Fanfic: IMPROVÁVEL PAIXÃO | Tema: Portinon, RBD

Anahí

Meses depois.

Após a noite da festa, Dulce e eu nunca mais conseguimos nos manter distantes.

Tem sido cada vez mais difícil manter as aparências, mas temos dado o nosso melhor para que, o tipo de relação que estamos tendo, não transpareça para minha mãe e os pais dela.

Isso significa que não ficamos agarradas no horário de aula. A parte racional de mim está super de acordo com isso, mas a parte emocional, especialmente neste momento, está em pleno estado de revolta. Estou quase optando por voltar a ser a garota que se mantinha isolada na sala de aula. Isso me pouparia de certas visões. Tipo a tal Bruna, que parece querer Dulce a todo custo. Para piorar tudo, a garota é linda e consegue ativar um lado inseguro meu.

Dulce está envolvida em uma conversa com ela e, embora ela esteja séria, não estou muito satisfeita.
- Ok, amiguinha, você está prestes a cometer um assassinato - Ludmila surge dizendo. - Respire fundo. Ela é apenas uma ex mendigando atenção da sua atual. - A informação me pega de surpresa. Por que eu não sabia que ela é ex da Dulce? 

- Ela é ex da Dulce? Não é apenas uma garota completamente interessada em te-la? Está dizendo que ela é mais do que...
- Respire. Talvez Dulce vá me matar. Eu não sabia que você desconhecia essa informação. Mas, enfim, não importa. Como sua amiga, eu tenho direito de te contar. - Ela suspira. - Descobri recentemente que elas namoraram durante alguns meses há alguns anos. Acredito que tenha sido no último ano que Dulce estudou aqui antes de ir embora para NY. Ao que tudo indica, foi Dulce quem colocou um ponto final, mas Bruna nunca aceitou isso bem.

- Maravilha! - Exclamo, frustrada e com mais raiva ainda. A garota, ex namorada da minha atual namorada, está flertando com ela descaradamente. E eu, como uma boa masoquista, estou observando tudo à distancia. 

- Olha, sinceramente? Quero rir, mas irei respeitá-la. Amiga, nunca imaginei que um dia a veria tendo uma crise de ciúmes. Sério! Estou impactada. 

- Não é ciumes. Apenas não gosto de pessoas folgadas. Não ficamos de agarramento no colégio, mas todos sabem que estamos juntas. Qualquer pessoa com o mínimo de decência respeitaria isso.

- É ciúmes também, vamos lá, confesse. - Insiste. Reviro meus olhos e decido voltar para sala. Cansei de masoquismo e conversas. Estou quase alcançando a porta quando uma mão segura meu braço. É ela. Sei pelo cheiro do perfume. 

- O que foi? - Questiono, desvencilhando-me do seu aperto.
- Ei, calma!
- Estou calma.
- Estou vendo que está - ela ri. - Não foi o que essa sua cabecinha está pensando. Ela estava me contando sobre a mãe, que está passando por um tratamento de cancer. Isso é tudo.
- Por que não me contou que namoraram?- Indago.
- Porque eu pensei que soubesse. Acredito que Ludmila saiba. Não ocutei, apenas ignorei. Não é algo que seja necessário ser dito.
- Desculpe-me. De verdade. Estou sendo patética agora, mas ela é sua ex, provavelmente tinha mais a oferecer a você. Sinto-me insegura. - Ela sorri e faz um carinho em meu rosto.
- Sabe uma das coisas que mais admiro em você? - Aceno a cabeça negativamente.
- Sua sinceridade. Você é muito sincera, verdadeira, expõe seus medos abertamente. E por trás de toda essa sinceridade, eu vejo uma inocência gigante. Se eu fosse a garota que costumava ser, a senhorita estaria com problemas. Eu usaria isso a meu favor, manipularia você muito facilmente, Any. Felizmente eu consigo ser uma versão melhor com você. Não quero manipulá-la.

Eu não costumava me importar com panelinhas, com a evidência das garotas populares. Era melhor assim. Agora, com Dulce, sinto-me caindo em uma pilha que não deveria. Me tornei um alvo da garota que costumava ter toda atenção voltada para si, e precisarei lidar com isso de forma segura e madura, ou serei engolida.

- Fique tranquila, Any. Voce não sabe como as coisas funcionam, mas vou te contar. Se eu der o menor deslize que seja, não ficará oculto. Bruna, suas amigas e os garotos que babam por você, se certificarão que isso chegue até seus ouvidos. Não existem amigos leais aqui. Existem jogos de interesses.

- Tudo bem. Estou mais segura agora. Preciso me acostumar com a nova fase, com as pessoas me encarando de cara feia, sussurrando em minhas costas, tentando me desestabilizar. Parece uma competição, mas não quero fazer parte. - Argumento.

- Está tudo bem, Any. Apenas não caia na pilha. Agora preciso ir. Nos vemos no final da aula.

Ela deposita um beijo casto em meus lábios e se vai. Eu demoro alguns segundos para me recompor e voltar à sala. 

Dulce

Eu sou uma maldita viciada que parece nunca obter o suficiente. Não é apenas ela quem sente ciúmes. Eu sou capaz de matar um infeliz por Any. Ela não sabe quantos eu já ameacei e como venho lutando escondido para que ela seja devidamente respeitada. Na verdade, tenho lutado inclusive contra mim. Tem sido insuportável controlar a vontade que sinto de fazer amor insanamente. Estou perdida em pensamentos quando Chris se aproxima. Pelo sorriso estampado em seu rosto, posso garantir que vem alguma proposta pela frente. 

- Eaí, Dul. Festinha lá em casa hoje. Partiu? - Convida animado.
- Não poderei ir hoje, tenho um compromisso. Fica para a próxima. - A verdade é que deixou de ser interessante ir para esse tipo de evento. Não há nada que vá atrair minha atenção, então prefiro ficar em casa aguardando o momento ideal para ter um bom tempo com a minha garota.
- Está com medo que sua namoradinha descubra? - Questiona, com um sorriso petulante no rosto.
- O convite não se estende a ela?
- O que acha? - Dou uma risada. Se antes eu já não queria ir, agora quero menos ainda.
- A garota deve ser uma máquina de foder. Você vive parecendo uma lunática apaixonada agora. 

O seguro pela gola da camisa e o prenso contra a parede.
- E quem você acha que é para falar assim dela? -Indago, lutando contra a vontade de socá-lo.
- Ei, calma aí!
- Calma aí o caralho! Lave sua boca antes de falar da minha garota. Ela não é o tipo que você está acostumado. Não coloque Anahí e foder na mesma frase, ou se arrependerá amargamente disso.
- Ah! Qual é?! A velha Dul nunca dispensaria uma festa e a oportunidade de dar um perdido na namorada. Me lembro bem de como era com a Bruninha. Não percebe que está afastando cada um dos seus amigos por causa de uma boceta?
- Saia da minha frente - aviso, soltando-o.
- Fala sério, Dulce! Talvez eu deva experimentar... -

Meu punho se choca contra seu rosto violentamente. Eu quero socá-lo mais duas ou três vezes, porém, sou impedida pelo segurança do colégio.
- Nunca mais fale assim dela! Estou avisando!
- Dulce Saviñon, diretoria agora! - Verônica surge gritando. Me desvencilho do segurança e sigo para a diretoria.

Estarei morta se permitir que alguém desrespeite Anahí! Foda-se as consequencias, eu estou apaixonada pela garota e ninguém nem mesmo sabe que sequer transamos. Não é sobre sexo, definitivamente. É sobre toda as coisas que sinto quando a tenho comigo. Não sei que porra de magia é essa, mas Anahí me dominou como ninguém jamais conseguiu.

Após explicações, convenço Verônica de que agi da maneira correta e sou liberada. No final da aula, a primeira coisa que faço é encontrar Any. A segunda é puxá-la para os meus braços e beijá-la diante de toda a escola, esquecendo-me de todas as consequências que meu ato trará e rezando para que isso não chegue aos ouvidos dos nossos pais. Ao menos não por enquanto. Quero me certificar que todos saibam que ela é minha e que eu sou dela. 

Na mesma noite, temos mais um encontro escondido. A cada vez que temos um desses encontros, mais desesperador parece.

Any está disposta a ultrapassar barreiras, eu estou tentando conduzir tudo de forma lenta. Por mais que esteja sofrendo de necessidade, não me importo com o ritmo lento que determinei. Parte de mim quer ignorar o fato de que ela é virgem e ir com tudo. A outra parte quer prolongar a brincadeira e garantir que a experiência seja inesquecível para ambas.

Há casos que a espera vale à pena. Estou julgando que esse seja um deles. Esperar não me impede de imaginar todas as coisas que quero fazer com ela. Estou feliz por ter tempo para planejar e por saber que posso ser uma garota controlada quando necessário.