Fanfics Brasil - PRIMEIRA PARTE 2023 O Ano da Guerra Civil

Fanfic: 2023 O Ano da Guerra Civil | Tema: Política, Atualidades, Conspirações, Esquemas, Corrupção


Capítulo: PRIMEIRA PARTE

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PRIMEIRA PARTE


Carl acompanhou assustado e estupefato o noticiário veiculado pelo CNDI, um novo consórcio dos veículos de imprensa recém formado, do que fatidicamente ocorrera com seu velho amigo. Suicídio é uma pinoia! Disse ele quase esbravejando, mas calou-se de imediato sob o medo de alguém lá fora tê-lo escutado. Não podia comprometer seu novo esconderijo, ali, ele parecia estar seguro, não sabendo por quanto tempo. Se o presidente Varas está falando e o consórcio de imprensa está noticiando como verdade, só pode ser mentira! Sentenciou Carl Bosco que era o filho mais novo do ex-presidente Jairo Bosco, quem sempre se referia ao filho: “Este meu menino tem uma inteligência acima da mídia!”. O jovem universitário, que tinha uma mente brilhante, agora jazia sozinho, abandonado, cansado, faminto, sujo e escondido em um velho cortiço. A notícia do suicídio do ministro da Corte dos Lordes indicado por seu pai era o golpe de misericórdia nas suas esperanças. Ele podia ver o cinismo no olhar do presidente Varas ao anunciar o infausto incidente.


O que fazer agora? Com quem eu posso contar?


Carl se viu pela primeira vez totalmente desnorteado. Sua estupenda mente que sempre via tudo como uma clara jogada de xadrez, e que podia calcular quase que instantaneamente os riscos e as probabilidades de cada lance, agora, ele não sabia o que fazer. Na realidade, bem no fundo do seu ser, uma resposta embrulhava o estômago, e apesar dele não a aceitar, era a mais correta jogada a se tomar: Devia fugir do país imediatamente! Não podia cogitar fugir de avião, pois sabia ele que os aeroportos eram bem fiscalizados pelos Federais e por espiões do governo. Ele discorria fugir para a Europa, entretanto todos os portos estavam cercados pelos militares.


Ah, os militares. Malditos! Como puderam trair meu pai daquele jeito?


A solução mais óbvia e, ao mesmo tempo, mais arriscada deveria se aventurar pelas estradas até a fronteira mais próxima. De carona em carona, o risco era tão grande quanto, devido não se saber em quem ele poderia confiar. Parecia que todos os cidadãos eram agora defensores do governo e ávidos em delatar qualquer fugitivo ou estratagema opositor a fim de alcançarem os benefícios ofertados pelo Partido Vermelho para quem denunciasse conspiradores.


Não podia confiar em ninguém!


Não tinha mais nenhum contato com ninguém dos movimentos Verde- Amarelo. Todos foram dispersos, alguns mortos, outros presos e torturados, ou mesmo apenas desapareceram. Lembrou ele que quem tinha condições, antes da derrocada do Partido dos Liberais, antecipou-se e fugiu do país. Foram para os EUA, Canadá, Portugal. Brezilenses espalharam-se por toda a Europa, sob a promessa de se articular algum tipo de contrarrevolução, ou ao menos conseguirem provar na justiça internacional as possíveis fraudes que supostamente ocorreram nas eleições do ano passado. A qual encerrou com a derrota do presidente Jairo Bosco do Partido dos Liberais e a ascensão do ex-presidente Calamar Varas, a maior e mais famigerada figura política do Partido dos Vermelhos. Carl Bosco se lembra de cada detalhe daqueles dias. Dias sombrios! O mais difícil para ele era admitir que previra todos estes acontecimentos, assim como também temia que esses dias sombrios chegassem.


Infelizmente os dias sombrios dos quais alertei a todos, chegaram!


Nestes dias obscurecidos, Carl viu muitos dos seus amigos serem mortos, assassinados, presos, ou mesmo desaparecerem sob a égide dos nebulosos Agentes Rubros, uma sinistra organização a qual o governo nega sua existência enquanto que ninguém ainda conseguiu registrar nenhuma aparição possível. Outros fugiram enquanto que aqueles que ficaram, agora, mudaram de lado. Portanto, ele não tinha ninguém com quem confiar. Disfarçou-se de mendigo e perambulou por entre a grande massa de indigentes que só crescia mais e mais a cada dia. Era um funesto fim para um jovem de futuro promissor como ele.


Carl Bosco desde cedo foi considerado um menino prodígio. Seu cabelo liso negro e os óculos de armação espessa no rosto fino lhe davam realmente esse ar de garoto estudioso. Aquele que obtinha as melhores notas na escola e fazia aquilo sem muito esforço. Ele foi responsável pela alavancada do seu pai à presidência do país, pois fora ele quem orquestrou tudo para que os brezilenses conhecessem quem era o, então, parlamentar Jairo Bosco, e fizessem dele um tipo de Salvador da pátria. Fazendo com que a grande massa passasse a seguir as ideias do velho parlamentar e resgatasse novamente a vontade de participar da vida política da nação. E não somente ficar enojada com os subsequentes escândalos de corrupção envolvendo os principais políticos do país sem ao menos fazer coisa alguma.


Carl resgatou de suas reminiscências aquela noite displicente em que assistia o pronunciamento do, então, presidente Nicácio Calamar Varas, o qual tentava responder ao povo todas as acusações que seu partido vinha sofrendo no decorrer de seu governo. Os escândalos eram tantos que o povo estava ficando cada vez mais difícil de aceitar que um governo que prometeu ajudar os pobres e os mais necessitados do país, pudesse estar envolto em um mar de lama sem precedentes. Todos os dias, os mais diversos canais de imprensa noticiavam fatos e casos de corrupção envolvendo membros do Partido dos Vermelhos. Não obstante a isso, com o advento das redes sociais dando vazão as mais diversas opiniões políticas de qualquer pessoa que tinha em mãos um aparelho de celular com acesso à internet, surgiu assim um grande movimento de rejeição a qualquer membro do partido governista em todo território nacional. Carl se divertiu com os berros de seu pai no sofá, xingando de toda a forma a figura do presidente Varas e soltando aqui e acolá fatos que ele sabia que ocorriam dentro do parlamento federal, onde ele exercia seu mandato há algumas décadas.


- Pai, bem que o senhor podia ser o presidente, né? Falou docemente Paola, a jovem filha do parlamentar quem há pouco fizera 25 anos.


- O que filha? Você não sabe o que está dizendo querida! Nunca que alguém como eu conseguiria ser eleito presidente nesse país!


- Mas por que, pai? Insistiu ela, o senhor é o único político honesto que eu conheço.


- Por isso mesmo, Paola! Sentenciou Ed Bosco com seu ar de irmão mais velho.


E de repente, todos se calaram após um gesto do pai pedir silêncio enquanto ele se concentrava novamente nas palavras que o presidente proferia em cadeia nacional. No entanto, a inquieta mente de Carl borbulhava de informações naquele momento em que ele estava sentado no sofá diante do aparelho de TV. Seu pai discutia com a imagem falante do presidente Varas na tela, seu irmão mais velho explicava como funcionava a nefasta política no país para sua irmã, porém, ele não ouvia nada do que eles diziam. Apenas uma frase soava nitidamente em sua cabeça naquele instante:


- Por que meu pai não pode ser o presidente do Brezil?


Sem dizer coisa alguma, o jovem adolescente Carl ergue seu corpo do sofá e sob os protestos do seu pai, atravessa a frente da TV em direção ao seu quarto. Sem demora, ele liga seu notebook e estala freneticamente os dedos enquanto aguarda o carregamento da página de pesquisa na tela do console. Nem bem o cursor de digitação começou a piscar na barra de pesquisa, o agitado jovem digitou no teclado algumas palavras e apertou fortemente a tecla Enter. A tela se esbranquiçou e de imediato surgiu uma gama de link de reportagem sobre políticos envolvidos em corrupção. Carl clica em um link que o direciona a exibição de um vídeo de uma reportagem onde um grande criminoso internacional que fora preso no país contava um a um os nomes dos políticos com quem ele fizera os mais escusos acordos. O jovem universitário adiantou a apresentação daquele vídeo, ele já o tinha visto diversas vezes, contudo, o que interessava a ele naquele momento era o final da entrevista. Então Carl ouve o repórter fazer a última pergunta ao criminoso que responde sem hesitação:


- Sim, houve apenas um político no parlamento com quem não tive contato nenhum, pois nunca respondeu às minhas tentativas de aproximação...


- E quem era esse parlamentar? Você pode nos dizer o nome dele? Indagou o jornalista silabando suas palavras num tom de suspense.


- Sim, Jairo Bosco!


Carl deu um salto na cadeira em meio ao frenesi de suas ideias que estavam tentando hermeticamente se ajustarem em sua cabeça. O jovem abriu um programa de edição de vídeos e começou com bastante entusiasmo compilar várias imagens e tapes de arquivos que ele mesmo guardava em seus arquivos. Carl era estudante de produções audiovisuais e sabia muito bem como mexer com todas as ferramentas de mídia social. Ele sabia que um videoclipe bem produzindo poderia alcançar o efeito desejado, assim como o resultado contrário em caso de falha ou um manejo inadequado das imagens. Vai ficar perfeito! Pensou ele com um sorriso que não saía do canto dos lábios quando, finalmente, ele terminou. A casa toda já estava em silêncio quando ele verificou pela décima vez o seu trabalho novamente, era sinal de que todos já estavam dormindo e ele não podia mostrar pra ninguém o que planejara. Num impulso inconsequente, ele decidiu postar o vídeo em um dos seus perfis nas redes sociais, assim, alguém poderia assistir e já poder dar alguma avaliação sobre a qualidade do arquivo para que ele tenha a atitude de deletá-lo por completo caso haja alguma rejeição nos comentários. No entanto, o rapaz já sucumbia sob o cansaço de sua mente eufórica e sem muita demora, dormiu em sua cama com o computador jogado ao seu lado.


O jovem Carl Bosco acordou sob os apelos de sua irmã que o sacudia desvairadamente avisando que seu pai queria falar com ele. O tom era sério e o jovem se levantou preocupado. O que foi que eu fiz? Então, desceu ele todo descabelado para a mesa do café da manhã, todos estavam reunidos com os semblantes pesados como se cada um tivesse sido flagrado cometendo um crime. Isso era típico de seu pai, reunir a todos e falar algo importante ou passar uma ordem comum a todos. Carl olhou para mão de seu patriarca que segurava firme o aparelho telefônico, e assim que o jovem entrou em seu campo de visão, o chefe da casa o fulminou com uma pergunta:


- Carl, foi você quem fez isso?


O filho mais jovem da casa fitou os olhos piedosos de sua mãe que apenas acenou para que respondesse sem hesitar a pergunta do seu pai. Carl sentiu o sangue fugir do seu rosto ao ver que na tela do aparelho telefônico se reproduzia o pequeno vídeo que ele confeccionara na noite anterior. Seu pai insistiu novamente com a mesma pergunta e percebendo que o vídeo se reproduzia a partir de seu perfil, o rapaz não podia negar sua autoria. Pigarreou antes de balbuciar algumas palavras, mas, antes dele confessar seu delito, ele pôde perceber que a publicação possuía mais de um milhão de visualizações. Carl deu um pulo assustando a todos na mesa e enlouquecidamente começou a saltar de alegria. Todos se entreolharam sem entender coisa alguma, e o velho parlamentar xingou:


- Você não vai responder minha pergunta meu filho? Esbravejou o velho como se fosse um coronel falando com sua tropa.


- Minha nossa, pai! Exclamou o rapaz, o senhor já viu quantas pessoas já assistiram este vídeo?


- Eu não quero saber! Eu te perguntei se foi você que fez isso aí?


- Sim, foi eu sim, pai! Confessou o caçula da família, pai! Espere um pouco. Deixe- me ver uma coisa aqui...


O jovem começou a mexer no aparelho de celular do seu genitor mesmo sob os protestos dele que falava que havia recebido ligações de seus assessores alertando-o sobre o vídeo que rolava nas redes sociais e que estava causando alguns rebuliços e comentários no meio político. Porém, o velho parlamentar, ajeitando os óculos de espessas lentes, ficou mudo ao ver a tela do seu celular que era posta diante dele pelo seu filho mais novo. Carl mostrava na tela para seu pai a página inicial do perfil político dele na rede social mais popular da internet:


- O senhor já viu isso, pai? O senhor saltou de 60 mil seguidores para mais de 1 milhão e duzentos mil do dia pra noite!


- O quê?! Exclamaram seus outros irmãos juntos enquanto se ajuntavam atras do pai para também olhar o que estava sendo exibido na tela do celular.


- Como você fez isso? você andou mexendo nas redes sociais do nosso pai? Indagou Ed, seu irmão mais velho, com um tom de desaprovação.


- Não! Eu não mexi em nada! Vocês lembram que ontem, durante o pronunciamento do presidente Varas, a Paola falou...


- Não fale o nome desse ladrão aqui em casa! Protestou o velho parlamentar pedindo, depois, para o filho prosseguir.


- Vocês lembram que a Paola perguntou ontem o porquê que papai não se candidatava presidente do país?


Todos assentiram e ouviram atentamente a incrível e utópica história do jovem universitário explicando como tivera a ideia de produzir um vídeo onde ele juntou trechos de reportagens que mostravam vários políticos flagrados em escândalos de corrupção, no final da lista de caras e nomes, surge o repórter executando a derradeira pergunta ao famoso criminoso internacional que cita apenas um nome de um político que não foi seduzido pelo seu poder financeiro. Jairo Bosco! Após isso, o vídeo se encerra com uma discussão em meio ao plenário do Parlamento Federal entre o pai de Ed, Paola e Carl, com alguns membros do partido governista. Jairo Bosco grita a plenos pulmões à turba de parlamentares enraivecidos: Lugar de político corrupto é na cadeia!


O mais novo entre os irmãos então pediu para que todos olhassem os comentários que os internautas deixavam na publicação. E ele pode observar extasiado o resultado do seu trabalho no semblante de sua família. Enquanto todos pegaram em seus próprios aparelhos de celular e dedilhando nas telas procurando a publicação de Carl, puderam ler um a um o que os internautas estavam pensando a respeito do vídeo polêmico.


“Será verdade que esse Jairo é o único que não se vendeu ao crime?”


“Esse cara é uma lenda!”


“Esse político não existe!”


“Venha para presidente!”


“Por favor, se candidate a presidente!”


“Deve ser mentira com certeza!”


“Lenda!”


“Jairo Bosco para presidente do Brezil...”


Eram centenas de comentários postados um atrás do outro com diferença de minutos entre eles. Haviam muitas críticas e ceticismo em algumas frases, porém, contudo, foi o teor sincero de algumas dezenas de internautas que fez com que o semblante do velho parlamentar mudasse de furioso e chateado para contente e maravilhado. Ele se voltou para sua família com um brilho no olhar que nunca mais se tinha visto em sua face desde o início de sua carreira política, olhava para o horizonte como quem consegue prever um brilhante futuro e vislumbrar cada passo para a chegada nele, com uma voz suave contrastando com a aspereza de outrora, Jairo Bosco falou ao seu filho caçula:


- Você percebe o que acabou de fazer filho?


- Querido, eles estão pedindo para você se candidatar para presidente! Exclamou extasiada a bela esposa do político da família quase se engasgando com o gole que deu na xicara de café.


- Que legal! Papai vai ser o próximo presidente da República e vai mandar todos os corruptos pra cadeia! Lançou sua voz alegremente a irmã de Carl rindo bem alto.


- Mas pai, como o senhor acha que vai superar todos os obstáculos partidários para ser indicado para presidente numa eleição como essa? O senhor sempre troca de partido por questões de divergências com seus presidentes? Falou Ed, o filho mais velho tentando trazer todos de volta ao duro chão da realidade.


O tom austero de Ed Bosco fez com que seu pai franzisse a testa novamente, lançasse um olhar senil para cada membro de sua família e parando nos olhos de Marta, sua esposa, se levantasse da mesa observando o relógio e dando ordens para que seu filho mais velho o seguisse. Ed acompanhava o pai em todos os seus trabalhos no Parlamento, era como se fosse um assessor de confiança, apesar de estar ali de forma voluntária sem qualquer tipo de remuneração. Ele começou a fazer isto desde que ficara desempregado e passou a estudar gestão pública na faculdade da onde esperava aprender sobre o serviço político para vir candidato nas próximas eleições. Ed colava no pai como um segurança armado e ficava a fitar todos nos olhos sempre que se aproximavam do parlamentar, gostava de observar o comportamento das pessoas que trabalhavam ali. O parlamento era um frenesi de homens e mulheres, vestidos de ternos e gravatas, papéis e pastas circulando por todos os corredores, entrando e saindo das mais diversas salas sempre com passos apressados. Havia sempre políticos andando rapidamente falando ao celular escoltados por diversos assessores escrevendo alguma coisa em suas cadernetas. Era quase que comum ouvir uma gritaria ou berros de algum parlamentar que saía aborrecido pelos corredores, insatisfeito com alguma coisa, umas vezes era por causa do resultado de alguma votação no plenário, outras era xingando a incompetência de algum funcionário seu em realizar alguma tarefa. Um dia eu estarei aqui! Disse consigo mesmo Ed olhando seu rosto maduro no espelho do banheiro. Molhou a face com as duas mãos ajeitando um fio desalinhado na espessa sobrancelha e sem demora retornou para o gabinete do pai.


Quando abriu a espessa porta do gabinete, Ed Bosco se surpreendeu com a presença de outros três parlamentares lá dentro falando e gesticulando agitadamente com seu pai, não demorou muito pra perceber que o assunto era sobre o novo vídeo que circulava nas redes sociais e o espantoso resultado que provocara entre os internautas. Parecia que o seu genitor estava recebendo apoio pessoalmente daqueles parlamentares naquela audaciosa empreitada. Eles não sabiam como fazer, mas que a partir dali iriam se esforçar ao máximo na derrota do partido governista, o Partido dos Vermelhos.


- Alô?


- Carl?


- Fala mano! Disse o jovem estudante ao reconhecer a voz de seu irmão no outro lado da ligação. Ed continuou falando com um tom baixo de voz:


- Carl, você não sabe o que fez para o nosso pai!


- Como assim Ed? Do que você está falando?


- O gabinete do papai foi um alvoroço o dia todo hoje! Ele não parou de receber visita de outros parlamentares incentivando-o a lançar sua candidatura à presidência. Sem falar das ligações que eu e outros assessores tivemos que atender. Papai parece que está acreditando nisso. E você sabe como nosso pai é?


- Sei...


- E você sabe o que isso significa? Indagou Ed com um tom mais áspero.


- Que o papai vai ser o próximo presidente do país?! Falou Carl com sarcasmo, mas foi de imediato repreendido pelo seu irmão:


- Isso não é brincadeira mano! Se realmente nosso pai for encarar uma eleição para presidente, ele fará do jeito dele. Ele não irá negociar com nenhum partido. Não vai firmar parcerias com a imprensa. Vai atacar os Direitos Humanos e todos aqueles que estão envolvidos com o crime organizado.


- E isso não é bom? Indagou ingenuamente o irmão mais novo.


- Você enlouqueceu?! Ed olhou para trás, em direção ao corredor do parlamento se certificando de que ninguém o ouvira gritar e continuou. Você não conhece isso aqui maninho! Isso aqui é um antro de perdição e sujeira. Nenhum presidente ousou antes enfrentar esse sistema. E se o nosso pai o fizer, eles podem assassinar nossa família inteira!


Carl ouviu atentamente a admoestação do irmão mais velho, falando dos perigos que sua família poderia correr e de tudo o que eles poderiam enfrentar. De todas as represálias possíveis. Ed lembrou seu irmão da sua pequena filha que nascera a poucos meses e de sua responsabilidade em criá-la e também de dar proteção a ela e sua querida esposa. Passou então, pela mente de Carl, enquanto seu irmão falava da preocupação que tinha com sua esposa e filha, vários atentados ocorridos na história da humanidade em vários países contra grandes líderes. Um terror tomou conta do jovem estudante que ao balbuciar um pedido de desculpas ao irmão pelo telefone, ajustava com ele uma reunião familiar para encerrar o assunto e deletar o vídeo pivô disso tudo.


Em casa, estavam todos presentes e tudo já havia sido discutido para pôr fim aquela questão. Todos estavam sentados à mesa aguardando o chefe da família chegar para que a mãe deles iniciasse a conversa a fim de tirar da cabeça de Jairo Bosco a ideia de se candidatar a presidente do Brezil. Apesar de contrariada, Paola Bosco concordou após ouvir todas as preocupações e riscos que a família correria em uma empreitada como essa. E sem demora, o carro do parlamentar parou no estacionamento da casa sendo seguido por mais dois veículos, todas as portas se abriram e a família Bosco assistiu um grupo de pessoas engravatadas acompanharem seu pai porta a dentro da residência deles.


- Mas amor, o que significa todas essas pessoas? Indagou a matriarca da família com um tom preocupado, estando mais surpresa do que esperava surpreender seu marido.


- Minha querida! Estes serão nossa equipe de campanha para as eleições presidenciais.


Jairo Bosco passou a apresentar as pessoas uma a uma, até que chegou em um rapaz de óculos segurando um computador portátil, então, o parlamentar virou-se para seu filho mais novo com empolgação e disse:


- Carl, este é o perito em informática que você pediu!


Todos da família olharam surpresos para o jovem, incluindo Ed que o fulminou com os olhos e sem demora indagou:


- Como assim Carl pediu um perito em informática para ajudar o papai... e tudo o que acabamos de conversar sobre ele desistir desta ideia louca?


- É como você falou mano! Nós acabamos de conversar sobre convencer o papai a desistir, porém, mais cedo o papai havia me ligado e me perguntado o que ele precisaria para vencer as próximas eleições presidenciais.


Declarou o jovem com ar de timidez e ressabiado. Daí, Carl começou a citar, um por um, cada membro da equipe que ele dissera que seu pai iria precisar, e quando ele falava, um dos membros da equipe levantava a mão como se respondesse a uma chamada escolar. Foi então que Jairo Bosco voltou do banheiro e vendo toda sua família reunida, indagou:


- O que está acontecendo aqui? Marta? Carl? Paola? Que história é essa, Ed, de eu desistir de quê?


- Querido! Nós estávamos discutindo os perigos de você encarar uma eleição como essa e nosso filho, Ed, estava nos alertando para cada risco que estaríamos expostos. Iniciou a matriarca da família ajeitando as mechas de cabelos loiros para trás da orelha.


- Sim pai! Eu disse a mamãe que esse é um país de corruptos e só pelo fato de o senhor ameaçar pôr um freio no sistema corrompido deles, o que será que eles podem ser capazes de fazer conosco, pai? Eu tenho uma bebê para cuidar!


- Isso é bem verdade Ed! Concordou o parlamentar.


- E tem mais! Para ser candidato nesse país o senhor terá que seguir a cartilha dos presidentes. 1, ter milhões para gastar na campanha. 2, estar em um grande partido. 3, seu partido terá que estar numa grande coligação. 4, o senhor terá que fazer acordo com a principal emissora de TV. 5, o senhor deverá ter o maior tempo de televisão no horário de propaganda eleitoral. E por último, o senhor terá que falar mais mansamente, com palavras que não venham agredir o povo. O senhor consegue quebrar esses paradigmas, pai? Sentenciou o filho mais velho já quase sem fôlego ao falar a última frase.


- Vamos quebrar todos! Declarou o parlamentar exibindo uma empolgação juvenil. Vamos quebrar todos estes paradigmas, meu filho! Se não for pra fazer a coisa certa, eu não quero fazer. Não desonrarei minha família jamais por causa de poder e dinheiro!


Ed Bosco com a garganta ainda repleta de argumentos para confrontar seu pai, mas ao ver sua mãe dizer que estava do lado da decisão do marido, ela sendo seguida pela sua irmã, Paola, que sem demora, foi copiada pelo irmão mais novo, Carl. Ed que sempre foi tachado como o mais racional dos filhos, o menos sonhador, o mais realista, sabia ele que não podia, nem com todos os argumentos do mundo, impedir que seu genitor desistisse de alguma ideia que colocou na cabeça. Suspirou bem fundo para tentar engolir a frustração de seus pensamentos diante de uma aventura que ele sabia que seria demais perigosa para todos:


- Vai dar merda isso, eu estou avisando! Declarou o primogênito abraçando todos em uma expressão clara de união familiar.         CONTINUA...



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Autor(a): Mauro Celso

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O décimo vídeo de Jairo Bosco já havia sido editado e estava sendo publicado pela sua equipe que trabalhava a todo vapor. Os demais vídeos já postados estavam entre os mais assistidos na internet. O nome do polêmico parlamentar já figurava entre a lista dos presidenciáveis, porém, após suas últimas d ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • Mauro Celso Postado em 30/08/2023 - 14:23:31

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