Fanfics Brasil - A vida é sonho Almas Trigêmeas

Fanfic: Almas Trigêmeas | Tema: Supernatural (Irmãos Winchester)


Capítulo: A vida é sonho

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Anteriormente: 


– O seu pai-de-aluguel ainda está acordado gritando lá – disse Meg se referindo a Bobby – E eu quero que ele saiba como é tirar a sua vida.


A demônio entregou nas mãos de Singer a faca especial que havia tirado de Dean. O demônio que possuía o velho caçador ainda segurava o Winchester pela gola e empurrou-o até encostá-lo na parede. O moço não conseguia se soltar. A criatura colocou a lâmina no pescoço do rapaz e olhou para a Meg a fim de confirmar se podia matá-lo.


– Agora! – ordenou ela


O demônio voltou a encarar Dean e ergueu a faca para atingi-lo, porém, Bobby conseguiu recobrar o controle da mente por instantes. Num ato desesperado, esfaqueou-se e matou o demônio dentro dele.


(...)


De repente, um ruído ensurdecedor ecoou e Victoria sentiu uma dor aguda nos ouvidos. Gritava, porém, não escutava a própria voz. Ninguém parecia escutar nada: o irmão continuava no jogo e os pais rindo abraçados. Nisso, as janelas se espatifaram, a casa começou a tremer e uma luz muito forte explodiu.


O grito de Victoria saiu. Havia se levantado sobre a cama e estava ensopada de suor. Com alívio, percebeu que tudo foi apenas um pesadelo. Bom, não exatamente. A respiração acelerada se normalizava assim como os batimentos cardíacos.


 


Capítulo 1 


A vida é sonho


Há muito que Victoria não caçava ao lado de ninguém. Na verdade, Bobby foi seu último companheiro de caçadas, seu mentor no tempo em que morou na casa dele durante três anos; contudo, afastou-se por causa daquilo e de tudo o mais que lhe ocorreu. Temia que acontecesse alguma coisa com ele e achou melhor trabalhar sozinha. 


Certo. E por que mesmo agora quebraria uma de suas regras e cooperaria com os Winchesters (se, na pior das hipóteses aceitassem)? Porque Bobby lhe pediu.


Victoria podia fingir que não se importava com ninguém mais, que havia fechado seu coração para qualquer tipo de afeição, entretanto, quando se tratava de Bobby – a única pessoa importante que lhe restava –, a coisa mudava de figura. Tanto era que deixou um trabalho sem concluir assim que descobriu que ele foi parar num hospital, vítima de esfaqueamento.


Quando soube por seu informante, Matt Spencer, do acidente do tio, largou a caçada a um bando de vampiros no Condado de Randolph, em Carolina do Norte, e atravessou de carro metade do país para chegar ali em Sioux Falls, Dakota do Sul. Só que o celular descarregou antes dela ouvir toda a informação, contudo, foi o suficiente para sair a todo vapor do motel onde se hospedou. Estava tão transtornada que deixou o celular em cima da cômoda do quarto. Ainda por cima, não se lembrou de que poderia ter pegado um avião – ao invés do automóvel – e chegado com horas de vantagem.


No entanto, quem poderia culpá-la? Estava tão acostumada a seu velho carro, sua única companhia, “seu bebê”, que não imaginava viajar por outro meio. Por outro lado, grande parte do tempo, esquecia-se de quem era, tão habituada estava com aquele estilo de vida.


Victoria possuía o controle de suas emoções, porém, quando alguém com quem se importava era atingido, ficava desorientada. Por isso, se tivesse mantido a calma assim que Matt lhe deu a notícia sem poder completá-la ao cair a ligação, ela teria retornado para ele logo em seguida no próprio telefone da recepção do motel (onde fechou a conta às pressas) e descoberto que Singer já se encontrava recuperado em casa. Chegou a Sioux Falls com o coração na mão – quase não parou no caminho para lanchar ou descansar – e foi aí que se lembrou do celular perdido e de saber o nome do hospital em que estava internado o tio. Ligou de uma cabine telefônica para Matt e, ele, aflito por não ter conseguido lhe comunicar durante quase dois dias, esclareceu o equívoco.


Victoria experimentou um alívio temporário, entretanto, ficou abalada ao saber das sequelas que Bobby havia sofrido. Foi visitá-lo e encontrou-o numa cadeira de rodas, tal como foi informada. Era um homem de seus sessenta e poucos anos bastante robusto; a pele era muito clara e deixava transparecer as rugas na região do rosto redondo; a barba e o bigode eram de um tom castanho claro, assim como os cabelos com um princípio de calvície que estavam cobertos por um dos seus costumeiros bonés; os olhos castanhos escuros denotavam bastante experiência de vida com um traço de amargura.


Singer ficou surpreso com a visita de Collins – pois fazia quase um ano que não a via pessoalmente – contudo, recebeu-a de braços abertos, embora sem fazer muita festa. Desagradava-lhe que a sobrinha lhe visse naquele estado.


Em seguida, Bobby relatou as circunstâncias de seu acidente com mais detalhes: havia sido possuído para enganar os Winchesters e encontrá-los num apartamento para fingir que os ajudava a fim de descobrir informações importantes para os demônios. Ressaltou que ele próprio se golpeou com uma faca especial de matar demônios e acabou com o maldito. Foi a única maneira de retomar o controle de seu corpo, pois quase assassinava Dean a mando de outro. Embora em nenhum momento Singer culpasse os Winchesters pelo incidente, Victoria não pôde deixar de responsabilizá-los pelo fato, entretanto, nada disse ao tio para não aborrecê-lo.


— Nossa, tio, mas graças a Deus você está bem! – disse aliviada. Estava sentada no sofá da sala diante dele depois de ouvi-lo por um bom tempo.


— Bem? – perguntou ele com escárnio


— Sim, senhor. Bem. O senhor está vivo.


— Vivo pela metade, você quer dizer.


— Que seja! Mas ainda bem que eu não perdi você também.


— Ora, por favor, menina! Não precisa fazer drama.


— Faço sim! E você melhor do que ninguém sabe que tenho razões pra isso. Querendo ou não você é minha única família.


Contra aquele argumento, Singer não tinha nada o que falar.


— Me senti muito culpada por ter ficado tanto tempo sem te ver – continuou – Se você tivesse morrido sem que eu pudesse me despedir, acho que nunca me perdoaria.


— Pode deixar que esse bode velho não pretende te deixar assim tão fácil – Singer esboçou um leve sorriso


— Espero que não mesmo – Vic devolveu o sorriso e fez uma pausa – Olha, tio, eu estava pensando numa coisa, mas não fique aborrecido, tá? – começou com cautela sabendo como era o gênio de Bobby


— O que é? – a expressão do homem se fechou com desconfiança


— Eu acho que seria melhor se o senhor partisse comigo.


— Partir com você? Que conversa é essa?


— Calma, tio, olha... talvez possamos encontrar algum especialista renomado que possa... reverter a sua situação e aí...


— Tsc, sem essa, Vic! Sei muito bem no que vai dar. Um bando de engomadinhos que vão dizer um monte de lorotas que eu não vou entender a metade do que é e no final só vão confirmar o que eu já sei: que nunca mais vou andar. – balançou a cabeça – No máximo, algum vai querer me usar como cobaia pra alguma nova técnica que nem sabe se vai dar certo.


— Tio, não seria realmente assim...


— Costumo ser otimista, Vic. Talvez se fosse antes... Mas se nem mesmo um toque de um especialista em milagres pôde resolver... Se bem que ele perdeu o toque...


- Ahm? Do que está falando?


- Nada. – Bobby balançou a cabeça. Havia pensado alto sem saber no anjo Castiel. Este não pôde ajudá-lo por estar sem a maioria dos poderes, inclusive o de curar, pelo menos uma carga suficiente para situações como a dele – Esquece. E também esquece isso de querer me levar a um especialista.


- Bobby, não custa nada a gente tentar.


- Não insista, Vic! – vociferou – Não vou me encher de esperanças tolas pra depois me frustrar!


A moça soltou um suspiro. Sabia que não adiantava argumentar quando seu tio cismava com alguma coisa. Resolveu experimentar outra tática:


— Então pelo menos deixa eu te dar uma vida mais confortável, uma casa maior, alguém que possa cuidar de você e...


— Não pretendo sair da minha casa pra nada e nem preciso de uma babá. Posso me cuidar muito bem sozinho!


— Está bem, sua mula! – ela se impacientou – Neste caso, eu vou morar aqui e vou cuidar de você. Pronto!


— Não mesmo, mocinha! Você não vai parar sua vida pra se ocupar de um velho aleijado como eu!


— Ah, tio, por favor! Pare de se referir a você mesmo nestes termos! E minha vida não vai parar se eu morar com você. Posso muito bem continuar saindo pra algumas caçadas e cuidar dos meus outros assuntos mesmo se eu ficar aqui.


— Já disse que não, Victoria.


— Arre, eu não te entendo! Vivia me telefonando preocupado e me pedia que eu voltasse a morar aqui. E agora que pretendo fazer sua vontade, você simplesmente não quer mais?


— Acontece que antes eu não era um peso pra você se preocupar.


— Tio, olha...


— Não, não e não! Fim de papo.


— Tá bom, eu desisto! – soltou um ruidoso suspiro e levantou os braços para o alto em sinal de derrota – Já vi que não dá mesmo pra falar com você. É a pessoa mais teimosa que já conheci!


— Deve ser de família. Você também não fica atrás, menina – voltou a sorrir


— É, deve ser mesmo – ela riu, levantou-se do sofá, abaixou-se na altura da cabeça de Bobby e enlaçou os braços em volta do seu pescoço. Encostou sua face esquerda na face direita dele e fechou os olhos – Eu te amo, seu velho teimoso.


— É, eu também – ele também fechou os olhos emocionado. Não era de demonstrar sentimentos, todavia, adorava sua única sobrinha como uma filha – Mas vamos parar com essa melação que não sou homem disso.


Os dois riram. Victoria o beijou na face e endireitou-se.


— Bom, tio, já que não consegui te convencer nem de sair daqui e nem de morar com você, posso pelo menos passar alguns dias pra matar saudades dos velhos tempos?


— Tá, claro que pode. Mas preste atenção: não tente me enganar – apontou o dedo para ela com expressão séria – Vai ficar aqui no máximo uma semana e depois pode tratar de cair na estrada.


— Credo! Que maneira de receber uma hóspede! – ela colocou as mãos na cintura fingindo indignação, mas com uma expressão divertida no rosto. – Ainda mais sua sobrinha!


— Só estou avisando com antecedência pra você não inventar desculpas e ir ficando aqui até que eu não consiga mais te mandar embora. Estamos entendidos?


— OK, OK. Não vou abusar de sua hospitalidade mais do que uma semana. Agora, será que podemos comer alguma coisa? Estou faminta! Não comi nada desde que cheguei nesta cidade.


— Fique à vontade pra assaltar a geladeira. A casa é sua – suavizou o rosto – Sempre foi.


— 0 –


Ao se relembrar do reencontro com o tio no dia anterior, Victoria acalmou seu espírito e deitou-se outra vez. Ajeitou a coberta sobre o corpo vestido numa fina camisola de seda sem mangas. O pesadelo tornou a rondar sua mente; sempre lhe causava uma sensação de sufoco e angústia. Repetia-se da mesma forma: a aparente tranquilidade da cena, o pressentimento de algo ruim, a impossibilidade de falar e, por fim, o desastre. O pior que quando acordava não tinha ninguém para confortá-la, para lhe dizer que tudo havia passado e era apenas um sonho ruim. Não, não havia mais ninguém por escolha dela mesma devido às circunstâncias que lhe ocorreram.


Não adiantava se lamentar. Ah! O que mais queria no momento era se esquecer de tudo. Era por isso que gostava de caçar porque mantinha a mente ocupada. A hora de dormir era um martírio, pois a escuridão da noite lhe trazia o silêncio e, com ele, os pensamentos e sentimentos que se esforçava em esconder de todos, até mesmo de Bobby. Odiava a noite com a exposição do seu íntimo e também pelo medo de retornar ao pesadelo.


Felizmente, nem sempre sonhava. E também quando ocorria, nem sempre era aquele sonho ruim. Quando menos esperava, eles lhe visitavam em seus passeios oníricos. Os homens de seus sonhos. Literalmente.


Um era loiro, pele bem clara, olhos verdes, magro, mas robusto. E alto: a cabeça de Vic chegava até o queixo dele. Estava sempre de calça jeans e uma jaqueta meio desbotada e botas pretas. Quando o encarava, sentia uma solidão, uma sensação de vazio na alma dele e um cansaço como se houvesse visto e vivido o suficiente do mundo e não aguentasse mais seu peso.


Quanto ao outro homem, era ainda mais alto, pois a cabeça dela chegava só até os ombros dele. Usava calça jeans, camisas que variavam, mas do mesmo estilo meio formal. Também era branco, o rosto anguloso, a boca e as mãos grandes. Tinha o cabelo castanho médio e liso na altura do pescoço e partido ao meio. Os olhos também eram verdes e deixavam transparecer uma necessidade de ser reconhecido, de ser igual às outras pessoas e, ao mesmo tempo, certo sentimento de culpa, como se os problemas da humanidade fossem causados por ele.


Pelo menos era assim que Victoria se lembrava deles nos últimos encontros. Era tão estranho! Nunca havia visto aqueles homens na vida e, no entanto, sonhava com eles algumas vezes. O mais estranho é que os via desde quando era apenas uma criança e, pelo que se lembrava quase um bebê. Curioso era o fato de eles serem crianças quando os viu pela primeira vez e cresciam tal como ela sempre que tornava a encontrá-los. Que mistério! Mesmo assim, procurava achar uma explicação plausível para aquilo: eram produto de sua mente. Deveriam ser talvez um tipo de amigos imaginários que criou para ajudá-la a superar todos os traumas vividos. Ora, por que não seria isso? Muitas pessoas criavam amigos imaginários, o seu caso deveria ser esse.


Victoria viu de tudo no seu trabalho como caçadora: metamorfos, wendigos, vampiros, lobisomens, bichos papões e, a raça que mais odiava: demônios, embora estes muito mais nos últimos anos. Ela acreditava em Deus e, apesar de tudo, buscava forças na fé que tinha. No entanto, recusava-se a acreditar que havia algo de significativo nos sonhos com aqueles homens. Ela não poderia crer que eles realmente existissem. Para quê queria que fossem reais? E se fossem, significaria que deveria encontrá-los? E implicaria num envolvimento com algum deles? Não! Nunca! Ela jamais entregaria seu coração a um homem de novo! Jamais voltaria a criar qualquer tipo de laço com alguém.


Bastava seu tio, o único laço que lhe restava, e ela já temia bastante o dia em que partisse. Rezava que demorasse, pelo menos, uns trinta anos para isso. Havia Matt também, mas não contava muito. Ela o considerava mais como um colega, um relacionamento profissional e preferia manter certa distância; assim, sofreria menos por uma possível perda.


Todavia, ela não podia negar que uma parte de si desejava que aqueles dois fossem reais. Nunca falava deles para ninguém, nem mesmo para Bobby. Era algo só seu, o mais íntimo de seus segredos. Fossem produto de sua imaginação ou não, o fato era que tinha uma relação verdadeira com eles, tão palpável quanto qualquer outra que teve de verdade, ou até mais. O engraçado era que nem ela e muito menos eles se falavam nos sonhos. Era uma comunicação pela mente, era como se soubessem das dores mútuas sem precisar relatá-las. Como se esses seres oníricos também padecessem sofrimentos como ela e compartilhassem das mesmas angústias, como se existissem, como se tivessem uma vida própria no mundo real. Loucura, mas era a impressão que tinha. Podia sentir e até adivinhar um pouco de suas dores.


Nomeou-os para si como o Loirão e o Gigante. Nunca apareciam juntos: ora ela sonhava com um, ora sonhava com o outro, parecia até uma combinação como se não quisessem partilhá-la num mesmo encontro.


Victoria se lembrava de cada sonho com eles, até mesmo de quando era pouco mais do que um bebê. Primeiro, vinha o loiro e depois, o moreno claro. Ou vice-versa, não importava a ordem; sabia que se encontrasse com um, encontraria com o outro, ainda que o intervalo de tempo fosse longo. Fechou os olhos para afastar os últimos resquícios vagos do seu pesadelo e passou a visualizar todos os sonhos desde o começo com seus homens.


 



When she was just a girl


Quando ela era apenas uma garota


She expected the world


Ela esperava o mundo


Caminhava sozinha com passos vacilantes sem a ajuda da mãe. Não tinha ainda uma definição clara do mundo, só sentia as coisas ao seu redor. Aquele lugar era muito reconfortante: uma luz forte no alto, um calor que envolvia seu pequenino corpo de apenas dois anos; um perfume delicioso vindo daqueles milhares de coisinhas coloridas e sedosas que a cercavam.


Onde estava mamãe? E o papai? Cadê seu irmãozinho mais alto que sempre lhe dava a mãozinha para brincarem juntos? Victoria começou a ficar com medo. Não gostava de ficar sozinha. Parou de andar e buscou-os com o olhar. Ninguém à vista. Ia chorar quando ouviu que alguém antes dela já o fazia. Eram choros altos e incontidos.


A menina ficou curiosa e resolveu seguir o som daquele pranto. Correu bastante por um caminho aberto no meio de flores até avistar um gramado. Nele, viu um garoto bastante cabeludo e loiro sentado no que parecia um pequeno quadrado feito de madeira cheio de areia, próprio para crianças brincarem. O menino estava com os braços envoltos nas perninhas juntas e chorava com a cabeça escondida entre os joelhos. Vestia uma blusa preta, short verde escuro e tênis branco.


Victoria se aproximou devagar. Não sabia bem o motivo, mas seu coraçãozinho se encheu de ternura por aquele ser o qual não conhecia. A menina entrou no quadrado, postou-se à direita do loirinho e passou sua pequena mão no alto da cabeça dele. Qual não foi o susto do garoto! Levantou-se de um pulo e surpreendeu-se em ver a garotinha.


Victoria pôde contemplar melhor as feições do menino: o rosto bem claro, o cabelo grande que caía em franja sobre a testa e os olhos verdes e lacrimejantes. Era mais velho e maior do que ela, talvez da mesma idade que seu irmão.


O garoto, a princípio, ficou confuso com a presença da menina e parecia até zangado com sua intromissão em lhe ver chorando. Victoria lhe sorriu e estendeu a mão para ele. Ele hesitou por um momento, porém, enlaçou sua mão na dela e, com a outra enxugou as lágrimas do rosto. Depois, sorriu para sua nova amiguinha. Então, a menininha o abraçou com carinho. Logo o menino enlaçou seus braços nos ombros dela. Era como se já fossem companheiros por toda uma vida, embora mal houvessem começado a viver. Depois, ele a convidou para brincarem na areia.


But it flew away from her reach


Mas ele voou fora de seu alcance


So she ran away in her sleep


Então ela fugiu em seu sono


Victoria estava de volta àquele misterioso campo rodeado de coisas minúsculas e coloridas e com a luz forte acima dela. Dessa vez, porém, ela não estava com medo. Reconhecia o lugar. Foi ali que encontrou seu amigo loiro. Não tinha ainda noção de tempo, porém, tinha a vaga sensação de que não ter passado muito desde que o encontrou. Correu feliz com suas pequeninas pernas procurando por ele, entretanto, não conseguiu achá-lo.


Ouviu barulho de choro, no entanto, era diferente do seu amigo, era mais como... choro de bebê. Outra vez, deixou-se guiar pelo ruído até chegar ao mesmo caminho aberto que havia conhecido o garoto loiro; só que dessa vez, avistou um berço. Aproximou-se do móvel e por entre as frestas viu um bebê. Ela subiu com cuidado para ver o neném com mais detalhes. Conseguiu colocar a cabecinha acima da grade de proteção e contemplou um menininho branco, a cara redonda e os olhinhos ainda azuis bem arregalados; tinha bastante cabelo. Usava um macaquinho verde claro.


Era um bebê lindo! O mais lindo que Victoria havia visto entre todos que encontrava no parquinho no qual sua mãe costumava levá-la para brincar. O nenê parou de chorar assim que a percebeu. Parecia vê-la embora provavelmente não tão bem quanto ela o via. A criança sorriu, Vic também. Ela esticou parte do corpo para dentro do berço e pegou na mão do pequenino. Ele parou de se agitar e ficou quietinho olhando para ela.


And dreamed of para-para-paradise


E sonhava com o para-para-paraíso


Para-para-paradise


Para-para-paraíso


Já tinha quatro anos e meio e sua compreensão do mundo havia aumentado. Por isso, assim que voltou ao mesmo campo, já sabia que aquela luz forte provinha do sol no alto. As pequeninas coisas multicoloridas e perfumadas eram flores. Reconhecia o lugar mesmo passado um bom tempo. Foi lá que conheceu aquele menino mais velho do que ela e, depois, o lindo bebê. Quem ela veria agora? Saiu correndo pelo vasto campo até encontrar o caminho aberto. Avistou uma trave com dois balanços no mesmo gramado. Num dos balanços estava um garoto de bermuda verde e blusa preta. Loiro. Será que...? Sim! Era o menino loiro que viu há dois anos. Ele estava maior e mais mudado, porém, era ele. Só não sabia como podia reconhecê-lo se o viu apenas uma vez e era tão pequena.


Aproximou-se correndo. O garoto parecia aborrecido com alguma coisa, pois estava com a cabeça baixa, contudo, assim que viu a menina, levantou-se do balanço e também correu até ela. Parecia tê-la reconhecido também. Os dois se abraçaram com bastante carinho como dois grandes amigos que não se viam há muito tempo. Em seguida, distanciaram-se um pouco para se contemplar. Realmente o garoto havia mudado. Já não tinha franja e estava mais alto do que antes. E mais lindo também. A pequena Victoria sentiu o rosto arder por algo que ainda não sabia definir, principalmente, quando o menino lhe abriu um largo sorriso. Abaixou a cabeça envergonhada. Ele pegou sua mão direita e conduziu-a até o balanço; logo os dois começaram a brincar e a rir cheios de contentamento, esquecidos da vida complicada dos adultos.


Para-para-paradise


Para-para-paraíso


Every time she closed her eyes


Toda vez que ela fechava seus olhos


Passou-se um tempo curto e encontrava-se no mesmo campo. Estava ansiosa; queria ver seu amigo loiro outra vez. A esse pensamento, correu para o mesmo local. Entretanto, para sua decepção, não o viu, mas um menininho de cabelo castanho e de franja; vestia um short azul e uma blusa verde claro; brincava sentado com um jogo de montar no gramado. Curiosa, aproximou-se; a criança a olhou. Aqueles olhos... Eram os olhos do seu bebê! Haviam mudado para um tom verde, mas sem sombra de dúvida eram os mesmos. Aquele menino era o bebê que viu pela primeira vez no berço!


O garotinho, que antes estava com o semblante fechado, abriu um lindo sorriso ao vê-la, como se a reconhecesse, largou as peças de montar e levantou-se com os braços abertos e estendidos pedindo um abraço. Como ela poderia resistir? Chegou até ele e abraçou-o. Era mais alta do que ele e mais velha, porém, não se importava. Sentou-se com ele no gramado e os dois se puseram a brincar com o jogo de montar.


Ooohh


Estava com sete anos e meio. Pensou que encontraria primeiro seu amigo loiro, porém, avistou o menininho de cabelo castanho. Ficou contente da mesma forma: sentia uma afeição tão forte por ele quanto pelo outro. A criança estava sentada num banco e parecia assustada com alguma coisa; o modo como se encolhia e os tremores do corpo evidenciavam essa impressão. Vic se aproximou. Ao vê-la, o menino se levantou, correu em sua direção e abraçou-a. O garotinho havia crescido bastante, mas ainda era menor do que ela.


Ao sentir o corpinho trêmulo junto ao seu, a garota abraçou-o mais firme tentando passar segurança; funcionou, pois que o menino parou de tremer. Em seguida, ergueu o rosto para ela e sorriu; Victoria devolveu o sorriso. Gostava de estar com aquele baixinho. Bem, a partir daquele dia o chamaria de Baixinho.


When she was just a girl


Quando ela era apenas uma garota


She expected the world


Ela esperava o mundo


Ela sabia que encontraria o menino loiro dessa vez já que havia encontrado o outro primeiro. Não se enganou: lá estava ele, com bermuda jeans, blusa preta e jaqueta verde. Encontrava-se no mesmo banco em que ela esteve antes com o outro garotinho. Parecia muito aborrecido, tanto que ao vê-la não se animou a correr ao seu encontro. Victoria se sentou ao seu lado e pôs sua mão direita sobre a esquerda dele. Ele a encarou e viu como estava maior e mais bonito. Pôde perceber também dois sentimentos presentes no olhar do garoto: fracasso e tristeza. Ela sentiu que era por causa de alguma pessoa mais velha. Adultos! São complicados e não entendem os sentimentos de uma criança!


Victoria encostou sua cabeça no ombro do menino e ele passou o braço em volta da cintura dela.


But it flew away from her reach


Mas ele vôou fora de seu alcance


And the bullets catch in her teeth


E as balas ficaram presas em seus dentes


Victoria era quem sempre chegava e encontrava um dos garotos. Era ela quem os via aborrecidos, tristes ou até com medo. Era ela quem os consolava de seus problemas. Mas não dessa vez. Não sabia como, porém, já se encontrava sentada no banco ao fim do caminho. Chorava incessantemente com o rosto escondido por entre as mãos. Doía bem fundo muito mais do qualquer machucado que sofreu. Com certeza era culpada pelo que havia acontecido embora lhe negassem tal fato.


De repente, mãos macias alisaram seu cabelo. Levantou os olhos e viu seu amigo loiro. Como cresceu! E como se tornou um lindo rapazote! Devia ter uns doze ou treze anos pelo que ela podia deduzir. Tinha algumas espinhas no rosto, contudo, nada que pudesse deformar o rosto. Um belo rosto que já fazia muitas outras meninas suspirarem. Foi um pensamento intuitivo que a menina teve, fê-la parar de chorar por uns instantes e fechar a cara. Um incômodo lá no fundo lhe remoía.


O adolescente a olhou por um momento sem entender; depois, um raio de compreensão pareceu faiscar em seu olhar. Não pôde deixar de rir. A garota não achou graça nenhuma e virou para o outro lado do banco dando as costas para o jovem; tornou a chorar. O garoto parou de rir, saltou para o lado onde ela se havia se virado e levantou o rosto dela com uma das mãos para que o encarasse. Seu semblante estava sério e em seus olhos havia um pedido mudo de desculpas. Parecia entender a dor dela como se houvesse passado por uma situação semelhante. Victoria se esqueceu do breve desentendimento, levantou-se e atirou os braços em torno do pescoço dele tentando alcançar sua altura. Tudo o que mais precisava naquele momento era estar com seu Loirão, como passou a se referir a ele. O jovem se abaixou um pouco para ficar na mesma altura que ela.


Life goes on


A vida continua,


It gets so heavy


Ela fica tão pesada


The wheel breaks the butterfly


O Ciclo da Borboleta se Rompe


Every tear, a waterfall


Cada lágrima, uma cachoeira


Iria embora com outras pessoas. Pessoas que ela já amava e que também a amavam. Porém, deixaria seu refúgio, o único lugar que conhecia como lar. Iria a uma terra estranha, outra gente, outro povo. Lá não havia Disneylândia, nem Hollywood, nem Macaulay Culkin. Como poderia ser feliz num lugar assim?


Estava tão distraída sentada no banco olhando para um ponto qualquer que nem notou a aproximação do Baixinho. Ele se sentou ao seu lado; olharam-se. Ele começou a derramar lágrimas assim como ela já o fazia, como se adivinhasse que Victoria iria para longe, como se a distância entre eles ficasse maior. Colocou o braço em torno dos ombros dela e os dois juntaram as cabeças.


In the night, the stormy night


Na noite, a noite turbulenta


She'll close her eyes


Ela fechará seus olhos


In the night


Na noite


The stormy night


Na noite tempestuosa


Away she'd fly


Para longe ela voaria


Chorava mais uma vez naquele belo lugar. Seria sempre assim dali em diante? Mais pessoas que partiam? Só lhe restava agora... Não suportaria se ele também se fosse. Seria tudo o que ele quisesse que ela fosse desde que nunca a deixasse. Esqueceria até seus dois amigos de sonhos se preciso fosse. Afinal, eram só amigos imaginários, não? Há muito ela havia se convencido disso, embora algo em seu íntimo lhe negasse.


Não demorou em chegar um dos seus companheiros, o Baixinho. Era já um adolescente com seu cabelo castanho e a habitual franja. Vestia bermuda jeans, camisa verde claro e uma jaqueta azul. Estava ficando cada vez mais bonito, quase tanto quanto o loiro, ainda que continuasse menor do que ela. Como de costume, sorriu ao vê-la por um momento e logo seu rosto assumiu um ar de preocupação ao vê-la chorando pela segunda vez. Sentou-se ao seu lado e pretendia passar o dorso da mão para enxugar as lágrimas do rosto dela, contudo, a mocinha o deteve. Não deixou que se aproximasse. Ele entendeu: era uma despedida e ela não pretendia mais vê-lo.


O adolescente nada fez, entretanto, ela percebeu um traço de dor e mágoa em seu olhar. Victoria também ficou consternada, mas era melhor assim. Não se deve viver uma vida de sonhos, eles acabam logo e aqueles sempre terminavam deixando certo vazio em seu coração quando despertava, embora, ao mesmo tempo, consolavam-na.


O jovenzinho se levantou com ar resignado e foi-se sem olhar para trás. Victoria ficou o observando se afastar. 


And dreams of para-para-paradise


E sonhos com o para-para-paraíso


Para-para-paradise


Para-para-paraíso


Pensou que nunca mais voltaria ali. Já fazia uns três anos que não os via. Ou melhor, não via o Baixinho. O Loirão, não o via há oito anos. Achou muito estranho ele não ter aparecido logo após ter se despedido do outro garoto. Queria ter dito adeus a ele também, entretanto, tal despedida nunca ocorreu. O intervalo de tempo em que encontrava com um e depois com o outro não excedia mais do que uma semana. Somente depois que sonhava com ambos era que se passava um bom número de anos.


Havia implorado aos céus que voltasse a ter sonhos com eles mesmo que os dois não fossem reais. Precisava deles mais do que nunca. Não tinha mais forças para seguir em frente. Tudo o que lhe restava foi tirado. Não bastasse seu amor, também perdia...


Amaldiçoada! Era a única explicação plausível! Não percebeu o grito de dor e o choro descontrolado que havia soltado até se ver caída no gramado. Braços fortes a ampararam e levantaram-na. Victoria sentiu um corpo másculo junto ao seu e um calor a envolverem. Ficou assim um bom tempo soluçando até se acalmar.


Finalmente, alguém ergueu seu rosto banhado em lágrimas. Era o Loirão. Ele estava tão lindo e tão... sexy! Que homem másculo se tornou! Victoria quase riu. Como podia pensar algo assim numa hora daquelas? No entanto, não podia evitar. O moço parecia hipnotizado ao vê-la. Ela estremeceu com tudo que percebeu naquele olhar: fascinação, saudade e desejo. Por um instante, teve a impressão de ver algo mais naquele olhar, uma espécie de aborrecimento ou zanga, mas logo se desvaneceu e assumiu um sentimento de solidariedade. O Loirão a apertou novamente em seus braços e lá ela ficou.


Para-para-paradise


Para-para-paraíso


Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh 


Transcorreram-se quatro anos e meio. Victoria estava bem. Há muito que não se sentia assim. Ela não queria, entretanto, resolveu mais uma vez se dar uma chance de ser feliz com alguém. Pensou que nunca ocorreria, mas aconteceu e ela não resistiu. Esperava que a vida não fosse cruel com ela de novo. E que seu amado lhe perdoasse, porém, não podia mandar embora outra vez os homens de seus sonhos. Faziam parte dela e era irremediável.


Estava no campo de flores. Andou pelo habitual caminho e no fim dele viu de costas o... Baixinho. Mas espere! Como estava crescido! Bem mais alto do que se lembrava. Ao se aproximar dele, Victoria se espantou com sua altura. Ele estava maior do que ela, até mais do que o Loirão. O coração da mulher bateu descompassado.


Finalmente, o homem se virou e ela ficou mais abalada ainda ao contemplar a beleza que ele havia alcançado. O rosto marcante emoldurado pelo mesmo cabelo cacheado nas pontas e pela franja. O corpo totalmente másculo! Um deus grego! Não saberia dizer quem era mais bonito: se ele ou o Loirão.


Não poderia mais chamá-lo de Baixinho. Dali pra frente ele seria o Gigante. Teria rido se não fosse a tristeza imensa presente no olhar do moço. Ele também pareceu ficar abalado por alguns instantes ao vê-la, no entanto, não fez menção de se aproximar. Seu rosto estava taciturno e sombrio. Havia uma mágoa ali também, mas dela. Mesmo assim, Victoria percebeu uma sensação de perda. Ele havia perdido alguém, um amor. Quem seria sua rival? Afastou tal pensamento. Não tinha o direito de lhe cobrar nada. E depois, sabia a dor de perder um grande amor. E ela não desejava passar por isso de novo, não com quem estava.


Apesar da hostilidade na expressão do rapaz, ela se aproximou e abraçou-o com força sentindo o corpo imenso dele e o calor que vinha. Ele também não resistiu àquele conforto e envolveu-a. A moça sentiu lágrimas molharem sua roupa, mas não se importou e apertou-o mais forte.


She'd dream of para-para-paradise


Ela sonharia com o para-para-paraíso


Para-para-paradise


Para-para-paraíso


Para-para-paradise


Para-para-paraíso


Não chorava mais. Já havia se acostumado com a dor de perder alguém. Foi uma tola! Como pôde acreditar que dessa vez seria diferente? De qualquer jeito, já buscava alívio nos braços acolhedores de seu Loirão. Estavam sentados de frente um para o outro com as pernas abertas de cada lado do banco, as testas encostadas e os braços entrelaçados.


Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh


Encontrou o Loirão novamente, só que agora era ele quem estava inconsolável. E, dessa vez, não havia transcorrido muito tempo desde o último reencontro, apenas alguns meses. A cabeça dele estava deitada em seu colo. Victoria sentiu o sofrimento dele por uma grande perda e o quanto se culpava por isso. Parecia até que não se sentia no direito de estar ali vivendo aquele momento com ela.


La-la-la-la-la


Estavam de pé de frente um para o outro e bem próximos. O Gigante apenas a olhava com ar de tristeza. Ele estava se recuperando de uma perda recente e agora lidava com outra: a de uma mulher. Novamente, sentiu o ciúme fervilhar dentro de si, porém, controlou-se e envolveu o rosto dele em suas mãos. Ele abaixou a cabeça até encostar-se à dela.


Still lying underneath the stormy skies


E assim por debaixo dos céus tempestuosos


Queria muito beijá-la, ela sentiu. Precisava de algum tipo de alento, algum conforto, de tirar forças de algo para suportar a dura prova que enfrentaria. A pessoa mais importante de sua vida o deixaria e nunca mais voltaria. O Gigante estava arrasado por esta perda inevitável. Victoria não sabia bem como explicar, todavia, a perda dele também dizia respeito a si. O coração se apertou com intensidade. Por isso, não hesitou em atender o apelo do seu Gigante mesmo que aquilo fosse apenas um sonho e ao acordar não houvesse gosto algum dos lábios dele. Foi apenas um beijo casto, um leve roçar de lábios, mas trouxe a ambos uma sensação de unidade como nunca haviam sentido antes.


She said oh-oh-oh-oh-oh-oh


Ela dizia: ''oh, ohohohoh


I know the sun's set to rise


Eu sei que o sol deve se pôr para levantar"


Ela chorava por ele e junto com ele; as lágrimas se misturavam. Seu Loirão havia feito algo de muito grave e teria que partir por causa disso; sentia o medo dele, nunca mais o veria. A esse pensamento, agarrou-se mais ainda ao moço. Não! Não o deixaria partir como os outros. Não importava se não fosse real, Victoria não podia viver sem ele.. Loucura! Entretanto, era algo que sabia há um bom tempo. Era amor? Não sabia, talvez fosse precipitado falar ou pensar, mas era algo forte. Pôde vislumbrar no olhar dele que era recíproco. Antes que ele o pedisse, já estava colando seus lábios aos dele. Estranho! O contato era diferente do Gigante, entretanto, a sensação de unidade era a mesma. Afastou o outro do pensamento na mesma hora. Aquele era seu momento com o Loirão, provavelmente o último e apenas se focaria nele.


And so lying underneath those stormy skies


E então debaixo daqueles céus tempestuosos


O Gigante havia destruído o banco de madeira. Jogou-o de um lado para o outro até quebrá-lo. Parecia revoltado com tudo e todos e até mesmo com ela. Victoria viu a amargura e o ódio em seu semblante. Havia perdido quem mais amava. E a culpava por... não existir? Mas como assim? Ele quem era um simples sonho o qual ela chegava a acreditar que também sofria no mundo real. De repente, estava sendo apertada nos braços dele. Chorava como uma criança, pegou no rosto dela com ferocidade e contemplou-a. Pedia-lhe perdão com o olhar. E também pedia perdão por outra coisa que faria, algo reprovável, mas por uma boa causa e para vingar sua grande perda. Victoria pensou em aconselhá-lo a evitar tal atitude, porém, seus lábios foram tomados por ele. De novo aquela sensação de unidade e percebeu que também não podia viver sem aquele homem.


She'd say oh-oh-oh-oh-oh-oh


Ela diria oh-oh-oh-oh-oh-oh


I know the sun must set to rise


Eu sei que o sol deve se pôr para levantar


Uma imensa alegria tomou conta dela, além de um grande alívio. Os dois correram um para o outro assim que se viram. O abraço foi forte e mágico. Ele a levantou e a rodopiou transbordando de felicidade. Victoria chorava de emoção. O moço a colocou no chão e enxugou suas lágrimas. Seu Loirão estava de volta! De repente, o olhar emocionado dele se nublou por alguns instantes e fê-lo desviar o rosto, evitando encará-la. Havia um sentimento de culpa muito forte dentro de si. Não se achava digno dela, mas ela o obrigou a fitá-la. Não havia recriminação no olhar dela e ele pareceu relaxar. Puxou-a gentil para si e beijou-a com delicadeza.


This could be para-para-paradise


Isto poderia ser o para-para-paraíso


Para-para-paradise


Para-para-paraíso


Para-para-paradise


Para-para-paraíso


Tão embalada estava naquelas lembranças oníricas que nem percebeu que havia adormecido. Não estava mais recordando e sim sonhando.


Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh


O sol brilhava forte e havia milhares de flores ao redor, entretanto, o cenário era um pouco diferente; estava no alto de uma colina. À sua frente, estendia-se um caminho que dava passagem entre duas muralhas de flores, uma de cada lado. Estranhou: por que estava em outro ponto daquele lugar? Onde estava o outro caminho que sempre percorria até o final e que encontrava um dos seus homens? Intrigada, começou a descer o trajeto. Andou muito como nunca o fez antes nos outros sonhos.


Por fim, avistou outra muralha de flores que encerrava aquela trilha. À medida que se aproximava, percebia mais nítido que chegava num cruzamento; aquele caminho se abria em dois: um à direita e outro à esquerda. O que significava?


Victoria parou no meio do cruzamento do caminho. Olhou para os dois lados: à direita, vinha o Loirão, e à esquerda, o Gigante. Ainda estavam longe, porém, ambos a viram também. Collins olhava ora para um, ora para outro com um crescente terror. Estava abismada! Aquilo era inadmissível! Os dois juntos! Não poderiam aparecer ali! Eles nunca apareciam juntos em seus sonhos. Por que desta vez? Olhou para a muralha à sua frente, pois não tinha mais coragem de encará-los, embora o fizesse de soslaio. Um medo tomou conta da moça, uma sensação por algo que havia ocorrido antes e que não queria que acontecesse de novo.


Quanto aos dois homens, a princípio, não se deram conta da presença um do outro por estarem à distância; apenas olhavam para Victoria sem prestar atenção a mais nada. No entanto, quando chegaram próximos a ela de lados opostos, ambos se perceberam e encararam-se. Os homens estavam espantados pela presença um do outro como se nenhum deles devesse estar ali, como se o outro fosse um intruso e..., estranho, como se já se conhecessem.


This could be para-para-paradise


Isto poderia ser o para-para-paraíso


Para-para-paradise


Para-para-paraíso


This could be para-para-paradise


Isto poderia ser o para-para-paraíso


Victoria acordou sobressaltada. Dessa vez, não gritou. No entanto, aquele sonho foi tão perturbador como seu pesadelo constante. Qual o significado daquela imagem onírica e de encontrar aqueles dois de uma só vez? Uma sensação ruim, um pressentimento de dias de escuridão e, ao mesmo tempo, uma esperança e uma onda de felicidade a envolveram. Eram sentimentos tão fortes e contraditórios que não pôde suportar e debulhou-se em lágrimas. Meu Deus, o que estava acontecendo? Ou melhor, o que aconteceria?


Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh


— 0 –


Em North Platte, estado de Nebrasca, a quilômetros dali, num quarto de motel, os irmãos Winchesters dormiam em camas separadas. De repente, acordaram ao mesmo tempo com sobressalto. Haviam sonhado a mesma coisa. Haviam sonhado que estavam juntos num mesmo lugar.


Com a mesma mulher. 


 



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Autor(a): jord73

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