Fanfics Brasil - A quinta tartaruga ninja A Imperetriz do Mar

Fanfic: A Imperetriz do Mar | Tema: As Tartarugas Ninja


Capítulo: A quinta tartaruga ninja

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Após procurar itens dentro e entre as latas e caçambas de lixo de vários pontos da cidade, retornaram ao esconderijo quando julgaram que já possuíam tudo o que era de fato necessário naquele momento, voltando a se ocultarem para dentro dos bueiros.


Dentre as coisas que conseguiram, havia uma cama velha e algumas tábuas de madeira que serviriam como uma estante improvisada, embora Lisa não possuísse até então muitas coisas para guardar. Afinal, os Tessens presos nas bandagens em sua cintura eram os únicos bens materiais que possuía.


-Lisa, eu estava pensando... – Leonardo começa a falar, olhando para trás, onde Lisa estava o ajudando a carregar o colchão. – Você poderia nos contar um pouco mais sobre você.


-Eh?


-Você ainda não nos contou muita coisa. E como seu novo líder, eu queria saber mais. – Explicou levantando o queixo num ar metido.


-Oh. –Meio incerta. – O que você quer saber?


-Ah, você sabe! Do que gosta, como você acabou desse jeito e claro, como virou uma ninja!


-Oh... Bem. Eu não me lembro direito como. – Discretamente apertou com os dedos o colchão que segurava. – E bem... eu me tornei uma ninja do mesmo jeito que vocês, fui treinada para isso.


-Devem ter ótimos mestres lá no Japão, não?


-Hm... Não tão bons quanto o mestre Splinter, eu acho. – Riso sem graça. – Meu mestre era muito rígido comigo. Eu quase não podia fazer outra coisa além de treinar porque ele tinha muitas expectativas em mim. Por isso, fiquei surpresa ao ver os quartos de vocês, a casa toda na verdade. Vocês têm revistas, brinquedos e até videogames! – Sorri. – Vocês conseguem tempo de treinar e de se divertir! Isso parece demais!


-Então você não se divertia nunca? Mas você só tem 13 anos!


Lisa balança a cabeça negativamente, com um sorriso resignado no rosto.


-Dificilmente. Meu mestre não parecia se importar com que idade que eu tinha. – Desvia o olhar. – Ele... não parecia se importar com muita coisa em relação a mim. A não ser se eu estava ou não ficando mais forte.


A resposta de Lisa acompanhada daquele olhar distante, deixaram Leonardo alguns segundos sem saber o que dizer, assim como seus irmãos, que também pareciam um pouco perdidos. Aquele mestre parecia ser um assunto delicado para ela, pois seu olhar sempre mudava ao menciona-lo. Era como se alguém estivesse cutucando uma ferida em seu coração que ainda não havia se cicatrizado e falar sobre ele parecia trazer à tona lembranças que ela queria deixar para trás.


A curiosidade que tinham à respeito e ao mesmo tempo o respeito em deixa-la em paz sobre aquele assunto era um dos poucos conflitos internos que a maioria deles tinham de sua nova companheira até então.


-Sabe... – Eles olham para ela. – Vocês não precisam me olhar desse jeito. Eu sei que eu sou jovem, mas... eu não vou quebrar. Eu atravessei o oceano para chegar até aqui. – Sorri de canto. – Não sou tão frágil.


Novamente, os quatro irmãos se olham, Mikey e Donnie abrem um leve sorriso, enquanto Raphael ficou com uma expressão um pouco mais suave.


-Bem... – Leonardo volta a falar – Isso deve significar que você deve lutar bem, já que é tão resistente! O que acha de uma disputa amigável quando chegarmos?


-Se você prometer não me olhar como uma garotinha enquanto lutarmos... – Sorri brincalhona.


-Há, eu não vou pegar leve com você por isso! Tenho uma reputação a zelar!


Se sentindo um pouco mais leves continuaram a caminhar, mudando o rumo da conversa para temas mais leves como qual sabor de pizza iriam pedir mais tarde e se a pizza deveria ser acompanhada de filme ou videogame.


-x-


Ao voltarem ao esconderijo, caminham até o quarto que a partir daquele momento seria de Lisa, pelo tempo que ela decidisse ficar.


Enquanto Raphael e Mikey se ocupavam em migrar as coisas do mais novo para seu próprio quarto e Raph tinha que lidar com os resmungos e reclamações de Mikey, Leonardo, Donatello e Lisa se ocupavam montando a cama e a estante, o que não foi nada difícil com as ferramentas que Donnie possuía.


Terminaram em pouco menos de uma hora, e agora, no lugar de um enorme amontoado de tralhas, de viam defronte à um quarto vazio com apenas uma cama e uma estante improvisada que apesar da modéstia de Donnie, havia ficado muito bonita! Os quatro irmãos encaravam o ambiente com a cabeça levemente tombada para o lado enquanto Lisa tinha os olhos reluzentes.


-Hm... – Mikey tinha uma de suas mãos no queixo. – Parece meio... vazio.


-Parece mais um tipo de cela do que um quarto. – Comenta Raph.


-Não importa! – Lisa estava sorridente. – Para mim parece ótimo! E eu posso decorar com o tempo. Não sei nem como agradecer por tudo isso. Muito, muito obrigada. – Se vira para eles, se curvando educadamente.


-Que isso, não foi nada! – Mikey balança sua mão, enfatizando o que dizia. – Agora que já resolvemos o problema sobre onde você vai dormir, vamos resolver sobre como encher o estomago!


-Pizza!! – Os quatro comemoram alegremente, arrancando um sorriso maior de Lisa, que já estava mais que curiosa para experimentar aquela comida que eles falavam tanto sobre.


-E nós... – Leo indica a si próprio e Lisa com o polegar. – Vamos treinar um pouco!


-Eu vou pedir a pizza! -Mikey sai dali saltitante, já com o T-phone em mãos.


-Eu vou resolver algumas coisas no meu laboratório. – Donnie também segue seu caminho entre os corredores. – Não deixem o Mikey comer toda a pizza antes de eu chegar!


-Vamos tentar! – Afirma num ar risonho. – E você, Raph? Quer vir conosco?


-Eu vou sim. Também estou curioso para ver o que a pirralha consegue fazer.


-x-


As três tartarugas se dirigem para o dojo onde costumavam a treinar, enquanto Lisa ouvia com um sorriso Leonardo falando animadamente sobre a arma que usava. Ao chegarem, a voz dos filhos chama a atenção de Splinter que estava meditando em seus aposentos, mas interrompe o que fazia e se levanta para cumprimentar os filhos.


-Vejo que retornaram.


-Mestre! Sim, agora a pouco!


-A senhorita já se instalou em seu novo quarto, Mona Lisa?


-Sim, mestre! Muito obrigada novamente por ter me acolhido. O senhor e os meninos têm me ajudado muito.


Novamente Lisa se curva educadamente, arrancando um suave sorriso de Splinter.


-Seus irmãos? – Splinter questiona, olhando para Leonardo.


-Donnie já se enviou em seu laboratório novamente e o Mikey está pedindo pizza. O senhor gostaria de algum sabor, mestre?


Splinter alisa sua longa barba, mantendo sua postura perfeita enquanto fechada os olhos por um momento para refletir.


-Queijo.


A escolha "conveniente" de Splinter acabou fazendo com que Lisa deixasse escapar um "P-Pff", que só não se transformou numa risada pela cotovelada que levou de Raphael ao seu lado.


-Certo! Vou avisar o Mikey! – Leo pega seu T-phone e digita uma mensagem para o mais novo.


-E o que vocês três vieram fazer aqui?


-Queremos ver a Lisa lutar, então viemos dar uma surra nela. – Afirma Raphel, com um sorriso maldoso.


-Nós viemos testar ela! – Corrige Leonardo. – Queria saber como ela luta, já que vou ser líder dela também!


-Muito bem... – Splinter alisa sua barba novamente. – Esta não é uma má ideia, Leonardo. Eu gostaria de supervisionar este confronto.


-Hai, sensei! – Os três assentem em uníssono.


Após o consentimento de Splinter, os três se espalham pelo dojo. Lisa vai para um lado e Leonardo se dirige para o lado oposto da sala.


Como de costume, Raphael vai para uma das laterais, onde normalmente aguardava sua vez quando estava praticando com seus irmãos, porém, antes que pudesse chegar até lá, os dedos longos de Splinter são colocados a sua frente, o fazendo recuar.


-Eu gostaria que Raphael fosse o primeiro a lutar. – Os outros três encaram Splinter e depois a si próprios meio confusos. – Você se opõe à isso, Mona Lisa?


-Eh? N-Não, mestre! Como o senhor preferir.


Sem a menor intenção de questionar o pai, Leonardo troca de lugar com Raphael, se dirigindo até uma das laterais da sala, enquanto Raph assume sua posição, de frente para Lisa do lado oposto ao dela.


Com um gesto de suas mãos, Splinter convida os dois a se aproximarem, o que é prontamente obedecido. Lisa e Raphael se colocam frente a frente e ambos se ajoelham no chão, se encarando seriamente. Raphael gira seus Sais em mãos, e os posiciona prontos para atacar, Lisa continua com ambos os Tessens presos em sua cintura. Splinter direciona um olhar para cada um deles, verificando se já estavam preparados.


-Hajime!


Com sua fúria de sempre, Raphael avança sobre ela, deferindo um ataque confiante. No entanto, em um segundo se encontrava sorrindo certo de seu triunfo e no outro sua expressão se converteu em um rosto confuso quando seu alvo simplesmente sumiu em um segundo. Os dois segundos que se seguiram até o cérebro de Raphael perceber que agora um de seus Sais estava fincado no chão do dojo, não lhe foram o suficiente para reagir ao chute que o atingiu em seu queixo e o projetou para trás.


Leonardo que observava a cena, agora tinha seus olhos surpresos. Tão rápido quanto se pode imaginar, Lisa desviou do ataque de Raphael dando um salto para trás, e ainda aproveitou o fim de seu movimento para chutar o rosto de seu oponente, que havia perdido sua pose confiante.


Sem dar tempo para Raphael pensar novamente, Lisa avança sobre ele, dando um salto acompanhado de um giro e novamente, outro fortíssimo chute atinge o peito de Raphael, o jogando até a parede oposta.


Ainda sem ter tido tempo de ter processado tudo que havia acontecido nos últimos segundos, mas já tendo o suficiente para processar que quem estava levando uma surra era ele, Raphael a encara com os olhos também surpresos. Porém, os poucos segundos de admiração logo são apagados pelo péssimo gênio do ninja vermelho se aflorando e o fazendo trincar seus dentes de raiva. Enfurecido pelo seu orgulho ferido, Raphael avança para cima dela novamente, empunhando seu sai e recuperando o perdido anteriormente no caminho enquanto corria até ela.


-AAAAH!!


Lisa permaneceu sem se mover, mantendo os olhos atentos aos movimentos dele. Raphael saltou enquanto girava os sais em suas mãos, tentando se aproveitar daquele ângulo e deferir um ataque que ela não poderia desviar com facilidade. Mas quando estava a um passo de deferir seu golpe, Lisa que até então havia se mantido parada, rapidamente gira seu corpo fazendo com que ambos os sais vão de encontro ao seu casco e o choque os lançassem para longe das mãos de Raph.


Novamente com uma velocidade que apenas Leonardo e Splinter conseguiram acompanhar, Lisa termina os 360° de seu giro com uma rasteira e com Raphael já no chão, finalmente toma seus Tessens nas mãos e o deixa imobilizado, com a lâmina de sua arma parada próxima de seu pescoço enquanto a outra era mantida empunhada pela sua outra mão na lateral de seu corpo.


-Você deixa muitas brechas abertas. E pensa demais quando ataca. – Lisa afirma com um tom calmo.


Enfurecido ao perceber que havia perdido, Raphael usa sua mão para afastar bruscamente o Tessen, assim como o pé de Lisa que estava sobre seu peito.


-Já é o suficiente.


A voz de Splinter chamou a atenção dos dois e Lisa imediatamente se afastou, guardando novamente suas armas. Raphael se levantou ainda parecendo irritado e desconsertado por ter perdido de uma maneira tão humilhante em sua opinião.


Splinter se aproxima de ambos.


-Raphael, eu pedi que lutasse com Mona Lisa primeiro porque percebi que não pareceu muito confiante sobre o nível de força que ela possuía. Devo assumir que este pré-conceito foi abolido? 


O olhar de Raphael se ilumina em entendimento. Então era esse o motivo pelo qual Splinter havia pedido que fosse o primeiro a lutar contra Lisa. Envergonhado, Raphael baixa a cabeça.


-Lisa é sua companheira, mas se fosse um inimigo essa luta poderia ter acabado muito mal. – Explica sabiamente. – Jamais subestime seu oponente, Raphael. Seja lá por qual razão você se julgue mais forte que ele. Mona Lisa o enfrentou como um oponente à altura e por isso, levou grande vantagem, pois ao se julgar mais forte, baixou sua guarda. Da próxima vez que se enfrentarem, espero que também a enxergue como alguém à sua altura.


-Sim, Sensei.


Raph olha para Lisa, que o observava com um olhar preocupado. Ao ser encarada, arriscou abrir um pequeno sorriso e ao ver isso, Raphael suspirou ainda mau humorado, mas sem tanta irritação quanto antes. Ambas tartarugas se colocam frente a frente novamente e se curvam num cumprimento respeitoso.


-Leonardo.


Leo acorda do transe que se encontrava ao ser chamado, se levantando de onde estava e se aproximando, trocando de lugar com seu irmão e indo para frente de Lisa. Novamente, ambos se ajoelham de frente um ao outro.


-Você nem pegou sua arma! Aquilo foi demais! – Sussurrou para ela quando estavam próximos, sorrindo num ar admirado. Lisa por sua vez, abriu um sorriso tímido, juntamente com um suave rubor de suas bochechas. – Você vai ser uma ajuda e tanto na equipe!


O olhar de Lisa se ilumina mais com a fala de Leonardo, o respondendo com um leve aceno de cabeça e murmurando um "obrigada" baixinho, enquanto empunhava seus Tessens, assim como Leo fazia com suas espadas.


-Hajime!


-x-


-Aah! Vocês finalmente vieram! Caras! Eu tô esperando há horas!


-Nós levamos apenas alguns minutos, Mikey.


-Minutos para pizza são horas!


Leonardo revira os olhos sorrindo divertido enquanto se aproximava de onde o irmão mais novo estava, se sentando no sofá e sendo seguido por Lisa e Raph.


Mikey, que não esperou nem 3 segundos, já foi logo abrindo uma das várias caixas em cima da mesa no centro da sala e enfiando um pedaço em sua boca, sorrindo satisfeeeito por finalmente ceder ao desejo incontrolável e comer e abandonando a agonia de esperar por seus irmãos. De acordo com eles, se começasse a comer sozinho não restaria nenhum pedaço para eles. Mas que absurdo! Da ultima vez havia deixado um pedaço para cada um! E daí que anteriormente eram meia dúzia de pizzas? Havia uma fatia para cada um e os lerdos foram eles!


Leo e Raph se serviram de uma fatia também e foram logo ligando o videogame para jogarem. Lisa se senta no sofá com uma postura tímida os observando e novamente levando um susto quando Mikey brota do seu lado segurando a caixa de pizza como se fosse algo sagrado.


-Prove! Você precisa! – Dramático.


-Oh. Ok... – Com um leve sorriso, Lisa pega um pedaço, observando aquele estranho alimento com curiosidade. Aquilo era mesmo comido sem talheres? Bem, todos estavam comendo com as mãos, então devia ser daquele jeito mesmo! – Não deveríamos esperar o Donnie?


-Come.


-T-Tá! – Ri de levinho.


Cedendo a pressão de Mikey a encarando fixamente, leva a fatia até sua boca, mordendo um pequeno pedaço da pizza de calabresa e de início, mastigando lentamente para sentir o sabor. A reação de Lisa foi instantânea, imediatamente arregalou seus olhos que brilharam como se tivesse descoberto a razão de seu viver e devora o pedaço em menos de 5 segundos.


-ISSO É DEMAIS!


-EU TE DISSE! – Exclama animado, oferecendo a caixa a ela novamente e sorrindo mais ao ver que ela nem hesitou em pegar outra fatia. Também pegou outro pedaço, na verdade pegou dois de uma vez.


-O-O que é isso? – Leva a mão sobre a boca ao perceber que pela empolgação estava falando de boca cheia. Após engolir, volta a falar. – Isso é a melhor coisa que já comi!!


-Oh, isso? É uma pizza de calabresa. – Falando como um expert no assunto. – Até o nome soa delicioso, não acha? Calabreeesa. Calabreeeesa. Calabreeeesa. -Mikey pronuncia o sabor variando entre sua voz normal, uma versão mais grave e uma mais aguda, que arranca uma nova risada de Lisa.


-Calabreeesa! – O imita, rindo em seguida.


Lisa continua por mais alguns minutos se entupindo de pizza enquanto conversava com Mikey sobre assuntos que variavam de como a gatinha de sorvete havia se tornado... bem, a gatinha de sorvete, até um sonho distante de ser o primeiro pizzaiolo tartaruga do mundo. Em seguida Mikey começou a lhe mostrar novamente como funcionava o T-phone e desta vez, mostrou uma "musica decente" para ela ouvir, uma musica pop bem animada.


Alguns minutos depois, Splinter se juntou a eles para pegar seu pedaço de pizza de queijo, fazendo com que a postura de Lisa voltasse a ficar mais contida pela presença do mestre, mas isso logo ruiu quando foi convidada para jogar junto de Leo e Raph e se desesperou com um jogo de luta, esquecendo todas as explicações que ganhou anteriormente e simplesmente apertando todos os botões daquele controle confuso, o que infelizmente, não lhe foi o suficiente e agora sim Raphael pôde se vingar da surra anterior.


Lisa ria abertamente na presença se seus semelhantes, implicavam um com os outros com piadinhas sobre seus erros no videogame e se divertiam torcendo uns para os outros quando não estavam com o controle na mão. Por um momento, a mente dela se viu limpa de todas as angustias que havia sentido nos últimos dias, por um momento, como não acontecia há muitos anos, seu espirito estava em paz, sintonizado apenas naquele sentimento de diversão e pertencimento que não experimentava há tempos.


-Eu não acredito! Vocês não me esperaram!


A voz de Donnie chama a atenção dos quatro, que olham para ele por um momento, antes de voltar a atenção para o jogo.


-Nós te chamamos varias vezes! Mas você resolveu se enfiar naquele laboratório sem dar sinal de vida! – Retrucou Raphael, furiosamente apertando os botões enquanto jogava contra Mikey.


Donnie se aproxima com uma expressão emburrada, olhando furioso para os irmãos e para as caixas de pizza vazia.


-E comeram toda pizza!


-Ah, para de reclamar cara! Você quem demorou demais! -Diz Mikey, em seguida grunhindo frustrado por ter perdido. -Afinal, o que estava fazendo lá?


-Eu estava trabalhando num projeto.


Donnie se senta no sofá, bufando irritado, mas logo tem sua atenção atraída por um "psiu" baixinho seguido de uma cutucadinha em seu braço. Ao olhar para o lado, viu que Lisa havia se sentado ali e sorria para ele. Acompanhando as mãos dela com os olhos, a viu pegar uma das caixas de pizza esquecida ali no canto, parcialmente escondida e quando ela a abriu, revelou quatro pedaços de pizza ainda intocados, um de cada um dos sabores que Mikey havia pedido.


Ao ver aquilo, Donnie imediatamente sorriu largo, com os olhos radiantes por ver que não havia sido completamente e cruelmente esquecido por todos ali. Mandou um sorrisinho cumplice para Lisa que o retribuiu prontamente. Após pegar uma das fatias oferecidas, Donnie levou uma de suas mãos até o alto da cabeça dela, lhe dando um suave afago.


À princípio, Lisa trava de levinho com aquele carinho inusitado, mas não demora para abrir um sorriso largo. Donnie a encarou sorridente e em seguida direciona o olhar para a pizza e para ela novamente. Lisa, entendeu o sinal dado por ele e também pega um pedaço para si, passando a comer ao lado de Donnie, sorridente observando os outros jogarem.


-x-


Horas se passaram e Lisa retorna para seu quarto após um boa noite caloroso de cada um deles. Assim que fecha a porta atrás de si se recosta nela, dando um longo suspiro acompanhado de um sorriso contente.


O sorriso se mantêm por mais alguns segundos, até aos pouquinhos murchar, se transformando em uma expressão séria novamente. O olhar de Lisa volta a ficar distante enquanto fita o teto de seu novo quarto.


-Nee-san, tem algo errado... – Leva uma de suas mãos até sua testa, a escorregando por seu rosto até deixa-la cair para a lateral de seu corpo novamente. – Isso não pode estar certo.


Lisa deixa seu corpo escorregar pela porta, se sentando no chão e abraçando seus joelhos, deixando seu rosto se recostar em seus braços, suspirando pesadamente. Alguns instantes depois, levantou a cabeça e olhou para frente, ainda com um olhar distante. Seus olhos percorreram o cômodo, até se focarem numa caixa em cima de sua cama.


-Eh..?


Lisa de levanta do chão, se aproximando da cama com um olhar curioso. Ao se aproximar mais da caixa, percebe que havia um laço acima dela. Aquilo era um presente?


Abriu a caixa que se parecia com uma caixa de sapatos e quando vê seu conteúdo, seu corpo trava. Ficou longos segundos com olhos grandes observando o conteúdo da caixa, travada com a tampa dela em suas mãos. Um brilho se apossava de seu olhar conforme mais olhava para dentro da caixa, até que seu corpo voltou a responder e ela simplesmente solta a tampa em suas mãos, a fazendo cair no chão. Ainda sem acreditar no que via, Lisa segura o objeto ali dentro.


-V-Você...


Aquela era a boneca que havia visto mais cedo! A mesma boneca de pano que havia encontrado no lixo algumas horas antes! Mas ela parecia... diferente! Não parecia mais como algo que alguém jogaria fora! Ela estava limpa e com um vestido novo que estampava varias cerejas, além de um cabelo reformado e desembaraçado. Ela parecia nova!


Os instantes de descrença e surpresa de Lisa terminaram e ela imediatamente abre um enorme sorriso, seguida de uma risada animada enquanto segurava a boneca no alto.


-Como chegou aqui? -Lisa encarava o sorriso da boneca como se ela de fato pudesse a responder e não se conteve em a abraçar apertado, gargalhando feliz da vida enquanto afagava o rosto da boneca com sua própria bochecha.


De repente, batidas na porta fazem Lisa ter um sobressalto pelo susto que levou, inconscientemente abraçou a boneca mais apertado e voltou os olhos para a porta que se abriu alguns instantes depois da batida.


-Donnie?


Donatello abriu um sorriso para cumprimenta-la, seguido de um leve gargalhar ao ver a boneca nas mãos dela. Lisa virou o corpo para ele, ainda meio confusa com sua presença.


-Só queria te agradecer por ter guardado pizza para mim.


-Oh. – Tomba a cabeça para o lado ainda sem entender. – Não há de quê, Donnie.


Com outro leve acenar de cabeça, Donnie faz menção de deixar o quarto novamente, mas parou no meio do caminho, mantendo um leve sorriso no rosto.


-Ah. Espero que eu tenha feito um bom trabalho. Eu sou bom com maquinas, não com artesanato.


Aquela afirmação fez os olhos de Lisa se arregalarem novamente. Olhou para a boneca e então para Donnie ansiosamente, esperando algum tipo de confirmação.


Donatello por sua vez, ao ver o questionamento no olhar dela abriu um sorriso maior e deu um leve acenar com sua cabeça. Imediatamente Lisa abre um sorriso enorme, abraçando a boneca mais apertado.


-Foi você! O-Obrigada! -Sentiu lagrimas se formarem em seus olhos, emocionada pelo que acontecia.


Donnie balançou a cabeça num gesto de "Não foi nada."


-Escuta, você pode gostar do que você quiser, sabe? Mesmo que provavelmente o Raphael vá achar bobo e rir disso, não importa. Eu acho metade das coisas que o Mikey faz idiotas, o único que se interessa pelos meus experimentos sou eu mesmo e o Leo adora um desenho animado bem besta! Ninguém aqui vai te impedir de fazer o que gosta, mesmo que outro ache bobo. Então, da próxima vez que gostar de alguma coisa, trás para casa. – Seu sorriso aumenta. – Se tiver quebrado, eu posso consertar!


O sorriso e olhar da jovem tartaruga reluziam com a fala de Donnie, animadamente acenando com sua cabeça em compreensão ao que ele dizia.


-T-Tá! E-Eu vou trazer!


-Boa noite, Lisa!


-Boa noite, Donnie!


Donatello fecha a porta, deixando Lisa sozinha em seu quarto novamente. A garota mantêm seu sorriso largo, desta vez deixando algumas lagrimazinhas emocionadas escorrerem por seu rosto, enquanto olhava com esmero para a boneca em suas mãos.


Se acalmando um pouco da alegria que aquele presente lhe trouxe, seca suas lágrimas com as mãos e coloca a boneca delicadamente sobre a cama. A encarou por alguns instantes, enquanto refletia profundamente.


Ao chegar em uma resposta para seu monólogo interior, muniu-se de um olhar determinado e deixou o quarto.


-x-


-Sensei!


Splinter estranhou ao ser chamado naquele horário. Sabia que muitas vezes seus filhos tinham o costume de ficarem acordados até tarde, mas raramente algum deles vinha o chamar durante a noite. Saiu de seus aposentos curioso sobre o que Mona Lisa poderia querer e seu olhar ficou sério ao ver a forma como ela o encarava, também sério.


-Em que posso ajudar, Mona Lisa?


-Hamato Yoshi. – A expressão de Splinter fica mais séria ao ouvir seu nome. – Este é seu nome verdadeiro, não é? O senhor é Hamato Yoshi.


Splinter encara Lisa por longos segundos. Seus olhares conversam entre si, num confronto silencioso e defensivo, pois nenhum dos dois sabia qual seria o resultado daquele dialogo. Após alguns segundos de conversa ocular, Splinter leva suas mãos para suas costas.


-Você está certa.


A expressão de Lisa fica mais séria. Splinter acompanha todos seus mínimos movimentos com máxima atenção, em especial, quando a viu levar suas mãos até suas armas e segurar uma com cada mão. Splinter questionou se ela as empunharia e o atacaria novamente, mas isso não aconteceu. Lisa soltou suas armas no chão, fazendo um som metálico ecoar pelo cômodo. Caminhou alguns passos a frente, e se ajoelhou no chão, se curvando respeitosamente para Splinter.


Splinter respirou fundo discretamente. Parecia que não teriam outro combate. Os motivos de Lisa estar ali eram outros. Pacientemente, Splinter aguardou que Lisa começasse a falar.


-Um sobrevivente do clã Hamato. Aqui em nova York. E também... – Lisa olha para suas próprias mãos. – As tartarugas. Tudo fez sentido. Você só podia ser Hamato Yoshi.


Lisa encarou Splinter e em seguida voltou seu olhar para seu colo, parecendo envergonhada por algum motivo. Mona Lisa parecia nervosa com o que fazia, parecia com assustada com que reações Splinter poderia ter. Nenhum desses detalhes passou despercebido pelo olhar atento do mestre, nem mesmo quando ela apertou seus joelhos com as mãos, antes de olha-lo novamente.


-O senhor é o homem que eu fui treinada para matar. – A expressão de Splinter endurece um pouco. – Durante cada dia da minha existência eu fui ensinada que deveria matar o senhor. Eu fui ensinada pelo meu clã que você era uma pessoa que não merecia viver e por muito tempo eu acreditei nisso. Eu fui criada para ser o triunfo do Clã Foot! – Volta a baixar seu olhar. – Mas... Eu não sei mais se o clã a quem eu era fiel... é o eu pensava que era. Ou melhor... – Volta a encarar suas próprias mãos novamente. – Eu sei que não era.


Um silencio se instalou no cômodo. Lisa mantinha seu olhar distante no chão, enquanto Splinter mantinha seus olhos fechados, refletindo sobre as coisas que havia ouvido.


-E por qual motivo está me contando estas coisas, Mona Lisa?


-Se o meu clã não era o que eu sempre pensei que fosse, então as coisas que me contaram se tornaram inválidas. Eu não vou mais acreditar no que me contaram, eu vou acreditar no que eu ver por mim mesma, no que eu aprender sozinha! – Lisa se curva no chão. – Mestre, eu quero ficar!


Um novo período de silêncio é outra vez colocado entre eles. Splinter permaneceu com os olhos fechados por mais alguns segundos. Após isso, os abriu e caminhou alguns passos a frente, se aproximando mais de Lisa, a encarando com um olhar que transmitia toda a sabedoria que acumulou durante aqueles anos escondido no mundo e do mundo.


-Mona Lisa, com as peças sobre você que eu havia conseguido coletar e com o conhecimento que eu possuo sobre a índole que meu inimigo, Destruidor, possui, eu já havia o suficiente para montar esse quebra-cabeça e saber quem é você. Conhecendo o ego e os caprichos que meu velho amigo é capaz de cometer, eu suspeitava que sua criação estivesse envolvida com a vingança que ele planeja contra mim. – Explica num tom calmo. – No entanto, mesmo que nunca tivesse me dito isso e que talvez ainda não tivesse chegado a esta conclusão por si própria... eu já sabia desde o princípio que este não é o seu desejo.


-O-O senhor... o senhor acredita em mim? – Lisa o encarava em expectativa e Splinter abriu um suave sorriso, acenando brevemente com a cabeça. – O-Obrigada... M-Muito obrigada...


-Você pode ficar. Eu já havia lhe dado esta permissão desde o início. Mas... este não foi o único motivo que lhe trouxe aqui, correto?


Lisa sempre se impressionava com a perspicácia que o mestre possuía, sempre parecendo a ler como se fosse um livro aberto. Nada lhe passava despercebido, nada deixava de ser captado pela observação aguçada dele. Lisa balança a cabeça em confirmação a pergunta dele, voltando seu olhar a ele, respirando fundo antes de iniciar sua fala num tom decidido.


-O senhor havia me dito que quando eu soubesse lhe responder quem eu sou... eu poderia não só ficar. Mas eu poderia fazer parte desse time e o senhor se tornaria meu sensei. – Splinter balança a cabeça lentamente em confirmação, mantendo toda sua atenção nela. – Eu não sou a arma do Clã Foot e nem tudo o que esperavam de mim. – Lisa abriu um sorriso contente, um sorriso que refletia o calor que sentia em seu peito, um sorriso que refletia a paz que sentiu. Se lembrou de todos os momentos que viveu nas últimas horas, de todas as risadas que foram maiores que todas as que deu na vida, de toda a diversão que a tempos não sentia e de todo acolhimento e gentileza que quase nunca havia recebido. – Eu sou exatamente o que o senhor disse que eu era: Uma criança. – Riso suave. – Eu sou forte. Muito forte. Eu sou uma ninja, uma guerreira. Mas também... – Lembrou-se da boneca recém ganha e da felicidade que sentiu ao abraça-la. – Eu também sou só uma garotinha. Eu sou as duas coisas. 


Lisa permaneceu em silêncio, com um sorriso em seu rosto, aguardando que o mestre se manifestasse de alguma forma. Quando percebeu Splinter se aproximando de si, Lisa voltou o olhar para o chão, meio insegura sobre o que ele faria.


Splinter se sentou à sua frente e quando Lisa toma coragem e volta a olhar para ele, Splinter sorria largo, em um ar orgulhoso.


-Parabéns por todo seu progresso, Mona Lisa. Sua evolução deve não apenas ser em combate, mas também em espirito e vejo que ela já iniciou. – Lisa lhe direciona um sorriso agradecido, os olhos ganhando um brilho emocionado novamente. – ...Muito bem. Bem-vinda ao nosso clã, Mona Lisa.


Splinter, que até então mantinha suas mãos escondidas nas mangas de seu kimono, as separou e revelou o que escondia nelas: Uma máscara de cor fúcsia. Estendeu a máscara para Lisa, que a encarou surpresa, sem acreditar no que lhe era oferecido.


Sem perder tempo, Lisa pegou a máscara em suas mãos e a encarou com orgulho por alguns segundos, antes de vesti-la em seu rosto, a amarrando com um nó e deixando suas longas pontas recaírem por seu casco. Abriu seus olhos após vesti-la e encarou Splinter com um sorriso no rosto.


Splinter se levantou, também direcionando um sorriso a ela. Lisa o acompanhou.


-É uma honra poder treinar uma kunoichi habilidosa como você, Mona Lisa.


-É uma honra poder aprender com um mestre como o senhor, Sensei. Conto com o senhor. 


 



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Autor(a): tord_the_writer

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-Uwaaa... Bom diaa... Um bocejo sonolento inicia o período de treinos daquela nova manhã. As quatro tartarugas irmãs adentravam o dojo para dar seguimento aos seus treinos com a arte do Ninjutsu sob o comendo de Mestre Splinter. A manhã se seguia como em todas as outras, até uma suave voz feminina cortar a rotina do dia-a-dia. -Ohayo, Mik ...


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