Fanfics Brasil - Seu Fardo Sentimento Egoísta.

Fanfic: Sentimento Egoísta. | Tema: anime


Capítulo: Seu Fardo

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Pov Seo-yun.


Meu "pai" não é um homem emotivo, é um cara simples e trabalhador que me salvou. 


Todos os dias da semana são iguais. Acordamos às seis da manhã, ele faz o nosso café da manhã.


Já tentei convencê-lo a me deixar fazer o café, porém o velho não concorda. Após o café ficar pronto sentamo-nos juntos à mesa.


Ele faz as orações calmamente, embora seja perigoso se alguém ouvir suas preces.


-Abençoe esta comida, abençoe nosso dia e abençoe Seo-yun e Maryu. -Ele terminou a oração e como de costume, tive vontade de vomitar, mesmo depois de tudo que aquela mulher fez, ele ainda orou por ela e por mim.


Tomamos café juntos em nossa pequena mesa de madeira. Levantamos em silêncio. 


Sigo ao banheiro, tomo banho primeiro e visto meu uniforme do ensino médio. Ele toma banho depois e veste seu macacão azul da Fundição Patriótica.


-Preparada? –Ele sempre diz com um sorriso me esperando na frente da porta.


-Sim. -Eu sempre respondo o mesmo.


Saímos e vamos juntos para a estação de trem. Ele paga a passagem e eu uso minha gratuidade estudantil. Embora eu tenha 18 anos prestes a me formar, ele se recusa a me deixar andar de trem sozinha. Papai vai comigo todo dia para a estação de Etakdows, desce comigo.


-Tenha um dia abençoado querida. –Ele diz sorrindo e como de costume, acariciando minha cabeça.


-Você também pai... -Eu respondo sempre a mesma coisa, me viro, saio da estação em silêncio.


Mesmo de costas, sei que ele me observa até eu entrar na escola do outro lado da rua. Fazendo questão de saber se entrei bem.


Passo pela estátua do grande líder e tenho que fazer uma reverência sob pena do meu pai ser preso, faço a reverência e sigo para a porta da escola.


Assim que subo as escadas, ele se vira para voltar ao trem que vai na direção oposta, nesse momento, como de costume, eu me viro para vê-lo partir. 


Assim começa mais um dia comum na escola, assim que entro na sala vejo  minhas amigas Rosa e Lisa fofocando de coisas aleatórias, essas duas tornam o meu dia muito divertido, embora a escola seja uma droga!


Uma é uma santinha e a outra uma “vulgar” como diriam nossos pais. Eu estou em algum lugar no meio termo.


Depois de horas e horas de estudo e conversas sobre música proibida e revistas de moda, finalmente toca o sinal das 15h, é hora de ir embora.


Lisa me convida para uma balada no distrito velho onde a polícia da boa moral não costuma patrulhar e Rosa me convida para ir para a casa dela estudar. Agradeço às duas, mas me retiro em direção à estação de trem para ir para casa.


Ao sair da escola saúdo a estátua do grande líder, novamente, e caminho para a estação.


Pego o trem de volta para o bairro uptown, desta vez sozinha, mas há muitos outros estudantes voltando para casa e felizmente a polícia ferroviária de defesa nacional não está de greve, hoje. 


Em meia hora eu chego em nosso apartamento, coloco a chave no trinco e entro em nossa residência.


Hoje é sexta-feira, dia em que costumo limpar a casa. Primeiro eu limpo a sala, esfrego a cozinha, lavo o banheiro e tiro o pó dos dois quartos.


Olho para o relógio e me assusto ao perceber que já são 19:30 horas, ele chegaria em meia hora.


Corro para a cozinha e ligo o fogão. Pego macarrão e arroz, pego um peixe que ele comprou ontem e começo a cozinhar.


A correria foi tanta que queimei o cotovelo, mas a comida estava pronta e deliciosa às 19:50.


Eu espero sentada na mesa sua chegada, mas quando percebo já são 20:10. Ele está atrasado...


Foi até a janela e ligo o rádio, logo sintonizo na Rede Patriótica Soberana é que as composições foram adiadas para manutenção das linhas e desenvolvimento da infraestrutura. 


Mudo para a rádio de ondas curtas voz da liberdade e eles informam que os três estão atrasados devido a sabotagem do MLP.


Essa guerra entre o Governo do Partido Popular e o MLP causam constantes problemas na cidade…


A luz fica piscando devido a problemas no abastecimento, eu fico sentada ouvindo música na rádio oficial do Estado por uma hora. Até que finalmente depois ouço alguém bater na porta…


O jantar já estava gelado… 


Em um sobressalto corro até a porta da frente.


-Quem? - Chego na porta do apartamento sussurrando.


-Sou eu Seo-yun. Cheguei querida. -Ele diz com a voz cansada.


Rapidamente abro o trinco e puxo a maçaneta, sinto cheiro desagradável de enxofre e salitre. Diante de mim eu o vejo, cansado de ficar martelando ferro, sujo de carvão minerado e faminto, pois provavelmente a verba do almoço dos trabalhadores da Siderúrgica Popular foi novamente como diria o Jornal do Povo… “Empenhada em fins totalmente legítimos em combater a MLP”.


Mas a despeito de toda a dor eu o vejo com um sorriso no rosto. Sinto uma vontade descontrolada de abraçá-lo, eu dou um passo à frente, mas ele se afasta de mim colocando suas mãos com as luvas pretas de carvão entre nós.


-Tocar em mim pode ser perigoso… Ácido pode te ferir. -Ele diz com uma voz preocupada.


Deixou meu cabelo cair sobre os olhos e sussurro.


-Sempre cuidando de mim.” -Saio de sua frente e ele entrou no apartamento.


Sentindo o cheiro forte passar por um e aos poucos enfraquecer à medida que ele vai ao banheiro. 


Ouço a água começar a cair, apenas um registro foi aberto, a água gelada, já que a água quente está sendo racionada ele guarda a água quente para mim…


Sentada na cozinha eu ouço o barulho da água caindo suavemente no banheiro. Até que a água cessa.


Continuo esperando à mesa, passam-se vinte minutos, mas ele não sai.


Fiquei preocupado e impaciente na cadeira, tentei resistir ao ímpeto de ir perturbá-lo, mas não consegui… Fui até a porta.


-Pai? –Peço baixinho para bater na porta.


Não há resposta, então começo a me desesperar. Será que ele se intoxica novamente com fuligem de carvão?


Meu coração dispara, eu tinha dezesseis quando houve um acidente acobertado na siderúrgica, ele chegou como se estivesse bem, mas caiu no meio da cozinha e eu tive que correr duas quadras até o hospital local para pedir ajuda.


Abro a porta abruptamente e então o vejo... Dormindo na banheira fria, com olheiras pesadas e os braços machucados pelas batidas do aço para endurecê-lo na fábrica.


Vi seus cabelos, pequenos fios brancos saíndo em contraste aos fios negros…


Ele estava envelhecendo… Por isso dormiu…


Eu deveria ir embora e parar de fofocar...


Ele está cansado, só dormindo, felizmente... Mas não é bom ele dormir na banheira, pode pegar um resfriado imerso na água.


Eu me aproximo com cuidado, porque preciso pelo menos drenar a água. Coloquei minha mão na água rasa e abri a saída de água. Aos poucos a banheira começa a esvaziar. Quando acidentalmente retirei minha mão, meus dedos tocaram seu joelho.


Seus olhos sonolentos se abrem e ele olha para mim atordoado. Seu olhar cansado visivelmente estava lutando para processar a imagem.


-Maryu... -Ele sussurra o nome "dela" com um sorriso sonolento e eu sinto meu coração doer. Ele fecha os olhos novamente roncando.


Lágrimas descontroladas começam a sair dos meus olhos e saio correndo do banheiro. Corro para o meu quarto, batendo a porta em silêncio.


Quando me olho no espelho a imagem que vejo é a dela...


Somos iguais...


Mas sou mais baixo e menos atraente porque por causa dela passei fome na infância e não cresci o suficiente...


Mas com o mesmo cabelo comprido e olhos azuis somos iguais. Abro minha gaveta e vejo minha tesoura... Pego meu cabelo em uma mão e seguro a tesoura com firmeza na outra.


-"Nunca mais... Você nunca mais vai nos confundir..." -De uma só vez cortei meu cabelo ao meio.


Estou furiosa comigo mesma por ser tão egoísta…


Por não ser suficiente... 


Quando "ela" nos deixou Papai não me culpou... Ele não começou a beber... Ele não ficou violento... E ele não foi embora...


Ele apenas mudou... Ficou mais triste... Entre sorrisos gentis e atos de bondade, posso perceber o quanto ele sente falta dela, emocionalmente e fisicamente.


Eles se conheceram quando eu tinha dez anos, se eu soubesse que faríamos tanto mal a ele, nunca teria recolhido lixo por perto deste complexo de apartamento.


Minha "mãe" estava tentando ganhar dinheiro tocando violão em um bar próximo... Eu estava catando lixo nos fundos pois morria de fome, ele cometeu o pior erro que uma pessoa poderia cometer…


Tentou nos ajudar…


(Fim do Piloto)



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Autor(a): manof

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).




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