombros. — Sabe muito bem o que fizemos. Você e eu. — Ela o encarou em desafio. O desespero dele a divertia; era tão pueril e dramático.
— Eu não queria...
— Não era o que parecia. Tenho marcas se quiser que eu prove... — Ela ia descer o vestido sem alça para lhe mostrar as costas, mas ele gritou, encabulado.
— Não! Não precisa me mostrar! É só que... Eu não sei o que deu em mim. Foi esse anel, não foi?
— Querido, já lhe disse que tipo de magia esse anel possui e não é o que está pensando. Você se entregou porque quis. O que há de tão estranho, afinal?
— Estou me sentindo esquisito... enjoado...
— Isso se chama pânico, mas calma que eu ainda não lhe contei a melhor parte.
— O que?
Ela sorriu radiante em triunfo e pôs as mãos no ventre.
— A troca foi aceita, e agora a sua semente está dentro de mim. Criamos uma vida, Edmundo, a magia da Primavera Eterna. — Ela parou de falar, pois percebeu que a cor havia desaparecido completamente do rosto dele, bem como toda a coragem e confiança que um dia já tivera. — Você vai desmaiar agora?
Ele se levantou e correu para o banheiro, contudo vomitou antes de chegar na latrina. Sentado no chão, apoiou seu corpo na banheira de louça cristalina e escondeu o rosto nos braços. Chorou um pouco para aliviar a tensão. Percebeu a feiticeira na entrada do cômodo, e se virou para ela, com o rosto consternado.
— Você só pode estar brincando comigo!
— Eu nunca brinco, meu querido. Pela sua reação acho que precisa de mais tempo para se recompor. Vou chamar Ariel para limpar essa bagunça. E saiba, que independente de como se sente a respeito de se tornar pai, pelo menos agora tenho um herdeiro legítimo ao trono de Nárnia. Não é engraçado?
— Isso foi uma armadilha...
Ela se agachou para olhá-lo mais de perto.
— Oh, que maldade pensar que eu me divertiria em ver meu rei tão alquebrado, mergulhado em autocomiseração, chafurdando no próprio vômito.
— Você não pode estar grávida...
Ela se ergueu com a expressão serena e determinada.
— Não sou humana, Edmundo, e por isso só posso engravidar sob certas condições especiais. Condições essas que somente um rei de Nárnia poderia cumprir apropriadamente. Por isso, sinta-se honrado de ter sido escolhido.
— Você não pode ser mãe... Alguma vez já cuidou de alguém na sua vida?
— Sempre cuidei de mim mesma, mas cuidei de você por alguns dias.
— É, e quase me matou!
— Que exagero!
— Exagero? Eu passei fome, frio e... E eu também nunca cuidei de um bebê!
— Então é melhor aprender, e rápido. Essa gestação só vai levar dois meses.
— Quê?!
— Não me faça repetir, Edmundo, sabe que detesto isso. Enfim, se não vai celebrar comigo, terei eu um dia glorioso com o meu povo. Sinta-se à vontade para se juntar a nós, ou permanecer aqui, chorando como uma criança assustada. — Ela se virou e foi saindo, achando graça da situação. — Você pode ter crescido com o passar dos anos, mas por dentro não mudou nada.
A porta do quarto bateu sonoramente e Edmundo ficou ali sozinho, tentando pôr seus pensamentos em ordem. Passou a mão nervosamente pelos cabelos desgrenhados.
— O Pedro vai me matar!
*****
Ariel cuidou de seu rei com dedicação e paciência. Limpou o banheiro, serviu chá – e algum remédio que acalmasse seu soberano –, preparou um banho com sais perfumados, trouxe-lhe roupas novas e uma bela e quente refeição.
Após um dia de descanso, Edmundo parecia menos aterrorizado e pálido; suas pernas já não tremiam tanto e ele quase não mais gaguejava. O pajem se sentiu orgulhoso por ter transformado aquele maltrapilho choroso e derrotado em um rapaz razoavelmente empertigado e de boa aparência.
— Agora sim se parece com alguém da realeza, Majestade — disse terminando de trocar os lençóis e mantas da larga cama. — Se não precisa mais de meus serviços, irei me retirar.
— Ariel, espera! — Edmundo já havia passado o dia se corroendo com o que não poderia mais ser mudado, agora ele teria que pensar no que poderia fazer dali para frente. — Preciso de um cavalo... E armas... Roupas de inverno... E um mapa!
*****
Depois de ter vestido uma armadura de couro escuro forrada com peles, e adquirido uma nova espada, desceu até o amplo saguão de entrada do castelo e subiu em sua nova montaria. Entretanto, permaneceu parado no pátio, olhando para suas mãos enluvadas segurando a rédea do cavalo, sem conseguir encontrar forças para mover o animal. Naquele momento, dois Minotauros atravessaram pelos portões arrastando uma criatura que se debatia insistentemente.
— Majestade! — chamou um deles. — Encontramos um espião rodeando as muralhas do castelo.
— Espião? — Aflito, Edmundo viu se tratar de Cérus. — Soltem-no! Ele é meu protegido!
Os dois brutamontes se entreolharam e soltaram o fauno, que ainda pegou de volta seu machado das mãos de um deles. Ele não parecia machucado, a despeito do olho roxo. Andou até o rapaz e se ajoelhou.
— Vossa Majestade, sinto muito por... — Antes que terminasse a frase, porém, Edmundo já o abraçava, também ajoelhado no chão. — Meu Rei?
— Que bom que está bem! — Eles se afastaram e Cérus notou como sua expressão estava pesarosa.
— O que houve, Majestade?
— Eu só precisava ver um rosto amigo. — Ele se recompôs como um passe de mágica e até sorriu para o fauno. Eles se levantaram e Edmundo ordenou que trouxessem uma capa de peles. — Você ainda quer viajar comigo?
— Não me atreveria a deixar que se perdesse de novo.
*****
A luz da lua cheia iluminava não apenas o castelo cristalino, mas também o lago congelado ao redor, bem como os bosques de pinheiros recobertos por montes de neve densa e lisa. Pela superfície vítrea do lago, Edmundo e Cérus conversavam enquanto cavalgavam sem pressa em direção à cidade.
— Eu disse a verdade, você que não quis acreditar!
— Ora, eu nunca poderia ter imaginado que você era mesmo o rei Edmundo! Aquilo foi...
— Surpreendente?
— Aterrador. Não consegui protegê-lo, afinal.
— Não se culpe, eu deveria ter te ouvido e recuado, mas fui arrogante. E agora preciso de ajuda, preciso falar com Cáspian. A propósito, conhece alguma parteira?
— Como disse?
Logo mais à frente, notaram vultos se aproximando, vindos da floresta; parecia ser uma pequena tropa montada.
— São da cidade? — Edmundo não conseguia discernir o brasão da bandeirola por estarem sob a penumbra do arvoredo.
— Eu alertei a Guarda sobre o ocorrido, mas eles estavam amedrontados demais para tomar a iniciativa, por isso fui eu mesmo procurá-lo. Foi então que o castelo surgiu da noite para o dia.
Eles pararam, no meio da pista de gelo, aguardando a cavalaria se aproximar, e quando estavam próximos o bastante, uma voz familiar se fez ouvir.
— Edmundo! — gritou Cáspian.
— Telmarinos! — Cérus se alegrou por suas palavras terem chegado tão longe. — Parece que a sorte está do nosso lado.
Edmundo sorriu ao rever seu amigo que quase não havia envelhecido desde a aventura no Peregrino da Alvorada. Apeou do cavalo, emocionado.
— Cáspian! Não imagina como eu... — Quando Cáspian e um outro cavaleiro se aproximaram, seu sangue gelou e sua expressão ficou lívida. — Pedro?! O... O que... Como veio pra Nárnia?
Pedro e Cáspian desmontaram e correram até o rapaz. Pedro, vestindo uma armadura de Telmar, abraçou o irmão, aliviado.
— Ed... Você está bem? Está ferido? — Olhou rapidamente se havia algum ferimento.
— Não, estou bem... Mas...
— Que bom que está a salvo! — disse Cáspian dando um abraço rápido em Edmundo. — Então os boatos eram verdadeiros, a Feiticeira Branca retornou dos mortos. Vou mandar vir todas as tropas...
— Não precisa! — Edmundo falou de supetão. Tentou esconder o nervosismo, mas sabia que se não fosse convincente o bastante, a situação poderia sair de controle. — Eu já resolvi tudo!
— Resolveu? — Pedro inquiriu. — Matou a Feiticeira?
— Não, eu... Eu fiz um acordo com ela, uma trégua. Não vai haver luta.
— Que acordo? E essa cicatriz no seu rosto?
— Isso não é nada, foi uma briga que eu tive antes...
— Antes de você ser capturado e usado para ressuscitar a bruxa? Ed, o que tá acontecendo?
Cáspian também havia pressentido que algo não estava certo com Edmundo, e mirando-o de cenho franzido, perguntou:
— Ela te obrigou a fazer alguma coisa? Pra onde estava indo?
— Estava indo me encontrar com você! — redarguiu Edmundo. — E não, ela não... — Engoliu em seco ao se lembrar da noite que passaram juntos e desviou o olhar. Pedro e Cáspian se entreolharam. O irmão mais velho segurou o ombro de Edmundo.
— É melhor explicar isso direito, Ed. O que ela fez com você?
Ele contou tudo o que acontecera até a parte em que acordou no castelo. Daí em diante começou a gaguejar, pois o olhar inquisitivo de Pedro e o de desconfiança de Cáspian o estava deixando angustiado.
— Ela sabe que outra guerra seria inútil, por isso ela sugeriu resolvermos tudo diplomaticamente. — Pedro meneou a cabeça, incrédulo.
— E você acredita mesmo que ela simplesmente teve a sábia decisão de recuar e seguir as leis de Nárnia?
— É, eu sei que parece loucura...
— Parece muita loucura, Ed.
— Sim, mas é a verdade! Eu não mentiria sobre isso.
— Está certo — retrucou Pedro, testando seu irmão. — Então, se tudo está em paz, os Telmarinos poderão cuidar do resto enquanto nós dois voltamos para a Inglaterra. Tipo, agora mesmo.
— Agora? Não... É que estou intermediando as negociações, por isso preciso ficar mais algum tempo...
— Quanto tempo?
— Sei lá, uns meses, eu acho.
Cáspian notou como Edmundo estava evasivo, e percebeu como estava sendo encurralado pela esperteza do irmão mais velho.
— Ed, presta atenção, eu levei umas seis horas pra chegar em Koobe, e implorei para Aslam permitir que eu retornasse pra cá. Ou seja, anos deveriam ter se passado, mas pelo que o Fauno contou, você está em Nárnia há pouco mais de uma semana. Isso não está certo, não é assim que o tempo passa entre os nossos mundos. Só que agora, cada dia que passamos aqui, uma hora corre por lá. Faça as contas, Ed, se a mamãe chega em menos de três dias...
— Ainda temos dois meses!
— Quatro dias pra voltar para o Bosque do Lampião, fora a viagem de trem de volta pra casa. Não podemos ficar! As garotas vão dizer pra mamãe que fomos visitar o velho Kirke, mas e depois? Não dá tempo! — Edmundo baixou os olhos; Pedro tinha razão, não tinham muito tempo, talvez um mês, no máximo. Contudo, como ele poderia partir e quebrar sua promessa? E quanto ao seu suposto herdeiro? Ainda assim, se não retornasse, sua mãe teria uma crise de choro pensando que ele havia fugido, se perdido na floresta ou coisa pior. — Temos que ir embora agora.
— Eu não posso — falou quase num sussurro, então mirou Pedro e elevou a voz. — Não posso! A trégua só existe enquanto eu permanecer em Nárnia.
— Se a Feiticeira quer seguir a diplomacia, deixe seus encargos para o Cáspian.
— Pra mim? — Ele parecia surpreso. — E ela sabe quem eu sou? Até onde me lembro do que me contou, ela não anda por essas terras há um milênio!
— É verdade! — redarguiu Edmundo. — Ela não vai confiar nele.
Pedro bufou, impaciente.
— Já chega, Edmundo, pare com essa enrolação e nos diga o que está realmente acontecendo!
Edmundo parou por um momento; Pedro sempre sabia quando estava mentindo, por isso tinha que ser muito convincente.
— Está bem, mas você não vai gostar nem um pouco. — Ele suspirou tomando coragem. — Fiz um pacto com a Feiticeira, se eu for embora...
— Ainda está inventando!
— Mas como é que você sabe?
— Não está olhando com convicção.
— Ah, qual é, Pedro! Só confie em mim! Não posso voltar... Aliás, não vou voltar! Sou Rei de Nárnia, posso tomar minhas próprias decisões e não preciso da permissão de nenhum de vocês! — disse resoluto.
Todos se espantaram, e Pedro deu um passo à frente e encarou o irmão.
— Você... Está enfeitiçado?
Edmundo ficou vermelho de raiva, pois aquelas palavras remontavam à quando ele se deixou seduzir pelas promessas de Jadis.
— Ah, claro! Porque se você comete um erro está tudo bem, já que é o Grande Rei...
— Eu não cometo erros! E não invento desculpas para encobrir minhas ações!
— Não estou inventando nada! — Edmundo elevou o tom de voz, o que irritou ainda mais o irmão. — Só estou dizendo que não lhe devo satisfações. Posso muito bem assumir a responsabilidade das minhas ações!
— Ah, como assumiu quando traiu sua família e obrigou Aslam a se sacrificar por você?
Nesse momento, Edmundo se enervou de súbito e esbofeteou o rosto de Pedro. Cáspian e Cérus deram um passo para trás, surpreendidos com aquilo.
— Como ousa me tratar como criança? — Retrucou Edmundo com a voz embargada. Pedro apenas engoliu a humilhação e segurou sua raiva, pois sabia que se arrependeria depois. Falou com a voz controlada.
— Você me deve satisfação porque sou seu irmão mais velho, e o Grande Rei! Nós vamos embora, quer você goste ou não.
Edmundo recuou e sacou a espada, apontando a lâmina para seu irmão.
— Aquele castelo está sob a minha guarda, então, Grande Rei Pedro, você e o Rei Cáspian não têm minha permissão para prosseguir. Recuem agora ou serão responsáveis por um conflito sem sentido. Vai arriscar a vida desses homens apenas pelo seu capricho?
— Não, vou arriscar apenas a minha. — Pedro desembainhou sua espada, a Espada de Aslam. Cáspian ficou inquieto e tentou dissuadi-lo.
— Pedro, isso é loucura! Não pode lutar contra seu irmão, vocês são Reis de Nárnia!
— Não se preocupe, Cáspian, sei o que estou fazendo. Além do mais, o Ed sempre quis duelar comigo para ter certeza se eu era o mais forte. — Virou-se para o irmão. — Se eu vencer, você volta comigo, e sem choro.
— Não vou perder! Você é que sempre me subestimou. — Sem demora, avançou na direção de Pedro e o atacou com habilidade, contudo, na mesma proporção que a magia fluía pelos braços ágeis de Edmundo, também percorria as mãos firmes de Pedro, e ambos lutavam de igual para igual.
Cáspian tinha o olhar preocupado, e via-se que sua escolta também assistia àquele conflito com expectante silêncio. Queria intervir, mas sabia que só pioraria a situação. Viu quando Pedro contra-atacou com força, empurrando Edmundo para uma posição defensiva, fazendo-o recuar. Num dado momento, Edmundo foi atingido de raspão no ombro e perdeu o equilíbrio, cambaleando alguns passos. No segundo seguinte, foi atingido na têmpora pelo cabo da espada.
— Já está satisfeito? — bradou Pedro. No entanto, quando a frustração atingiu seu limite, algo se alvoroçou dentro de Edmundo, e num reflexo instintivo, ele cortou o ar, fulgurando a lâmina com um brilho prateado. Uma rajada de névoa se formou da superfície congelada do lago e se abateu sobre Pedro, que caiu para trás, tendo parte da armadura encoberta por uma fina camada de gelo. Pedro se ergueu rapidamente, embasbacado e furioso, percebendo que seu irmão havia usado a mesma magia que Jadis possuía. — Eu sabia, está enfeitiçado!
— Não estou!
— Então como explica estar usando o mesmo poder que ela?
— Eu... Eu não sei... — Edmundo estava atônito, pois não tinha ideia de como fizera aquilo. Sentiu-se um pouco zonzo. Queria largar a espada, mas algo dentro dele o incitava a evocar novamente aquele poder. Percebeu Cáspian, com a besta erguida a mirá-lo.
— Edmundo, por favor, solte a espada.
— Vai atirar em mim, Cáspian? — As palavras saíram sem pensar. Estava assustado com o que fizera, mas estava ainda mais irritado e decepcionado com a reação deles.
— Se for preciso... Então não me obrigue! Venha pacificamente para a cidadela e então conversaremos.
Edmundo sabia que se reagisse o levariam à força, como um prisioneiro, como um inimigo. Cérus estava consternado, mas imobilizado com a visão do gelo na armadura do Grande Rei. Certamente que depois daquilo acreditavam nas palavras de Pedro; que estava fora de si, enfeitiçado pela magia da bruxa. Até os Telmarinos estavam com olhares temerosos e mãos firmes nas armas, prontos para atacar.
— Por que não acreditam em mim? Sei o que estão pensando, mas não é nada disso!
Temendo que reforços viessem do castelo e iniciasse uma escaramuça, ele embainhou a espada e desafivelou a cinta, jogando-a no chão. Cáspian se aproximou cauteloso de Edmundo, deixando a besta com Pedro.
— Está tudo bem, só vamos até o Forte para conversar. Ninguém vai encostar em você, nem te prender numa cela. Edmundo, você está febril? — Notando a face avermelhada do rapaz, e como ele parecia pálido e ofegante, tocou em seu braço para ampará-lo. No entanto, o que realmente estava acontecendo era que o mesmo poder que fluíra para a espada de Edmundo, havia se aglutinado em seu corpo, e por isso, quando Cáspian o tocou, toda aquela energia foi subitamente expulsa num pequeno lampejo.
Quando o Rei Telmarino foi jogado para trás, atordoado pela luz que deixou seu corpo enregelado e lânguido, Pedro ergueu a arma e disparou, acertando Edmundo de raspão na coxa. Este tombou aos gritos, ao mesmo tempo em que uma onda de poder extravasou à sua volta. Uma coroa de estalagmites irrompeu do chão criando um rastro veloz até Pedro e os cavaleiros. Cérus saltou sobre Pedro, evitando que a magia o congelasse, e os cavalos instintivamente se afastaram da armadilha, disparando em direções evasivas.
— Edmundo! — Pedro sacou a espada e correu para atacá-lo quando Cáspian entrou na frente, mesmo tremendo de frio até os dentes.
— Não foi culpa dele! Já chega!
As vozes se tornaram ecos distantes enquanto a visão de Edmundo se embaçava e escurecia. Sentiu o corpo formigando e se deixou deitar no piso gélido, perdendo os sentidos momentos depois.
Fim do Capítulo 5
Autor(a): callyzah
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
No Forte de Tír-Kalleb, Pedro e Cáspian removiam a pesada armadura de couro e peles de Edmundo, em uma das dependências da fortaleza. Quando tiraram o colete e a camisa de algodão grosso, Cáspian, que o segurava, viu a expressão lívida de Pedro. — Eu sabia... ...
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