Fanfics Brasil - Fervendo Perigosas Lembranças

Fanfic: Perigosas Lembranças | Tema: Amnésia


Capítulo: Fervendo

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O coração de Letícia ainda batia descompassado, a mão no peito, as costas pregadas na porta. A visão do corpo nu de Ricardo tanto de costas como de frente. Bom, de frente não apreciou de todo, devido à constrangedora situação de ser descoberta. Ainda assim deu para ver...


Deus, é enorme! Como aquilo entrou em mim algum dia?


Um calor lhe subiu; a cena de sexo deles mais vívida do que de costume. Pena que não pôde vislumbrar na recordação a anatomia de seu marido, mas somente a parte de seus ombros nus já que ele a prensava contra a parede.


Nossa!


A cavidade se umedeceu levemente. Não! Pervertida! Um banho. Precisava de um banho frio.


O prazer de vislumbrar a nudez do marido havia lhe custado a dignidade. Não bastava ter avançado nele mais cedo, agora isso. Com certeza estaria pensando que ela se tornou uma pervertida. Como teria coragem de olhar para ele agora? Nem pensar!


Bem feito! Teve a sexta-feira toda para verificar a questão do banheiro e poderia ter deixado para segunda. E espia justo no preciso dia em que seu marido está em casa! Que é que esperava?


Tirou a roupa para tomar banho; se Ricardo viesse lhe falar, batesse na porta e ela não atendesse, teria essa desculpa a calhar. Glória o confirmaria pelo recado que lhe havia passado.


No banheiro, abriu o box e ligou o chuveiro. A água desceu gelada e caiu sobre sua pele. Letícia inclinou a cabeça e deixou que se embebesse das gotas que caíam em uma grande cascata. Passou a mão no rosto para aliviar o impacto. Queria se concentrar na refrescante sensação, mas os pensamentos lascivos de sua recordação sexual ou do corpo do marido não deixavam.


 


- Ah, Ricardo... – ela arqueou a cabeça e gemeu seu nome


- Isso, Letícia, não se contenha – ele aproximou a boca de sua orelha e sussurrou numa voz rouca enquanto a mão pressionava mais o seio e beliscava o mamilo – Geme para mim, querida. Me excita escutar você...


 


Incapaz de se conter mais, suas mãos desceram para os seios e começaram a acariciá-los. Os bicos estavam duros de excitação.


 


Geme para mim, querida. Me excita escutar você…


 


Ela beliscou e puxou os mamilos, emitiu gemidos incontidos, mas baixos. Seu corpo fervia mesmo debaixo da água fria.


 


Geme para mim, querida.


 


A voz dele parecia timbrar em sua mente como se estivesse mesmo ali. As imagens pularam dessa recordação mais antiga para atual, a de há pouco.


 


Ricardo lhe deu as costas, tirou a toalha da cabeça, postou-se de frente para a cama e começou a enxugar o peito. Letícia arfou e o calor a inundou; vislumbrou as costas e a bunda do marido, os músculos de suas pernas e braços. Ele era glorioso! Imagine de frente! Mesmo em pânico, não podia evitar a emoção em vê-lo daquela forma.


Ricardo deslizou a toalha pelas costas, enxugou-a lentamente como se apreciasse o contato, respirava com genuíno prazer; sem perceber, Letícia ficou hipnotizada, seu marido exalava sensualidade nesse simples ato. Ele desceu para as pernas e envolveu-as num ritmo calmo e cadenciado, Letícia mordeu levemente os lábios, por um momento esquecida de sua situação.


 


As mãos de Letícia desceram para sua cavidade e lá começaram a trabalhar. Instintivamente, sabia o que tinha que fazer para se dar prazer. Saiu debaixo da água e encostou seu corpo nos azulejos, arrepiou-se pelo frio da parede. Esfregou os dedos em sua parte mais sensível com uma mão enquanto que a outra subiu novamente para tocar os seios; percebeu que ali era a parte mais erógena de seu corpo.


Enquanto se tocava, imaginava o rosto de seu marido, seus olhos penetrantes e ardentes, sua voz ainda lhe pedindo para gemer, seu perfume, seu toque, o gosto de sua boca, sua língua, o contato com a barba rala de seu cavanhaque. Imaginou ele também se masturbando pensando nela, chamando por ela.


Imersa nessas imagens, Letícia intensificou o movimento em seu clitóris e sentiu palpitações na região. Mordeu os lábios para conter os próprios gemidos. O pensamento no marido.


Ricardo! Ricardo! Ricardo!


A musculatura de sua cavidade se contraiu assim como as pernas; Letícia arfou, o coração a mil. Abriu os olhos arregalada. O corpo começou a relaxar, mas ela se mantinha escorada na parede. Ela teve… sim, teve um orgasmo. Não precisava de sua memória para saber reconhecer a sensação.


Nossa! E apenas por se tocar e pensar em Ricardo. Sorriu. Significava que não era uma mulher frígida. Improvável, com um marido como o seu. Em seguida, a vergonha lhe invadiu e cobriu o próprio rosto. Pervertida!


Entrou debaixo do chuveiro e procurou não pensar em mais nada. Sentimentos conflitantes lhe perturbavam. Letícia tinha impressão de que havia duas mulheres dentro dela: uma mais desprendida, lasciva e sensual; a outra, tímida, insegura e cheia de pudores. Achava que a primeira tivesse mais a ver com seu eu antes do acidente; a segunda, que agora era a maior parte de si, havia surgido devido à sua atual condição.


E esta que a fazia se envergonhar do ato que acabava de fazer por mais prazeroso que fosse e que lhe rogava para não conversar com o marido naquele dia.


- 0 -


Eram oito e quinze, Letícia viu nos ponteiros do despertador. Estava atrasada para o jantar e um pouco culpada por deixar Ricardo a esperando, mas ficaria ali em sua cama terminado de ler O Morro dos Ventos Uivantes; ele entenderia o motivo e não poderia culpá-la. Nem mesmo o ronco de seu estômago reclamando por comida a faria descer e encarar o marido.


Rezava para que logo ele enviasse Larissa para chamá-la; assim aproveitaria para lhe dar o recado de que estava indisposta e que comeria no quarto.


Nem se dignou a colocar um vestido; usava apenas um conjunto de short doll de cor bege, bem sexy, mas comportado.


Escutou batidas na porta. Era Larissa com certeza. Levantou-se e já ia abrir.


- Letícia.


Congelou. Era Ricardo.


Ah, meu Deus!


Estava ali! E resolveu ele próprio ir buscá-la. Deveria ter imaginado. O que ela faria?


- Letícia – tornou a bater em sua porta – Letícia.


- Eu… só um momentinho – procurava o robe. Estava em cima da cadeira, apanhou-o, cobriu-se e amarrou na abertura da frente – Já vou!


Apertou os punhos, queria evitar o constrangimento de vê-lo, mas não podia fazer tal desfeita com Ricardo ali diante de seu quarto. Suspirou três vezes e destrancou a porta. Abriu-a parcialmente por uma fresta que lhe permitisse ver o suficiente de seu marido.


Engoliu em seco ao vê-lo. E quando ele lhe dirigiu aqueles olhos penetrantes e abrasadores, abaixou o rosto incapaz de fitá-lo. Imediatamente lhe veio à mente o que havia feito no banho. O rubor de sua pele devia estar bem evidente.


- Oi. - disse ele com a voz rouca e terna


- O… oi – gaguejou, mas sem coragem de levantar os olhos


- Você está atrasada. - havia repreensão na voz, mas num tom de gracejo


- É...eu.. eu sei – sentia-se uma retardada, mas não podia evitar a gagueira


- Achei melhor eu mesmo vir te chamar.


- Eu… não… não estou com fome – uma contração no estômago desmentia a afirmação, mas a ignorou – Eu…


- Letícia, olhe para mim – o tom continuava terno, mas firme e imperioso. Ela acabou por lhe obedecer e encarou novamente o olhar penetrante e intenso. - Se é pelo que aconteceu no meu quarto, não se preocupe – ela engoliu em seco – Glória me explicou que te disse que eu estava no meu escritório.


Faltava apenas a pergunta: o que foi fazer no quarto dele? Ricardo não a formulou, talvez para não a constranger mais.


- Janta comigo? - indagou-lhe com olhar ferino, um sorriso charmoso e um tom de voz convidativo. Sensual. Letícia soube que não conseguiria lhe recusar nada – Ou minha companhia é tão desagradável?


- Não… - ela negou com cabeça. Depois, fechou os olhos e os abriu com a mesma rapidez – Quer dizer… sim.


- Não? Sim? Para o quê? - Ricardo abriu um largo sorriso. Divertia-se com seu embaraço – Para o meu convite ou a minha pergunta?


- Eu… er… me deixa… eu… preciso colocar uma roupa primeiro – disse por fim – Daqui a pouco desço.


- Prefiro te esperar aqui mesmo no corredor – foi incisivo – Tudo bem?


- Tu...tudo – assentiu insegura – Vou ser rápida.


Ricardo apenas acenou com a cabeça enquanto se lhe desenhava um sorriso de canto. Foi assim que Letícia contemplou seu rosto antes de fechar a porta. Afogou um suspiro, ele era bem capaz de escutar do outro lado.


Não havia como escapar de sua investida, se bem que… não quisesse mais escapar.


Escolheu um vestido branco de alças no fundo do seu closet – precisava renovar suas roupas, estavam acabando as que considerava mais apropriadas. Não era decotado, mas seu comprimento deixava antever boa parte de suas pernas e se ajustava perfeitamente ao seu corpo, emoldurando as curvas.


 Rezava para não deixar que as imagens de si própria se tocando ou as da nudez de seu marido a fizessem cometer alguma loucura, como avançar de novo para beijá-lo. Inspirou o ar três vezes para se acalmar antes de abrir a porta.


Ricardo estava lá com expressão tranquila, paciente e confiante; apenas seus olhos denunciavam o fulgor que lhe ia por dentro e que pareciam desnudar Letícia; uma chama se intensificou ao mirá-la de cima a baixo. Letícia sentiu como se a chama se transferisse para ela. Estremeceu. Estava consciente de que não conseguia disfarçar nem seu nervosismo, nem a vergonha e, muito menos, o desejo que lhe queimava por todos os poros.


- Está perfeita como sempre – o tom sensual com que Ricardo proferiu a sentença foi acompanhado de um olhar penetrante e um sorriso cheio de intenções. Aproximou-se de Letícia, o rosto a poucos centímetros. Ela arregalou os olhos e entreabriu os lábios – Será que... eu poderia beijar a minha esposa de novo?


Ela apenas assentiu sem conseguir tragar a saliva ou dizer palavra. Que vontade de se chutar! Ele devia pensar que estava agindo como uma idiota!


Mas a expressão de Ricardo não denotou qualquer traço zombeteiro, ao contrário; iluminou-se diante da permissão concedida.


Ele levou as mãos ao seu rosto, aproximou-se e encostou os lábios. Deus, foi como se um fogo se alastrasse por todo o corpo de Letícia! Ainda assim, não se mexeu nenhum centímetro, nem moveu qualquer parte, apenas fechou os olhos.


Ricardo começou a beijá-la de maneira similar à de mais cedo; deslizou os lábios suavemente sobre os seus, como se quisesse primeiro apreciar o contato inicial, sem aprofundar o beijo.


Oh, Deus! Por que ele fazia aquilo? Era maravilhoso, mas uma tortura! Ele fazia de propósito para criar uma expectativa e enlouquecer uma?


Tais pensamentos se passaram num átimo na mente de Letícia. Sem que pudesse se conter, seus braços envolveram os ombros do marido e sua boca imprensou a dele, aprofundando ela mesma o beijo, sua língua buscando a dele. Ele cambaleou e até arfou, provavelmente surpreso por sua investida. Àquela altura, ela havia mandado a vergonha, o pudor ou qualquer pensamento inibidor à merda e deixou que a mulher lasciva de seu interior comandasse.


Não tinha opção; seu corpo fervia, incitado pelo beijo de mais cedo, a nudez de Ricardo, o prazer a que se entregou sozinha no banho ou a um acúmulo de tudo e das demais sensações que o marido lhe provocava desde que havia despertado no hospital. Talvez até pelo remanescente do que sentia por ele antes do acidente.


As mãos de Ricardo desceram pelos lados de seu tronco, envolveram-na pela cintura e aproximaram mais os corpos; Letícia suspirou forte assim como ele, os braços dela rodearam o pescoço dele. Gemeu quando ele reivindicou o comando do beijo, invadiu sua boca e tomou a sua língua numa dança luxuriosa. O som de seu gemido o estimulou, posto que intensificou os movimentos, tornando o beijo mais intenso e envolvente.


As respirações de ambos aumentaram, o coração de Letícia batia mais forte e imprensada ao peito do marido, sentiu o dele também.


Sem interromper o beijo, a não ser por breves instantes para puxar o ar, ele a empurrou levemente para trás enquanto ia junto. Sentiu a parede atrás de si, na que ficava a porta de seu quarto. Ricardo se aproximou mais, colocando as pernas entre as delas. Letícia arfou, mas não desgrudou sua boca ou fez qualquer movimento para afastá-lo, nem mesmo quando a ereção dele encostou em sua cavidade.


Uma das mãos de Ricardo desceu para uma de suas pernas, subiu um pouco a barra do vestido e alisou-a, num movimento de subida e descida constante; Letícia gemeu, o toque dele em sua pele a incendiava.


Ricardo interrompeu o beijo, deslizou a boca para seu queixo, mordiscando-o; as mãos de Letícia se embrenharam em seu cabelo.


Quando seu marido desceu a boca para mordiscar seu pescoço ao mesmo tempo em que a mão que envolvia sua perna subiu para acariciar a nádega de sua bunda, foi que a mente de Letícia despertou e ela o interrompeu.


- Ricardo… er… Ricardo – sua voz saiu entrecortada enquanto punha a mão no peito dele. Ricardo imediatamente se deteve, afastou as mãos do corpo de Letícia, ergueu a cabeça e encarou-a. Ofegava – Eu…


- Desculpe… - disse com a voz arfante. Ostentava uma expressão meio culpada, mas um largo sorriso. No olhar, ainda havia um brilho de luxúria – Eu me empolguei.


- Tudo… tudo bem – ela baixou os olhos e voltou a sentir a vergonha inundá-la – Eu… também – mordeu os lábios e fechou os olhos – Ricardo, eu…


- Shhh… agora não, Letícia – ele a silenciou novamente com os dedos sobre seus lábios. Ela abriu os olhos – Primeiro… jantar. E depois, conversamos – esboçou o sorriso torto novamente numa expressão que transbordava de felicidade. Estendeu-lhe a mão – Vamos?


- Vamos… - concordou Letícia e deu-lhe sem hesitar sua mão.


Não estava mais tão constrangida, embora não encarasse Ricardo enquanto caminhavam juntos e desciam a escadaria.


O jantar transcorreu em silêncio, quase não trocaram palavras. Mas não era um silêncio desconfortável, era mais... uma comunicação muda carregada de expectativas, repleta de olhares que expressavam mais do que uma conversa.


- Está satisfeita? - perguntou Ricardo após se servirem da sobremesa e tomarem uma xícara de café. Letícia assentiu, o estômago se remexia ao contemplar o olhar intenso e expectante dele – Vamos para a sala lá em cima?


Ela assentiu de novo e deu-lhe sua mão, que ele beijou com carinho. Levantaram-se e caminharam no mesmo silêncio confortável, subindo as escadas e percorrendo o corredor do terceiro andar até chegarem na salinha que ficava no meio.


Antes que Letícia pudesse se sentar num dos sofás, Ricardo a puxou calmamente, virou-a para ele e beijou-a terno a princípio e, depois, ardente, de uma maneira que parecia única. Dessa vez, Letícia conseguiu se controlar e deixar que ele guiasse os movimentos do beijo, a despeito da excitação que sentia por estar em seus braços. Ele também se manteve mais controlado, limitando os movimentos dos braços entre a cintura e suas costas, alisando-as suavemente.


Em dado momento, Ricardo interrompeu o beijo tão calmo quanto começou – cedo demais para ela, embora não soubesse precisar quanto tempo –, afastou o rosto minimamente sem abrir os olhos (ela os abriu primeiro), apertou os lábios um no outro como se saboreasse ainda o gosto do beijo e disse:


- Você está aqui comigo de verdade – foi aí que abriu os olhos e contemplou-a cheio de amor e felicidade – Ainda não posso acreditar.


Ela se limitou a sorrir, emocionada com o jeito como lhe falava e o tom que empregava.


- Nunca pensei que voltaria a beijar esses lábios tão suaves – passou levemente o indicador sobre eles, fazendo Letícia fechar os olhos e suspirar – E sentir o seu gosto tão maravilhoso. - aproximou o rosto e depositou um leve selinho. Suspirou – Ah, minha querida, não sabe o efeito que um beijo seu me provoca – sussurrou com voz rouca – Muitas vezes, perco o controle… como naquela hora na porta do seu quarto – esboçou um sorriso divertido – Mas você estava tão ardente, Letícia, tão intensa…


- Ah, Ricardo, me desculpe! - ela cobriu o rosto com as mãos se lembrando de como foi afoita – Eu… não sei o que me deu… e também por hoje de manhã. Eu…


- Shhh – ele retirou as mãos do rosto dela – Jamais me peça desculpas por deixar que seu corpo responda naturalmente a mim, Letícia – ela engoliu em seco – Significa que você me deseja.


- Sim, eu… eu desejo – admitiu, mantendo o olhar firme nele, apesar de sentir o rosto queimar. Se queria conversar, precisava ser franca sobre o que sentia. Viu um largo sorriso se desenhar no rosto de seu marido – Você… é um homem lindo, Ricardo. E… também atraente, charmoso e gentil. - desviou o rosto – Você deve ter percebido seu efeito sobre mim e… sabe como deixar as mulheres loucas por você.


- Me interessa deixar apenas uma mulher louca por mim – pegou em seu queixo e fez com que o encarasse. Ela engoliu em seco – Você.


- Eu… - procurou se dominar, Ricardo a deixava tonta – Eu não fiz de propósito… o que aconteceu de tarde… quando entrei no seu quarto. Foi sem querer.


- Não se preocupe, como lhe disse, a Glória me explicou. Ela pensou que eu estava no escritório porque afirmei que ficaria lá, mas acabei decidindo tomar um banho antes. Só que ela não me viu subir para meu quarto.


- Eu… queria dar uma espiada. Saber como era – Letícia falou apressada. Precisava dar uma explicação e essa parecia mais razoável. Melhor do que lhe contar sobre o verdadeiro motivo – Quis satisfazer uma curiosidade.


- Claro, natural. - ele lhe sorriu com tranquilidade – Foi o que imaginei


- Então… não está pensando mal de mim? - indagou preocupada – Não acha que sou uma oferecida e sem-vergonha que quis se aproveitar?


Com essa, Ricardo não conteve uma leve risada. Letícia sorriu sem graça.


- Perdão, Letícia – colocou a mão na boca para abafar o riso – Mas o seu constrangimento ao me ver sem roupa foi tão evidente que jamais poderia pensar semelhantes coisas sobre você – ela engoliu em seco – E de qualquer jeito, que mal haveria? - fitou-a penetrante e sorriu malicioso – Sou seu marido, não? Você tem direito sobre meu corpo e de vê-lo o quanto quiser. E eu adoraria que se aproveitasse de mim.


- E… eu… eu não… - ela estremeceu e gaguejou por ele ser tão direto.


- Perdão. – fechou os olhos como se tivesse cometido uma gafe e colocou as mãos sobre os ombros dela – Não quis deixá-la desconfortável. - fitou-a novamente – Apenas quis te tranquilizar pelo que aconteceu. Desculpe pela minha falta de tato, por ser inconveniente às vezes.


- Não, t… tudo bem – suspirou e encarou-o confiante – E você não foi inconveniente. Nunca é. É que você… mexe muito comigo… e me deixa sem jeito. - admitiu sem mais reservas


- Bom escutar isso – ele alargou o sorriso e fez um movimento para que se sentasse no sofá


Obedeceu, acomodando-se de frente para ele. Ricardo tomou as mãos dela sobre as suas


- Letícia, o que aconteceu hoje no café da manhã… o beijo. E antes do jantar… e agora... Saiba que eu não me arrependo de nada – encarou-a sério, mas com um olhar vidrado e intenso – Mas eu preciso saber de você o que pensa… o que sente a respeito.


- Também não me arrependo do que aconteceu. E foi… maravilhoso.  – sorriu-lhe, mas baixou os olhos – Você… beija muito bem.


- Obrigado. E fico feliz em agradá-la.- sussurrou ele e, de novo, ergueu o rosto dela para que o encarasse  – Mas eu não quero que se sinta forçada a nada. Eu lhe disse antes, mas quero deixar claro para não te assustar.


- Não está me forçando a nada… e nem me assusta.


- Então… quer dizer que poderei te beijar livremente daqui para frente?


Ela quase gritou um sonoro “Claro”, mas apenas se limitou a concordar com a cabeça, emulando um leve sorriso. Ricardo alargou o dele e tomou seu rosto entre as mãos.


- Letícia… - sussurrou antes de lhe tomar os lábios


Beijou-a e envolveu-a novamente em sensações indescritíveis, as mãos dele passeando pelas curvas de suas laterais entre os ombros e a cintura enquanto uma mão dela percorria seu peito másculo sobre a camisa azul polo que vestia. Ele suspirou e logo começou a inclinar-se sobre ela, quase a fazendo se deitar sobre o recosto do sofá, porém, Letícia conseguiu se manter sob controle e o afastou com a mesma mão com que lhe tocava no peito.


- Ricardo, eu… - começou com voz ofegante enquanto ambos se aprumavam no assento


- Eu sei – disse ele também ofegante, mantendo uma mão em sua cintura e alisando seu cabelo com a outra – Vamos com calma.


- É… vamos. Eu… eu sei que tivemos relações, que você já me viu nua… e conhece meu corpo...– corou ao ver a malícia se insinuar no sorriso dele –… mas para mim é como se fosse tudo novo… como se…


- Não precisa explicar, minha querida. Está tudo bem. - ele lhe sorriu com expressão tranquila – Para mim, está tudo bem. Só de poder tocar em você de novo, apenas por beijá-la já me satisfaz… Você não tem ideia. - os olhos dele eram intensos e expressavam um brilho ao proferirem tais palavras – Vamos no seu ritmo… Só iremos mais além quando você estiver pronta. Não importa quanto tempo leve.


- E se levar meses? – brincou com um sorriso faceiro – Ou até anos?


- Aí você quer me matar, não é? - fitou-a com expressão sofrível, mas com um sorriso de canto. Os dois riram – Bom, será no seu tempo. Esperarei o quanto for necessário.


- Não terá que esperar muito – garantiu ela o encarando com mais coragem – Não acho que vou conseguir resistir por muito tempo a você… não do jeito que me beija ou me toca.


- Hum… então acho que vou caprichar mais para quebrar sua resistência – disse com presunção e aproximou o rosto para beijá-la outra vez, porém, ela o deteve com um gesto


- Eu… queria esclarecer alguns pontos com você… algo que deveria ter feito na festa de ontem ou hoje mais cedo.


- Sim, eu sei – o semblante dele ficou sério. Suspirou – Letícia, sobre meu comportamento de ontem com você por causa daquele indivíduo, eu lhe peço desculpas mais uma vez. Sei que a assustei, eu…


- Não, não me refiro a isso – ergueu os olhos para o alto e suspirou – Me refiro a Patrícia Andrade.


- O que quer saber? - ele pareceu meio desconfortável


- Por que você não me disse que foram mais do que amigos?


- Quem lhe disse isso? - os olhos dele se estreitaram


- Escutei comentários na festa de que vocês foram namorados… e perguntei à minha mãe, mas ela me esclareceu que não era bem assim. Que vocês tiveram apenas… um caso.


- De fato.  Tivemos apenas um breve caso, mas a Patrícia meio que confundiu nossa relação... e espalhou como um compromisso mais sério.


- E por que você não me contou? Por que me disse que ela foi apenas sua amiga?


- Porque não achei relevante, Letícia – encarou-a sem titubear. Havia sinceridade nos seus olhos – E para mim Patrícia nunca passou de uma amizade. Tive um caso com ela… e confesso que mesmo antes na época da faculdade… estivemos juntos algumas noites – fitou Letícia parecendo escolher as palavras com cuidado – Mas ainda assim, sempre considerei Patrícia como uma grande amiga. Chame de amizade colorida se preferir, mas não mais que isso. - seu olhar se fixou na esposa – E nunca houve nada entre nós depois que comecei a namorar com você, se é o que a preocupa.


Letícia assentiu. Intuía que lhe dizia a verdade, a mãe lhe contou algo parecido.


- Mas ela parece ainda estar apaixonada por você.


- E está, não vou negar… e é culpa minha que meio que ela insista em algo mais.


- Mas… como ela se atreve? - Letícia não se conteve e elevou o tom – Você é um homem casado!


Ao ver um sorriso presunçoso se desenhar nos lábios de Ricardo, arrependeu-se de sua exaltação.


- Não me diga que está com ciúmes? - perguntou ele num tom divertido


- Eu… - ela abriu a boca disposta a negar, mas decidiu ser sincera – É, estou… - cobriu o rosto com as mãos envergonhada – Sei que não tenho esse direito, mas…


- Você tem todo o direito, minha querida – ele abaixou suas mãos e as segurou enquanto a fitava sorrindo – E não sabe como me deixa satisfeito saber que você sente ciúmes por mim.


- Por que diz isso? Eu antes não sentia?


- Não. - a expressão dele se anuviou – Pelo menos… não demonstrava – fitou-o intrigada, mas logo aquela sombra se desfez quando ele abriu um sorriso – Mas se você agora o demonstra, posso supor que está começando a gostar de mim… de novo. Certo?


- Sim – ela lhe sorriu – Só não sei dizer o quanto… ainda é muito cedo.


- Não importa. Para mim é o suficiente um pouco que seja de seu afeto – deu-lhe um selinho profundo e carinhoso e continuou segurando suas mãos. Ele sorria de orelha a orelha, mas a fisionomia voltou a ostentar seriedade – Letícia, se não lhe disse sobre a Patrícia foi porque não queria que tivesse uma má impressão de mim. Eu… quero que entenda a minha relação com ela. Patrícia é uma grande amiga, me ajudou muito quando eu estava na faculdade. - suspirou – Ela foi a terceira pessoa que conseguiu de alguma forma penetrar nessa couraça que criei em torno de mim. - engoliu em seco – Você e seu irmão foram os primeiros, mas estava afastado de vocês… e me senti jogado de novo no inferno. Se ela não tivesse aparecido… não sei o que teria sido de mim. - o olhar de Ricardo parecia distante, como que perdido em desagradáveis recordações – Eu nunca a amei, é verdade… talvez tenha sentido em algum momento algo próximo a paixão, mas de qualquer jeito, eu não quis me aprofundar numa relação com ela com medo de estragar a amizade que tínhamos. - balançou a cabeça – Mas sei que por diversas vezes corri esse risco justamente pela forma como eu a tratava. Não me entenda mal, nunca quis brincar com os sentimentos de Patrícia por mim, sempre fui sincero quanto ao que sentia e o que queria. Mas quando batia uma carência… eu não recusava o consolo que ela me oferecia – deu de ombros – Talvez eu tenha feito mal, só serviu para alimentar as ilusões dela a meu respeito… até hoje. Mas ela é importante para mim, não nego.


- Entendo – Letícia assentiu, embora não gostasse de saber a importância daquele laço


- Mas se você quiser que eu me afaste dela… que rompa o contato, não se preocupe, eu o farei sem pensar duas vezes. Você é mais importante para mim… está acima de qualquer pessoa ou coisa na minha vida, Letícia


O coração de Letícia bateu, até sentiu um aperto. Tanto amor e tanta veneração nos olhos e na voz do marido a assustavam um pouco. Tinha medo de não conseguir corresponder à altura como imaginava que fosse antes, embora começasse a nutrir algum sentimento por ele, além da atração forte que sentia.


E não duvidada de suas palavras. Ricardo seria bem capaz de se afastar da tal Patrícia a um pedido seu.


 


E Ricardo te ama como um louco. Ele faria qualquer coisa por você.


 


As palavras da mãe não o desmentiam. A tentação era bem forte, mas ela não tinha o direito e nem queria privá-lo de qualquer coisa, mesmo da amizade com aquela mulher. Seu marido se mostrava tão dedicado, atencioso e amoroso, que o mínimo que podia fazer era lhe ter consideração.


- Está tudo bem, Ricardo. Você não tem que fazer isso – acariciou o rosto dele – Se para você ela não representa nada mais do que uma grande amiga, então não tem problema. Quero que você esteja feliz.


Ele abriu um largo sorriso. Letícia se sentiu bem por alegrá-lo. Queria, não, precisava fazer com que aquele sorriso se manifestasse mais vezes no semblante do marido.


- Você já está me fazendo feliz. Mais do que imagina. – ele retribuiu a carícia no rosto com outra – E como lhe disse... é só isso que Patrícia representa para mim, uma grande amiga.


- Eu… confesso que senti ciúmes dela quando apareceu na festa ontem e interrompeu nossa dança – Letícia sorriu – Você até me perguntou se foi por causa dela que fiquei chateada, mas eu não quis admitir por vergonha.


- Até pensei na possibilidade, mas não tive certeza – ele lhe sorriu – Como eu disse, você nunca demonstrou ciúmes por mim e como você negou, achei que tivesse ficado estranha comigo por eu ter dado a impressão de forçar a barra com você ou pelo modo como a tratei por causa daquele sujeito.


- Não, foi ciúmes mesmo… da Patrícia – resolveu que não contaria sobre a tal Cristina, não fazia caso – Eu… foi besteira minha, devia ter te falado.


- Devia mesmo – a expressão de Ricardo ficou séria – Letícia, não tem que se sentir constrangida comigo. Combinamos de você me contar sobre qualquer lembrança que tiver… e também quero que me conte tudo o que pensar e sentir a meu respeito. Tudo bem?


Ela assentiu. Tentaria.


- E não tenha dúvidas sobre minha fidelidade– olhou-a profundamente – Nunca dormi com outra mulher desde que você me deu uma oportunidade e aceitou ser minha namorada – sorriu – E embora goste da ideia de você sentir ciúmes, quero que saiba que não há motivos. Não existe mais ninguém para mim. Só você.


Foi demais para ela! Como poderia resistir a um homem como aquele?


Não se conteve e tascou um beijo na boca de Ricardo. Ele a correspondeu; Letícia se sentiu mergulhada numa ciranda de sensações e desejos, deixou até que a deitasse no sofá e lhe fizesse carícias mais quentes. Não foram adiante, porque Ricardo procurou se controlar, assim ela o sentiu, mas esteve perto de ceder à luxúria e se entregar a ele.


Em seguida, tarde da noite quando mal se deram conta da passagem das horas, Ricardo a acompanhou até a porta do quarto e despediu-se com um beijo mais suave, terno e curto.


- Boa noite, querida – ele segurou sua cintura – Durma bem.


- Você também.


- Talvez eu consiga. – deu de ombros e encarou-a com ternura – Mas se eu dormir, sonharei com você.


- Então… até amanhã – ela lhe sorriu, sentindo o rubor nas faces


- Até amanhã. Mal posso esperar.


Deu-lhe um último selinho e esperou ela entrar. Letícia foi dormir com a certeza de que teria belos sonhos com o marido.  



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Autor(a): jord73

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Manhã de segunda-feira. Letícia sorriu antes mesmo de abrir os olhos. Não sonhou com o marido, pelo menos não se lembrava, mas adormeceu com a imagem de Ricardo, a primeira que lhe veio à mente ao despertar. Seus beijos, suas carícias, suas doces palavras. Saiu da cama num salto e correu para o chuveiro. Queria estar bem limpa, a ...


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