Fanfic: Almas Trigêmeas | Tema: Supernatural (Irmãos Winchester)
Anteriormente:
(...)
— Bom, tio, já que não consegui te convencer nem de sair daqui e nem de morar com você, posso pelo menos passar alguns dias pra matar saudades dos velhos tempos?
— Tá, claro que pode. Mas preste atenção: não tente me enganar – apontou o dedo para ela com expressão séria – Vai ficar aqui no máximo uma semana e depois pode tratar de cair na estrada.
(...)
– OK. Já teve sua diversão! – Dean esbravejou – Agora me mande de volta, seu filho da mãe!
– Você voltará, no tempo certo. – respondeu Zacarias calmamente – Queremos que você fique um pouco no banho Maria.
– Banho Maria?
– Três dias, Dean, para ver aonde esse curso de ação leva você.
(...)
– Eu te imploro, Dean! Volte e diga "sim"! Salve a todos! E... salve ela! Não a deixe morrer! Não a deixe morrer! – gritou e bateu as duas mãos na mesa entre eles em que estavam apoiados seus braços
– O quê? – piscou várias vezes tentando entender o que acabava de ouvir.
– Nada – o outro fechou os olhos e abaixou a cabeça como se estivesse arrependido de ter falado algo proibido – Esqueça.
– Não, peraí... do que você está falando? – insistiu Dean – Ou melhor, de quem está falando? Você disse "Salve ela. Não a deixe morrer." Quem é...
– Ninguém! – vociferou o outro e levantou o rosto. Havia uma fúria em seu olhar mesclada com dor – Já disse pra esquecer! Não importa – sua expressão voltou a assumir um ar de neutralidade – De qualquer jeito, você não vai dizer mesmo.
(...)
– Escute, Cass, você sabe que adivinhações não são meu forte nem em 2009 e acho que nem aqui em 2014. Então...quer me dizer de que diabos está falando? Olha, sem querer ele falou de alguém, me implorou praticamente pra eu dizer "sim" ao Miguel e salvar essa pessoa. E depois não me disse mais nada. Mas ficou na cara que se trata de um rabo de saia. Que raio de mulher é essa?
– Sua esposa – replicou o ex-anjo num tom ríspido que demonstrava desagrado pelas últimas palavras do outro
– O... o quê? – Dean mal conseguia pronunciar as palavras – Minha o quê?
– Sua esposa – repetiu Cass – Victoria Collins.
Capítulo 3
O homem do futuro (2ª parte)
Dean pensou ter escutado mal; não era possível.
– Minha esposa? – perguntou para se certificar. Castiel assentiu com um sorriso plácido – Victoria... Collins? A Indomável?
– A própria.
– Tá de brincadeira comigo, né, Cass? – alargou o sorriso balançando a cabeça. Virou parte do corpo no banco de passageiro em direção ao amigo e deu-lhe um tapinha no ombro – Ou você ainda está sob efeito da última tragada?
– Falo sério, Dean – Cass o olhou com expressão grave
O Winchester permaneceu calado por alguns segundos tentando absorver aquela informação. Castiel esperava uma reação explosiva de negação que não demorou a vir:
– Mas como é possível? Eu... me casar? E ainda por cima com.. com essa Maria homem quebradora de narizes!
– Não acredite em tudo o que você ouve sobre as pessoas, ainda mais de um bando de caçadores despeitados.
– Mas, Cass, essa mulher... essa mulher... Olhe, vou te contar uma coisa, mas... sem piadinhas, hein? – baixou o tom de voz como quem faz uma confidência – Essa mulher me dá arrepios só de ouvir o nome dela. Não tenho a menor vontade de conhecer a figura.
– Eu sei – Castiel sorriu – Mas não é medo dela que você tem propriamente. É medo do amor imenso que vai sentir por ela quando conhecê-la.
– Ah, por favor! Que isso? Você falando assim parece até narrador de romance barato. Eu não faço o tipo "príncipe encantado que busca encontrar seu verdadeiro amor". – falava com uma nota aguda de zombaria – Você me conhece, não sou assim, nunca fui assim com as mulheres. Não... continuo achando que você está de gozação pro meu lado.
– Quer se calar enquanto eu lhe conto toda a história? Depois pode tirar suas próprias conclusões. – Dean se aquietou apreensivo – Eu não estava por perto quando vocês se conheceram, mas pelo que soube, vocês sentiram uma conexão desde o primeiro momento em que se viram. É o que nos "romances baratos" chamam de amor à primeira vista. – o Winchester se mexeu no banco um tanto desconfortável – É claro que vocês dois tentaram negar tal sentimento – Cass deu uma risadinha – Cara, vocês no começo discutiam por qualquer coisinha feito cão e gato. Mas era palpável pra qualquer um que os visse juntos a ligação forte entre vocês. Eram muito parecidos. Tinham os mesmos gostos pra várias coisas, o gênio dela era igual ao seu em muitos aspectos.
– Espera aí! – interrompeu Dean - Como a gente se conhece?
– Não vem ao caso – desconversou – Basta saber que as circunstâncias do Apocalipse acabaram unindo vocês pra trabalharem juntos.
O Winchester não parecia satisfeito com aquela informação. Ia insistir quando o amigo lhe interrompeu:
– Como eu disse, vocês eram parecidos em muitas coisas. Por isso, brigavam muito no começo. Penso que era mais como uma forma de defesa... por medo de amar, de se envolverem – fez um pigarro – Só que como diz a frase, ninguém manda no coração. Em menos de dois meses de estrada vocês acabaram "se rendendo aos braços um do outro" – o ex-anjo dizia com sarcasmo em tom de narração de romance para ilustrar o que o loiro havia dito – Depois de uns meses, se casaram pouco antes do fim do mundo, da guerra não travada por Miguel e Lúcifer. A essa altura, Sam já estava possuído... bem, Lúcifer havia vencido e era só questão de tempo até ele destruir o mundo aos poucos – olhou com pesar para o companheiro – O casamento de vocês foi realizado numa pequena capela de Sioux Falls. Estavam presentes Bobby, o profeta Chuck, Rufus, Ellen, a Jo e eu.
– Eu me casei numa igreja? Com padrinhos e tudo?
– Foi mais por atenção a Victoria que era muito religiosa. A cerimônia foi rápida e simples, sua mulher nem usou vestido de noiva. Bobby e Ellen foram os padrinhos dela enquanto a Jo e o Rufus foram os seus. O Chuck tocou a marcha nupcial e eu...fui eu que celebrei seu casamento. Os votos de um anjo valem mais que os de um padre ou um pastor. – esclareceu pelo Winchester lhe olhar com estranheza – Até mesmo os votos de um ex anjo desde que... ele não tenha se corrompido. E na época, eu ainda era "careta".
– Difícil de acreditar... – o loiro falou num sussurro mais para si imaginando a cena do suposto matrimônio.
– Vocês nem tiveram lua de mel. Como poderiam? O fim estava próximo. Depois disso, se passou dois anos e meio até...
– Um momento. Você tem alguma foto dela?
– De quem? Da Victoria?
– Não, da minha mãe. Claro, né, Cass? De quem mais a gente tá falando?
– Cara, sinto muito falta desse velho Dean sempre com suas tiradas.
– OK, OK... Deixe o momento saudades de lado e me mostre alguma foto dela.
– Infelizmente, não tenho nenhuma.
– Nada?
– Não. Ela não era do tipo que gostava de aparecer em fotos... mas adorava fotografar. Tirou muitos retratos do acampamento e das pessoas que viviam lá, mas não aparece em nenhum. Foi um custo até convencê-la a posar pra foto do próprio casamento.
– Então... quer dizer que ela é feia? – o medo se apossou dele – Mas o pessoal que conhece ela , costuma dizer... o contrário.
– Ora, Dean, uma das coisas que ninguém na sua época pode falar contra Victoria é sobre seus dotes físicos bem avantajados. E você não é o tipo de homem que dispensa isso nem em 2009 e nem agora.
– Ah, bom – ficou um pouco mais aliviado, embora ainda não estivesse satisfeito com aquelas revelações – E em que ano ocorreu... esse casamento?
– Em junho de 2010.
– Então quer dizer...
– Você a conheceu logo depois que se separou de Sam. Isso significa que está prestes a encontrá-la.
Dean se calou. Uma apreensão e, ao mesmo tempo, um sentimento indefinível que não sabia dizer se era ruim ou bom tomaram conta de seu ser. Alheio a isso, Castiel prosseguiu:
– Como ia dizendo, vocês ficaram casados por dois anos e meio até... que aconteceu aquilo.
– Aquilo de que você fala... a morte dela?
– Sim. Seis meses depois de se espalhar o vírus Croatoan e dizimar metade da humanidade.
– E por que você disse que foi por sua culpa?
– Porque é verdade – o anjo replicou num tom melancólico – Eu deveria tê-la protegido, mas a deixei morrer.
– Como assim?
– Victoria era uma caçadora tão forte e eficiente quanto você... quer dizer, Ele. Mas sabe, o Dean... ele tinha um senso de proteção muito grande por ela, assim como teve pelo Sam. Chame isso de transferência de sentimentos – deu um sorriso triste – Ele já tinha perdido pessoas queridas e ter perdido o irmão pro diabo foi uma dor sem tamanho. Victoria foi uma espécie de antídoto para ele.
Dean refletia sobre as palavras do anjo. Era difícil de acreditar que um dia pudesse chegar a amar uma mulher a ponto de ela compensar a ausência do irmão. Cass dizia:
– Quando o fim do mundo foi declarado, a gente... o Dean, Bobby, Victoria, eu e uma dezena de outros caçadores formamos o Acampamento Chitaqua, um verdadeiro quartel-general como você já viu. Tiveram muitos outros espalhados pelo mundo, mas depois do Croatoan... deve haver no mínimo uns dez por aí afora. Havia muita gente no acampamento. Eram pessoas comuns que tinham contato com os caçadores e que foram as primeiras a serem avisadas sobre o domínio do mal. Elas eram trazidas até lá por eles e ficavam. Chegamos a abrigar mais de mil pessoas.
– É? E cadê todo mundo?
– Houve alguns ataques de demônios no acampamento que mataram muita gente... e alguns infectados pelos crotes. Foi uma barra pesada tudo que tivemos que encarar. Mas ficamos firmes, com você no comando e ela sempre te apoiando e não deixando que a gente perdesse a calma. O engraçado é que você era considerado o general do acampamento, as pessoas te respeitavam e te obedeciam, só que era pra Victoria que as pessoas sempre se reportavam pra pedirem algo ou comunicar algum problema – seu olhar brilhou de emoção ao se lembrar da caçadora – Ela era como uma tocha de esperança, ela animava as pessoas a nunca desistirem mesmo que tudo parecesse perdido.
– Fala dela como se fosse uma santa – observou o Winchester com ironia
– Santa eu não diria. Claro, ela tinha seus defeitos. Às vezes era bastante teimosa e impulsiva igual a alguém que eu conheço – encarou o amigo. Depois, voltou a olhar pra a estrada perdido em recordações – Mas conheci poucas pessoas com um senso de justiça e generosidade tão desenvolvidos quanto os dela. Ela tinha o dom de despertar a fé e a esperança no coração das pessoas... inclusive de um anjo como eu, abandonado pelos companheiros – sorriu e olhou para cima como se os antigos colegas pudessem lhe ouvir – Ela também dava esperança pra ele, o fazia acreditar até que havia uma chance por mais pequena que fosse de salvar o irmão. Não que ela o incentivasse a pensar assim, mas sem querer inspirava essa crença dele. E como eu disse, o senso de proteção dele por ela era grande, até maior do que teve por Sam. Tanto é que, um dia, ele me disse sem rodeios que queria que eu fosse o guarda-costas especial da Victoria. Me dispensava de qualquer missão importante fora do acampamento, só queria que eu estivesse perto dela e a protegesse mesmo que ela ficasse só por ali.
– E você aceitou?
– Como eu podia me negar? Eu sabia o quanto ela era importante pra ele, aliás, era visível pra todo mundo. Depois... eu gostava muito dela, foi uma verdadeira amiga e faria qualquer coisa por ela. – não se envergonhava de confessar – É claro que Victoria não deveria desconfiar de nada. Ela odiava ser tratada como uma pessoa indefesa que precisasse de proteção. Muitas vezes brigou com Dean por deixá-la fora de algumas missões muito importantes. Ele alegava que ela era mais necessária ao acampamento do que fora, mas ela sabia que era uma desculpa pra ela não sair e correr risco de vida.
– Parece que não adiantou muito.
– Pois é. Assim como Dean era muito preocupado com ela, Victoria sentia o mesmo. Ela sabia o quanto ele ainda se importava com Sam mesmo sem vê-lo há muito tempo e que... talvez esse sentimento o levasse a hesitar em destruir Lúcifer no momento que o visse no corpo do irmão. Por isso, um dia ela chegou pra mim e me propôs que juntos procurássemos a Colt e depois matássemos o Diabo sem que Dean soubesse.
– Que danada! – o Winchester não pôde deixar de se admirar com a audácia da mulher em agir pelas suas costas no futuro
– No começo, eu me recusei. Era praticamente o suicídio dela que me propunha e ia de encontro com o que Ele me pediu. Mas... ela tinha um dom de persuasão muito grande. Me disse que como ela não conhecia e nem tinha nenhuma relação de afeto pelo cunhado, não teria dificuldade em matá-lo. E me disse que assumia as consequências de seu ato e que enfrentaria o Dean quando ele soubesse. Arriscava até o casamento se fosse preciso, mas não queria arriscar a vida dele. E afirmou que eu sabia que no fundo ela estava certa sobre o marido e me intimou que se eu realmente me importasse com a vida dele e com o resto da humanidade, deveria provar isso. Deveria mostrar meu verdadeiro valor.
– Ela te convenceu falando tudo isso?
– Pra minha infelicidade, sim. E é claro, jogou na minha cara que sabia que eu andava perto dela como uma babá mandada por ele – riu – A moça não era nada burra. Também eu tinha medo de que se me negasse a ajudá-la, ela era capaz de fazer o que pretendia de qualquer jeito. Mas... eu deveria ter sido mais firme. Deveria ter contado pra ele o que ela me propôs logo de cara - fez uma pausa. Estava com um bolo na garganta tomado por uma sensação de remorso – Daí, secretamente, começamos a investigar sobre a Colt. Reunimos uns sete caçadores de confiança que não fossem entregar a gente para o Dean. Os demônios mudavam sempre de lugar junto com a arma e despistavam o grupo oficial de busca da Colt. Só que o nosso grupo secreto buscava em outras direções. Até que, um dia, soubemos de uma fonte aparentemente segura onde estava a arma. É claro que não contamos pro Dean. E... então, aproveitando uma missão dele que duraria vários dias, saímos do acampamento numa tarde em busca dessa pista.
– Acho que posso imaginar o que aconteceu. Foi uma armadilha, não é?
– Acertou. Um grupo grande de demônios nos esperava numa fábrica abandonada. Fomos para lá. Eles tentaram nos pegar, conseguiram massacrar os que estavam com a gente, mas subestimaram a mim e a Victoria e foram destruídos pela gente. Restamos somente nós dois. Só que... nunca imaginei que Ele também estaria lá.
– Ele?
– Lúcifer. Foi quem a matou. De alguma forma, ele devia saber que Victoria era muito importante para o Dean, seu ponto fraco e que a morte dela abalaria sua resistência. Mesmo assim, nunca entendi porque Satanás se deu ao trabalho de ir naquele lugar pra assassiná-la. Talvez adivinhasse que seus subalternos não dessem conta do serviço.
– Como foi que ele a matou? – a voz de Dean tinha uma nota de inquietação
– Nos dois tínhamos acabado de matar os demônios e revistamos os bolsos deles para ver se estavam com a Colt... só por garantia. Mas nada encontramos. Victoria não queria ir e deixar os nossos companheiros sem enterrar. Ela se sentia culpada por suas mortes e me convenceu a transportar os corpos para o nosso jipe. Como eram poucos, eu concordei e começamos a carregar um por um para o veículo. Quando estávamos levando o último e saíamos da fábrica, lá estava o diabo no corpo de Sam encostado na lateral do carro. Ele bateu palmas e nos felicitou pelo combate e por nossa "pequena boa ação" com nossos companheiros. Depois, olhou fixo pra Victoria. Por instinto, me coloquei na frente dela, mas não adiantou muito. Com um só gesto, ele me atirou pra longe junto com o cadáver que eu segurava... eu caí e fiquei no chão. Não conseguia me mexer. – a voz de Cass tremia ao relembrar a cena – E depois... ele a ergueu no ar segurando-a pelo pescoço com uma só mão e... com a outra...arrancou o coração dela.
O Winchester nada disse, entretanto, sentiu um bolo na garganta.
– Depois desapareceu. Eu... a peguei nos braços... enrolei seu coração na minha jaqueta e levei seu corpo para o acampamento. Todos que me viram chegar com o corpo sem vida dela, ficaram horrorizados e me fizeram perguntas que não respondi. Eu levei seu corpo até o galpão em que dormia com o Dean e... o pus na cama – sua respiração se acelerou como se estivesse revivendo tudo novamente - Uma hora depois, ele chegou e soube do ocorrido. Veio muito antes do que pretendia. Me disseram que interrompeu a missão do nada. Parece que sentiu que algo de ruim tinha acontecido com a esposa. Isso pra você ter uma ideia do quanto são... eram ligados. Cara, nunca vou esquecer a expressão dele quando entrou, a viu morta e estendida sobre a cama. Parecia que o mundo tinha acabado pra ele. Me pegou pela gola, me encostou na parede e me obrigou a contar o que tinha acontecido. Eu disse palavra por palavra. Ele me jogou no chão, me deu vários chutes e disse que a culpa era toda minha... quase me matou, mas...desistiu. Acho que foi pela minha cara, dava pra ver como eu estava abalado. Humpf... creio que resolveu me punir me deixando vivo. – suspirou – A gente pensou que ele fosse se matar porque ficou sozinho o resto do dia e virou a madrugada velando o corpo dela e se recusando a falar com qualquer pessoa ou sair. Depois... na manhã do outro dia, ele saiu e ordenou que ninguém fosse atrás dele e nem mexesse no corpo dela. Mas eu o segui sem que soubesse. Temia que fizesse alguma besteira. Se afastou bastante do acampamento e pensando que não havia ninguém por perto, gritou "sim" para Miguel várias vezes. Acho que ficou quase uma hora gritando e vendo para todos os lados se Ele aparecia, mas... não obteve resposta. Era tarde demais – falou com pesar - Ele parou de berrar e ficou um bom tempo calado olhando para o nada. Eu esperei por alguma reação violenta, mas aí ele voltou pro acampamento. Entrou de novo no galpão e logo saiu carregando Victoria, me chamou, me entregou o corpo e mandou que o cremasse junto com tudo o que foi dela. Mandou queimar até a cama de casal e proibiu qualquer um de mencionar o nome dela no acampamento. Se alguém o desobedecesse seria morto ou expulso de lá. Pensaram que ele tinha enlouquecido, mas eu entendi o que estava fazendo... ele decidiu acabar de vez com Satanás mesmo sem a ajuda de Miguel e precisava se focar nisso. Por isso, queria esquecer, anestesiar a dor e o único jeito era não pensar, nem ouvir e falar da esposa. Resolveu então continuar as buscas pela Colt.
– E... desde então... tem sido assim?
– É. Nada mais e nem ninguém o motiva. Acho que só o sentimento de vingança. Naquele dia da morte da Victoria, não era só ela que ele perdia, mas a certeza da salvação para Sam.
Aquele assunto estava deprimindo o loiro, por isso, procurou mudar o tópico da conversa:
– O que aconteceu com Bobby?
– Saiu do acampamento logo depois da cremação da Victoria e voltou para casa. Era... muito afeiçoado a ela e ficou bastante abalado com sua morte. Os caçadores tentaram impedi-lo, era uma loucura ele ficar sozinho com a ameaça do Croatoan espalhada, mas ele estava decidido.
– Nem o Dean, quer dizer, meu Eu conseguiu convencê-lo?
– Não. Ele não fez nada, entendia os motivos do Bobby e ordenou que o deixássemos partir. Não tivemos notícias durante uns sete meses. Até que com o alastramento do vírus, o resto da humanidade foi varrido do globo. Daí, convencemos o Dean que deveríamos tentar reunir quantos sobreviventes e caçadores pudéssemos pela região, inclusive trazer o Bobby de volta mesmo que fosse obrigado. Ele formou um esquadrão de busca que encontrou o Bobby em casa sob os efeitos do vírus. Eu estava com eles. Dean atirou nele sem dó em sua cadeira de rodas e mandou que queimassem o corpo no quintal.
– Ele teve coragem? – estava boquiaberto – Matou o Bobby?
– Não havia mais nada a se fazer por ele. E o Dean não acreditava que houvesse alguma chance de salvá-lo. Tudo o que importa pra ele é destruir o mal que encontrar pela frente até conseguir sua vingança contra o diabo.
– E os outros? Ellen, Rufus, Jo...
– Todos mortos pelos demônios ou pelo vírus. Somos poucos agora – deu uma risada amarga – Entende agora como me sinto? Não tenho mais nada em que acreditar e... vivo só com esse sentimento de culpa.
– Cass... – o Winchester pretendia negar aquela culpa do amigo
– Por que não me enterrar em mulheres e decadência? – cortou Castiel – É o fim, querido! É para isso que serve a decadência. Por que não bater uns gongos antes do fim? Mas... esse é o meu jeito.
Como o ex – anjo se calasse bruscamente, Dean achou que havia encerrado o relato e não fez mais nenhum comentário. Contudo, as palavras finais de Castiel lhe deixaram intrigado:
– Sabe, o que é mais estranho? Victoria não fez nada para se defender de Lúcifer. Ela simplesmente ficou paralisada. Eu escutei até ela dizer "Você?" como se tivesse encontrado algum conhecido. Mas ela nunca conheceu Sam, não sabia como ele era e nem mesmo viu uma foto dele. – sua expressão facial estava meditativa – E é estranho também que... o diabo pareceu hesitar em matá-la. Ficou olhando pra ela um longo tempo... como se algo dentro dele se recusasse a acabar com a vida dela.
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Dean não perguntou mais nada a Castiel, embora não deixasse de pensar naquela revelação (perturbadora, por sinal). Não. Era absurdo! Victoria Collins e ele? Pois sim! Era como querer unir um anjo e um demônio! Se bem que não saberia dizer qual dos dois seria o demônio e qual o anjo.
Seu amigo estava delirando. Ou talvez não. Zacarias havia insinuado algo... e seu Eu futuro... aquela última conversa entre eles... Não! Definitivamente, não pensaria em tal possibilidade e acabou por afastá-la do pensamento para dormir enquanto Cass dirigia.
Despertou pela manhã, pouco antes de chegarem nos arredores do Condado Jackson; estacionaram algumas quadras do lugar exato em que Lúcifer estaria para não chamar a atenção com os ruídos dos motores. Caminharam pelas ruas com o máximo cuidado para não topar com nenhum crote ou demônio.
Por fim, chegaram a um sanatório abandonado; lá era o lugar. Todos se reuniram e ocultaram-se olhando a frente do prédio através de uma cerca. Deveriam esperar a ordem do Dean futuro para entrarem e invadirem o segundo andar onde estariam os demônios e os crotes. No entanto, havia dúvidas se a instrução dele era precisa. Este, no momento, conversava meio distante com sua versão de 2009.
– Diga-me o que está havendo – exigiu Dean
– O quê? – perguntou seu Eu
– Eu te conheço. Está mentindo pra eles e pra mim.
– É mesmo?
– Sim. Conheço suas expressões de mentira. Eu já as vi no espelho. Está escondendo algo.
– Não sei do que está falando.
– Jura? Não pareço ser o único com dúvidas. Então levarei minhas dúvidas pra eles.
– Espera aí.
– O que é?
– Olhe ao seu redor. Esse lugar deveria estar cheio de crotes. Cadê eles?
– Eles liberaram o caminho pra nós. Ou seja, isto é uma armadilha.
– Exato.
– Então não podemos ir pela frente.
– A gente não vai. Eles vão. Eles são iscas. Nós dois vamos pelos fundos.
– Vai colocar os seus amigos em um moedor de carne? Até o Cass? Quer usar suas mortes como distração? Ah, velho, algo está quebrado em você – estava pasmo consigo mesmo. – Isso tudo por causa de uma simples mulher? – tornou com desdém – Uma maluca que se entregou de bandeja pra morte?
Foi o suficiente para o outro puxá-lo pela gola e apontar uma arma em sua cabeça. O olhar dele era assassino.
– Nunca mais em tempo algum se atreva a falar qualquer coisa contra a Victoria. – falava baixo, mas continha uma fúria reprimida. Seu corpo até tremia.
– Vá em frente – desafiou Dean – Assim vai nos poupar de dores futuras.
O Dean futuro o soltou e guardou a arma. Ainda estava sob forte emoção, porém, não demonstrou em seu tom de voz:
– Vejo que Cass te distraiu falando sobre mim… e ela.
– Acredite, não foi um romance que eu tenha gostado de ouvir.
O outro soltou um riso curto.
– Pode desdenhar o quanto quiser, mas quando descobrir quem ela é... não vai ficar com essa pose toda. Você vai me entender.
– Espero que não. – devolveu com indiferença – Qualé, cara? Cass não já pagou suficiente pelo que aconteceu? Ele só estava querendo te proteger ao tentar ajudá-la.
– Ele desobedeceu a uma ordem minha e agiu pelas minhas costas! Era ela a quem deveria ter protegido!
– E se culpa o tempo todo por isso! Olha só no que ele se tornou. E mesmo assim, quer se vingar dele o mandando para a morte?
– Não se trata de vingança. Se trata de sacrifício por um Bem maior. No fim, estou fazendo um favor a ele.
– E os outros? Também está fazendo um favor a eles?
Como o outro não lhe respondesse, continuou:
– Eu nunca tomaria decisões assim. Não sacrificaria meus amigos.
– Tem razão. Você não sacrificaria. É uma das principais razões de estarmos nessa bagunça.
– Eles contam com você, confiam em você.
– Confiam em mim para matar o diabo e salvar o mundo, e é exatamente o que vou fazer.
– Não, não dessa forma. Não vou permitir.
– É mesmo?
– Sim.
Um soco bem forte de seu Eu futuro o desacordou.
Quando despertou, não havia mais ninguém por perto; nem seu Eu, tampouco os demais. A cabeça ricocheteou ao se erguer. Dean sabia que tinha uma grande força; seus golpes eram certeiros ao atingir os adversários, porém, nunca imaginou que o comprovaria recebendo um golpe de si próprio.
Assim que se recuperou, correu para o sanatório, mas já era tarde; viu o barulho das metralhadoras no segundo andar e faíscas; depois não escutou mais nada. Foi atrás do seu nos fundos do pátio do prédio.
Quando chegou, também era tarde para seu Eu; apenas se vislumbrou ao chão e seu pescoço sendo esmagado por Lúcifer... no corpo de Sam. Ele ficou aterrorizado ao contemplá-lo assim que o Arcanjo se virou; este demonstrou uma leve surpresa no rosto ao vê-lo ali parado observando, mas sem mostra alguma de temor ou zanga.
- Olá, Dean – disse num tom como se acabasse de rever um velho conhecido – Mas que surpresa – desapareceu das vistas do Winchester e reapareceu atrás dele. O caçador tomou um susto – Veio de longe para ver isso, não foi?
- Bom, vá em frente – o caçador se afastou, mas não demonstrou medo – Mate-me.
- Matar você? – olhou para o cadáver do Dean futuro – Não acha que seria um pouco redundante? – suspirou – Desculpe. Deve ser doloroso falar comigo nessa forma. – aproximava-se, mas Dean não recuou – Mas tinha que ser o seu irmão. Tinha que ser. – fez menção de tocá-lo, mas o Winchester tirou o ombro – Você não precisa ter medo de mim, Dean. O que você acha que vou fazer?
Lúcifer se afastou, mas continuaram “a conversa”. Bom, foi mais um monte de asneiras que escutou dele ao se justificar por ser a criatura perversa que era e, por sua vez, fazer ameaças e insultos ao Diabo. Não se importava se o arcanjo investisse contra ele ofendido por suas palavras, porém, Lúcifer nem deu mostras de aborrecimento; ao contrário, parecia se divertir como se escutasse uma criança birrenta e ainda teve o descaro de dizer que “gostava dele”. E depois de garantir que era inevitável o encontro deles e tudo terminar da mesma forma, não importava os detalhes que o Winchester pudesse mudar, desapareceu.
De repente, Zacarias surgiu e tocou-o na testa, levando-o de volta ao quarto 113, do Hotel Century, na cidade de Kansas. O anjo o encarava com sua expressão irônica e superior.
– Se não é o fantasma do Natal que me sacaneou – falou o Winchester com sarcasmo
– Já chega, Dean, já chega. Você viu, né? Viu o que acontece. É o único que pode provar o contrário ao diabo. Só diga "sim".
– Como vou saber que isso tudo não é um dos seus truques? Um abracadabra angelical?
– O tempo para truques acabou. Entregue-se a Miguel – falou com autoridade – Diga "sim" para podermos atacar! Antes de Lúcifer chegar até Sam. Antes que bilhões morram! – deu um sorriso irônico – Antes que você tenha chance de conhecer a Indomável e ter sua cabeça virada por ela.
O Winchester tremeu de raiva por aquela provocação. Ficou em silêncio por uns instantes até que replicou:
– Nem.
– Nem? Ainda não aprendeu a lição?
– Aprendi uma lição, sim. Mas não é a que queria ensinar.
Zacarias começou a ameaçá-lo, mas antes que fizesse qualquer movimento, Dean saiu de lá. O Winchester se viu no meio de uma rodovia e atrás dele estava Castiel. Felizmente, o anjo era pontual no horário que haviam combinado de se encontrar. O Winchester ficou feliz de vê-lo não somente por ter se livrado de Zacarias, mas também por Cass ser o mesmo e habitual anjo nerd e sério. Em seguida, ligou para Sam, encontraram-se e desde o dia anterior estavam juntos.
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Do seu Impala, Dean voltou a contemplar o parque. Pessoas começavam a aglomerar, principalmente crianças; havia vida ali. Suspirou aliviado.
Não contou para Sam tampouco para Castiel sobre o futuro apocalíptico, embora o irmão ficasse intrigado por ele ter mudado de ideia. Aquilo ainda o perturbava; foi tão real quanto seu presente ou mesmo as viagens para o passado em que Cass o levou.
As imagens e sensações do que viveu e presenciou lhe voltaram à mente como se as revivesse num loop: desde o momento em que contemplou a cidade de Kansas num total abandono e caos até o momento em que confrontou Lúcifer no corpo de seu irmão.
Entretanto, o que mais o inquietava de toda aquela experiência surreal não foi a dizimação da humanidade pelo alastramento do vírus Croatoan, nem mesmo o fato de saber como Sam ficaria se fosse possuído por Satanás e tampouco o homem frio e insensível que ele, Dean, se tornaria. Ah, e é claro, o mero detalhe de Castiel se tornar um simples humano chapado e devasso. Não. Naquele momento aquelas descobertas não mais o perturbavam, mas sim outra inimaginável. Aquela mulher. Victoria Collins.
Sim. Victoria Collins, a Indomável. A mulher que nenhum homem conseguia conquistar e nem mesmo levar para cama.
Dean escutou histórias sobre ela, poucas coisas, mas o suficiente para se ter uma ideia. Sobre a vida pessoal da mulher, quase nada se sabia: apenas que era filha de uma lenda, o ex-caçador Jack Collins, que sem explicação abandonou aquela vida de perigos para se juntar a uma mulher de cuja procedência ninguém sabia. Durante muito tempo, não se soube do paradeiro do homem nem se estava vivo ou morto até o aparecimento de sua filha. Em poucas palavras, um dia, declarou para quem quisesse ouvir que o pai estava morto sem maiores detalhes.
Victoria nunca falava sobre si ou a família, aliás, não era de muita conversa pelo que diziam. Era famosa por ser uma caçadora tão eficiente quanto foi o pai e, diziam, por quebrar narizes dos outros caçadores simplesmente se algum deles lhe dirigisse alguma cantada ou um elogio. Alguns comentavam que devia ser lésbica e outros até sugeriam que era virgem, pois a mulher parecia ter antipatia e hostilidade de qualquer homem que tentasse se aproximar.
Contudo, todos eram unânimes em afirmar que era a caçadora mais linda e sensual que conheciam. Não havia quem não ficasse fascinado com sua beleza. E por causa disso, também se espalhavam histórias de que sua mãe devia ser uma bruxa que lhe ensinou como fascinar os homens e de que a própria havia encantado Jack Collins a ponto de ele ter abandonado a caça aos entes sobrenaturais.
Esses eram os relatos que chegavam aos ouvidos de Dean. Normalmente, ele ficaria muito interessado em conhecer tal lenda, tal mulher. Ela parecia um desafio à sua masculinidade. Preferia mulheres descomplicadas, todavia, também gostava de uma dificuldade, um mistério.
Entretanto, por uma razão inexplicável, o Winchester sentia um medo irracional desta mulher desde que ouvira comentários sobre sua pessoa. Era uma angústia, uma inquietação que tomava conta dele à simples menção do nome dela. Procurava até desconversar sempre que alguém começava a falar da moça.
Ele não entendia porque reagia assim. Se alguém soubesse desse seu medo, principalmente seu irmão, era capaz de vir zombarias do tipo "o grande terror das mulheres tinha terror da Indomável". Porém, agora sabia o motivo: eram seus instintos que o alertavam do perigo que a tal mulher representava para ele, ou melhor, representaria. Ela era a sua perdição, ou pelo menos a do seu Eu futuro. Isso ficou claro nas revelações que teve em sua viagem no tempo.
Ela quem causaria a destruição da sua integridade, a frieza em não se importar em colocar quem quer que fosse no tiroteio apenas para se vingar. Mas estava certo de uma coisa: não queria se tornar aquele homem frio e insensível capaz de sacrificar os amigos e mandá-los como isca numa emboscada.
Muito menos pretendia matar à queima roupa alguém tão importante como Bobby, quase um pai, só por não haver uma chance de salvá-lo de um vírus. Ele nunca desistiria de pelo menos tentar, de buscar alguma esperança.
Quem disse que uma mulher pode destruir um homem, com certeza foi um grande sábio. Maldita Collins! E pobre Castiel!
Havia ficado daquele jeito por culpa daquela mulher. Por sua irresponsabilidade em não obedecer ao comandante e marido e fazer com que o ex-anjo carregasse o fardo de sua morte na consciência.
Bem, se dependesse dele, aquele futuro nunca aconteceria. Não permitiria que a tal Collins bagunçasse sua vida e sua mente. E muito menos que transformasse seu amigo anjo num bagaço de homem.
Droga! Agora a maldita não saía de sua cabeça. Não sabia nem como era. Devia ter insistido com Cass e descoberto como, quando e onde a conheceria. Assim, evitaria aquele desastre tal como pretendia evitar se separar do caminho do irmão e impedir que este caísse nas lábias de Satã.
No final das contas, Zacarias lhe prestou até um favor ao mandá-lo para 2014. Havia o alertado desse perigo. Talvez devesse ter agradecido pelo menos isso ao bastardo, apesar da zombaria dele em vê-lo “se corromper” por causa de uma mulher, ainda mais aquela.
Só faltou Lúcifer a mencionar, já que foi ele quem a matou. Mas talvez o último houvesse mostrado um pouco de piedade e achado que era dor suficiente para ele contemplar o irmão possuído diante de si, além da própria morte. Riu por aquela ideia.
De qualquer forma, nada daquilo aconteceria. Nem vírus Croatoan, nem Castiel aos pedaços, nem Bobby morto, nem Sam possuído e, muito menos... Victoria Collins em sua vida.
Podia ser arrogância, mas ele estava decidido a comandar seu próprio destino e fazer tudo diferente do que lhe insistiam em afirmar.
O primeiro passo estava dado: retomaria as caçadas com o irmão e combateria o fim do mundo; não seria fácil, havia aquela mágoa ainda em seu peito pelas ações de Sam, contudo, o loiro passaria por cima daquilo.
Talvez fosse uma maneira também de evitar cruzar com a Indomável. Como Castiel lhe contou que seu Eu conhecia a dita cuja por estar sozinho, longe de Sam, então significava que aquele passo, aquela decisão de reencontrar seu irmão mudava os rumos que o teriam levado até a caçadora.
Todavia, procuraria estar atento a qualquer pista, a qualquer evidência que indicasse os caminhos que Collins percorria para justamente evitar encontrá-la. E já que estava indo até Bobby a pedido deste, aproveitaria e perguntaria ao velho caçador informações sobre a tal mulher.
Estaria preparado. Seu futuro lhe pertencia e estava decidido. Não conheceria Victoria Collins, nunca a amaria e jamais seria dominado por tal mulher. Nunca o foi por nenhuma, não o seria por aquela maluca.
Ou ele não se chamaria Dean Winchester.
Autor(a): jord73
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