Fanfic: A Imperetriz do Mar | Tema: As Tartarugas Ninja
-E esse é o T-phone! Foi Donnie quem fez! Bem maneiro, não é?
-..."T-Phone"?
-É! Você sabe, tartarugas, telefone...
-Oh! Então usam isso como um celular?
-E NÃO É SÓ ISSO! -Se joga ao seu lado no sofá a assustando por um momento- ESCUTA ISSO!
-Mikey! Não a assuste!
Na sala do esconderijo das tartarugas, estava Lisa sentada no sofá, rodeada pelos quatro irmãos e com um headphone na cabeça recém colocado por Mikey.
-Quié? Eu só tô querendo mostrar o que é bom gosto! -Liga a musica, clicando na tela do T-phone enquanto falava com os irmãos, nem prestando atenção no que estava apertando, mas ficando horrorizado ao ouvir o som que escapava dos fones.- AAAAGH! NÃÃÃÃO É POLKA! -rapidamente tirando os fones dela- Pobrezinha! -faz um leve carinho em seu ombro- Me desculpe por isso. Não acontecerá de novo, eu juro. -levanta sua mão esquerda solenemente.
-Mikey, é a outra mão. -Diz Donnie, fazendo o irmão imediatamente trocar a mão levantada.
-Hãn... tudo bem. -O encarando com um sorriso amarelo- Não é tão mal.
-Como não pode ser mal? Era POLKA! -Os outros irmãos reviram os olhos, menos Raphel, que estava mais concentrado no pimball.
Faziam poucas horas desde que Lisa havia despertado e sido devidamente apresentada ao time. E agora estava na companhia de seus semelhantes, finalmente podendo conhece-los melhor. A jovem tartaruga ainda estava um pouco reservada com relação a presença deles, parecendo ainda incrédula com a cena que ocorria. Após todo o sentimento de sentir-se um ser diferente de tudo e que não se encaixava a algum lugar, nunca imaginou que encontraria um lugar onde era apenas "mais uma".
-Han.. O-O que é polka? -sorriso sem graça, sem entender. Se "Polka" era apenas aquela música, por que aquele escândalo?
-É um estilo musical. -Explica Donnie- Ela nasceu no império Austro-Hungaro no século XIX e é muito popular na região da Boe-
-Ok, já entendemos, Donnie! -interrompe Raph, irritado por que havia acabado de perder a partida, após se desconcentrar com a gritaria do irmão mais novo.
-Oh! Interessante. Não conheço muitas músicas... nunca pude ouvir muitas já que treinava o tempo todo.
-Isso me lembra... -comenta o ninja azul- O que estava fazendo naquele porto? Quem machucou você?
-Ah... bem... as pessoas não reagem muito bem quando veem uma tartaruga gigante que fala.
-Sei bem como é isso. -Comenta Mikey se recordando de suas frustradas tentativas de fazer amigos humanos.
-O mar foi a forma que encontrei de me mover sem ser vista. Mas é difícil nadar por tanto tempo, por mais que teoricamente os corpos das tartarugas marinhas sejam naturalmente projetados para nadar por longas distâncias.
-E como seu corpo está?
-Ah, está melhor. Já não dói mais tanto. Muito obrigada novamente por terem me ajudado. -Lhes direciona um sorriso agradecido, curvando-se suavemente- Então... -olhando em volta- Vocês moram aqui?
-Sim! É um ótimo lugar para se esconder de pessoas que não reagem bem a tartarugas gigantes!
-Então vocês são mesmo ninjas? Mestre Splinter os treinou?
-Desde que éramos beeem pequenos!
-E como... como ficaram... vocês sabem, "assim"? -Meio incerta se poderia fazer aquela pergunta.
As tartarugas se entreolham, parecendo se lembrar de sua pergunta principal.
-Achamos que... da mesma forma que você. -Começa Donnatelo-Você por acaso se lembra de acordar em meio a um liquido verde estranho?
-Liquido?
-Sim!
-Algo verde e brilhante com cara de ultra perigoso! Do tipo que vai derreter seus ossos! -completa Mikey com voz dramática.
Lisa abaixa a cabeça por um momento, os olhos se movendo pelas linhas de concreto quebrado no chão, tentando trazer de volta memorias em meio a toda turbulência que estava sua cabeça nos últimos dias.
-Não tenho certeza... -baixa a cabeça- Foi esse liquido que os transformou?
-Exatamente. – Confirma Leonardo.
-Eu vou buscar a mãe!! -Mikey deixa o cômodo correndo alegremente.
-Mãe?
-Nem tente entender o Mikey. -Leonardo comenta com um sorriso resignado no rosto.
Tão logo quanto deixou o cômodo, Michelangelo retorna trazendo em suas mãos o que ele chamava de "mãe", o frasco quebrado de Mutagênico que os tornou o que eram hoje e que Splinter havia guardado por todos aqueles anos como um símbolo que representasse o momento em que haviam se tornado aquela família tão incomum.
-Essa é nossa mãe! -Mostra o frasco a ela risonho.
-Eh? -Encarando aquele frasco ainda confusa.
-Nós chamamos isso de mutagênico. -Donnie começa a explicar- É uma substância que causa uma mutação assustadora em qualquer ser vivo que entre em contato com ela. O mutagênico que estava dentro desse frasco foi o que nos transformou em nós.
-Além de todos os outros caras.
-Tem o Leatherhead, o Tigerclaw, o Pider Bytez, O Fishface, o CaraCobra... Eu dei todos esses nomes, eu sou muito bom nisso. -Mikey comenta todo cheio de si.
-Espera, tem mais de nós?!- Lisa até se coloca em pé, surpresa com a nova informação.
-Hm... eu diria que tem mais "como nós". Eles não são "um de nós" -Corrige Leonardo- Eles são os caras maus e nós somos os caras que lutam contra eles.
-Então para isso vocês receberam treinamento?
-Hm...no começo não. – Lisa arqueia a sobrancelha- O mestre nos ensinou para nos proteger, mas desde que os Kraang apareceram também começamos a usar isso para proteger as pessoas daqui.
-Kraang?
Lisa estava cada vez mais confusa com cada nova informação que recebia. Mutantes? Mutagênico? Kraang?
-Haaaan... -Por onde deveria começar a falar?- São alienígenas que vieram de uma dimensão paralela a nossa, criaram o mutagênico e agora nos odeiam. Há. Há.
-..... Quê?
-Aaacho que é informação demais para processar em alguns minutos. -Donatello ri sem graça.
-Se eu não fosse uma tartaruga mutante conversando com outras quatro, eu com certeza diria que vocês estão loucos.
-É compreensível. – Sorri lhe dando um leve afago em seu ombro – Você tem certeza de que nunca viu algo como aquilo?
Lisa encara o frasco quebrado com um pouco mais de atenção, analisando cada detalhe, seu formato, cada inscrição talhada sobre ele. Buscava em suas confusas lembranças algo semelhante a aquilo.
-Esse mutagênico... por acaso seria um liquido verde brilhante? Como se gritasse "radioativo" assim que bate os olhos nele?
-Aaah! Isso mesmo!
-Então você conhece!
-Por que vocês estão tão surpresos? Depois de tudo o que vimos acha que existe alguma outra explicação pra uma tartaruga mutante gigante? – Raphael questiona mal-humorado.
-Então aquela coisa era isso... – Murmura para si própria. – O que o clã está pensando..?
-Eh? Clã?
Lisa se levanta do sofá, atraindo a atenção dos demais.
-Desculpe. Eu preciso conversar com Splinter. -Se curva respeitosamente à eles- Com licença.
Com a mente envolta de pensamentos, caminhou decididamente até os aposentos de Splinter, deixando quatro tartarugas confusas para trás.
-Esquisita. -Comenta Raphael.
-Eu gostei dela! -Rebate Mikey com seu sorriso animado de sempre.
-x-
O mestre encontrava-se ajoelhado no centro do dojo, meditando para organizar seus pensamentos à respeito dos acontecimentos das ultimas 24h. Muitos questionamentos rondavam sua mente, tentando encaixar as pistas que tinha em alguma explicação coerente sobre quem era sua nova pupila e porque estava ali e como que adivinhando que estava presente em seus pensamentos, Lisa apareceu diante de si, parada pouco afrente da entrada do cômodo.
Trocaram olhares semelhantes, analíticos, curiosos. Calmamente Splinter se levantou, já tendo conhecimento do que estava por vir. O olhar límpido de Lisa era fácil de decifrar.
Atendendo à suas suspeitas, Lisa avança sobre Splinter, o atacando diversas vezes e como em seu primeiro confronto com a kunoichi, Splinter não via grandes dificuldades em se defender. No entanto, o mestre notou algo diferente naquele novo confronto. Já não havia fúria em seu olhar e em seus golpes como havia demonstrado antes, seus golpes pareciam ser calculados, e o olhar mantinha-se atento a cada resposta de Splinter aos seus movimentos.
Apesar de defender-se, Splinter não se sentia atacado. Era como... conversar com o corpo, responder as perguntas que o olhar dela estava silenciosamente lhe fazendo. Ela estava lhe testando. Mas por que?
Quando finalmente os golpes foram suficientes, Lisa saltou para longe de Splinter, aterrissando no chão com uma das mãos apoiadas no mesmo. Seus olhos encontram o do Sensei.
-Em que posso ser de ajuda, Mona Lisa? -A questiona num tom ameno, como se nem tivessem se confrontado segundo atrás.
Lisa se levanta, numa postura confrontativa.
-Por que se esconde aqui?
-Acredito que você já tenha essa resposta. -Responde calmamente- Pela mesma razão que você. As pessoas não compreendem nossa existência.
-Não foi o que eu quis dizer. Eu quis dizer sobre aquilo. -Lisa aponta para o símbolo na parede contraria a eles, onde havia uma gravura do símbolo do clã Hamato.- Eu vi aquilo. E ainda não confio em você.
Contrariando seu tom que exigia respostas, Lisa se ajoelha, sentando-se no chão. Splinter continua calmamente observando-a, colocando seus braços atrás de seu corpo e balançando suavemente sua suave cauda.
-O que está tentando provar, Mona Lisa? Você não parece ter intenção de me machucar, apesar de me atacar.
-O clã Foot é inimigo do clã Hamato há anos, séculos! Nós somos inimigos mortais. Por que você me acolheu assim tão facilmente? -Lisa encarava Splinter seriamente.- Além disso, porque um membro do clã Hamato está aqui? O destruidor destruiu o clã! Destruiu todos os ninjas. E o senhor é um rato!
Splinter fecha seus olhos diante das duvidas colocadas sobre a mesa. Calmamente leva uma de suas mãos até sua longa barba, a percorrendo com os dedos enquanto refletia consigo mesmo.
-Você traiu seu clã. -Lisa estremece- Sua lealdade questionável a ele é o motivo da minha segurança com sua presença. E como dito antes... você é uma criança. Eu gostaria de não encontrar motivos para temer uma criança.
-Então basicamente estou sendo subestimada! -aparentando irritação em seu tom de voz.
-Não. Sua disciplina em batalha é algo admirável. É claro que você recebeu um treinamento rigoroso. No entanto... assim como você está tentando compreender porque existo, eu estou tentando entender a sua existência.
-...O senhor traiu seu clã também? Se existem membros vivos, porque está se escondendo aqui em vez de retomar a honra da sua família?
Splinter abriu um dos olhos que fechou quando percebeu seu apontamento ser ignorado. Suspirou lentamente. Ela parecia querer respostas.
-Por que infelizmente, eu sou o único que resta e agora... eu tenho uma missão diferente à cumprir. Outra coisa importante para estimar e esta... eu não pretendo perder.
-.... Eles? -Splinter afirma com um suave balançar de cabeça.
-E quanto você? Por que traiu a honra de sua família? -A questiona de volta, usando as mesmas palavras que ela e um tom ameno em sua voz.
-.... -Abaixa a cabeça- Porque a família me traiu primeiro.
O olhar de Splinter mantinha-se concentrado em Lisa, o que a deixava ansiosa. Aquele olhar intenso parecia poder ler todos seus pensamentos profundos, por mais que tentasse os esconder. Aquele rato possuía aquela aura de quem sabia de tudo no mundo e isso a deixava insegura.
-Você não sabe mais em quem pode confiar. -Lisa baixa mais a cabeça.- E acabou sentada à mesa do inimigo.
Splinter continua a encarando profundamente, embora ela não olhasse para si. Em meio a alguns minutos de silêncio, não demora muito para que a testa dela se franzir involuntariamente enquanto a mesma tentava conter as lágrimas que voltaram a brotar em seus olhos.
Num movimento inconsciente, suas mãos que anteriormente repousavam sobre seu colo abraçam seu próprio corpo enquanto se encolhia, como numa tentativa de seu subconsciente de tentar se proteger do olhar observador que a lia tão bem. Não queria acessar aquela área de seus pensamentos e não queria que ele a acessasse também. Ao observa-la neste estado, Splinter suspira suavemente com uma expressão entristecida no rosto.
-Você é uma criança.
-PARE DE ME CHAMAR DE CRIANÇA! -Levanta a cabeça para ele, chorando ainda mais em meio a expressão raivosa.- EU AINDA FAÇO PARTE DO CLÃ QUE DIZIMOU O SEU! NÃO ME TRATE COMO SE PRECISASSE TER PENA DE MIM!
Splinter suspira novamente, voltando a levar ambas as mãos para detrás de seu corpo. Calmamente se aproximou dela.
-Você não deve ter uma idade muito distante da dos meus filhos. É um passado pesado demais para alguém tão jovem carregar. Você não dizimou meu clã. -Splinter balança a cabeça negativamente- Eu tenho motivos para ser cauteloso, mas não tenho nenhum para odiar você. Eu e minha imaturidade somos os únicos culpados pelas encruzilhadas da minha história. Não uma criança. -Afirmou com firmeza, se curvando para esticar sua mão a ela.
Lisa encarou a mão de Splinter por alguns segundos, ainda com lagrimas presas sob suas pálpebras. Embora insegura, aceitou a mão que ele a ofereceu mais uma vez. O medo que sentia pelos traumas que passou a tornava cautelosa e desconfiada, mas o olhar tão sincero com que Splinter sempre a encarava, além daquele tom de voz paternal -algo tão novo para si- lhe tornava possível aceitar a aproximação dele. Mesmo a chamando de criança, desde de inicio ele a olhava de frente, nunca de baixo.
Após se colocar de pé, Lisa observa Splinter se afastar até seus aposentos. Confusa com o que ele fazia, apenas aguardou ali em pé, segurando seu braço direito com sua mão esquerda e baixando o olhar para o chão novamente. Sentia-se cansada. Não só fisicamente.
Quando tudo aquilo acabaria?
Será que um dia acabaria?
Imersa em seus pensamentos angustiantes, é bruscamente acordada por seus reflexos que desviam de um objeto que foi jogado para si antes que seu cérebro tivesse chance de acompanhar a reação involuntária de seu corpo.
-E-Eh?
Ainda meio lenta e confusa pelo que acontecia, volta seus olhos para trás, encarando dois objetos familiares. Na parede atrás de si agora estavam fincados dois Tessens, grandes como os que lhe pertenciam, mas com um design bem diferente. Confusa, encara Splinter que havia retornado ao cômodo, ficando surpresa ao ver que ele trazia em suas mãos o Tessen que pertencia a si.
-O-O que é isso?
Splinter abre o Tessen, a menor posição sendo o suficiente para lhe dar uma postura ameaçadora com aquela arma em suas mãos.
-Não vou lhe devolver isto. -O fecha novamente- A arma de um ninja não deve ser simplesmente uma ferramenta para ferir. Deve ser uma extensão de seu corpo e combinar com sua alma para que juntos consigam o melhor resultado. Sua forma de luta me mostra que o Tessen não é uma má escolha, mas o que você carregava era um desrespeito a história desta arma. Estes – Splinter indica com a mão – agora são seus.
Lisa volta a encarar a parede atrás de si, refletindo por alguns segundos antes de caminhar até ela e retirar as armas fincadas ali. Encarou suas novas armas com curiosidade e um certo brilho no olhar, analisando o novo design.
-Que bonito...
Momentaneamente alheia as expressões do outro e as próprias, Lisa nem percebeu que Splinter abriu um discreto sorriso. Talvez pela primeira vez desde que a conheceu, Lisa possuía o olhar condizente com a pouca idade que tinha. A jovem encarava seu presente como uma criança encarava um brinquedo novo. Aquele olhar era bem diferente do duro e entristecido que ela havia lhe mostrado até então.
-Por que não experimenta?
Como que se lembrando da presença do outro, Lisa volta o olhar para Splinter, levando um leve sustinho e se repreendendo mentalmente por ter se deixado se distraído.
-Experimentar? -Splinter balança a cabeça positivamente.
Após alguns novos segundos de reflexão, Lisa empunha ambos os Tessens em suas mãos, ensaiando alguns golpes no ar antes de ficar novamente com um brilho no olhar.
-São do mesmo tamanho... mas são mais leves.
-Eles foram construídos para serem utilizados da forma que deveriam ser utilizados. -Se aproxima- Os Tessens nem sempre foram armas.
-Itens para dança tradicional japonesa.
-Bem, já que sabe disso... irei lhe ensinar algo novo. -Estende uma das mãos para ela.- Permita-me?
-Ah! Claro. -Lisa entrega um dos Teessen para ele, o observando atenta.
-Os movimentos de um ninja não são apenas brutos, porque não é só de brutalidade que se forma um guerreiro. A verdadeira força esta nas intenções que o move e na alma que conecta-se à arma.
Splinter começa a movimentar-se com o Tessen, com movimentos leves e delicados, numa espécie de Tai chi lento que com o olhar, convidou-a para se juntar a ele. Imitando os movimentos do Sensei com pouca dificuldade, Lisa o acompanhou, estranhando o que estavam fazendo.
-É assim que você ensina seus alunos? -Questiona um tanto cética, abrindo um sorriso descrente.
-Não. -responde simplista- Eu os faço treinar até a exaustão.
-Heh?! -Lisa o encara, surpresa com a sinceridade.
-Mas quando não estão treinando eles são apenas eles. Com gostos e personalidades próprias. Mesmo se eu oprimisse tudo o que eles são com ensinamentos e treinos, isso não os tornaria ninjas melhores. E não importaria o quanto eu tentasse os transformar em soldados perfeitos, meus filhos jamais deixarão de ser quem são, mesmo que eu os obrigue à isso com todas as forças.
Splinter continuou se movendo calmamente, e Lisa, continuou a acompanhar, escutando o que ele dizia com atenção.
-Leonardo não deixaria de gostar de seu programa de TV favorito. Raphael não deixaria de estimar sua mascote. Donatello não deixaria de querer aprender mais sobre o mundo. E Michelangelo não deixaria de amar pizza. -Splinter volta seu olhar para ela- Não importa quão exaustiva foi sua educação, não muda quem você é em sua essência. Você é uma criança.
Splinter para seus movimentos, voltando a adotar sua postura perfeitamente alinhada de sempre e voltando seus braços para trás do corpo após devolver o segundo Tessen para ela.
-Mona Lisa, se você aceitar eu posso te transformar numa Kunoichi exemplar, mas para isso, você precisa aceitar quem você é.
-Uma criança?
-Isso você irá me dizer.
-Desculpe mas... eu não consigo entender. Eu sei que tenho pouca idade mas no que isso muda?
-Você deverá responder essa pergunta a si mesma. -Lisa o encara confusa- Vai encontrar a resposta para "quem é você".
-Quem sou eu? -Tomba a cabeça para o lado, mais confusa- Han... eu sou uma ninja... ehn... e-e uma tartaruga.
Splinter não consegue evitar de gargalhar diante da confusão da garota. Sua forma rebuscada e poética de se comunicar devia ser mesmo um pouco difícil para alguém tão jovem conseguir compreender. Com um olhar afetuoso, encarou-a ao explicar.
-A resposta certa será a que virá espontaneamente, sem você precisar pensar. E quando fizer isso, eu aceitarei você como uma de minhas alunas e este, será seu lar definitivo, se assim quiser. -Calmamente, ruma em direção ao seu quarto, dando a conversa por encerrada.
Lisa acompanhou com o olhar Splinter caminhando para longe de si. Aquela conversa havia sido tão estranha. Não havia feito sentido algum e nenhuma de suas perguntas havia sido respondida, mas algo em seu coração parecia ter compreendido as intenções dele. Algo em seu coração lhe dizia que confiar em Splinter era seguro, embora seu racional lhe dissesse o contrário.
-S-Sensei! -Lisa o chama assim que acordou da nuvem de pensamentos confusos que Splinter a jogou. O mestre volta o olhar para ela.-... O clã Hamato fez muito mal a alguém que eu amo muito. -baixa o olhar- M-Mas... o Clã Foot também fez muito à mim. Você tem razão! Eu não tenho para onde ir! Eu tenho muitas razões para odiar a ambos! Mas... Eu também não tenho nenhuma razão para odiar nenhum de vocês. -Lisa parecia estar numa briga com um turbilhão de pensamentos e emoções em seu peito. Ela própria já não conseguia mais compreender suas atitudes. Apenas deixava seu coração juvenil guiar o que dizia enquanto se via imersa nas ideias que Splinter havia plantado em si. Em determinado momento, seu olhar ganha um brilho novamente, parecendo aos poucos algo fazer sentido para si.- Não foi o senhor... o responsável pelas pedras no meu caminho. -Olha para ele- O senhor não é o Clã Hamato!
-Você não é o Clã Foot. -Abre um leve sorriso.- É mais.
Seus olhares se fixam um no outro, analisando cuidadosamente as mensagens transmitidas. Olhos negros e azuis conversavam entre si, chegando a alguma conclusão de todo o dialogo que havia tido.
Abrindo um sorriso agradecido, Lisa se curvou respeitosamente ao mestre e deixou a sala logo em seguida, voltando correndo para o cômodo onde os outros estavam.
Agora só, Mestre Splinter caminha de volta para seu próprio quarto. Lá, aproxima-se do pequeno altar onde repousava a foto de sua falecida esposa e filha, seu objeto mais precioso de toda as coisas mundanas que possuía. Tomou o porta-retrato nas mãos e encarou a foto profundamente, apenas com seus pensamentos como companhia.
Autor(a): tord_the_writer
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Lisa retorna à sala onde estava anteriormente e dá de cara com quatro olhares curiosos, um deles imediatamente ficando animado ao revê-la. -Você voltou! -Mikey se levanta do sofá, indo animadamente até ela.- O que você conversa tanto o mestre? -A-Ah... nós estávamos só discutindo sobre... meu treinamento. - ...
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