Fanfic: DEZESSEIS | Tema: adolescente romance paixão juventude música

A despedida de Micael quase rasgou o coração de Jennifer ao meio e um sentimento de vazio invadiu seu ser ao vê-lo partir com sua moto sumindo no horizonte. A sua vontade era de querer estar ao seu lado o dia inteiro para quem sabe, até repetir o amor que fizeram no lago, porém, ela sabia que seu pai chegaria logo e que ele esperaria encontrar o almoço pronto na mesa, pois, certamente, estaria faminto da viagem na estrada. Portanto, Jennifer teria que se apressar para que as coisas estivessem tudo na mais perfeita normalidade, porque, ela não gostaria de deixar que seu pai desconfiasse de nada daquilo que aconteceu com ela pela manhã inteira. No entanto, durante toda a preparação da comida, ela não parava de pensar em seu amado e como foi bom tê-lo beijado na festa da cidade e ter ficado com ele por horas, horas essas que passaram como segundos. Agora, a sensação é de que o tempo voou enquanto ela esteve em seus braços. Jennifer descobria neste dia que todas as histórias que ela leu nos livros, ouviu nas canções e que muitos lhe contaram sobre o amor eram, realmente, verdadeiras. Tudo que lhe disseram sobre a paixão avassaladora que seus pais tiveram um pelo outro agora estava acontecendo com ela. Tudo se repetia como um ciclo vicioso. Como se o destino lhe pregasse uma peça que ela caiu e que, obviamente, todos cairiam de maneira inevitável. Era o ciclo da vida.

João Roberto chegou faminto como sua filha previra, entrou em casa contando com entusiasmo sobre o sucesso da venda e das pessoas novas que ele conheceu durante as negociações. Ele não parava de falar, enquanto Jennifer terminava de aprontar o almoço, porém, ela se encontrava perdida em seus pensamentos. Seu olhar perdido no horizonte e totalmente apática à conversa do pai, até que ele estalou os dedos bem diante de sua face e falando alto, chamou sua atenção de um jeito sarcástico, mas com certo tom de advertência:

-Alô! Terra para Jennifer! Terra para Jennifer! Alguém na escuta?

-Eu estou ouvindo tudo o que o senhor está falando, pai! -reclamou ela voltando do transe.

-Mas não parece! -protestou seu pai -Estou falando com você há horas e você parece estar perdida no horizonte pensando na morte da bezerra, sei lá!

-Eu não estou perdida! Estou apenas concentrada fazendo o almoço! -retrucou ela, mas seu pai se aproxima e diz:

-Se estivesse tão concentrada como diz, não estaria tentando colocar açúcar no feijão ao invés de sal!

Disse ele tomando a vasilha do açúcar das mãos dela e lhe dando o pote de sal, enquanto, ela fica totalmente desconcertada com sua atitude distraída. Tenta balbuciar algumas palavras, mas prefere se calar e continuar com seus afazeres, já seu pai decide colocar os pratos na mesa e de maneira inquiridora, indaga:

-O que aconteceu com você esta manhã enquanto estive fora?

-Comigo? Nada! Não aconteceu nada! -afirmou ela tropeçando nas palavras e se assustando quando seu pai para diante dela e quase que lendo o que estava escrito na cara dela, insiste:

-Você está diferente!

-Eu?! Talvez sua animação com o resultado da venda do cavalo tenha feito o senhor enxergar tudo com mais positividade, pai!

-Não é isso! Eu saí esta manhã e deixei uma garotinha cuidando da casa e agora, retorno e encontro uma mulher madura!

Seu pai a pegou pelos braços e olhando seu rosto como que se procurasse por algo que ele havia perdido ou queria descobrir. Jennifer preferiu não dizer nada, pois sabia que continuaria gaguejando e isto era um terrível sinal de que ela estava mentindo. Portanto, permaneceu calada observando seu pai fita-la de alto a baixo como uma máquina escaneadora. Até que ele suspirou e concluiu:

-Minha filha está crescendo tão rápido que é preciso eu ficar um pouco distante para perceber sua evolução!

-Ah, deve ser isso mesmo! -confirmou ela se sentindo aliviada por aquele interrogatório ter terminado bem para ela.

-Vamos almoçar logo que eu estou com uma fome que comeria um bezerro inteirinho! -anunciou seu pai se sentando à mesa e pondo-se a comer.

Durante todo o almoço, Jennifer se pegava novamente perdida em seus pensamentos. Ela se perguntava se Micael também estaria assim, sem conseguir pisar no chão, sentindo-se leve como se quisesse voar, se ele estaria sentindo tudo aquilo que ela estava sentindo por ele depois do que aconteceu. Será se ele estava ao menos pensando nela, era o que vinha a sua mente enquanto mastigava a comida vagarosamente. E vez ou outra, ela se deparava com seu pai olhando-a como se dissesse que ela estava na lua outra vez, até que ela se recompunha e voltava a comer normalmente. Ela, realmente, precisava policiar suas atitudes e disfarçar melhor ou seu pai descobriria tudo. Jennifer não imagina o que seu pai faria se descobrisse que estava namorando um rapaz escondido. Será que ele me poria para fora de casa? Se perguntava ela observando seu pai devorar o almoço. Não! Respondia ela a si mesma. Seu pai era um homem justo e havia prometido às suas tias que ele seria o melhor pai do mundo. E Jennifer não podia reclamar do tratamento que seu pai tinha para com ela, ele se esforçava muito para lhe dar conforto e segurança, e principalmente, ensinar-lhe sobre as vicissitudes da vida e todas as armadilhas que ela encontraria pelo caminho até ela, finalmente, ser uma mulher de sucesso totalmente independente.

Na verdade, João Roberto nunca havia proibido ela de namorar, muito pelo contrário, ele era enfático ao avisá-la sobre as intenções que os meninos tinham com as meninas. Instruiu-lhe sobre as ciladas que falsas amizades poderiam lhe preparar aqui e acolá. Dos perigos de ser atacada ou violentada se ela andasse sozinha tarde da noite ou se colocasse em alguma situação que pudesse proporcionar que alguém mal intencionado pudesse fazer-lhe mal. Seu pai preparou-a para o dia em que ela se tornasse mulher, então, assim que suas regras femininas chegaram, ela não foi tomada de surpresa e logo seu pai a lembrou que eles já tinham comprado absorvente para ela e que estava na sua gaveta de calcinhas. João Roberto era um verdadeiro protetor, contudo, Jennifer estava cometendo coisas que viriam desapontá-lo profundamente, portanto, ela não sabia qual seria sua reação. Ele iria me dar uma surra! Imaginou ela novamente perdida em seus pensamentos com a comida consumida pela metade no prato.

-Jennifer! Eu já estou ficando preocupado com você, minha filha! -reclamou o pai.

-O que foi, pai? Eu estou bem! -afirmou ela voltando a comer.

-Você parece que está perdida no mundo da lua! Eu nunca te vi assim deste jeito! -protestou João Roberto.

-Eu estou preocupada com as provas que estão chegando em breve. Só isso! -relatou Jennifer acelerando as colheradas na comida.

-Ei, coma devagar ou então vai ter dor de barriga! -alertou o pai se assustando com a velocidade que sua filha terminou de comer e se levantou da mesa.

-Vou para o meu quarto estudar! Está bem? -informou Jennifer já em direção a escada, enquanto que seu pai apenas tem tempo de balançar a cabeça concordando com sua atitude.

CONTINUA...