Fanfics Brasil - Entre Sombras e Reflexões Gintama: Alone

Fanfic: Gintama: Alone | Tema: Gintama


Capítulo: Entre Sombras e Reflexões

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Que pôr-do-sol bonito. O sol mergulhava lentamente no horizonte tingindo o céu de laranja e vermelho. Diante ao terminal central de O-edo, que agora estava completamente abandonado, havia uma entidade sentada em um dos degraus, possuindo características marcantes: um rapaz de pele albina e cabelos prateados, usando vestimentas cheias de bandagens com inscrições. O seu olhar vermelho-carmesim parecia pertencer a aquele céu. Seu nome? Enmi, mais conhecido como Sakata Gintoki.


Desde a infância, Gintoki lutava contra seus demônios internos. Era uma batalha constante entre suas inseguranças, medos e ansiedades. Era só esperar. Era questão de algum tempo para que o seu outro eu aparecesse. Observando uma poça de agua, fitou com os olhos o seu rosto, que não refletia só sua aparência, mas também um labirinto sombrio de pensamentos negativos e autocríticas cruéis. Aos poucos, ele se tornou seu próprio carrasco, alimentando uma espiral descendente de desprezo por si mesmo.


Aquele fim de tarde, entretanto, seria diferente. Ao ouvir os gritos do trio pôde indiretamente reconhecer aquelas vozes familiares. Um aperto no peito e um sorriso genuíno apareceu ao avista-los já adultos. Embora quisesse correr e abraça-los não podia, pois a sua auto culpa, por conta de não ter evitado a propagação por medo da morte, falava mais alto. Quando o ouviu subir a escadaria, colocou o seu plano em prática: Em meio a falácias, o provocou com o intuito de lutar consigo mesmo em um completo silêncio, apenas ouvindo a bokuto ecoar no local.


"Você é fraco, insignificante. Não merece a felicidade que tanto busca. Você é um peso morto, condenado a uma vida solitária e miserável."


Cada palavra que seu subconsciente soltava perfurava a alma de Gintoki, reforçando suas inseguranças e alimentando seus medos. Ele tentou. Em um ato desesperador tentou lutar contra essa manifestação cruel de sua própria mente. Gritou palavras de resistência, mas sua voz parecia ecoar apenas dentro de si mesmo. Quanto mais ele se esforçava, mais o poder da escuridão parecia aumentar. A sua realidade não era diferente, agiu de maneira bruta para que o derrubasse e o convencesse a ajuda-lo, mas no fim obteve um resultado diferenciado: a morte.


Esse não era o resultado esperado, mas agora já era tarde para se lamentar. Pelo menos agora tinha um tumulo preparado e pessoas para derramar lagrimas diante dele, mesmo que ninguém saberia sobre a sua verdadeira morte. Depois de contar a realidade, sentou-se novamente naquele degrau com vista para o sol. Exausto e desolado, percebeu que estava sozinho. Ele encarou seu eu sombrio de frente pela última vez, percebendo que a batalha era inútil. Ele não podia lutar contra si mesmo. Com um suspiro resignado, Gintoki fechou os olhos e aceitou seu destino. Sentiu-se abandonado pelo mundo, traído por sua própria mente. E assim, diante da solidão e do crepúsculo final, ele permitiu que o vazio se apoderasse dele.


Mas, enquanto sua vida se esvaía, uma semente de reflexão florescia em sua mente: percebeu que a batalha que travou durante toda a sua vida foi injusta. Ele não tinha sido seu próprio inimigo; ele era uma vítima da sua própria escuridão interna. Enquanto o último suspiro escapava de seus lábios, a imagem distorcida do seu eu sombrio parecia desvanecer. Ele compreendeu que o verdadeiro desafio era encontrar a coragem para enfrentar seus medos, buscar a ajuda necessária e aprender a amar a si mesmo.


*


A notícia chegava à boca da Shinsengumi. Uma criatura de quase 1,80m foi avistada com um robô entrando no Terminal, que ao ligar os pontos, notaram que se tratava do tal do “Enmi”. Hijikata, cujo nunca deixou de atuar como um policial, tomou a iniciativa de procura-lo para recuperar os bens de Gengai a todo custo. Iniciou a sua busca solitária no fim do pôr-do-sol onde cada passo sentia uma sensação estranha, como um arrepio percorrendo a sua espinha. Desembainhou a sua katana sem pensar duas vezes.  Ele não conseguia explicar o motivo, mas algo naquele momento tocou dentro dele. Uma melancolia incomum se apossou de seu coração. Pela primeira vez em muito tempo, Hijikata se permitiu ser vulnerável.


Finalmente o encontrou. Finalmente encontrou o idiota que havia desaparecido por mais de 5 anos. Por que não se sentia feliz? A resposta era clara: a maldita angústia tomou conta do ambiente quando o corpo de Gintoki foi encontrado, inerte e abandonado no chão. Cada detalhe da cena parecia ecoar tristeza e desespero. Seu rosto pálido e sem vida, as roupas desalinhadas, a posição desamparada em que jazia, tudo contribuía para uma sensação avassaladora de perda e solidão e assistir aquilo não foi a melhor decisão.


Jogou a espada no chão e correu perante ao corpo, segurando-o em seus braços. Os olhos avermelhados de Gintoki, agora não coincidia mais ao ambiente, pareciam encarar o vazio, transmitindo uma sensação de desesperança. Seus membros desajeitados, antes cheios de vida, estavam agora imóveis, como se tivessem perdido a batalha contra os demônios que o atormentavam. Gintoki, mesmo fraco, abriu os olhos e olhou diretamente para Hijikata, como se soubesse que sua presença ali tinha um propósito maior.


- Você também veio, Hijikata. Não imaginei que o veria outra vez. – Com um fio de voz, Gintoki sussurrou palavras para Hijikata. A voz frágil do albino ecoou pelos ouvidos do policial, tocando-o profundamente. – Parece que eu acabei perdendo para mim mesmo... engraçado, não é?


Ele não respondeu. Estava profundamente comovido. Ele já havia perdido a Mitsuba para uma doença terminal e agora ele. Era alguma espécie de karma? Ele não sabia mais. Nenhum dos dois conseguiram ter seu momento preenchido pelo policial, nem uma pitada de amor, tristeza ou raiva. Absolutamente nada. Cada detalhe da cena, cada evidência, trazia à tona a lembrança de uma vida interrompida de forma cruel. A tristeza inundava seu coração, enquanto o amor que sentia pela justiça e pela proteção das pessoas era confrontado com a realidade brutal do “assassinato de Gintoki”.


Suas lagrimas começaram a escorrer, caindo sobre o rosto do albino. Gintoki não sabia como agir perante essa situação, pois era a primeira vez que ele parecia tão vulnerável. Fechou os olhos dando um sorriso aliviado, porque ele reconhecia esse comportamento desde a morte de Mitsuba e sabia, melhor que qualquer um, que isso o tornava especial. Hijikata seria a única pessoa que saberia sobre sua morte e também seria a única que derramaria as lagrimas perante o túmulo. Ele já estava satisfeito com isso. Em um ultimo dialogo, ele se despediu.


- Agradeço por ter comparecido no meu leito de morte.


- Cale a boca.


- Nunca imaginei que morreria nos braços do maior idiota de todos, que patético. – Ele riu. – Caramba... Eu já não sei o que estou falando mais.


- ... – Ele ouvia cada palavra com um olhar melancólico.


- Tenho um último pedido a fazer.


- Diga.


- Não conte a eles. Seria doloroso demais vê-los chorar... assim como foi doloroso em te assistir. – Gintoki sorriu fracamente, como se soubesse que sua missão estava cumprida. Com uma expressão de paz no rosto, ele fechou os olhos e deixou esse mundo para trás. Mas a conexão que se formou entre ambos permaneceu, tornando-se um catalisador para a transformação do policial. Finalizou a conversa murmurando duas palavras. – Me desculpe.


E assim se deu fim a sua história. Enquanto lágrimas de tristeza escorriam pelo rosto de Hijikata, ele sentiu uma sensação de alívio profundo. Era como se Gintoki, com suas últimas palavras, tivesse libertado algo dentro dele. Uma angústia por achar que morreria ali sozinho, mas agora aquecido pelos braços do policial. Ele se sentiu grato por ter tido a oportunidade de revê-lo e conseguido ofende-lo discretamente. Hijikata tombou sua cabeça sobre sua testa, num último suspiro de desesperança, desmoronando em lágrimas incontroláveis, enquanto seus gritos angustiados ecoavam pela solidão do lugar.


- Por que ele...?


A morte do albino, embora dolorosa e difícil de aceitar, também parecia um "mal necessário". Um mal que livraria as pessoas do sofrimento que era a doença, permitindo a terra voltar a ser o que era há 5 anos atrás com o auxílio do seu outro eu que completou isso para ele, assim como Hijikata completou o seu pedido final. Portanto, a morte de Gintoki se tornou um lembrete constante para Hijikata de que a vida é efêmera e que cada momento é precioso. Ele encontrou forças para superar a dor da perda, usando-a como uma motivação para viver de maneira mais autêntica e plena.



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Autor(a): Kayomii

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