Fanfics Brasil - Cap. 8 - Fortitude da Alma Nárnia - O Rei Feiticeiro [+16]

Fanfic: Nárnia - O Rei Feiticeiro [+16] | Tema: Nárnia


Capítulo: Cap. 8 - Fortitude da Alma

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Quando Pedro chegou na entrada da casa de Cérus, Cáspian e Lúcia já estavam ali, angustiados ao ver seu semblante de sofrimento. Lúcia correu até ele e o abraçou, sabendo, em seu íntimo, que algo terrível havia acontecido. Pedro pranteou sua dor um pouco mais, embalado pelo terno abraço.


— O que houve, Pedro?


— O Ed está no castelo... Não consegui tirá-lo de lá...


— Por causa do bebê?


Pedro enxugou os olhos, espantado.


— Sabia da criança?


— Edmundo nos contou — falou Cáspian. — Sei que parece inacreditável e assustador, mas acho que devíamos conversar sobre o que ainda não sabe.


Compartilhando a hospitalidade do fauno, eles conversaram demoradamente sobre o que Edmundo havia contado, mais os detalhes que Cérus sabia a respeito do que presenciara no castelo.


— Eu gostaria de estar errado dessa vez... — Pedro estava chocado. A situação era bem pior do que imaginava. — Mas agora tudo está muito mais complicado. Eu realmente pensei que fosse uma mentira... O Ed tem um pavor absurdo da Feiticeira. É claro que não teria se entregado, exceto através de magia e intimidação! E eu apenas piorei a situação.


— Não importa quem estava certo ou não, o que temos que fazer é tirar o Edmundo da influência dela. — Lúcia replicou com determinação. — Mas não podemos agir com violência, por isso, vamos fazer exatamente o oposto!


Todos se entreolharam sem entender o que a criativa mente da garota estava tramando.


 *****


O dia já seguia adiantado quando Ariel veio cuidadosamente despertar seu Rei.


— Majestade? A Rainha pede sua presença na Sala do Trono. Já preparei seu banho e trouxe roupas apropriadas. O dejejum está servido à mesa.


Edmundo resmungou algo e se virou, cobrindo a cabeça com o manto de peles.


— Desço em um minuto...


Todavia fez questão de enrolar por um longo tempo, só para deixá-la esperando. Sentou-se ainda fatigado, sem ânimo para encarar a Feiticeira ou qualquer coisa que ela lhe pedisse. Ainda assim, talvez pela magia do anel, foi impelido a se levantar, tendo sua disposição renovada. Viu, na bancada do banheiro, roupas pomposas e repletas de joias. Deixou-as todas intocadas e se vestiu com a costumeira armadura de couro.


No Grande Salão, se aproximou de Jadis e se sentou no trono de gelo, relaxando sua postura como costumava fazer na velha poltrona de camurça de seu pai, na Inglaterra. Jogou uma perna por sobre o descanso do trono, e recostou o braço no do outro lado para apoiar a cabeça; estava praticamente deitado de atravessado. Jadis o mirou com um ferino olhar de desaprovação.


— Sente-se direito, Edmundo! Essa não é a postura de um Rei Narniano.


— É claro que é. Sempre me sentei assim em Cair Paravel. Ah, é! Você não estava lá pra ver! — E sorriu para ela cinicamente. Jadis bufou, mas desistiu de discutir e começou a falar sobre logística e contabilidade. — É, eu estudei os mapas, não sou burro.


— Tenho lá minhas dúvidas — provocou ela, contudo Edmundo continuava indiferente.


— Se está decepcionada comigo, devia ter escolhido o Pedro. Eu sempre fui o irmão mimado e problemático, se lembra?


— Claro que me lembro, entretanto pensei que tivesse amadurecido. O seu descaso me irrita.


— Você me enfeitiçou, me manipulou e me separou de todo mundo; não sobrou muita coisa que possa usar pra me ameaçar.


— Quer apostar? — Ela o mirou de esguelha.


— Faça seu melhor! — retrucou ele devolvendo o mesmo olhar.


— Majestades! — Um guarda da cidadela, acompanhado por um sentinela do castelo, se apresentou diante da escadaria dos tronos. — Em nome dos Reis e Rainhas de Nárnia e Telmar, trago tributos aos soberanos dos Reinos do Norte, como uma promessa de paz e símbolo de boas-vindas!


— Isso me parece uma armadilha — comentou Jadis.


— É completamente natural receber presentes — ralhou Edmundo —, você é que nunca deu nada pra ninguém sem segundas intenções.


— Se está dizendo... — Virou-se para seu sentinela. — Permita que se adentrem na Sala do Trono.


Enquanto dezenas de aldeões vinham trazendo das carroças do pátio, tonéis, baús, caixas de vários tamanhos, rolos de tecidos, barris de alimentos, entre muitas outras coisas, três pessoas vestidas de garbosos mantos se aproximaram da escadaria. O primeiro a puxar o capuz para trás foi:


— Cáspian, o Décimo, saúda o Rei e Rainha das Terras do Norte! Trago presentes para o futuro herdeiro. — Mostrou os belíssimos cavalos trazidos por domadores. — São potros de linhagem pura, e servirão como excelentes montarias, mesmo em estradas onde a neve se amontoa, e o frio castiga.


Edmundo franziu a testa e se ajeitou no trono, numa postura tensa e preocupada. A segunda pessoa a mostrar o rosto foi:


— Lúcia, a Destemida, Majestades, e trago presentes como prova de paz e amizade; tecidos e peles para acalentar o frio dos invernos mais rígidos. Também hidromel e chá de ótima qualidade! — E fez uma vênia com um largo sorriso no rosto. Olhou para seu irmão, que estava com uma expressão embasbacada, e deu uma piscadela.


Por fim, o terceiro e último membro da comitiva se apresentou:


— Grande Rei Pedro, o Magnífico. — E fez uma exagerada saudação a eles. — Trago uma prova de nossa aliança, o perfume e a beleza das Flores de Espuma, também conhecidas pelo simbolismo de luz e pureza da alma.


Edmundo mirou seu irmão, alarmado, e sussurrou movendo os lábios para que se fizesse entender, mas sem alarde.


— O que vocês estão fazendo?


— Ora — falou Pedro —, dando as boas-vindas para o mais novo membro da família! — E deu um passo para trás, deixando que Lúcia explicasse.


— Como é o costume, a criança recebe o sobrenome do pai, ou seja, meu sobrinho, ou minha sobrinha, é agora legitimamente um Pevensie, estando vocês casados ou não.


Cáspian também deu um passo à frente.


— E como considero o Rei Edmundo como um irmão, achei necessário consolidar nosso compromisso de lealdade e respeito mútuos.


Enquanto falavam, mais caixas e vasos eram trazidos, em especial as Flores de Espuma; flores raras que exalavam um forte perfume, muito parecidas com a que eles haviam visto no mar, ao final da aventura do Peregrino da Alvorada. Logo, todo o Salão do Trono estava invadido pela agradável fragrância da flor alva de grandes pétalas. Edmundo não sabia o que estavam aprontando, mas decidiu participar daquele teatro, ainda que temesse que Jadis tivesse alguma reação súbita e inesperada. Ele gaguejou ao falar, mas limpou a garganta e fez uma breve vênia.


— Nós recebemos com profunda gratidão os tributos, e... — Reparou que a Feiticeira cobria o nariz e a boca com as costas da mão, parecendo irritada com aquele cheiro.


— Tirem imediatamente essas flores daqui! Estão me causando alergia!



— Mas isso seria muita indelicadeza da nossa parte, afinal são presentes...


Ele e Jadis se encararam por alguns segundos. Ela sabia que aquilo era algum tipo de afronta, por isso ela se levantou com o olhar feroz e foi até ele.


— Não me importo! — bradou ao puxar o cabelo de Edmundo. Por um momento, Pedro quis subir as escadas e afastar a bruxa do irmão, mas Cáspian agarrou disfarçadamente seu braço e meneou a cabeça com o olhar receoso.


— Ai! Solta meu cabelo! — Edmundo fez uma careta, mas ela logo o largou.


— Livre-se delas! — E se retirou do salão a passos furiosos.


Assim que ela se foi, Edmundo desceu os degraus com o coração a toda.


— O que estão fazendo? Perderam a razão? — Lúcia correu a abraçá-lo. Ele sorriu e olhou para Cáspian e Pedro ao seu lado. — Flor de Espuma? As flores de Aslam, sério?


Pedro também abraçou o irmão.


— Não vamos abandonar você, não importa o que aconteceu. Vamos ficar juntos!



— Eu achei... — Edmundo estava envergonhado, ao mesmo tempo grato. Apesar da enrascada em que havia se metido, eles estavam ali para apoiá-lo. E isso significava muito para ele. — Mas e quanto ao nosso mundo?


— Acho — falou Lúcia — que a Susana consegue inventar uma bela desculpa até voltarmos.


— Então, quando será o banquete? — perguntou Cáspian.


— Que banquete? — indagou Edmundo.


— O que fará em agradecimento pelos tributos recebidos, e para dar a boa nova aos Narnianos.


— Acham que é uma boa ideia?


— Claro que é! — insistiu a garota. — É o herdeiro do Rei Edmundo! Não duvide da força do seu sangue, tenho certeza de que será uma pessoa sábia e justa, como o pai.


Pedro olhou em volta, para as paredes de gelo esbranquiçadas, o chão branco, o teto repleto de estalactites...


— Lugar adorável... Não vai decorar ou precisa da permissão da Feiticeira? Só quero ter certeza até onde pode ser você mesmo.


Edmundo suspirou.


— Parece que já sabe do anel. Venham, vamos conversar em outro lugar.


Subiram as escadarias, até uma grande sala onde uma alongada mesa central estava iluminada pela claridade do dia. A luz passava pelas altas janelas das paredes brancas.


— Uma Sala de Jantar? — Lúcia estava admirada com a beleza do cômodo. — Apesar de ser o castelo dela, até que não se parece com uma masmorra.



— Ela quis que fosse um cativeiro ‘agradável’. Vou chamar o Ariel para pedir uma refeição.


— Quem é Ariel? — Quis saber, Pedro.


— Meu camareiro. Ou carcereiro. Ou algo assim.


Todos se sentaram ao redor da cabeceira da mesa já posta com louça, cristais e lenços delicados. Logo Edmundo se juntou a eles, deixando os servos cuidarem dos presentes. Algumas senhoras entraram pouco depois servindo bebida e petiscos para os convidados. Apesar do clima tenso, tudo parecia ir pacificamente bem.


— Então — falou Pedro, olhando para sua taça —, não tem nada envenenado, não é?


— Ah não... Acho que não.


— Você acha?


— Não, não está, Pedro! Se ela quisesse matar vocês, ela teria nos atacado na Sala do Trono.


— Verdade — concordou, Cáspian. — E tenho que confessar, esse lugar é incrível; digo, e pensar que ela mesma criou toda essa estrutura do nada, do dia pra noite... É incrível, e aterrador!


— Ela não está te maltratando, está? — perguntou Pedro.


Edmundo deu um gole de hidromel e meneou a cabeça.


— Ela é meio histérica às vezes, e temperamental, mas nada que eu não possa lidar.


— Pode me mostrar a varanda, Ed? — O olhar intenso de Pedro já deixava claro que ele queria ter um minuto a sós com o irmão, e ambos foram até a sacada circular de gelo.


— Está com frio? Posso mandar trazer um manto.


— Não, estou bem. Até que a vista é muito bonita. — Estavam a cerca de cinquenta metros do solo.


— É, mas não me chamou aqui pela vista.


— Apesar da situação complicada, não era isso o que sempre quis? Governar um reino só seu?


— Não é só meu, e sinceramente, mesmo tendo todas essas coisas, não me sinto nem um pouco satisfeito. Não é apenas Nárnia, é a nossa família que torna esse lugar tão fantástico. Acho que demorei a entender isso de verdade.


— Eu e os outros conversamos e estou a par de tudo o que disse pra eles, por isso tive algumas ideias.


— É claro que teve. — Edmundo lhe sorriu gentilmente.


— Antes de mais nada, temos que tirar esse anel do seu dedo.


— Como?


— Existe uma biblioteca nesse castelo?


— Uma biblioteca? Não, mas lembro de ter visto pergaminhos em uma grande estante no castelo em ruínas...


— O castelo onde foi feito o ritual que trouxe Jadis de volta à vida? E onde a mulher serpente torturou você?


— Esse mesmo. Por que está sendo tão detalhista?


— Acho melhor você ficar de fora dessa vez.


— Só porque fui torturado quase até a morte, e usado para reviver um espírito maligno? Já superei isso, Pedro.


— Não está nem com pouquinho de receio de voltar àquele lugar? Seja sincero.


— Se eu tivesse outra opção; mas não temos. Mesmo com essa trégua, se eu não for, não deixarão vocês entrarem. Além disso, eu tenho magia e um lobo gigante; e também espadas! — Cutucou o irmão com expressão de deboche. — Faremos o seguinte, vou descobrir se há uma biblioteca no outro castelo e onde fica, aí iremos até lá, juntos.


— Tudo bem. Ficaremos no Forte enquanto isso.


Voltaram à mesa e conversaram sobre a situação atual dos reinos daquele mundo. Ao anoitecer, despediram-se todos, ainda que Pedro quisesse ficar para proteger o irmão, pois ainda estava com a imagem de Jadis agredindo Edmundo na Sala do Trono.


— Tem certeza de que não quer que fiquemos?


— Não se preocupe, Pedro, eu vou ficar bem. Ela é menos hostil quando não há ninguém para provocá-la.


Cáspian, Lúcia e Pedro partiram para a cidade, e Edmundo voltou para seus aposentos. Encontrou Jadis no longo corredor de gelo luminoso.


— Divertiu-se com sua família e amigos?


— Teria sido mais interessante se estivesse lá conosco — ironizou.


— Talvez em uma próxima ocasião. Então pedirei que preparem Manjar Turco para a sobremesa. — Ela passou por ele com um leve sorriso.


— Peça para fazerem bastante, então. Sabe que eu adoro Manjar Turco! — retrucou ele em tom de desafio.


A Feiticeira achou graça daquilo e seguiu para os andares superiores. Edmundo entrou no quarto e fechou a porta, sentando-se recostado nela. Suspirou pensando em como descobriria sobre a biblioteca sem despertar suspeitas.


Fim do Capítulo 8



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Autor(a): callyzah

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Edmundo estava na Sala de Reuniões, de pé, olhando os antigos mapas espalhados na mesa de mármore. Inquieto, mudava os pergaminhos de lugar, fazia anotações e revirava os mapas. — Isso não está certo. — O que não está certo? — Jadis entrou na sala vestindo um vestido simples, bordado em prata. ...


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