Fanfic: Almas Trigêmeas | Tema: Supernatural (Irmãos Winchester)
Anteriormente:
– Ela está fazendo de tudo pra não ser agradável conosco. Acho que a Indomável é apenas um disfarce. Você se lembra como ela ficou sem jeito na primeira vez que a vimos? – Dean permaneceu calado – Ela parecia tímida, meio recatada e... doce. Acho que ela é daquele jeito na verdade.
– Ah, é? E por que tem agido como uma megera pra cima da gente?
– Vai ver quer evitar uma aproximação. Sei lá... deve ter algo a ver com os pais dela.
(...)
– Você também não sabe nada sobre mim, Winchester – retrucou por fim atingida por cada palavra – Não se atreva a me julgar.
– A única que tem feito isso esse tempo todo é você. Nós não precisamos de alguém que fique o tempo todo criticando nosso trabalho e querendo ensinar o que devemos fazer. Se você entrou na equipe pra isso, perdeu seu tempo.
– Eu quero deixar bem claro que eu só estou nessa com vocês porque o Bobby me pediu! – esbravejou Vic
– Ah, é mesmo, Senhorita Sei-de-tudo-e-não-precisam-que-me-digam-o-que-fazer? – tornou Dean com sarcasmo – Então faça um favor pra todos nós: pega a merda dessa sua pose de gostosona que acha que tá no controle da situação e cai fora. E que se dane o Bobby se ele não gostar!
– Dean. – Sam repreendeu o irmão num tom mais ameno
– Bem que eu gostaria, Winchester – replicou a moça num tom mais controlado – Mas eu nunca deixo um trabalho por terminar. Eu me comprometi em ajudar vocês a limparem a merda do Apocalipse que vocês começaram e vou até o fim. Mesmo que eu tenha que aturar vocês por meses. – deu uma breve pausa – Então se prepare pra me engolir por um bom tempo.
Capítulo 15
Senhora dos Afogados (1ª parte)
Washington, D.C
A missa dominical noturna havia se encerrado. As pessoas começaram a se levantar e a sair. Uma jovem mulher, cerca de trinta anos, negra, cabelos crespos, magra, alta, vestida com uma saia longa e preta e uma camisa de mangas compridas cor cinza, passava por entre os fiéis. Chegou até o padre que conversava com duas senhoras. Era um homem bastante idoso, robusto e careca. Ao ver a moça se aproximar, despediu-se das senhoras e sorriu para a jovem:
– Foi um belo sermão, padre Frederick – apertou a mão do sacerdote com respeito
– Fico feliz que tenha gostado, Emma.
– Posso... falar um pouco com ao padre Bernard antes de ir?
– Claro, ele está logo ali
Ele apontou num canto do altar um moço que aparentava ter menos de trinta anos. Era magro, loiro e olhos azuis. .Mas o que chamava a atenção era sua fisionomia simpática e uma aura de santidade em torno dele, que transmitia tranquilidade. Não era à toa que era muito procurado pelos fiéis mais do que o padre Frederick. Entre esses fiéis, a maioria era de mulheres. Estava próximo ao órgão.
– Padre Bernard– Emma chegou até ela
– Oh, minha querida Emma. - a voz do padre era suave – Que bom vê-la de novo! Como você está?
– Eu... ainda estou com aquele problema – a moça abaixou o tom de voz - Elas continuam.
– Não se preocupe, é o processo. Logo elas acabam – o padre também falava num tom de voz baixo – Olhe, se quiser conversar, você pode voltar amanhã. Eu agora, filha, estou sendo bastante solicitado – mostrou duas outras moças, uma loira e outra de cabelos pretos que também pareciam angustiadas por falar com a freira – Veja, ali está a Meredith e a Christine.
– Tudo bem, padre. Amanhã... eu volto.
– Eu esperarei.
Emma se sentiu um pouco melhor, mas ainda tinha aquela angústia forte e um medo inexplicável dentro de si. Uma moça, também negra e mais jovem do que Emma, aguardava-a na saída da catedral. Era Nathalie, sua irmã.
– Falou com ele? – perguntou
–Falei.
– E...?
– Não deu pra conversar muito. Ele pediu pra eu voltar amanhã. Vamos?
– 0 –
Em sua casa, Emma acabava de tomar um banho gostoso.
Morava sozinha, mas pediu à sua irmã que passasse a noite ali com ela. Nathalie preparava o jantar.
Emma saiu do box e pegou a toalha pendurada numa argola da parede. O banho lhe deu uma revigorada.
Enxugou o rosto e os cabelos. Ao tirar a toalha de seu campo de visão, tomou um susto e bateu as costas no box. Diante dela, estava um menino negro de cerca de sete anos. Olhava-a com um misto de ódio e tristeza.
– Não... – tentou gritar e chamar a irmã – Nathalie... Nathalie...
A voz simplesmente não saía.
O menino continuava a olhá-la com ódio crescente. Emma tremia e tentava se mexer. Entretanto, estava paralisada pelo medo. Fechou os olhos como se com isso pudesse afastar a criança. Quando tornou a abri-los, o garotinho havia desaparecido. Suspirou aliviada. E colocou a mão no rosto para chorar.
Até quando continuariam aquelas visões? Não aguentava mais!
Acalmou-se, terminou de se enxugar e foi para o quarto. Aproximou-se da cômoda e abriu a gaveta para pegar uma calcinha, um short confortável e uma blusa de mangas curtas.
Ao se virar, deu de cara novamente com o menino. Antes que pudesse gritar, litros de sangue começaram a sair de sua boca. Ela vomitava sem parar e sufocava.
Emma caiu no chão. Uma poça se formava por todo quarto. O menino olhava maldoso para ela e sorria.
Enquanto isso, Nathalie terminava de colocar os pratos na mesa da copa.
– Emma! Está na mesa!
Um cheiro de sangue invadiu suas narinas. Ela sentiu náuseas e algo molhado sob seus pés. Olhou para o chão. Em poucos segundos, todo o recinto ficou coberto de sangue até a altura de seus joelhos.
– Ahhhhhhhhh! Deus do céu! Que isso? Emma! – entrou em pânico e correu até o quarto da irmã. Viu que o líquido viscoso vinha de lá.
– Emma! – bateu à porta. Ao ver que estava destrancada, abriu-a.
O corpo da irmã estava submerso em todo naquele sangue.
– Emma! Emma!
Correu desesperada até ela e levantou o rosto da irmã.
Os olhos esbugalhados sem vida e a falta de respiração de Emma indicavam que era tarde demais.
– 0 –
Sam saiu do seu quarto no motel de beira de estrada. Faltava pouco para chegarem à capital. Viu Collins encostada numa das portas do Impala branco. Ela estava pensativa.
Ele suspirou, precisavam conversar; aquela situação entre eles estava insustentável. Fazia três dias desde que deixaram Nebraska que o tratamento dela havia mudado com eles. Ela não mais os tratava mal, muito menos lhes dando cortadas. Simplesmente os ignorava mais do que antes e dirigia-se a eles apenas quando solicitada e, mesmo assim, com poucas palavras.
Sam vestia uma camisa de botões de mangas curtas e cor verde-claro, calça jeans e tênis. Reparou na roupa que Vic usava: um vestido simples, cor bege de alças finas e com babados nas mesmas e na frente, cujo comprimento ia até os joelhos. Mostrava as belas pernas da moça.
O Winchester sentiu o sangue descer até sua virilha, mas procurou se concentrar. Aproximou-se a apenas alguns centímetros de frente para ela. Notou um pequeno decote em forma de U em seu vestido. Procurou ignorar também aquele "detalhe".
– Victoria, podemos conversar?
A caçadora nem se dignou a olhá-lo. Sam fechou os olhos e suspirou para não perder a calma.
– Victoria, quer me responder, por favor?
– O que você deseja de mim, Winchester? - ela levantou os olhos com ar de tédio
– Será que podemos ser amigos? Ou ao menos colegas? Por que essa situação de você quase ignorar a mim e ao Dean não pode continuar. Não dá pra trabalhar assim.
Vic se desencostou da porta, olhou para Sam com desafio e aproximou-se bem perto, quase se encostando. Seus lábios estavam próximos, ele arfou com a aproximação e com o perfume dela.
– Tem certeza que é isso que você quer, Sam? – disse com voz sedutora – Quer mesmo ser meu amigo?
– Te... tenho - ele engoliu em seco.
Seus olhos não se desgrudavam dos dela. A respiração se acelerou um pouco. O membro começou a latejar.
– Que pena! - ela deu um muxoxo e começou a se afastar - Porque eu não.
Sam a puxou pelo braço e a encostou no mesmo lugar onde ela estava. Prensou seu corpo contra o dela na lateral do carro e encostou sua virilha entre as pernas dela para que sentisse sua excitação.
– Olhe... eu não aguento mais isso... - disse com a voz rouca e ofegante
E a beijou com todo o desejo e paixão que aquela mulher lhe despertava. Agarrou o rosto dela com ambas as mãos e entreabriu sua a boca com a língua e enroscou a dela na sua. O gosto era incrível! E o beijo era urgente, cheio de luxúria. Ela correspondia na mesma intensidade.
Ele estava incendiado. Suas mãos começaram a percorrer as curvas dela e a pele quente. Desceu os lábios pelo pescoço e pela curva dos seios sob o decote. Ouvia os suspiros dela. As mãos de Victoria seguiram para os cabelos do rapaz e os puxou levemente. O Winchester introduziu a mão por dentro do decote e acariciou a curva do seio. Vic ofegou. As mãos dele trabalhavam rápidas e desciam para as pernas enquanto mantinha os beijos e a língua em sua garganta.
Collins arfava. As mãos dela foram por debaixo da camisa dele, que suspirou com o contato e as carícias no peitoral. Em seguida, desceram até o cós da calça e alisaram seu membro por cima da vestimenta.
Ele gemeu e levantou o corpo dela com ambas as mãos debaixo de suas nádegas. Os braços de Collins enlaçaram o pescoço do Winchester. Sam subiu o vestido e afastou a calcinha um pouco de lado. Pôs a mão dentro e acariciou gentilmente o ponto mais quente dela. Ouviu o gemido de Vic.
– Me toma, Sam… - ela sussurrou quase sem fôlego – Me toma.
Sam não queria daquela forma assim tão rápida e naquele lugar. Porém, estava tão excitado que não se negou a dar o que Victoria queria. Abriu rápido o zíper, tirou seu membro para fora e penetrou-a.
Ambos gemeram forte. Ele começou a se movimentar dentro dela enquanto seus cabelos eram puxados com mais força e Collins sussurrava seu nome sem parar.
Além de ouvir Victoria, o Winchester teve a impressão de que mais alguém o chamava, mas estava tão envolvido que não deu atenção.
Sentiu que Vic atingiria o prazer e ele estava quase a ponto de chegar ao auge.
Súbito, um jato de água foi jogado no seu rosto.
Sam acordou assustado na cama. Sentou-se rápido com os pés para fora, confuso e com o rosto molhado. Dean estava de pé à sua frente com um copo na mão.
– Você está bem? – indagou o loiro
– Você... me molhou? – Sam passou a mão no rosto e sentiu o líquido.
– Achei que você estivesse passando mal. Te vi gemendo e você parecia se contorcer de dor agarrado ao travesseiro. Me assustou, Sammy...Te chamei várias vezes e você não me respondia... eu até balancei você. Aí joguei a água como último recurso – ao baixar distraído os olhos para o volume acentuado da cueca boxer do irmão, Dean entendeu tudo - Cara... não me diga que...
– O quê?
Sam esfregou os olhos com mau humor por ter acordado de um maravilhoso sonho. Eram quase nove da manhã no relógio da parede. Dali a pouco seria hora de se encontrarem... com ela. Pegariam estrada.
– Sam, seu maroto, você estava tendo um sonho erótico, hein? – Dean sorriu – E parece que dos bons porque você custou a acordar e "se agarrava" com força ao travesseiro.
Ele deu uma gargalhada alta.
– Dean, eu não...- Sam corou
– Quem diria, meu irmão? – sentou-se animado na beira da cama – E aí? Me conta os detalhes? Como foi?
– Ah, cai na real, Dean! – levantou-se e caminhou em direção ao banheiro.- Não tenho nada a dizer.
– Qualé, Sammy? Sou seu irmão. Pode me contar de tudo.
– Vá ver se eu estou lá no Bobby – foi a resposta que deu do banheiro.
– 0 –
Sam estava apreensivo em ver Collins, mas procurava disfarçar. Não queria revelar ao irmão seu sonho com a Indomável. E Dean o amolava para que contasse sobre a mulher do sonho e a experiência.
Estavam encostados no velho Impala: Dean de um lado e Sam de outro. Haviam marcado com Vic no estacionamento do motel por volta das nove e meia. Na verdade, ela apenas disse para partirem àquela hora no dia anterior e nada mais.
Conversava com eles o mínimo possível e aquilo os incomodava. Preferiam até que ela agisse da maneira "delicada" com a qual estavam habituados. Pelo menos, antes, ela falava mais com eles nem que fosse só a respeito de trabalho, fosse para dar suas "ordens", fosse para criticá-los. Agora ela ficava calada a maior parte do tempo e deixava que eles tomassem as rédeas da situação, como o novo caso que investigariam na capital.
Collins saiu e os avistou. Estava a poucos metros e encurtava a distância com a aproximação até o carro dela numa vaga de frente para o deles.
Dean, por impulso, soltou um assobio ao contemplá-la; quanto a Sam, ele gelou. Vic usava o mesmo vestido do sonho erótico. Como aquilo era possível? Era a primeira vez que ele a via com aquela roupa.
Encarou os olhos da caçadora e o sangue ferveu; ela também o encarou. E parou surpresa ao vê-lo. Não conseguiram desgrudar os olhos.
– Ei, Collins! - Dean despertou ambos do devaneio - Pronta?
Victoria apenas assentiu e desviou o olhar de Sam.
Os Winchesters a observaram até que ela entrasse no próprio carro. Vic estava muito sexy naquele vestido. E também a roupa lhe dava uma aparência romântica. Devia ser por causa do calor porque, normalmente, ela vestia calças e, quando muito, uma saia mais formal e um pouco mais comprida para se passar por agente federal ou algo do tipo.
Eles entraram no Impala e os veículos partiram. Percorreram poucos quilômetros e não demoraram em estacionar, assim que Dean fez sinal com a buzina do carro para Vic encostar ao avistarem uma lanchonete.
Desceram dos seus carros e entraram no estabelecimento para tomar o desjejum matinal. Dean e Sam sentaram-se à mesa de um lado e Victoria de outro. O silêncio entre eles era constrangedor, quase como na primeira vez que haviam lanchado juntos.
Collins não os olhava diretamente. Fingia prestar atenção em qualquer outra coisa, menos nos homens à sua frente. Parecia, sobretudo, mais perturbada com a presença de Sam. Este suava e não era propriamente por causa do calor. Logo veio uma garçonete e anotou os pedidos de cada um.
O silêncio continuava. Para disfarçar a tensão, Dean começou a assobiar a melodia de uma das músicas de Zeppelin. Por fim, Sam não aguentou e resolveu trazer à tona a última discussão em Nebraska.
– Olhe, Victoria, sobre aquele dia depois que o Jesse foi embora...
– Posso ver o recorte de jornal? - indagou Collins em tom frio sem fixar muito tempo o olhar no Winchester.
–O quê?
– A notícia que fala do acontecido em Washington, o nosso próximo caso. Quero dar mais uma analisada.
Estava claro o desinteresse dela. Sam entendeu a indireta, tirou o recorte do bolso e entregou-lhe. Sem querer, encostou os dedos nos dela e arfou ao sentir aquela mesma eletricidade o percorrer sempre que tocava em Vic sem querer. Só que, naquele momento, foi mais intenso. Quase uma espécie de choque.
Com a caçadora pareceu acontecer o mesmo porque ela deixou o recorte cair no chão, debaixo da mesa.
Abaixou-se para pegar o papel, mas Dean – que estava sentado do lado do corredor - adiantou-se. Ia entregar para ela, mas parou. Os olhos se arreglaram e a boca se abriu pelo vislumbre generoso do decote de Collins.
Vic se constrangeu mais ainda. De imediato, endireitou o corpo no assento.
– Obrigada! - num tom rude, estendeu a mão, esperando que o Winchester notasse seu desconforto
Ele se deu conta, também ergueu o corpo e deu o papel para ela.
– De nada - foi a resposta acompanhada de um sorriso, que Victoria não correspondeu.
Por vários minutos, ela leu e releu a notícia, talvez uma desculpa para não conversar com os Winchesters ou encará-los.
O recorte falava sobre a morte misteriosa de Emma Miller, encontrada afogada em seu próprio sangue pela irmã sem uma explicação plausível. O detalhe era que a casa em que morava se inundou com o sangue da própria mulher, sendo vinte vezes a quantidade que um corpo humano adulto podia conter.
Era o que tornava o caso inusitado para os três caçadores. E também o fato de Dean afirmar que o acontecido lhe lembrava alguma circunstância semelhante da qual não conseguia se recordar onde, quando e o que.
– Você tem certeza que já viu algo parecido? - ela se dirigiu por fim ao Winchester
– Tenho certeza. Só não me lembro que tipo de coisa, como já falei
– Foi algum caso que você pegou com seu pai?
– Não. Posso não ser um nerd, mas tenho boa memória e me recordo de todas as minhas caçadas com a palma da minha mão.
Vic não disse mais nada. Sua atenção sobre a notícia agora era real. Ela sentiu um aperto no coração, um mau pressentimento, como se aquele caso fosse reabrir alguma ferida grande dentro dela.
– 0 –
Dean, Sam e Vic se apresentaram como controladores de doenças e epidemias raras e contagiosas a serviço do governo no necrotério da cidade. O legista responsável lhes mostrou o corpo da vítima.
Os Winchesters estavam de um lado e Collins de outro. Assim que o médico tirou o cadáver do compartimento, Victoria sentiu um estranho mal estar.
– Você está bem? – Sam quis se aproximar.
– Sim – ela mostrou a palma da mão indicando que não precisava da ajuda dele
– Como podem ver, o corpo dela apresenta sintomas claros de afogamento. Os membros continuam rígidos, a pele pálida e arroxeada e os olhos sobressaltados. E... posso abrir o corpo dela e mostrar os pulmões? – indagou o legista também preocupado com a reação de Victoria.
Vic assentiu. Ele pegou um bisturi e abriu o peito da mulher costurado por uma autópsia realizada anteriormente.
– Aqui – abriu os pulmões de Emma – Foi o que mais intrigou a todos. Está cheio de sangue, mas muito mais sangue do que deveria ter nos pulmões. - encarava-os intrigado – Deveriam ter visto a casa. O sangue da vítima dava até para encher uma piscina. Nem a polícia e muito menos os médicos conseguem explicar. O que o Controle de Doenças tem a dizer sobre isso?
– Er.... bem – Dean tentou inventar alguma desculpa.
– Acham que pode ser algum tipo de doença que faz com que a medula óssea produza muito mais sangue do que deveria – Vic já tinha a resposta na ponta da língua – É quase como se fosse um tipo de câncer. Tivemos... outro caso parecido no estado... – ela tentou pensar em algum lugar
– De Nova Iorque, na capital – Sam pensou por ela – Mas foi abafado. O governo ainda não descobriu o que está causando isso, mas quer investigar para ver se não é contagioso sem causar muito alarde.
O homem os olhou mais intrigado.
– É, tem de tudo nesta vida. Parece que a cada dia surgem mais doenças esquisitas neste mundo.
Os três concordaram. Em seguida, foram até o endereço que descobriram da casa da irmã de Emma. A mulher os recebeu gentilmente, embora ainda estivesse abalada.
– Além de você e de Emma, não havia mais ninguém na casa? – indagou Sam. Estava sentado junto com Dean e Victoria no sofá da sala perante Nathalie.
– Não – respondeu ela
– Tem certeza? – inquiriu Dean – Você não sentiu nenhuma outra presença de qualquer tipo na casa?
– Como assim?
– Hum... nada – Sam retomou o interrogatório – Notou alguma coisa anormal no comportamento de sua irmã nos últimos dias?
Tiveram a impressão de que a moça revelaria algo, porém, ela se limitou a negar com a cabeça.
– Tem certeza? – insistiu Sam
– Tenho
Victoria soube que era uma mentira. Era uma espécie de premonição acompanhada de um mal-estar inexplicável, não físico, mas emocional. Porém, ignorou o que sentia e voltou-se para Nathalie de maneira delicada:
– Olhe, Nathalie, sei que deve ser bastante constrangedor falar sobre isso num momento tão delicado como esse que você está passando... da perda de sua irmã. E posso entender que talvez você não queira revelar algo da intimidade dela que poderia soar como uma traição à memória dela. Mas acredite, é para evitar que novas vítimas possam ser... acometidas do mesmo mal que a matou.
A jovem ficou pensativa por alguns instantes.
– Bem, eu não sei se tem algo a ver – Nathalie mordeu os lábios com a cabeça baixa – Mas... ela estava muito perturbada há algumas semanas.
– Perturbada como? – inquiriu Sam
– Primeiro, começou com um sentimento de culpa inexplicável. E depois... ela teve visões.
– Visões de que tipo?
– De uma criança em vários momentos do dia. Dizia que era um menino que olhava para ela com muito ódio. E outras vezes com tristeza.
– Por acaso era algum filho morto dela?
– Não. Ela nunca teve filhos.
– Você falou que ela começou a ter um sentimento de culpa inexplicável. – tornou Collins e a inquietação, o mal-estar pareciam aumentar, mas mantinha a postura e a voz firmes – Pode nos dizer a respeito do que se trata?
– Não sei... Ela nunca me disse. Teve uma época que ela morou uns três anos na Flórida. Foi a serviço da empresa que ela trabalhou até sua morte. Depois voltou pra cá há cerca de dois anos. Eu sabia que algo tinha acontecido com ela por lá, só que... ela nunca me contou o quê.
– Tudo bem – Sam entregou um cartão para Nathalie.– Não vamos mais tomar seu tempo, mas... se lembrar de qualquer coisa, pode nos telefonar neste número
– Olha... talvez possam obter alguma informação com o Padre Bernard.
– Padre Bernard?
– Sim. É um padre com quem Emma começou a se confessar lá na Basílica do Santuário Nacional da Imaculada Conceição. Minha irmã nunca foi do tipo religiosa, mas depois que começou a ter essas perturbações, ela sentiu necessidade de procurar uma igreja católica. E foi aí que ela começou a frequentar as missas há algumas semanas. Eu sou evangélica e frequento o culto daqui perto e insisti pra que minha irmã me acompanhasse, mas como ela sentiu vontade de ir nessa igreja, eu cheguei a ir com ela lá algumas vezes.
– E a ajudou?
– Ela se sentia confortada, mas... aí começaram as visões e ela não conseguiu se livrar delas, pelo menos não até a última vez que a vi com vida depois que saímos da igreja naquele dia. Mas pelo que os senhores me contaram, acho que talvez fossem delírios... Será que é sintoma dessa tal doença?
– Pode ser – Sam não hesitou na mentira – Obrigado pela dica.
Os caçadores se levantaram e rumaram para a tal basílica. Victoria com mais urgência do que seus companheiros.
– 0 –
A Basílica do Santuário Nacional da Imaculada Conceição, maior templo católico dos Estados Unidos, a oitava maior estrutura religiosa do mundo e o prédio mais alto da capital, era, sem dúvida, uma construção majestosa.
Possuía uma arquitetura no estilo neo-bizantino. Quem entrava no local se sentia pequeno tal a magnitude que o arquiteto quis imprimir e também com os gigantescos e impressionantes vitrais.
Logo de cara, diante do altar, o visitante se deparava com uma imagem grandiosa de Jesus Cristo em vitral. Os três caçadores não eram exceção.
O aperto no peito de Victoria aumentou. Ela se lembrou do que a estava angustiando e sentiu uma vontade imensa de tirar aquilo de dentro de si. No entanto, continuou disfarçando para seus companheiros.
Além deles, havia várias pessoas àquela hora da tarde, que visitavam o local. Os caçadores solicitaram aos responsáveis uma conversa com Padre Bernard.
– Padre Bernard? Olha, a essa hora, ele deve estar na casa onde mora – respondeu uma mulher de cabelos pretos e olhos negros que se encontrava próxima ao altar – É perto daqui.
– E onde fica? – perguntou Dean
Quando a mulher ia abrir a boca, ela localizou o padre que acabava de entrar no templo.
– Padre Bernard! – chamou-o e fez um gesto para que se aproximasse. Indicou os caçadores. – Estas pessoas desejam falar com o senhor.
– Obrigada, Laura. Me acompanhem, por favor - pediu o sacerdote e levou-os a um canto da paróquia. A aura que ele transmitia não passou despercebida aos caçadores, especialmente em Victoria - Em que posso lhes ser útil?
– O senhor conhecia uma mulher chamada Emma Miller? - indagou Sam
– Sim. Há pouco mais de um mês, ela começou a frequentar as missas daqui. Pobre moça! - suspirou - Teve uma morte muito estranha e horrível. Suponho que já saibam disso.
– É por isso mesmo que estamos aqui.
– Me desculpem... Os senhores são da polícia?
– Ahn... na verdade somos de uma divisão da Secretaria de Saúde do Governo de Controle de Doenças e Epidemias.
– Acreditamos que Emma possa ter sido vítima de uma doença rara que a fez... cuspir e produzir mais sangue do que deveria - completou Dean
– E se chegaram a essa conclusão, por que estão aqui? Não quero parecer rude, mas... não sei por que motivo querem falar comigo. Não estiveram na casa da irmã dela?
Os caçadores se entreolharam. O padre era bem perspicaz, apesar do ar inocente na fisionomia.
– Sim. Nós... estivemos lá - continuou Sam - A irmã dela nos contou sobre as circunstâncias de sua morte.
– E nos contou também sobre as visões dela - acentuou Dean.
– O que queremos saber, padre, é se ela chegou a comentar algo dessas visões para o senhor. É que... achamos que podem ser algum sintoma, um tipo de alucinação.
– Tem alguma coisa no passado da Emma que possa ter ocasionado essas... alucinações? - Dean foi mais incisivo – Ele lhe falou algo a respeito?
– Lamento, senhores, não tenho nada a dizer esse respeito. Os segredos de confissão dos nossos fiéis são invioláveis.
– Mesmo que sejam para evitar uma calamidade?
– É válido para qualquer situação. E se os senhores não são da polícia e não têm mais nada a perguntar que não seja sobre a vida privada da Emma, me desculpem, mas tenho muitos afazeres.
– Não, padre. Tudo bem, nós entendemos - concluiu Sam
O sacerdote lhes sorriu com simpatia. Deu meia-volta, mas antes, olhou bem nos olhos de Victoria, como se pudesse ler sua alma. A caçadora estremeceu. Esteve calada e meio ausente durante o interrogatório de seus dois colegas, porém, não parava de olhar o padre. Desde o momento que o viu, desejou ficar a sós com ele e conversar. Contar tudo o que lhe angustiava.
– É, desse mato não sai cachorro - comentou Dean assim que Bernard se foi. - Mas o padreco com jeito de santo é esperto como o diabo.
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Os caçadores haviam alugado uma confortável casa com três banheiros, cinco quartos, e uma ampla garagem que comportava os Impalas.
Sam achava que era um desperdício de dinheiro, posto que estivessem a trabalho e previa que terminariam o caso no máximo em três ou quatro dias. Contudo, Dean queria desfrutar de todas as regalias a que tinha direito devido à generosa conta bancária que receberiam todo mês. Claro que haveria outros lugares e outros gastos, mas um exagerozinho de vez em quando não faria mal a ninguém. Ainda mais se estavam na capital do mundo.
Collins deu de ombros quando consultada. Estava indiferente onde ficariam e, não era tanto por sua determinação em ignorar o quanto pudesse os Winchesters, mas sim ao que sentia desde que pisou na capital.
O que estava acontecendo a ela?
Tinha seus momentos de tristeza e saudosismo, mas nada que ela permitisse dominar sua mente por muito tempo.
Sozinha em seu quarto, o sentimento era mais intenso. Não queria ficar na presença de seus companheiros para que não percebessem o que se passava com ela e nem desejava compartilhar seus conflitos com eles.
Tentaram pesquisar alguma coisa sobre a vida de Emma Miller, mas não encontraram muita coisa que lhes apontasse a causa sobrenatural de sua morte. O jeito era esperar que algo parecido ocorresse. Não que desejassem que houvesse mais mortes, porém, todo o caçador sabe que, normalmente, o raio cai duas vezes no mesmo lugar. Ou até mais vezes.
Era quase nove da noite, estava sozinha em seu quarto. Não sabia em que parte da casa se encontravam os Winchesters. Da última vez que os viu, estavam ambos na sala: Dean curtindo os canais na TV e Sam pesquisando em seu laptop.
Haviam pedido uma pizza e refrigerante para comerem, mas ela não quis. Não por evitar a presença deles, mas porque não estava com fome. Era aquela sensação de angústia que a dominava. Não queria pensar naquilo. Não queria recordar aquilo. Sua maior culpa.
Procurou mudar o curso de seus pensamentos. No que ela pensaria? Nos Winchesters? Bem, era algo bom em que pensar apesar de a distância ainda maior entre eles nos últimos dias.
Era a maior responsável por aquilo porque ergueu um muro desde que os conheceu. E agora os ignorava, não por raiva ou mágoa. Era vergonha.
Pela primeira vez, Collins se sentia envergonhada pela maneira tão dura com que agia com as pessoas. Exceto as pessoas com que encontrava nos casos, ela evitava qualquer proximidade com as pessoas ao seu redor e era bastante brusca na maior parte das vezes. Bem, era gentil com outras mulheres e com crianças (em especial, com estas); sua rudeza era com os homens, mas não tanto pelo que a maioria deles acreditava.
A discussão que teve com os Winchesters trouxe à tona aquilo que procurava ignorar. O que havia acontecido com seu verdadeiro eu? Ela se escondeu tanto na fachada de dura caçadora que agora sua verdadeira personalidade se tornou, de fato, a Indomável?
Antes não se importava que fosse assim; só que seu Loirão e seu Gigante a faziam se questionar a respeito.
Em especial, Sam. Não que não se importasse com alguma mágoa que provocasse em Dean, porém, as gracinhas deste e seu humor previsível a preparavam para qualquer protesto. No entanto, Sam tão doce, tão meigo e tão sério foi quem lhe surpreendeu a reação. Isso significava que ela, realmente, estava passando dos limites com eles. Com eles, que deviam tanto lhe importar.
Era esse o problema: ela se importava demais com eles. Muito mais do que demonstrava. E do que devia.
Sam.
Deus, que sonho mais quente teve com ele na pela manhã!
Desde que estava com eles, tinha sonhos frequentes com ambos. Só que não eram nem de longe aqueles sonhos puros e inocentes que tinha antes de conhecê-los. Eram sonhos eróticos, porém, fragmentados.
Mas aquele que teve com Sam... Hum! Foi bastante nítido e bem real. Quase podia sentir o contato da pele do Winchester sobre a sua, o gosto da boca dele, seu toque e suas carícias. Até o perfume de sua colônia pós-barba.
Pena que, de repente, acabou na melhor parte! Mas talvez tenha sido melhor assim. Não queria se sentir mais frustrada do que estava por ter sido apenas um sonho.
Era apenas isso: um sonho. Ela devia ter imaginado, afinal, jamais o provocaria se estivessem somente eles dois. Se fosse real, ela não teria tal coragem. É verdade que tinha provocado Dean naquela vez “dos peitos”, mas foi diferente, porque Sam estava com eles e foi o suficiente para ela manter o controle da situação.
Não era louca de brincar com fogo porque podia se queimar. E se queimou mesmo, ou melhor, estava fervendo por causa do sonho.
Sam. Sam. Sam.
Estava em dúvida se foi mesmo um simples sonho porque quando saiu do motel para encontrar os Winchesters, viu que o moço usava as mesmas roupas que em sua “transa onírica.” E teve a impressão de que ele parecia tão surpreendido quanto ela.
Uf! Não queria mais pensar naquilo. Nem em Sam, muito menos em Dean.
Dean.
Era outro que ocupava seus pensamentos e na mesma intensidade.
Esperava que não tivesse aquele tipo de sonho com ele também. Do que adiantava ter aqueles sonhos se não se tornassem realidade?
Se ao menos...
Não! Se ao menos nada. Não aconteceria nada entre os Winchesters e ela, fosse Sam ou Dean.
Ainda mais agora com aquele muro maior entre eles. Se não fosse tão orgulhosa, talvez pudesse pedir desculpas e... quem sabe ficassem bons amigos. Ou, pelo menos, colegas como Sam sugeriu... no sonho.
Droga! Pára.
Cobriu a cabeça com o travesseiro na vã tentativa de abafar os pensamentos lascivos e tentou dormir, embora fosse cedo. Contudo, o sono não vinha e os pensamentos sombrios que tentou afastar ao pensar nos Winchesters, voltaram com carga redobrada.
- Luke, meu amor, tenho uma coisa muito importante pra te contar...
- Uma outra hora, Vic! Agora não dá.
– Aconteceu alguma coisa?
- A sua prima foi capturada por demônios
Deus, não. Não queria se lembrar daquilo.
– Vic, cuidado!
– Luke, não!
Lágrimas começaram a descer no rosto de Victoria.
– Sinto muito, senhorita Collins, mas... você o perdeu.
– Foi... tudo minha culpa, doutor. Eu... eu sei.
Victoria não aguentou mais. Ela não podia ficar ali. Precisava de alívio. E sabia onde encontraria.
– 0 –
– Estou preocupado com a Victoria, Dean – confessou Sam.
Os dois ainda estavam na sala. Passava um seriado qualquer na TV, mas nenhum deles prestava atenção.
– É... eu também – admitiu o Winchester mais velho
– Você notou que ela está... estranha? Parece meio distante.
– Ela está assim conosco desde que abrimos o verbo com ela lá em Nebraska.
– Não, é diferente. Mesmo ignorando a gente e não dando tantos palpites, ela estava sempre atenta, mas... desde que chegamos aqui, ela parece completamente alheia a tudo. Ela até disfarça, mas sinto que está meio deprimida.
Dean assentiu.
– Acha que deveríamos falar com ela – continuou Sam
– E arriscar levar uma patada?
– Bem, se nós levarmos uma patada é sinal de que ela está normal.
Dean fez sinal com o dedo para que Sam se calasse. Victoria descia as escadas da casa. Estava de calças, jaqueta e botas. Pelo jeito, pretendia sair.
– Eu... vou dar uma saída. Volto logo – anunciou ao atravessar a sala sem parar de andar.
– Victoria... – Sam a chamou
– Sim? – ela parou
– Você está bem?
– Claro... Por que não estaria? – tentou manter firmeza na voz, mas seu lábio tremia de nervosismo.
– Tem certeza de que está bem? – foi a vez de Dean questionar.
– Estou. Só preciso... respirar um pouco.
– Victoria... – Sam se levantou do sofá – Se tiver qualquer coisa que queira falar com a gente, saiba que estamos aqui.
– É... não somos só músculos. Somos ouvidos também – o loiro sorriu para encorajá-la
Victoria permaneceu calada. Uma parte dela queria mandar tudo para o inferno, abraçar aqueles dois e chorar. Chorar e contar toda a sua angústia. O orgulho falou mais alto e apenas disse:
– Não demoro.
Abriu a porta e saiu.
– 0 –
Na Basílica, ainda havia muitas pessoas àquela hora. Victoria tentou distinguir o Padre Bernard. Felizmente, ele se encontrava ao lado de padre Frederick.
– Padre Bernard – ela o chamou ao se aproximar do altar onde estava
– Sim? – o sacerdote se virou para ela com a boa fisionomia que sempre ostentava.
– Eu... não sei se o senhor se lembra de mim. Eu estive aqui mais cedo...
– Me lembro. Você estava com aqueles dois… do Departamento de Controle de Doenças Contagiosas.
– Isso. Eu... precisava muito falar com o senhor.
– Olhe, se é sobre qualquer coisa que Emma tenha confessado, eu...
– Não, não... É sobre... um assunto particular. O senhor teria um tempo disponível pra mim?
– Claro, minha filha. Padre Fredrick?
– Pode ir, Padre Bernard. Cuidar das ovelhas de Deus é a obra mais importante. Eu termino de organizar tudo por aqui com nossos auxiliares.
– Então vamos? – Bernard estendeu as mãos para Vic.
– Vamos – ela pegou naquelas mãos como se fossem um amparo.
– 0 –
Eram quase onze horas da noite e Victoria ainda não tinha voltado. Os dois estavam preocupados, embora nenhum confessasse o quanto.
Finalmente, ouviram o barulho do portão eletrônico abrir e o som do motor de um carro entrar. Pouco depois, Vic adentrava a casa.
– E aí? Como foi o passeio? – perguntou Dean assim que ela passava por eles na sala
– Se sente melhor? – inquiriu Sam.
Ela acenou com a cabeça e não parou. Os Winchesters voltaram com relutância sua atenção para a TV.
Vic ia subir as escadas até seu quarto quando ouviu o boletim especial do noticiário da noite:
– Mais um misterioso caso. Há quase uma semana, uma jovem mulher chamada Emma Miller foi encontrada morta em sua casa afogada no próprio sangue. Dessa vez, aconteceu o mesmo com outra jovem mulher, Meredith Simpson. Ela foi encontrada morta há menos de três horas no banheiro da casa por seu marido Brad Simpson – anunciava o repórter - Segundo o relato do senhor Simpson, a casa foi inundada por litros de sangue que chegaram até a sala da casa onde ele se encontrava com seus filhos. Ao procurar pela esposa, encontrou-a afogada pelo próprio sangue.
A notícia mostrava o depoimento emocionado do homem que segurava duas crianças pequenas, uma de cada lado.
– Parece que aí está outra pista que a gente aguardava – Dean se levantou. – Vamos pra lá agora?
– Não, eu acho melhor... – Sam não completou a frase porque ouviu o som de algo tombando ao chão. Era Collins.
– Victoria! – os dois gritaram ao mesmo tempo e correram para acudi-la.
– 0 –
Vic abriu os olhos e vislumbrou o teto cor de creme e o lustre do teto de seu quarto. Seus pensamentos estavam confusos.
O que havia acontecido?
A claridade da manhã iluminava o aposento. Sentou-se na cama e percebeu que não havia trocado de roupa; apenas havia tirado a jaqueta e os sapatos.
Mas... espera. Não se lembrava de ter chegado até o quarto e nem de ter deitado com roupa e tudo.
Ouviu o leve som de um ressonar. Olhou para o lado e viu... Sam. Ele estava cochilando na poltrona que ficava naquele quarto, próxima à porta de vidro que dava para a pequena varanda.
Vic ficou surpresa. Por que ele estava ali?
Aos poucos, ela se lembrou do que havia acontecido. Do seu desmaio na noite anterior.
Era isso. Dean, ou mais provavelmente Sam devia tê-la trazido ali.
Deus, que vergonha! O que pensariam?
Ela se lembrou do motivo do desmaio. Primeiro, viu aquela notícia no boletim do telejornal. Mais um caso igual ao da Emma Miller. Aquilo a deixou mal, porém, não foi a notícia que a fez perder os sentidos. Foi por...
– Victoria... – a voz rouca de Sam a despertou de seus pensamentos. Ele havia despertado.
– Ahn... Er... oi – ela respondeu tímida
O Winchester se endireitou na poltrona com ansiedade. Fitava Collins com preocupação.
– Você está melhor?
– Sim.
– O que aconteceu? Por que você desmaiou?
– Não sei... apenas senti uma vertigem.
O Winchester sabia que ela estava mentindo.
– Tem certeza? – ele insistiu
– Tenho – ela queria desviar de assunto
Sam ficou alguns instantes a olhando calado. Victoria abaixou o olhar. Não queria encarar aqueles olhos verdes lhe perscrutando o íntimo.
– Victoria... – começou ele com hesitação – Tem alguma coisa que está te incomodando e que... você deseja contar?
Era uma brecha que ele oferecia para ela, mas Vic não queria compartilhar o que lhe ocorria. Implicaria em duas coisas: revelar o seu passado que voltava a lhe assombrar e admitir sua fraqueza. E nenhuma das alternativas ela desejava.
– Não – foi sua resposta incisiva – Não tenho nada a dizer.
Sam assentiu. Vic sabia que não o havia convencido. Ela passou a mão numa mecha de um lado do cabelo e colocou os pés para fora da cama dando as costas ao Winchester.
– Foi você que me trouxe pra cá? – perguntou para mudar de assunto e sem encarar o moço.
– Na verdade... foi Dean. Ele insistiu – pareceu um pouco aborrecido em revelar aquilo – Ele ficou uma parte da noite velando seu sono. E depois... de madrugada, troquei com ele.
– Me desculpem o incômodo que eu causei a vocês.
– Incômodo algum. Somos... da mesma equipe, não? – suavizou o tom – Temos que cuidar um do outro
Collins nada disse, um calor começou a invadi-la. Imagens do sonho que teve com Sam voltaram à sua mente. Ela ergueu os olhos para o Winchester e encarou-o. Arrependeu-se do que fez; ele a fitava com intensidade. Havia no olhar do moço paixão e... luxúria.
Será que havia sonhado a mesma coisa que ela na noite anterior? Será que estava pensando o mesmo naquele momento?
O coração acelerou e começou a transpirar, sua boca ficou um pouco seca. Passou a língua nos lábios com nervosismo.
Ao vê-la fazer aquele gesto de forma tão natural, e por isso mesmo, sensual, Sam teve certeza que seria capaz de saltar sobre ela naquele instante e agarrá-la tal como no sonho.
Dean abriu a porta do quarto e entrou.
– Sam, como ela... – olhou para Vic. Não escondeu o sorriso de satisfação em vê-la acordada – Oi... você tá legal?
– Sim, estou – estava incomodada com toda aquela atenção deles.
– Você deu um susto na gente, garota.
– OK. – ela se levantou com firmeza e decidida – Agradeço a preocupação de vocês, mas estou bem. Então.. vamos lá?
– Lá onde?
– Lá... na casa da mulher que morreu ontem da mesma forma que a Emma.
Os irmãos se entreolharam.
– Olha, Victoria, eu não acho uma boa ideia você sair – comentou Sam – Nós estávamos pensando até em chamar um médico assim que amanhecesse pra te examinar...
– Não preciso de médico algum. O que eu preciso é de ação.
– Sério, Victoria. Pode deixar isso por conta do Sam e de mim – insistiu Dean.
– Eu não vou ficar de fora! – ela bufou com impaciência –. É preciso muito mais do que um desmaio pra me derrubar. Eu vou investigar esse caso com vocês ou sem vocês.
Dean dirigiu um olhar para Sam. Este assentiu.
– Bem... nós vamos te esperar lá embaixo – Sam se levantou e saiu do quarto junto com o irmão.
– Que mulher mais teimosa, hein? – Dean sussurrou enquanto se afastavam do quarto – A gente vai mesmo esperar por ela?
– É melhor irmos juntos. Pelo que nós já sabemos de Victoria Collins, quando ela mete algo na cabeça, não tem quem tire.
– Aqui… Acho que esse caso está mexendo com ela desde que a gente chegou. E foi só dar aquela notícia de ontem e BUM... ela desmaiou.
– Eu também notei. Tentei conversar com ela, perguntei se tinha algo incomodando, mas ela negou. Mas... eu senti que ela está escondendo alguma coisa. Só não sei o quê.
– É melhor a gente ficar de olho sem que ela perceba.
Sam concordou.
– 0 –
Estavam na casa de Brad Simpson. Seus dois filhos pequenos – um garotinho de quatro anos e uma menina de dois – estavam na casa de uma tia para passar alguns dias até o pai deles se recuperar.
O homem havia respondido a maior parte das perguntas feitas por Sam. Queria acabar logo com aquilo. Havia sido estafante responder à polícia.
Estavam na pequena sala da casa. Sam era o único que estava sentado numa poltrona; Dean estava de pé atrás dele. Quanto a Victoria, estava próxima à estante de livros. Por mais que se esforçasse, estava difícil para ela não se sentir mal com aquele caso. Mesmo assim, procurava disfarçar perante seus colegas.
– Senhor Simpson, estou quase terminando o interrogatório. Só vou fazer mais umas perguntas que talvez pareçam um pouco incomuns – avisou Sam – A sua mulher estava estranha ultimamente?
– Estranha como? – perguntou o homem quase arrastando a fala com monotonia
– Não sei... qualquer coisa fora do habitual.
– Por exemplo, ela estava vendo coisas? – Dean foi mais específico.
Decorreram quase dois minutos de silêncio. Os caçadores se sentiram desconfortáveis. O homem parecia ter se desligado do que acontecia à sua volta.
– Senhor Simpson... Senhor Simpson – Sam o chamava
– Ela estava tendo visões – o homem falou num rompante que assustou um pouco Sam.
– Ahn... Que visões?
– Uma menina loira – sorriu de forma amarga – Tinha olhos azuis como os dela. Aparecia toda hora só para ela estando sozinha ou com outras pessoas. E parecia que odiava a Meredith, que queria que ela morresse.
Os dois irmãos trocaram olhares. Collins sentiu um aperto no peito.
– E desde quando ela estava tendo essas visões?
– Há uma semana. Mas foi logo depois que ela começou a se sentir perturbada, com uma grande culpa dentro dela.
– Pode nos dizer a que se devia esse sentimento?
O homem se calou novamente, porém, dessa vez, olhou Sam de forma vaga.
Os caçadores acharam que ele não quisesse responder, todavia, surpreendeu-os com outra resposta:
– Ela achava que essa menina... era o espírito de um bebê que ela teve que abortar há seis anos, fruto de um estupro.
Vic sem querer derrubou uma pequena peça de vidro que estava numa das prateleiras. Era a figura de um jogador de beisebol com o nome do time Washington Nationals estampado num bloco de madeira que o sustentava. A peça se espatifou no chão.
– Me... me desculpe – ela começou a recolher os cacos. – Eu... eu vou pagar o senhor por isso.
– Pode deixar. Não se preocupe – o homem nem pareceu se importar – Fui eu que comprei para colocar aí, mas...ela não gostava dessa peça. Foi bom que se quebrasse. Não quero outra.
Dean e Sam trocaram outro olhar entre si não pelas palavras do homem, mas por estranharem Victoria. Ela não era o tipo de pessoa desajeitada. E parecia cada vez mais nervosa.
– 0 –
Agradeceram a colaboração de Brad e saíram. Caminharam um pouco para trocar impressões. Dean e Sam mais à frente e Victoria um pouco atrás deles.
– Então... parece que as duas mulheres estavam tendo as mesmas alucinações... com crianças – colocou Sam - E acabaram mortas da mesma forma.
– E segundo Brad, Meredith achava que a menina que ela via era o espírito de uma criança abortada – completou Dean
– Mas isso é meio ilógico. O espírito de um feto? Se fosse o espírito vingativo de uma criança que viveu, tudo bem... mas de uma pessoa que nem chegou a nascer?
– Nem tanto. Se fosse assim, pra que teria esse bando de evangélicos e católicos fazendo protesto contra as leis a favor do aborto? Pelo que a gente ouve, eles acreditam que o espírito já existe depois da corrida maluca dos ligeirinhos. Você sabe... lá na hora do...
– Sei, sei, sei – Sam revirou os olhos – Mas ainda assim, eu não sei se essa pode ser uma pista. Se ao menos pudéssemos saber se houve algo parecido na vida da Emma... - de repente, Sam parou de falar.
– Sam? - Dean o chamou, mas Sam olhava para o lado.
O loiro acompanhou a direção do olhar do irmão. Victoria estava bem distante deles. Estava parada e olhava fixo para algum ponto indefinido da rua. Tremia de pavor como se estivesse vendo algo aterrorizante.
– Victoria? - os dois a chamaram quase ao mesmo tempo.
Ela voltou a encará-los. Havia uma expressão inquiridora na face de ambos.
– Vamos embora – passou direto entre eles, indo até seu carro, sem lhes dar qualquer explicação.
– 0 -
Assim que entrou na casa, Vic foi direto para seu quarto. Trancou-se lá e caiu na cama de bruços. Começou a chorar baixinho para não ser ouvida.
Em poucos minutos, Sam batia à porta do quarto.
– Victoria? Victoria?
– O que você quer? - respondeu de modo rude
– O que aconteceu? Você está com algum problema?
– N... não. Eu só preciso ficar sozinha.
– Tem certeza?
– Sim.
– Qualquer coisa, Dean e eu estamos aqui.
Ela não respondeu. Do lado de fora, no corredor, os dois conversaram baixinho:
– Ela está com um problema grave – comentou Sam
– É... a gente devia arrombar essa porta, pegar ela, amarrar na cadeira e obrigá-la a falar – replicou Dean
– Estou falando sério, Dean.
– Eu também. Tá na cara que essa maluca tá com um baita problemão a ponto dela se distrair, quebrar coisas e até tremer nas bases. E ela não vai dizer o que é por livre e espontânea vontade. Então vai ter que ser na pressão.
– Não podemos simplesmente obrigá-la a contar o que está passando. Ainda mais sendo ela do jeito que é.
– Sam, essa não é a Indomável que a gente conhece e que tem nos irritado, pelo menos ela não está agindo como tal. O caso é grave e insisto que a gente a coloque contra a parede.
Sam ia retrucar, contudo, um toque em seu celular o interrompeu:
–Alô?
– É um dos agentes do Controle de Doenças? - uma voz feminina indagou.
– Sim. Com quem falo?
– Sou a Nathalie, irmã da Emma Miller.
– Ah, sim, Nathalie... – olhou para Dean e puseram-se a caminhar em direção às escadas – Em que posso ser útil?
– Vocês me pediram que eu ligasse caso eu lembrasse ou soubesse de qualquer coisa que ajudasse na investigação de vocês – fez uma pausa – Eu... estava revirando algumas coisas da minha irmã e descobri cartas.
– Cartas?
– Sim. Cartas de amor e alguns presentes que ela ganhou do chefe que ela na teve na subsidiária que ela trabalhou lá na Flórida. Parece que tiveram um caso.
– Certo.
– E a última carta que ela recebeu dele, ela já estava de volta em Washington e... na carta, ele perguntava se ela já tinha feito... o aborto da criança deles.
A expressão de Sam variou entre a surpresa e a confirmação de uma suspeita.
– Então... sua irmã abortou?
Dean lançou um olhar significativo para Sam. Este assentiu.
– Isso... Achei que talvez fosse importante – continuou a moça - Não sei... de repente, esse aborto pode ter deixado alguma sequela no organismo dela que a fez ter essa estranha doença. Ontem eu vi uma notícia sobre uma mulher que morreu da mesma forma que minha irmã. Os senhores viram o jornal?
– Sim.
– Pois é. Eu até conhecia ela de vista lá na Igreja que minha irmã passou a frequentar. E pensei que pode ser que ela tivesse o mesmo tipo de problema e talvez fosse bom ligar pra evitar que esse mal se espalhe. Bem... era isso. Espero que tenha ajudado.
– Ajudou... você não tem ideia do quanto. Obrigado, Nathalie.
Sam desligou. Os dois Winchesters haviam chegado à sala.
– Então a Emma também abortou... – foi mais uma afirmativa de Dean do que uma pergunta
– Como a Meredith.
– Está vendo como eu tinha a razão? Aí está a raiz do mal!
– Espíritos de abortados.
– Isso e... – súbito, a expressão do rosto de Dean assumiu um ar de entendimento. Ele bateu a mão na testa. – Deus, como sou burro!
– Que novidade! – Sam emulou um sorriso
– Há-há. Muito engraçado. Mas... é que me lembrei porque esse caso me pareceu tão familiar. – seu rosto ficou sombrio – Foi... quando eu estava no inferno
– No inferno?
– Como eu te contei, fiquei anos sendo torturado até começar a torturar pra me ver livre – suspirou. Não gostava de recordar e muito menos falar desse período obscuro em sua vida, mas naquele momento era necessário – E nos poucos momentos em que eu não estava torturando, eu via coisas das mais horrendas por lá... não tem nem como descrever, nenhum filme de terror seria capaz de reproduzir nem um milionésimo do que tem.
– E o que você viu que tem a ver com o caso?
– Eu vi vários Tormentos. Uns demônios responsáveis por punições mais específicas pra cada tipo de pessoa que estava lá. Um desses Tormentos se chamava o Vingador dos Anjinhos.
– Vingador dos Anjinhos?
– É... Ele torturava as mulheres que tinham praticado abortos.
– Que tipo de tortura?
– Cara... é nojento. Ele as obrigava a vomitarem o próprio sangue numa bacia gigantesca, dez vezes maior do que uma piscina até encher e... depois tinham que engolir todo o sangue misturado com os restos mortais das crianças que abortaram e... isso a todo momento, todos os dias.
– Meu Deus! - Sam fez uma cara de nojo - Eu acho que já li algo parecido a esse respeito. Deixa eu ver, está escrito em..
– Apocalipse de Pedro - foi a voz de Victoria que respondeu. Ela descia as escadas.
– Você estava escutando a conversa? - indagou Dean
– Sim... ouvi quando você começou a falar de sua passagem no inferno - respondeu num tom meio que de desculpas - Ouvi você falar sobre o tal Vingador. Tem uma passagem no Apocalipse de Pedro que fala sobre essa punição.
– Apocalipse de Pedro? Pelo que eu sei, não existe esse livro na Bíblia.
– É porque é um apócrifo, Dean - tornou Sam - É um livro não reconhecido pela Igreja Católica. - voltou-se para Collins - Você... melhorou?
– Não tenho tempo para me sentir ruim. Temos um trabalho por terminar - os dois a encararam intrigados e com expressão preocupada - E... então? Vão ficar aí me olhando ou vamos investigar?
– Certo... disse Sam meio hesitante. – Er..., Dean, pelo que você contou, isso significa que o Vingador está solto e é ele quem deve estar fazendo isso nessas mulheres que morreram.
– E por que...as visões com crianças? - inquiriu Collins com certa relutância
– Alucinações. As mulheres no inferno pareciam ver os filhos que abortaram e imploravam piedade a eles - replicou Dean
– Só pelo fato de uma mulher abortar, ela já está condenada ao inferno? - Vic parecia bastante perturbada pelo assunto.
– Não, claro que não. Era preciso ter sido muito má pra merecer o inferno... mas era uma punição escolhida pelo Alastair, um dos antigos mandachuvas de lá.
– E se é mesmo coisa desse tal Vingador, como ele veio parar aqui?
– Bem, é o Apocalipse – disse Sam - Muitas coisas foram liberadas e talvez esse tal Vingador não seja o único Tormento que vamos ter que enfrentar. Você sabe como o paramos? - questionou o irmão
– Nem ideia.
– Alguma coisa nós temos que fazer - replicou Collins - Podemos sei lá... localizar as mulheres que praticaram aborto e tentar ajudar de alguma forma.
– E como vamos descobrir essas mulheres?
– Pesquisa.
– 0 –
Victoria foi rapidamente pegar seu laptop no quarto. Os Winchesters e ela iriam ao Hospital da cidade solicitar uma pesquisa pormenorizada da ficha técnica de todas mulheres de Washington. Seria uma pesquisa longa, mas tinham que começar por algo.
Estava disposta a agir. Não podia se entregar aquele sentimento opressor e muito menos aos seus fantasmas.
O Laptop estava em cima da cômoda. Ela o desligou e o guardou na bolsa. Ao se virar, deu de cara com um menino loiro de olhos azuis. Ela caiu sentada na cama.
Não, de novo não, por favor.
A criança a olhava com extremo ódio como se quisesse matá-la. Vic tremeu e começou a chorar de angústia. Fechou os olhos com força para não ver mais aquele menino.
Passados alguns instantes, ela tornou a abri-los. O garotinho havia desparecido. Contudo, ela sabia que era questão de tempo até tornar a vê-lo. Já o havia visto duas vezes antes. Na escada da casa durante o noticiário e na rua perto da casa de Meredith Simpson.
E sabia que era só questão de tempo para ser uma das vítimas do Vingador.
****
A título de esclarecimento, a minha intenção ao escrever esse capítulo não é fazer propaganda contra o aborto e muito menos condenar quem o praticou. Tenho uma opinião a respeito, mas me eximo de expô-la porque não pretendo debater um assunto tão polêmico. Eu apenas quis usar argumentos para escrever um capítulo de uma obra de ficção e só estou dizendo tudo isso para ninguém se sentir atingido pelo que está escrito aqui.
Autor(a): jord73
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Anteriormente: – Então, quem é você? – perguntou Sam amarrado na cadeira – Eis uma dica – o homem se sentou defronte ele – Eu estava na Alemanha, depois na Alemanha, depois no Oriente Médio... Estava em Darfur quando meu Pager apitou. E vou sair com os meus irmãos. Eu tenho três – enumerou nos de ...
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