Mas, primeiro, eu preciso de Dul.
Eu começo a andar até ela, mas depois eu vejo minha mãe e mergulho por
trás da pedra.
Raiva e repugnância tomam posse de mim.
Por que ela está aqui? Eu não quero vê-la.
Eu tinha ligado para ela durante o verão. Eu tentei obter a ajuda dela, mas ela me deixou lá.
Porque é que a minha mãe está aqui com eles?
Eu tento manter minha respiração sob controle, mas sinto que minha
garganta aperta conforme eu quero chorar.
Dul é a minha família. Minha família real. Minha mãe bêbada não tem o direito de estar aqui se divertindo com eles.
— Eu mal posso esperar para Christopher voltar — Eu ouvi o sorriso de Dul em
sua voz e eu cubro a boca para sufocar o choro subindo no meu peito.
Eu quero ir até ela, mas não posso fazer um movimento com todos ao seu
redor. Eu não quero ver minha mãe e eu não quero que o Sr. Brandt me veja
assim. Sujo e ferido.
Eu só quero pegar a mão de Dul e correr.
— Você pode mostrar-lhe os movimentos que você e Will aprenderam no Karate neste verão — Diz Brandt e eu paro de respirar. O soluço refém na minha
garganta se transforma em um incêndio em minha barriga.
Will? Geary?
Meus olhos se deslocam da esquerda para a direita como se eu estivesse à
procura de uma explicação, mas não consigo encontrar uma.
Ela ainda estava com ele?
— Bem, é bom que você teve alguém para passar o tempo enquanto Christopher
esteve fora — Minha mãe aparece no topo com uma Coca-Cola. — E eu acho que a
distância é uma coisa boa. Vocês dois estavam ficando muito perto.
Minha mãe sorri para Dul e cutuca sua perna. Dul olha para longe, constrangimento em seus olhos.
— Que rude. Somos apenas amigos — Ela torce o nariz e minha respiração pega.
Eu mergulho completamente atrás da pedra, me inclinando para trás e
soltando minha cabeça.
Agora não. Não faça isso para mim agora!
Eu balanço a cabeça de um lado para o outro, a sujeira em minhas mãos do aperto juntamente com o suor nas palmas conforme eu cerro os punhos.
— Você é uma boa menina, Dul — Eu ouço minha mãe dizer. — Eu não sou boa com os meninos, eu acho.
— As meninas são difíceis, também, Alexandra — O pai de Dul diz e eu o
ouço desempacotar seus suprimentos de piquenique. — Christopher é um bom garoto.
Vocês dois vão descobrir isso.
— Eu deveria ter tido uma menina — Ela responde e eu aperto as mãos sobre os ouvidos.
Muitas vozes. Minha cabeça parece que vai estourar, e eu não consigo sacudir isso para fora.
Meus olhos ardem e eu quero chorar.
Pisquei e olhei ao redor completamente limpo, água brilhando. Eu não colocava os pés neste parque em mais de três anos. Quando eu tinha quatorze anos,
eu tinha certeza de que este seria o lugar onde eu beijaria Dul pela primeira vez.
Mas, então, tornou-se apenas um lembrete de que eu a tinha perdido. Ou o
que eu pensei que eu tivesse perdido.
No último dia que vim aqui, eu tinha chegado a um ponto onde não poderia
mais ser desapontado. Eu não podia ouvir qualquer outra pessoa não me querendo.
Então eu me fechei. Completamente e imediatamente.
Essa era a coisa sobre a mudança.
Ela poderia ser gradual. Lenta e quase imperceptível.
Ou pode ser súbita e você não precisa nem saber como poderia ter sido de
outra maneira.
Se tornando duro no coração não é uma interseção em seu cérebro, onde
você tem a opção de virar à esquerda ou à direita. Está próximo a um beco sem
saída e você só mantém sobre o penhasco, incapaz de parar o inevitável, porque a verdade é que você simplesmente não quer.
Há liberdade no outono.
— Christopher — Uma voz hesitante soou atrás de mim.
Eu endireito meus ombros e me viro.
Oh, que inferno?
— O que você está fazendo aqui? — Eu perguntei a minha mãe.
E então me lembrei de que o seu carro estava na garagem quando cheguei
em casa depois da corrida. Eu pensei que ela tinha partido para o fim de semana,
como de costume.
Ela estava abraçando-se contra o frio da noite, vestindo calça jeans e casaco
de mangas compridas. O seu cabelo chocolate - a mesma sombra que o meu - caíam soltos sobre os ombros e ela usava botas marrons até os joelhos.
Desde que ela havia estado sóbria, minha mãe era bonita o tempo todo e por mais que ela me irritasse, eu estava feliz que eu era a cara dela. Eu não acho que eu
poderia olhar para os olhos do meu pai no espelho todos os dias.
Sorte Jax.
— O portão da frente estava aberto — Ela se aproximou, seus olhos
procurando os meus para poder entrar. — Eu ouvi o que aconteceu com Dul
Não vai acontecer.
— Como diabos você sabia que eu estaria aqui?
Seu sorriso me confundiu. — Eu tenho os meus caminhos — Ela murmurou.
Eu me perguntava o que era, também, porque a minha mãe não era tão
inteligente.
Ela se sentou ao meu lado, as pernas balançando para fora da pequena falésia, com uma queda de cinco metros para o lago.
— Você não esteve aqui em anos — Ela agiu como se me conhecesse.
— Como você sabe?
— Eu sei muito mais do que você pensa — Disse ela olhando para baixo, para
o lago. — Eu sei que você está com problemas agora.
— Oh, vamos lá. Não comece a agir como uma mãe agora.
Eu me empurrei do chão e me levantei.
— Christopher, não — Minha mãe se levantou e me encarou. — Se alguma vez eu pedi qualquer coisa para você, é que você precisa me ouvir agora. Por favor — Seu tom me desfez. Ela estava trêmula e excepcionalmente séria.
Olhei em meu rosto e enfiei os punhos no bolso do meu casaco.
— No ano passado, depois de sua prisão — Ela começou. — E depois que eu
voltei do Centro Haywood, eu lhe pedi para escolher uma coisa - um plano - que
você pudesse se concentrar no dia a dia. Algo que você amasse ou algo que o
mantivesse centrado. Você nunca me disse o que era, mas então você andou
sorrateiramente em torno desse tempo e fez outra tatuagem — Ela levantou o
queixo para mim. — A lanterna. Em seu bíceps. Por que você fez isso?
— Eu não sei — Eu menti.
— Sim, você sabe. Por quê? — Ela pressionou.
— Eu gostei de como parecia — Eu gritei, exasperado. — Vamos lá, o que é
isso?
Jesus. Mas que diabos?
Dul. Uma lanterna. Eu associei as duas coisas e quando ela partiu, eu precisava dela.
Por que uma lanterna? Eu não sei.
— Em seu décimo primeiro aniversário, eu fiquei bêbada — Suas palavras saíram calmas e lentas. — Você se lembra? Eu esqueci sobre o jantar que deveríamos ter nos Brandts, porque eu estava com os meus amigos.
Não havia muitos aniversários que se assentaram bem comigo, então não, eu
não me lembrava.
— Eu esqueci que era seu aniversário — Ela continuou enquanto as lágrimas
encheram seus olhos. — Eu não tinha sequer um bolo para você.
Grande fodida surpresa.
Mas eu não disse nada. Apenas escutava, mais para ver onde ela estava indo com isso.
— De qualquer forma, eu cheguei em casa por volta das dez e você estava
sentado no sofá esperando por mim. Você tinha ficado em casa toda a noite. Você não iria para o jantar sem mim.
Eu. No escuro. Sozinho. Zangado. Com fome.
— Mãe, pare. Eu não quero...
— Eu tenho que... — Ela interrompeu, chorando. — Por favor. Você estava
triste no começo, eu me lembro, mas depois você se prendeu em uma atitude. Disse que eu era embaraçosa e que as outras crianças tinham melhores mães e pais. Eu gritei com você e lhe enviei para o seu quarto.
Madman choramingando na minha porta. Chuva contra as janelas.
— Eu não me lembro.