Fanfic: Nárnia - O Rei Feiticeiro [+16] | Tema: Nárnia
No Forte de Tír-Kalleb, Pedro e Cáspian removiam a pesada armadura de couro e peles de Edmundo, em uma das dependências da fortaleza. Quando tiraram o colete e a camisa de algodão grosso, Cáspian, que o segurava, viu a expressão lívida de Pedro.
— Eu sabia... Olhe essas marcas! Meu irmão foi torturado! — Pedro passou a mão nervosamente pelo rosto; os olhos marejados. Chutou o pequeno banco de madeira ao pé da cama. — Quem fez isso vai pagar com a vida!
— Acalme-se, Pedro! Termine de vestir seu irmão e iremos chamar o mago que atende nessas redondezas. Dizem que ele é um ótimo curandeiro.
— Não é a marca que me preocupa. — Vestiram o rapaz com uma calça folgada e um blusão de linho, e o deitaram na grande cama do quarto. Pedro o cobriu com o cobertor de lã grossa. — Espero que esse tal curandeiro possa fazer mais do que apenas curar o corpo dele.
— E quanto ao que o Edmundo disse? O acordo com a feiticeira...
— Acredita mesmo nisso? Depois de ver essas cicatrizes? — Cáspian baixou os olhos; não podia argumentar contra o que vira. — Vou pedir ao mago uma poção de dormir.
— Vai envenenar seu irmão?
— Não é veneno, é só um sonífero. E que alternativa temos? Viu o que ele fez com você no lago. Está usando algum tipo de magia, igual ao da Feiticeira.
— Eu entendo isso, é só que ele não me parecia enfeitiçado, só apavorado. Ele ficou acuado depois de ver você.
— É porque não é o irmão dele. Sei que o que vê é o Rei Edmundo, mas acredite, o Ed pode ser muito problemático em algumas ocasiões.
— Mesmo assim, Pedro, não seja tão intolerante com ele. Eu mesmo já tive minhas diferenças com o Edmundo, e entendo o que você diz, mas acredite, ser ríspido só irá piorar a situação. Não sabemos pelo que ele passou.
— Sei disso, mas você não estava lá... Eu devia ter protegido meu irmão, e olha o que aconteceu! Sinto-me responsável.
— Ou quer dizer, culpado?
Pedro não respondeu, e se sentaram para esperar a chegada do curandeiro.
*****
Quando o sol já ia poente por trás da floresta, Edmundo acordou lânguido, sentindo o corpo formigando e a cabeça pesada. Cáspian e Pedro estavam ali, a observá-lo, enquanto um velho de barba grisalha e amarrada em pequenas tranças, vestindo uma túnica puída e colares de contas e ossos, estava de pé ao seu lado, entoando algum feitiço, segurando uma pedra de cristal rosado. Tentou se mover, mas havia uma pressão invisível sobre ele, como se algo se revirasse por dentro. Não entendia bem o que se passava ali, contudo, sentia fortes câimbras na barriga e nos membros.
— Está doendo... — resmungou com a voz mole. Revirou-se na cama, e teve seu ânimo reavivado ao sentir ferroadas por todo o corpo. — Já chega! — Ele começou a gemer alto e se encolheu com a dor.
O velho mago viu seu cristal cintilar com a expressão receosa. Ainda assim, não parou de repetir o encantamento. Edmundo deu um grito e tentou apanhar o cristal da mão do velho, mas este recuou em tempo. Pedro se debruçou sobre o irmão para segurá-lo.
— Ed, me escuta! Sei que está doendo, mas aguente firme. Ele está removendo a maldição da Feiticeira.
— Manda ele parar! Pedro!
— Não... não posso, Ed!
O mago aumentou seu tom de voz e falou solenemente, com os olhos esbugalhados.
— É uma magia poderosa! Nunca enfrentei nada igual. Ela já deveria ter sido aprisionada no cristal, mas quanto mais eu tento contê-la, mais ela aumenta!
Cáspian viu como Ed parecia estar sofrendo, e tocou no ombro de Pedro.
— Acho melhor parar. Isso não está dando certo!
— Se eu parar agora — alertou o velho —, não funcionará uma segunda vez! — O Grande Rei ponderou por um momento, mas manteve firme sua decisão.
— Continue.
— Pedro! — redarguiu, Cáspian, contrariado.
— Ele é forte, vai aguentar! A magia está quase cedendo...
— Não está! — E o puxou pelo colete. — Olhe direito! Está forçando seu irmão a passar por outra tortura a troco de nada!
— Não se intrometa! — Quando Edmundo gritou em prantos e tossiu, manchando os lençóis com borras de sangue, Cáspian se virou para o mago, agarrou a pedra reluzente e, antes que Pedro pudesse pará-lo, arremessou-a contra a parede. O cristal se espatifou em pedacinhos e a magia foi desfeita. — Não! O que você fez?
— Fiz o que era certo! Não viu que ele estava sofrendo demais?
— Era a única chance dele! — desabafou, nervoso. — E o que vamos fazer agora?
— Não sei, mas torturar ainda mais o seu irmão também não irá resolver coisa alguma! — Sem forças para discutir, Pedro saiu do quarto a passos pesados, deixando Cáspian consolar Edmundo, trêmulo e pálido, encolhido no canto da cama. — Calma, Edmundo... Seu irmão não fez por maldade, só está muito preocupado com você.
— O Pedro... só se importa com ele mesmo — balbuciou com o rosto franzido de dor e mágoa.
— Por Aslam, o que está acontecendo com o Pedro?
*****
Na manhã seguinte, Cáspian despertou sobressaltado depois de um estranho sonho e olhou em volta para se situar. Havia adormecido na poltrona de camurça verde no canto oposto do quarto onde convalescia Edmundo. Teria voltado a dormir se não tivesse pulado da poltrona, percebendo que o garoto não estava na cama.
— Edmundo? — chamou enquanto olhava nas outras salas ligadas ao quarto. Viu a janela aberta e correu até o peitoril. Dali até o chão havia pouco mais de dois metros, e dava para o jardim que levava até os portões do fundo. — Essa não, ele fugiu! — Assim que calçou as botas, desceu o pequeno lance de escadas até o saguão do prédio e encontrou Pedro na grande mesa circular da Sala de Jantar, tomando chá com bolo de mel. — Pedro! O Edmundo fugiu!
— O que? Como? — Pedro se pôs de pé e acompanhou o amigo, seguindo para os estábulos.
— Eu sinto muito, foi minha culpa. Eu adormeci, e quando acordei ele já não estava lá.
— Eu tentei te avisar. — E montaram em seus respectivos cavalos, saindo à galope para as ruas da cidade. — E agora? Será que ele voltou ao castelo?
— O jeito é sair perguntando. Se ele deixou a cidade, deve ter passado por alguma guarita; os vigias devem tê-lo visto.
Por horas, Cáspian e Pedro cavalgaram pelas ruas estreitas de Tír-Kalleb, passando em todos os portões que davam acesso às estradas externas. Finalmente, alguns vigias disseram ter visto um rapaz com roupas de dormir atravessando o Portal Sul, em direção à ponte.
— Ele seguiu naquela direção. Estava a pé e usava poucas roupas para um tempo frio como esse; vai congelar até o anoitecer — disse o guarda sendo solícito.
Pouco depois, chegaram até a ponte de pedra que cruzava o rio, seguindo para as terras de clima ameno, como Nárnia. A neve fofa tinha recoberto quase toda a vegetação, mas a água ainda corria caudalosa e escura, embora uma fina crosta de gelo houvesse se formado ao longo das margens. Deixaram os cavalos na estrada e desceram a encosta do ribeirinho, escorregando até chegar aos tropeços perto da entrada do bosque. Ali, entre as árvores, havia uma garota de vestido rosa ao lado de um anão de madeixas claras.
— Lúcia!? — gritou Pedro, incrédulo, e correram até ela. Eles se abraçaram com sorrisos ternos. — Lúcia! Trumpkin! Como vocês...?
O anão respondeu de mal humor:
— Ela apareceu um dia depois que vocês partiram, aí tive que acompanhá-la. — Olhou para a garota que lhe devolveu um sorriso maroto.
— Eu segui você, Pedro — explicou ela —, do trem até a casa do Sr. Kirke, mas quando passei pela floresta, já estava em Cair Paravel; aí uns faunos me reconheceram e me levaram até o castelo do Cáspian. Faz dias que estamos viajando atrás de vocês! Cáspian, está mais velho!
— Pena que nunca posso dizer o mesmo de vocês. — Ele deu uma risada breve. Lúcia olhou em volta.
— Cadê o Edmundo? Tive a impressão de ter visto alguém parecido com ele entrando na mata...
— Era o Ed, com certeza — confirmou Pedro, já temendo que ele tivesse se embrenhado na mata para despistá-los. — Lúcia, o Edmundo... Ele foi enfeitiçado pela Jadis, e está fora de si.
— Isso também é exagero, Pedro! — interrompeu Cáspian. O anão soltou uma imprecação.
— Jadis voltou? Com mil demônios, quem foi que... Ah, entendi! O garoto.
— O que? Como isso aconteceu? — Lúcia estava pasma. — Então toda aquela bruxaria foi obra da Feiticeira Branca?
— Não sabemos exatamente o que aconteceu, é complicado! — falou Pedro observando as profundas pegadas na neve. — Vamos falar disso depois, agora temos que encontrar o Ed.
— E por que ele entrou na floresta? Estava fugindo de vocês?
— Como eu disse, Lu, é complicado. Venham, antes que comece a nevar.
Minutos depois e uma serena precipitação de flocos de neve preencheu o ar das agigantadas árvores de folhagem verde escura. O rastro ia desaparecendo gradualmente, e por mais que se apressassem, iam perdendo a trilha.
— Assim vamos perder o rastro! — falou Cáspian. Juntou as mãos em volta da boca e chamou pelo jovem rei perdido. — Edmundo! Responda, Edmundo! Vamos conversar!
Todos começaram a bradar o nome dele, exceto o anão que olhava ressabiado para a penumbra da mata profunda.
— Esperem! Façam silêncio! — insistiu Trumpkin, aos sussurros.
— O que houve? — perguntou a garota, assustada.
— Lobos brancos... Tenho certeza de que vi um passar bem ali! E outro lá, vejam!
Saindo por de trás das grossas árvores, se depararam com um lobo branco com tufos cinzentos nas patas, do tamanho de um pônei; os olhos amarelos pareciam ter brilho próprio na escuridão abaixo da densa folhagem das copas naquele dia nublado. Outros dois apareceram por cima, e mais dois por baixo. Rosnavam e salivavam deixando as enormes presas à mostra. Finalmente, um sexto lobo apareceu, maior que todos os da matilha, sem nenhum tufo descolorido, nem mancha na pelagem, e era um pouco maior que um cavalo adulto; os olhos, azuis como o céu diurno.
Cáspian, Pedro e Trumpkin, desembainharam suas armas, rodeando Lúcia que não trazia nada além de uma adaga comum e seu Elixir de Cura.
— Eles podem nos entender? — ponderou ela.
— Podem, mas obedecem apenas à Feiticeira — respondeu o anão girando seu machado nas mãos nervosas. — São carniceiros violentos e nunca abandonam sua presa, exceto os restos de ossos.
— Trumpkin! — chamou Pedro, vendo como Lúcia parecia aflita.
— Estou apenas dizendo a verdade. Com essas criaturas, é matar ou morrer!
— Eu devia ter trazido o arco da Susana! — resmungou ela.
— Eu avisei! — resmungou sobre o resmungo dela.
— Cuidado! — exclamou Pedro golpeando um dos lobos que saltou sobre eles.
Os outros se aproximaram e investiram contra a comitiva. Cáspian e Trumpkin apenas os arranhavam, pois evadiam com muita habilidade e rapidez. O maior deles veio com tudo e trombou em Pedro, que foi jogado para fora do grupo, ficando à mercê do alfa. Lúcia gritou de susto enquanto os outros dois guerreiros tentavam, em vão, passar pelo cerco para ajudar Pedro.
— Não acredito que vamos morrer aqui! — reclamou o anão.
Assim que o Senhor dos Lobos se aproximou, com os pelos do dorso eriçados, pronto para abocanhar o jovem, ouviram uma voz familiar ecoando pela clareira.
— Ei! Estou aqui! — Imediatamente toda a alcateia se virou e disparou na direção de Edmundo. Pedro estava lívido de medo, pois sabia que não teria tempo de defender o irmão. Cáspian, Lúcia e o anão pararam de gritar ao ver que os lobos não se lançaram contra o garoto. Ao invés disso, eles o rodearam enquanto o alfa se aproximou cautelosamente. Edmundo ergueu a mão para o animal sentir seu cheiro e falou: — Senta! — Inacreditavelmente, o grande lobo se sentou, assim como todos os outros. — Bom garoto! — Tocou no focinho molhado e áspero, e acariciou a pelagem alva e felpuda dele. — Você tem nome? Você fala? Que tal se eu te chamar de Snow? Gosta? — O lobo lambeu o rosto de Edmundo, e sentindo como se encontrasse um amigo fiel no meio de toda aquela situação turbulenta, abraçou a fera, sentindo seu calor e uma sensação de segurança.
Lúcia e os outros estavam pasmos, e ela foi a primeira a correr na direção do irmão.
— Edmundo! — Ele reconheceu aquela voz e mal acreditou ao ver sua irmãzinha vindo na sua direção.
— Lúcia? Lúcia! — Abraçou-a com força.
— Você está bem? Está com frio? O que aconteceu... — Foi então que ela se lembrou do que Pedro dissera, que ele estava amaldiçoado pela Feiticeira. Notou a aparência cansada dele, os olhos inchados e a voz rouca, ainda que o semblante estivesse sereno ao vê-la. — O Pedro disse...
— É mentira! Não estou enfeitiçado, mas ninguém acredita em mim... — Lúcia o abraçou antes que ele recomeçasse a chorar, pois conhecia o irmão melhor que os outros. Edmundo escondeu o rosto no ombro da irmã e soluçou em silêncio.
— Eu acredito. Acredito em você, de verdade! — Ela sorriu e lhe passou seu lencinho rosa e bordado, com uma expressão tão doce, que Edmundo teve que rir daquilo. — Não assoe o nariz no lenço de uma dama!
— Eu me lembro... — Ele enxugou o rosto com a manga, rindo de uma antiga lembrança, uma que pertencia somente a eles.
— Ed, vamos voltar pra cidade. Está escurecendo e está muito frio. Eu fico com você.
Snow focinhou Edmundo e se inclinou ao lado do rapaz.
— O que ele está fazendo?
— Acho que quer que o monte.
— Sério? — Edmundo subiu nas costas do lobo e se equilibrou facilmente sobre sua nova e monstruosa montaria.
— Não acredito nisso... — exclamou Cáspian saindo do caminho para que eles passassem, rumando em direção à ponte.
— Eu acredito — falou o anão —, mas ainda estou me borrando todo!
Edmundo passou por Pedro em silêncio, lançando momentaneamente um olhar hostil para o irmão, que não se intimidou. Voltaram para a estrada em silêncio. Ali estavam o pônei de Trumpkin e os cavalos dos Reis e Rainha de Nárnia; exceto Edmundo, que agora tinha como montaria, o Senhor dos Lobos brancos.
Assim que entraram na cidade, os camponeses e guardas abriram passagem, atemorizados com a aparição da criatura. Contudo, como era o Rei Edmundo quem a estava guiando, surgiu um misto de admiração e medo entre as pessoas. Pedro se emparelhou com o irmão.
— Acho melhor deixar o lobo voltar para a floresta; está assustando os moradores.
— Não me importa o que você acha — respondeu num tom seco, sem desviar os olhos da rua.
Lúcia e Cáspian se entreolharam preocupados. Ela ia perguntar algo, mas Cáspian fez um gesto para que esperasse. O anão também havia notado a indisposição entre os irmãos, e achou aquilo um mau presságio.
*****
No Forte, Trumpkin ficou encarregado de alimentar o lobo, já que ninguém mais ousava se aproximar dele.
— Sabia que eu e o Rei Edmundo somos muito próximos? Se me devorar ele ficará furioso! E nós não queremos isso, não é? — Ele jogou um pedaço suculento de carne para Snow, que devorou a refeição tranquilamente. O anão até acariciou o animal, que não se incomodou com o afago. — Bom menino!
Lúcia acompanhou Edmundo até o quarto do irmão. Havia na mesa uma bandeja com chá e bolachas açucaradas que ela levou até a cama onde estavam.
— Não estou com fome — disse Edmundo com o semblante triste.
— Se não comer, vou acabar com tudo. Está delicioso! — falava enquanto comia duas ou quatro das guloseimas. Passou uma para o irmão, que a pegou e comeu a contragosto.
— Está deliciosa...
— Eu disse!
Depois de comer um pouco, Edmundo se deitou e adormeceu rapidamente. Lúcia o cobriu com a manta felpuda e saiu na ponta dos pés, descendo as escadas até o Salão Principal, ao lado do saguão de entrada. Ouviu vozes exaltadas, e suspirou ao ver seu irmão discutindo com Cáspian. Este tentava acalmar Pedro.
— Só estou dizendo que deveríamos ouvi-lo primeiro.
— Ele mentiu pra gente, Cáspian! Viu ele comandar os lobos!
— O que vi foi seu irmão salvando nossas vidas.
— Com a magia dela! Precisa de mais alguma prova?
Lúcia se sentou ao lado de Trumpkin e olhou para os reis.
— Se não for muito incômodo, podem me contar agora o que é que está acontecendo? — E sorriu.
Pedro e Cáspian resumiram o encontro deles no lago, o fracasso do curandeiro e o que Edmundo havia contado. Trumpkin riu e bufou ao mesmo tempo.
— Hah! Não acredito que pensaram que uma pedrinha mágica iria desfazer a magia de Jadis!
— Não sei o que fazer — falou Pedro desanimado. — Creio que Aslam seria o único que poderia quebrar o feitiço. Isso ou matar a bruxa!
— Como se fosse fácil! — escarneceu o anão.
— Talvez, Pedro — interveio Cáspian —, possamos achar outra solução que não termine num banho de sangue. Parece que você acha que pode resolver qualquer problema na ponta de uma espada.
— Na maioria das vezes — replicou Pedro, impaciente. — Mas se quiser tentar diplomacia com a bruxa que quase congelou toda Nárnia apenas por diversão, vá em frente!
— Ela não é muito complacente! — acrescentou o anão.
— É, mas — interrompeu Lúcia — ela não atacou o Edmundo! Só queria conversar!
— Lúcia — redarguiu o irmão —, você não viu as marcas nas costas dele. O Ed foi torturado com açoite, e sabe-se lá mais o quê!
— Eu não sabia... — Ela baixou os olhos marejados.
— A meu ver, ela o pressionou a fazer alguma coisa, e como ele se recusou, ele foi enfeitiçado.
— Mesmo assim — objetou Cáspian —, acho que deveríamos ouvir a explicação dele antes de tomarmos qualquer outra decisão. A Lúcia pode falar com ele, já que são mais próximos.
— Tudo bem, vou falar com ele — respondeu Lúcia querendo entender o que realmente estava acontecendo com Edmundo.
*****
Enquanto isso, do alto da muralha que cercava o Forte, bem de frente à janela de Edmundo, um corvo crocitou e voou com estardalhaço para a noite recém-chegada. O pássaro circulou pelas nuvens, rodopiou o castelo de gelo e pousou na balaustrada do alpendre dos aposentos de Jadis.
A Feiticeira Branca andou até ele e acariciou suas penas. Viu as tropas de Cáspian estacionadas na orla da floresta e se virou para o corvo de três olhos.
— Continue vigiando, meu criado. Tudo está indo de forma muito interessante. Vamos ver o que o Rei Edmundo fará diante da hostilidade e desconfiança de seus irmãos e aliados. Eu o tive em meus braços, fraco e indefeso. Poderia ter lhe arrebatado a vida, mas não o fiz por puro capricho. Pior que a morte por um inimigo, é a escravidão por toda a vida.
Ela sorriu e então voltou para dentro de seus aposentos.
Fim do Capítulo 6
Autor(a): callyzah
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Após um bom banho, uma noite tranquila de sono e um apetitoso dejejum, Edmundo já se sentia bem melhor. Lúcia estava com ele no quarto, e conversavam trivialidades enquanto ele se vestia. Ela viu as cicatrizes nas costas e nos pulsos e seu sorriso esvaneceu rapidamente. — Você está cheio de cortes e machucados — falou ela com pe ...
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