Fanfic: IMPROVÁVEL PAIXÃO | Tema: Portinon, RBD
Anahí
Agosto. Primeiro dia de aula pós-férias.
Faltam apenas mais alguns meses para eu me despedir da vida de colegial. É esse pensamento que me dá o mínimo de ânimo para que eu retire as minhas luvas e prepare o material que precisarei utilizar na primeira aula.
O colégio está cheio. Estudantes entram e saem, parecem ter assuntos inacabáveis. O frio congelante parece não ter importância para eles, é como se todos carregassem dentro de si um verão infinito.
15 graus. Como eles conseguem estar tão animados?
Parte de mim gostaria de estar sob o peso de ao menos 3 cobertas, com um pequeno buraquinho apenas para facilitar a respiração.
A outra parte, é a parte que possui o mínimo de responsabilidade e força de vontade. É ela quem sempre vence. Talvez me falte um pouco de rebeldia.
Pego minha caneta, o caderno e o livro de química, então mantenho-me encolhida no canto da sala de aula, aguardando e observando. Em alguns momentos pego-me curiosa para saber parte das aventuras que determinados alunos parecem ter vivido durante as férias. Minhas aventuras resumiram-se em ajudar minha mãe nos afazeres domésticos. Quando não estava fazendo isso, estava passeando pelo shopping ou ouvindo os casos da patroa dela; uma pessoa a quem devemos muito.
Há 1 ano perdi meu pai. Junto com ele, perdemos a moradia. Graças à dona Blanca e ao senhor Fernando - patrões da minha mãe - temos um lar, comida, segurança e, além disso, estudo em um dos melhores colégios do Rio Grande do Sul. Eles nos acolheram no pior momento de nossas vidas, nos cederam uma casa de apoio que há dentro do jardim da casa deles, que se parece como uma casa de boneca, nos tratam como parte da família, sem distinção alguma. Sempre digo que somos sortudas por tê-los. Dona Blanca e senhor Fernando são multimilionários, possuem uma única filha que passou 2 anos estudando nos Estados Unidos e que estará de volta a qualquer momento. Ao que parece, ela aprontou algo em sua estadia em outro país, e agora está voltando para concluir o ensino médio em Porto Alegre, na mesma escola que eu. Dona Blanca disse que ela passará por um processo de adaptação, que foi praticamente inventado para conseguir fazer com que ela se forme ainda este ano. Coisas que somente o dinheiro é capaz comprar...
Estou curiosa para conhecer a famosa Dulce Saviñon. Só a vi através de algumas poucas fotos antigas. Linda. Absurdamente linda. Atualmente deve estar ainda mais bonita. Não que isso importe ou vá mudar a minha vida. Já ouvi um sermão da minha mãe, aconselhando-me a manter distância, a seguir mantendo o respeito, a não usar roupas que possam marcar muito meu corpo ou que sugiram algum tipo de provocação.
Ela sempre me deu muitos conselhos sobre a vida, alguns sermões que todas as mães devem dar, mas, em relação a filha dos patrões, ela foi muito mais enfática e incisiva. Eu entendi que está fora dos limites, mas não entendi o porquê de toda a preocupação, visto que ainda estou adormecida para essas coisas de garotas. Obviamente que acho muitos garotos bonitos, mas não passa disso. Meu foco é o estudo. Quero garantir um futuro digno para mim e para a minha mãe, tenho grandes ambições profissionais.
Em alguns anos, quero estender a mão e exibir orgulhosamente a todos o meu diploma de Ciências Econômica. Sim. Tenho um absoluto amor pelos números, cálculos, economia... tudo relacionado a matemática me encanta, desperta meu total interesse desde quando ainda era apenas uma garotinha.
Dona Blanca diz que serei um grande nome na empresa da família, mas não tenho certeza sobre isso. Embora tenha minhas ambições profissionais, evito pensar em assumir algum cargo importante na Construtora Saviñon, especialmente por não ser membro direto da família.
A entrada abrupta do professor é o suficiente para que eu deixe os pensamentos de lado e foque no que realmente interessa: a aula.
No intervalo principal, mantenho-me na sala, onde como um pedaço do bolo de cenoura que minha mãe fez hoje e que fiz questão de trazer. Sou um tanto quanto introvertida, por isso opto por permanecer na minha bolha de invisibilidade. Só a furo quando um dos meus poucos colegas de escola surgem para conversar.
- Há rumores de que acabou de chegar uma garota problema no colégio. - Ludmila, que estudou comigo ano passado e que, infelizmente, não está na mesma classe que eu esse ano, surge jogando as palavras sobre mim. - Os meninos da minha sala estão em polvorosos, torcendo para que ela seja colocada em nossa turma. Ouvi um deles dizendo que ela é extremamente linda, talvez a mais linda de todo colégio.
- Talvez seja a filha dos patrões da minha mãe, mas eu não saberia dizer. - Ainda não a vi, tampouco sei quando ela chegará. Acho que ela teria vindo com Severino - o motorista que me traz - hoje. De qualquer forma, não conheci Dulce pessoalmente, vi apenas poucas fotos antigas. Enfim.
- Já imaginou se é a filha da patroa da sua mãe? Oh! Meu Deus! Isso que é ter sorte - ela se abana em um gesto exagerado.
- Mas como pode dizer sorte se nem mesmo a viu?
- Acredito no que os garotos estão dizendo.
Quem não acreditaria? Eles são os mais bonitos, populares e exigentes do colégio. Para dizerem isso sobre a garota, é porque talvez ela seja como uma deusa mesmo. - Reviro meus olhos.
- Sinto falta de estudar na mesma turma que você - choraminga, fazendo um enorme bico. - Sinto-me deslocada na outra sala.
- Talvez possamos conseguir uma mudança. Tentar não custa nada - sugiro. Faremos isso! - O sino toca e a arruaça começa quando meus colegas de classe retornam. Ludmila se vai e o restante da aula passa rápido demais, felizmente.
- Olá, Severino! - O cumprimento animada ao entrar no carro. Além de pagar os meus estudos, dona Blanca e senhor Fernando fazem com que Severino, o motorista, me traga e me leve de volta para casa diariamente. Eu agradeço o cuidado, embora sempre fique um pouco desconfortável.
- Olá, menina! Como foi o primeiro dia de aula?
- Foi bom - sorrio. - Obrigada por perguntar. Como está sendo o seu dia hoje? - Pergunto. Faço isso todos os dias, sinto-me mais próxima dele e da realidade que vivemos.
- Oh! Um pouco tumultuado - diz, olhando para o lado. É então que alguém surge abrindo a porta abruptamente, fazendo com que meu coração falhe algumas batidas com o susto. Um perfume amadeirado preenche todo o ambiente quando uma figura linda entra no carro, no banco da frente, ao lado de Severino. Engulo em seco, sentindo um tremor repentino percorrer meu corpo. Não consigo ver o rosto dela, mas sei quem é.
- Senhorita Dulce - Severino o cumprimenta. - Pronta para ir para casa?
- Esperei a manhã toda por isso - ela responde. Sua voz é impactante, tanto quanto seu perfume. Não quero ver o rosto e o quão castanhos os olhos dela são pessoalmente.
- Perfeito. Já conheceu Anahí? - Severino pergunta e só então ela nota que há um outro alguém no carro; no caso eu.
Merda! Eu estava feliz em ser a garota invisível hoje, mas Dulce muda isso ao virar sua cabeça para traz e me encarar.
Novamente me pego engolindo em seco. Me sinto diante do olhar mais sombrio e perigoso que já tive o "prazer" de encontrar. (Mais bonito também.) Castanhos. Profundamente castanhos. Nem mesmo consigo olhar para qualquer outra parte do seu rosto. Os olhos são mais do que suficientes.
- Quem é ela? - pergunta diretamente para Severino, ao invés de perguntar para mim.
- É a filha da Mari, que cuida da casa.
- Ah, sim. A filha da empregada - diz, desviando o olhar do meu. - Minha mãe me disse sobre isso. Sei quem ela é.
Calada eu estava, calada decido permanecer. Sou filha da empregada sim, com muito orgulho, mas há algo sobre a forma como ela falou que me incomodou. De qualquer maneira, opto por ignorar a sensação ruim, da mesma forma que escolho ignorar sua presença.
Dulce
É ela. A garota mais linda do colégio. A filha da empregada. Soube dessa informação mais cedo, mas precisei fingir o contrário.
Dona de longos cabelos loiros e lisos, com a pele mais clara do que deveria ser, dos olhos cor do céu que reluzem de uma maneira intrigante. Anahí Portilla.
Eu nunca entendi verdadeiramente o motivo dela ter um nome latino. Também, nunca tive a oportunidade de perguntar, embora isso desperte uma certa curiosidade.
Eu sei quem ela é, mas ela não sabe quem sou. Talvez saiba, mas apenas superficialmente.
Sei por que minha mãe fala da garota em todas as ligações que faz para mim. Seu eu soubesse que ela era tão gata, teria insistido para voltar antes.
Mas.., nem tudo é perfeito ou fácil. Provavelmente Anahí foi alertada sobre mim, da mesma forma em que fui alertada sobre ela.
"Não ouse brincar com Anahí. Ela não é o tipo de garota para você." A diferença é que não gosto de cumprir ordens, tampouco gosto de receber conselhos aos quais não solicitei. Já ela.., parece certinha demais para ignorar os comandos e os avisos. Qual seria o tipo de garota ideal para mim na perspectiva dos meus pais? Na minha perspectiva, Anahí parece perfeita.
Eles foram insistentes sobre eu me manter distante da garota, pontuaram isso mais vezes do que sou capaz de recordar. Precisam manter a fachada de família perfeita e, provavelmente, acreditam que, se eu decidir investir na garota, trarei problemas. Bom, minha mãe acredita na perfeição familiar ve-emente, tanto que não entende o fato de eu ser rebelde grande parte do tempo.
Por que uma garota que possui tudo, inclusive pais casados, amorosos e felizes, se tornaria rebelde? Meu pai plantou a semente de ódio em meu coração quando eu tinha apenas 13 anos, desde então, nunca mais fui a mesma.
Não é minha culpa, embora acreditem ser. Eu não deveria ter que carregar um segredo sujo junto com ele. Não deveria ter que suportar a carga emocional e me sentir uma traidora. E, por não conseguir lidar com todas essas merdas, às vezes perco a linha e permito que o ódio tome frente das minhas ações. Ele merece ser testado. Minha mãe não.
E talvez eu mereça ser imprudente em relação à filha da empregada.
Ela é bonita. DEMAIS. Mesmo que pareça fazer um esforço para que sua beleza seja ignorada. Ela foi o comentário no intervalo da aula de hoje, embora tenha se mantido dentro da sala. Enquanto muitas garotas tentavam chamar atenção, ela foi a única que conseguiu isso sem nem aparecer o mínimo.
Dezenas de garotas estão dispostas a tentarem uma chance, especialmente porque parece desafiador conseguir isso. Garotas gostam de desafios, ela é um.
Ainda não estou certa sobre permitir que isso aconteça. Como minha fama me precede, estou disposta a usá-la para receber o respeito caso julgue necessário.
De repente, encontro-me mais animada para terminar o ano letivo do que estava hoje no início da manhã. Há dezenas de possibilidades em minhas mãos, mas só agora consegui pensar nisto.
Olho para a garota novamente, mas ela não retribui o olhar. Então sorrio e volto a prestar atenção no trânsito, ansiosa para chegar em casa e começar a colocar as ideias em ação.
Autor(a): siempreportinon
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Dulce Tudo parecia perfeito após uma tarde atoa. Porém, a entrada abrupta do meu pai em meu quarto, modifica o clima de paz em que eu me encontrava. - Deveria bater antes de entrar - Digo a ele, em um tom nada amistoso. - Acredito que sua mãe já te avisou sobre a garota... - Sorrio de uma maneira que ele reprova. Uma que deixa bem explicito que ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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tryciarg89 Postado em 08/08/2023 - 18:18:43
Que fofa, ameiii
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camila64 Postado em 16/05/2023 - 09:02:58
Faz mais histórias
siempreportinon Postado em 23/05/2023 - 01:11:09
Vou postar!
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camila64 Postado em 16/05/2023 - 09:02:38
Maravilhosa