Fanfic: DEZESSEIS | Tema: adolescente romance paixão juventude música

As duas amigas finalmente chegaram na festa e parecia que quase toda a cidade estava lá, Jennifer nunca tinha visto tanta gente reunida assim desde o enterro da sua vó materna. Os olhos de Isabel brilhavam de emoção e suas pernas nem conseguiam obedecê-la direito, enquanto que sua amiga loira sentia uma ponta de arrependimento por estar saindo escondida de seu pai, o medo de desapontá-lo lhe trazia um calafrio que Isabel confundiu com nervosismo e repreendendo a amiga, puxou-a pelos braços para mais adiante. A bela Jennifer ainda estava assustada com tanta gente, muitas destas pessoas, ela nunca tinha visto antes e deduziu que teriam vindo de outras comunidades vizinhas, já que as festividades de sua comunidade era famosa e aguardada durante o ano todo. Os olhos dos rapazes paravam encantados ao notarem a beleza estonteante daquelas duas jovens, Jennifer com um vestido azul celeste que valorizava seu busto apesar de haver uma renda cobrindo boa parte do tímido decote, esta renda terminava delicadamente em seu antebraço, enquanto que a parte debaixo do vestido terminava numa saia rodada que se estendia até depois dos joelhos, os sapatos de salto alto lhe traziam uma elegância ainda maior e ela mais parecia uma cinderela dos contos de fadas. Isabel, por sua vez, ostentava um lindo vestido branco cheio de brilhantes, o tomara que caia não tinha renda nenhuma e deixava seu busto bem protuberante e ousado, a cintura era marcada com um laço de cetim, enquanto que a saia de godê de tule mal cobria suas coxas.

De repente, bem na entrada da festa, as duas amigas foram surpreendidas por um alto rapaz muito bem vestido que chamava atenção pela grande fivela brilhosa que marcava sua cintura. O jovem rapaz segurava duas flores em cada uma das mãos e as pôs bem diante dos olhos das duas amigas num gesto profundamente romântico, colocou as flores no cabelo delas. Pôs uma lisianto branca com as beiradas das pétalas em roxo no cabelo de Jennifer, enquanto dizia de que local aquela delicada flor era originária:

-Esta flor é uma lisianto! Representa gratidão. Mostra como eu estou grato por você ter vindo à festa. E ela é originária do Texas, EUA.

-O lugar de nascimento da minha mãe! -espantou-se alegremente Jennifer – muito obrigado, Beto! -agradeceu o amigo com um beijo no rosto.

E antes que a amiga ardesse de ciúmes bem ao lado deles, Beto pegou a outra flor que restou em suas mãos e colocou no cabelo de Isabel dizendo que aquele era um lírio do campo branco. Que esta flor era o símbolo da inocência, da pureza e do amor puro, mas ele nem bem terminou de falar, Isabel saltou de emoção e surpreendeu o gentil rapaz com um beijo no rosto que pegou de raspão no canto dos lábios dos dois, os quais coraram seus rostos meio envergonhados, enquanto que Jennifer ainda estava mexida com a atitude romântica de Beto. Percebendo o interesse da amiga, Jennifer tomou a todos de espanto quando disse que deveriam entrar logo na festa, então, Beto tirou do bolso os bilhetes de entrada deles e acenou em direção à portaria.

Dentro da festa, o trio de jovens presenciava os diversos casais que rodopiavam no salão ao som das mais variadas músicas dançantes no mais alto volume que os paredões sonoros erguidos ao lado do palco podia tocar. A banda, empolgada, tocava sem parar, enquanto que o cantor pulava de uma canção para outra sem intervalos. A festa estava super animada e Beto não perdeu tempo, pedindo logo para Jennifer dançar com ele sem ao menos dar chance de recusa para a bela jovem. Jennifer olhou para amiga quase querendo pedir desculpas com os olhos, contudo, Isabel acenou com a mão indicando que podia aproveitar a festa dançando com o vaqueiro sensação do momento.

-Aproveite a festa, amiga! Afinal, é seu aniversário!

O nervosismo do momento tinha até feito a aniversariante esquecer que data era aquela, contudo, sua amiga Isabel estava certa. Ela precisava aproveitar aquele instante, pois ela estava crescendo e se tornando uma mulher madura, e que não sabia nada da vida ainda. Beto sempre se mostrou atencioso e carinhoso com ela, apesar dela não corresponder aos interesses do rapaz. A ideia de namorar com um vaqueiro lhe remetia aos fracassos do pai, tanto na vida profissional quanto no amor. E ela sabia que sua amiga, Isabel, nutria uma paixão recolhida pelo seu par de dança. A aniversariante não podia deixar que as investidas do vaqueiro tivessem sucesso com ela sob o risco de machucar o coração de sua melhor amiga. Não! Definitivamente, não era este presente de aniversário que ela queria receber, portanto, fugia dos olhares de Beto e de suas tentativas de aproximar seus rostos. Atitudes que eram observadas de longe por Isabel, quem afastava todos os garotos que se aproximavam dela dizendo que era lésbica e os fulminava com os olhos. Por dentro, a bela jovem negra ria consigo ao notar a cara de espanto deles, enquanto que, ao mesmo tempo, não conseguia disfarçar sua frustração ao perceber que Beto não a olhava como olhava para Jennifer. Um rapaz se apresentou a ela perguntando se aceitava uma bebida, ela apanhou o copo das mãos do jovem e o empurrou para longe, agradecendo ao mesmo tempo que acenava que ele deveria sair dali de perto dela, com isso, Isabel suspirou de descontentamento ao perceber que tinha sido ela a alcoviteira daquele romance que ela estava prestes a presenciar, então, sentou-se na cadeira vazia que surgiu ao seu lado.

“Que surpresa agradável

Eu aqui de frente com você

Nessa festa de amigos

Todos dançando pra valer.

E que tal se a gente

Se entrosasse pra dançar

E no meio da dança

Você deixasse eu lhe beijar...”

Beto pediu para que seu par de dança prestasse bastante atenção na letra da música que tocava naquele exato momento. Era uma melodia agradável e as batidas do som conduzia os passos dos casais no meio do salão que dançavam de corpos colados e de olhos vidrados em seus próprios pares, porém, quando a letra da canção de Mauro Cotta denunciou o intento do vaqueiro animado, Jennifer se viu em apuros e não achou outra maneira de escapar das investidas de seu parceiro senão parar de dançar e pedir uma água para sua companhia. Beto, meio desajeitado, parou de dançar e foi até ao bar para atender o pedido de sua paixão, aproveitou para cochichar algo no ouvido do atendente e sorrindo largamente voltou para o meio do salão, porém, quem encontrou toda sorridente foi Isabel que pegou a água das mãos de Beto e agarrando ele, puseram-se a dançar agarrados, enquanto que ele procurava Jennifer com os olhos. No momento que Beto saiu para pegar a água que a aniversariante havia pedido, ela, sorrateiramente, correu em direção da amiga e disse que era a vez dela de dançar com Beto. Isabel não titubeou e correu para o centro do salão onde se encontrou com o vaqueiro e se pôs a dançar a música que acabava de tocar.

“Esse amor que trago em mim

Eu não sei se é certo

Encontrei o meu jardim

Em pleno deserto

Toda vez que tento te falar

Não contenho minha emoção

Eu queria dizer que te amo numa canção...”

A música de Fernando Mendes era justamente o que Isabel precisava naquele instante para expressar tudo aquilo que ela guardava dentro do peito. Havia muito tempo que ela nutria um sentimento forte por Beto, porém, ela reprimia seus anseios ao perceber que o vaqueiro era interessado na sua amiga que não era interessada em ninguém. Só que naquele momento, naquela festa, ela estava dançando com ele e podia sentir seus braços envolvendo seu corpo lhe deixando extasiada, no entanto, quando o cantor pronunciou a sétima estrofe que declarava que o amor podia nunca ser correspondido, uma lágrima escorreu tímida dos belos olhos de Isabel, quem, disfarçadamente, limpou com a ponta dos dedos e voltou a dançar até a música ser interrompida pelo Seu Genésio, um dos organizadores do evento, quem pegou o microfone e anunciou que todos deveriam parar por um instante e cantar os parabéns para a aniversariante ali presente. Ninguém entendeu coisa alguma, Isabel olhou para Beto perguntando se fora ele o responsável por aquilo e não acreditou quando ele disse que falou com o atendente do bar para que a banda cantasse o parabéns para Jennifer. Ele afirmou que achou que ela iria gostar daquele gesto, porém, Isabel assegurou que sua amiga teria um ataque de fúria, principalmente, quando Seu Genésio perguntou para Beto quem era a aniversariante e ele apontou direto para Jennifer.

A multidão abriu espaço e deixou Jennifer em destaque em meio a uma roda onde todos começaram a bater palmas e cantar a famosa musiquinha de “parabéns pra você” deixando a parabendista totalmente envergonhada e sem reação, a não ser, agradecer a todos pelas felicitações. Contudo, quando todos os olhares se voltaram para a bela jovem que estava de natalício, alguém que estava no meio da festa bem ao longe de tudo aquilo, pode também vê-la e sem hesitação, abandonou as três moças com quem conversava e caminhou em direção de Jennifer. Parando bem a sua frente batendo palmas bem devagar, ela pode ver que aquele belo rapaz alto que surgia a sua frente era o policial novato que tentou falar com ela na frente do colégio. De imediato, ela enrubesceu o semblante e virou-se para o lado, enquanto que ele lhe dirigiu algumas palavras de forma bem elegante que até a surpreendeu:

-Então, quer dizer que o nome da moça mais bonita de toda a cidade é Jennifer?

-Sim, é! -respondeu ela com seriedade.

-O meu nome é Micael e sou novato aqui na cidade! -apresentou-se ele, mas ela nada disse, então ele continuou -Não sabia que esta festa aqui era o seu aniversário? Eu não recebi convite, então eu devo estar de penetra, portanto, aceite minhas desculpas!

-Esta não é minha festa de aniversário! -protestou ela -Se trata das festividades da cidade que acontece todo ano e que por uma coincidência, também caiu no mesmo dia do meu aniversário.

-Que bom saber que eu não sou nenhum penetra! Fiquei com medo de ser abordado pelos seguranças e ser colocado pra fora! -contou ele rindo.

Jennifer também riu da piada que o rapaz contou e se pegou admirando a beleza dele. Afinal, não era sempre que aparecia na cidade um rapaz daquele porte e com aquele charme. O cabelo liso e caído por sobre os olhos com uma sobrancelha esparsa, lábios ligeiramente carnudos que quando sorriem exibem duas covinhas nas bochechas que complementam o encanto que ele causa nas moças. Olhando para ele toda vez que ele se vira para outra direção para que ele não percebesse que ela o estava admirando, Jennifer pode perceber o porquê de tanto alvoroço nas meninas. Aquele rapaz realmente era muito bonito e a forma com que ele mexia os lábios ao falar fazia com que Jennifer quisesse beijá-lo. No entanto, com medo que seu ímpeto se concretizasse e pegasse a todos de surpresa, incluindo ela mesma, Jennifer resolveu se sentar e fitar o copo de bebida que pegou das mãos dele.

-Essa flor que você tem no cabelo é muito bonita! -disse ele.

-Obrigada, foi meu amigo quem me deu! Ela vem do lugar que minha mãe nasceu.

-Ela é tão bonita quanto você, sabia?

Disse Micael de forma galante, porém, antes que Jennifer agradecesse sua delicadeza, o rapaz teve seu braço puxado para trás com agressividade. Era Beto que o abordava com rispidez perguntando se o estranho não estava incomodando sua amiga. As duas amigas ficaram sem ação enquanto os dois rapazes se encaravam enraivecidos um ao outro. O clima ficou deveras tenso nessa hora.

CONTINUA...