Fanfics Brasil - Sedutor Perigosas Lembranças

Fanfic: Perigosas Lembranças | Tema: Amnésia


Capítulo: Sedutor

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Só para esclarecer (esqueci de colocar no prólogo), essa história eu também posto em outros sites:  Anime Spirit, Nyah, Wattpad, Inskispired e Fictionpress. Só para o caso de alguém encontrar essa história e achar que possa ser plágio. Sou eu mesma, rsrsrsrs, com o mesmo codinome de jord73.


Enfim, bom capítulo!


****



Ricardo se aproximou da cadeira e sentou-se; Letícia engoliu em seco. O olhar daquele homem perturbava seu espírito, ela sentiu um tremor involuntário percorrê-la da cabeça aos pés. Um tremor de desejo e ansiedade por… ser beijada.


O pensamento e sua reação ao marido a assustou. Embora a conhecesse, ela não se lembrava dele, era quase um estranho e falaram-se apenas por minutos, talvez por meia hora direto mais cedo.


Desviou o rosto e balançou a cabeça para dissipar o pensamento lascivo, como se fosse se trair e seu marido pudesse notar o efeito que começava a provocar nela.


- Algum problema? – ele arqueou a sobrancelha ao vê-la balançar a cabeça


- N... não, eu apenas... – virou o rosto para ele sem fita-lo diretamente –... apenas estava pensando em tudo o que meus pais contaram.


- E o que eles lhe contaram? – sua expressão era de cautela


- Fatos da minha infância, sobre meu irmão Sérgio... e também me disseram que sou assistente social e administro uma ONG – criou coragem para encará-lo, embora constrangida – E que tenho uma sócia e amiga chamada Laura.


- Ah, sim... a Laura – Ricardo parecia desconfortável


- Tem algum problema dela me visitar amanhã? – observou-o com cuidado.


- Não... claro que não. Você pode receber quem quiser.


Ele abriu um sorriso, mas não lhe chegava nos olhos


- É... eu gostaria de recebe-la – ela continuava a fita-lo


- Ótimo. Avisarei a ela.


Embora disfarçasse, era visível que a ideia lhe desagradava. Recordou-se do que o pai lhe havia contado sobre a proibição de Ricardo, mas a mãe suavizou dizendo que era excesso de cuidado. No entanto, a postura de seu esposo demonstrava certa hostilidade. Será que ele tinha algum problema com essa amiga? Ainda que fosse o caso, não abriria mão de querer rever um rosto amigo que pudesse reavivar sua memória.


- Mencionaram... mais alguém? – Ricardo exalou certa tensão


- Falaram que tenho mais amigos da ONG – encarou-o intrigada – Por quê? Alguém especial que eu deveria me lembrar?


- Não... Só perguntando... – deu de ombros e serenou a fisionomia. Letícia o fitou, mas não detectou a tensão em seu rosto – Então... lhe contaram sobre sua ONG?


- Sim – ela assentiu – Só não disseram que tipo de ONG.


- É uma ONG responsável por vários projetos, o principal deles é acolher crianças abandonadas – fitava-a com admiração – E também encaminhar adolescentes de baixa renda a cursos profissionalizantes.


- Nossa... parece muito bom.


- E é... Você começou o projeto antes mesmo de terminar a faculdade e em menos de quatro anos a Girassol se tornou uma grande referência não só em São Paulo, mas em todo o Brasil... há até outra unidade em desenvolvimento no Rio.


- Girassol?


- O nome de sua ONG. Um belo nome por sinal... assim como um grande projeto – havia um brilho nos olhos dele e uma expressão de orgulho – Você sempre teve boas ideias, Letícia... desde pequena. Sempre inteligente e criativa... e um coração de ouro.


Letícia engoliu em seco ao visualizar a admiração no rosto de seu marido; suas bochechas deviam estar vermelhas.


- Puxa... Eu... é tão estranho me dar conta de que fui capaz de algo grandioso assim. – desviou o rosto – E de que tem tanta gente que talvez dependa de mim. – suspirou – Mais um bom motivo para eu me recuperar logo e voltar a lembrar de tudo...


- Não tenha pressa. – Ricardo parecia tenso – Há outras pessoas que estão cuidando da ONG para você. A Laura... por exemplo.


- Pode ser. Mesmo assim... espero me lembrar logo. Meus pais me pareceram tão maravilhosos... eles até que não demonstraram, mas sei que devem estar tristes por me ver assim nesse estado. Quero me lembrar deles... – olhou para o marido e engoliu em seco –... e de você também. Deve ser difícil me ver agindo como se você fosse um desconhecido para mim.


- Não se preocupe comigo – Ricardo se mexeu inquieto, sorriu-lhe e tomou a mão sobre as dele. – Eu só quero que você fique bem


O simples contato com as mãos dele, bem como seu sorriso e suas palavras calorosas a arrepiava; não sabia como agir. 


As sensações que Ricardo lhe provocavam a confundiam; por uma parte, via-se desejando que ele a beijasse, mesmo que fizesse apenas algumas horas que o “conhecia” e não tivesse a menor lembrança deles juntos; por outra parte, queria se afastar, com medo da atração que começava a experimentar e também do forte sentimento que lia nos seus olhos. Essa parte era quem predominava no momento e fê-la puxar a mão das dele, embora de um modo delicado. Ricardo manteve o sorriso, mas ela pôde notar o desapontamento pelo gesto dela.


- Eles... soube também... que você é muito rico – despistou, embora lhe constrangesse mencionar a informação – Um dos homens... mais ricos do Brasil


- É o que dizem. – ele deu de ombros com indiferença, recostou-se na cadeira e inquiriu-a com os olhos – A ideia lhe agrada?


- Bom... acho que agradaria a qualquer mulher... qualquer pessoa.


- Mas a você não – era mais uma afirmação do que uma pergunta. A expressão dele era neutra ao afirmar.


- Não sei.... eu... acho que pra mim não faz muita diferença. Bem... na verdade, me assusta um pouco. – retrucou com sinceridade. Ricardo arqueou a sobrancelha – Não sei como vou conseguir me comportar daqui pra frente quando sair daqui... caso a minha memória demore a voltar. Sei que vou ter que encarar a vida normal e... não sei como agir no meio de pessoas ricas. Eles me contaram que também nasci em berço de ouro, mas... e se eu tiver me esquecido das regras de etiqueta no meio da alta sociedade?


- É isso que a preocupa? – Ricardo sorriu. Ela assentiu. Ele balançou a cabeça divertido – Bobagem, Letícia. Esse tipo de aprendizado não se esquece.


- Mas... você me ajuda se eu... se eu não souber como agir?


- Claro que sim. Estarei sempre ao seu lado... – ele se inclinou para frente entusiasmado, mas súbito a expressão se desfez –... se você me permitir. – encarou-a com os olhos inquisidores. Ela desviou o olhar, mas mantinha o rosto de frente para o dele – Significa que quer voltar para nossa casa... comigo?


Ela ficou muda. Não tinha pensado nisso. Ora, é claro que não ficaria no hospital para sempre recebendo visitas de seus pais ou de Ricardo. E quando lhe contaram sobre sua fortuna e a dele, veio-lhe à mente estar no meio de um monte de pessoas da alta e ela tendo que lidar com as mesmas. Contudo, não havia pensando em nenhum momento no retorno para sua casa, onde vivia com seu marido.


Estariam somente os dois... sozinhos. E não estava preparada para cumprir com suas obrigações como esposa, inclusive as sexuais, mesmo que Ricardo a atraísse.


- Você não precisa voltar para nossa casa, se não quiser, é claro – tornou ele, com certa tensão – Se não estiver muito segura... pode ficar na casa dos seus pais... até... até recuperar sua memória – havia uma angústia em seu rosto ao proferir as últimas palavras – Você decide. Eu... só quero que fique bem.


Letícia olhou profundamente para Ricardo. Detectou mais uma vez aquela tristeza no olhar dele; seu coração se apertou. Aquela tristeza era por ela, como se ele temesse perdê-la. Sentiu uma vontade de estender a mão e tocar no rosto perfeito dele... Conteve-se.


- Mas se decidir voltar para nossa casa... claro que... você terá um quarto separado para você – tornou ele adivinhando seu receio – Você não tem que se preocupar, Letícia. Jamais a forçarei a nada. – ela engoliu em seco, embora não desviasse o olhar – Tudo o que eu quero é que esteja comigo... e eu estarei com você para te ajudar, serei seu apoio, a protegerei e não deixarei que nada nem ninguém a machuque. Confie em mim.


As palavras dele a confortavam e também a estremeceram. Detectou uma nota de aflição em sua voz, uma necessidade de reconquistar sua confiança, a ansiedade em seu rosto como um adolescente diante de seu primeiro amor. Todas aquelas impressões sobre Ricardo juntamente com suas próprias reações a ele a perturbavam, confundiam-na, faziam-na querer se jogar nos braços dele e, ao mesmo tempo, fugir. Aquele homem começava a exercer um efeito estrondoso nela, uma avalanche de pensamentos e emoções contraditórios, aos quais não sabia como lidar.


- E... quanto tempo mais vou ficar aqui? – perguntou-lhe para disfarçar suas inquietações


- O médico disse que se os exames que fez forem positivos, talvez daqui há dois ou três dias você receberá alta – ele esboçou um sorriso encorajador – Mas segundo ele, parece que está tudo bem.


- E a minha memória?


- Se não voltar... você poderá continuar a consultar o neurologista do hospital ao menos duas sessões por semana para reaviva-la e também fazer alguns exercícios em casa que ele te passar.


Letícia assentiu.


- Eu... vou pensar no que quero fazer até receber alta – fitou-o com cautela – Digo... onde eu vou querer me recuperar.


- Claro... o que for melhor para você.


Ele pareceu concordar, mas Letícia percebia sua tensão, embora imperceptível.


- Mas... eu quero que você esteja do meu lado de qualquer jeito – acrescentou e, dessa vez, foi quem colocou a mão sobre a dele. Notou ele observar o gesto e uma expressão de júbilo se formar em seu rosto. Rapidamente, ela retirou a mão envergonhada, mas continuou a encará-lo – Preciso muito de sua ajuda para me lembrar... e me ajustar a vida que me espera.


- E eu estarei a seu lado, como eu disse – ele tornou a pegar em sua mão e reteve-a. Letícia não a soltou, embora estremecesse – Confie em mim, querida.


Engoliu em seco ao lhe escutar chamá-la de querida. Ficaram alguns minutos a se contemplar e, por mais que Letícia tentasse desviar o olhar, sentia-se presa no dele, ao seu magnetismo. Ele esbanjava uma sensualidade e um charme capaz de arrancar suspiros. Por Deus! Aquele homem devia enlouquecer a ela de paixão e desejo durante esse tempo em que estavam casados, antes da perda de sua memória.


Letícia se deu conta de que mal conseguia respirar. Viu um sorriso malicioso se desenhar nos lábios de Ricardo; corou. Por fim, ela abaixou o olhar. Ele sabia do efeito que lhe causava. Ergueu a vista para o relógio de parede a fim de disfarçar o constrangimento e ter outro ponto em que observar.


- Nossa! Já são cinco, hein? – comentou num arquejo sem encará-lo, mas estava ciente de que ainda a observava


- Tenho que ir agora – ele disse com relutância. – Vou ter que cuidar de algumas pendências na empresa.


- Você é dono de empresa e tem que trabalhar? – brincou para dissipar a tensão


- Acredite, nós donos de empresa somos os que mais trabalhamos se quisermos manter as empresas. – ele retrucou com um sorriso divertido – E eu tenho mais de um negócio para cuidar. – ela apenas assentiu. – Como o horário de visitas vai até as nove, dá tempo de eu ainda voltar pra casa e trazer alguns acessórios de higiene de uso próprio para você... e algumas peças íntimas – ele sorriu. Ela engoliu em seco – Vou trazer também seu celular para o caso de você querer se comunicar comigo.


- Então... você volta hoje de novo?


De repente, sentia-se desamparada sem ele, mesmo que sua presença a intimidasse


- Claro... não poderia dormir sem ver você hoje à noite mais uma vez.


O tom e as palavras que usou demonstravam tanto carinho e sedução que Letícia sustou a respiração por instantes.


- Er... posso te pedir mais uma coisa? – indagou constrangida, não queria parecer abusada


- Claro, Letícia. O que quiser.


- É que... como eu disse, quero receber a visita dessa minha amiga Laura.


- Hum-hum – olhou-a como um incentivo para que prosseguisse.


- Mas eu não quero ver mais ninguém. Meus pais falaram do pessoal da ONG, só que... não sei se estou pronta para ver tanta gente assim.


- Não se preocupe, o médico inclusive recomendou ao seu pai e eu que introduzíssemos uma pessoa de cada vez para não te assustar. Falarei com ele e com sua mãe sobre seu pedido.


- Certo. – olhou-o se lembrando do conflito oculto entre seu pai e ele. Pensou em indagar, mas desistiu. Talvez fosse bobagem e, como garantiu sua mãe, um pequeno desentendimento momentâneo – Então... até mais tarde.


- Até mais tarde.


Ele se levantou e beijou a mão dela que ainda segurava. Estremeceu surpreendida; um calor a invadiu pelo gesto e pelo olhar penetrante que ele lhe dirigiu enquanto o fazia.


- Fique bem. – ele se afastou de costas aos poucos com um sorriso satisfeito, talvez por sua reação.


Quando seu marido saiu, ela ainda ficou observando abobada a própria mão que ele beijou e aspirando o perfume dele que pairava no ar.


Letícia teve a certeza de que se não voltasse a se lembrar de Ricardo tão cedo, com certeza não se demoraria a voltar a amá-lo. Começava a entender porque havia se apaixonado por ele.


*****


Bem, no próximo capítulo, finalmente, a Letícia sai do hospital (já não era sem tempo, né?) e aí que vai ser dose para ela resistir a um homem desses.

Espero que tenham gostado. Até a próxima.



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Autor(a): jord73

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Chegou o dia da alta de Letícia, o quarto do seu despertar. Por um lado, estava aliviada por seu corpo estar quase recuperado – ainda uma dor numa parte ou outra, mas nada que uma boa pomada e um analgésico não resolvessem –; por outro lado, estava apreensiva pelo momento de deixar o hospital e enfrentar o mundo que a esperava, um mundo do ...


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