tive apoio. Eu não tive a chance de viver antes que tivesse o meu mundo virado de
cabeça para baixo.
— Sim, eu entendo, tudo bem — Eu a cortei. — Eu vou estar fora até junho.
— Não foi isso que eu quis dizer — Ela se aproximou com a voz rouca e estendendo a mão como se quisesse parar meus pensamentos. — Você foi um
presente, Christopher. Uma luz. Seu pai era o inferno. Eu pensei que eu o amava. Ele era forte, confiante e arrogante. Eu o idolatrava... — Ela parou e eu juro que podia ouvir seu coração quebrar quando seus olhos caíram no chão.
Eu não queria ouvir sobre esse idiota, mas eu sabia que ela precisava falar. E
por alguma razão eu queria deixá-la.
— Eu o idolatrei por cerca de um mês — Continuou ela. — Tempo suficiente
para engravidar e ficar com ele — E então ela olhou para mim novamente. — Mas
eu era jovem e imatura. Eu achava que sabia tudo. Beber era a minha fuga e eu te abandonei. Você nunca mereceu isso. Quando vi Dul tentando fazer você feliz
naquela noite, eu a deixei. Na manhã seguinte, você não estava no seu quarto.
Quando olhei pela janela, pude ver que ambos estavam desmaiados na cama dela, apenas dormindo. Então, eu deixei isso acontecer. Por anos, eu sabia que você estava se esgueirando por lá para dormir, e eu o deixava ir, porque ela te fazia feliz quando eu falhei.
A mais pura, mais verdadeira, coisa mais perfeita no meu mundo e eu tinha despejado pilhas sobre pilhas de merda em cima dela durante anos.
Um nó de entendimento trabalhou seu caminho em minha cabeça e eu tive
vontade de perfurar o meu punho através de uma parede do caralho.
— Jesus Cristo — Eu passei minhas mãos pelo meu cabelo, meus olhos apertados fechados enquanto sussurrei para mim mesmo. — Eu tenho sido tão horrível para ela.
Minha mãe, como o Sr. Brandt, provavelmente não sabiam nada sobre o que eu havia feito Dul passar, mas ela sabia que não éramos mais amigos.
— Querido — Ela falou. — Você foi horrível para todos. Alguns de nós merecíamos isso, alguns de nós não. Mas Dul te ama. Ela é sua melhor amiga. Ela vai te perdoar.
Será que ela vai?
— Eu a amo — Foi a coisa mais honesta que eu confiei para minha mãe em um longo tempo.
Meu pai poderia beijar o próprio rabo, minha mãe e eu iríamos sobreviver, para o que der e vier. Mas Dul?
Eu precisava dela.
— Eu sei que você a ama. E eu te amo — Disse ela enquanto estendeu a mão
e tocou minha bochecha. — Você não vai deixar seu pai ou eu tomar mais alguma
coisa de você, você entende?
Lágrimas queimaram meus olhos e eu não poderia retê-las.
— Como é que eu sei que não serei como ele? — Eu sussurrei.
Minha mãe estava tranquila enquanto me estudava e então seus olhos se estreitaram.
— Diga a ela a verdade — Ela instruiu. — Confie-lhe tudo, especialmente seu
coração. Faça isso e você já não será como o seu pai. Que o ontem dure para sempre.
Que o amanhã nunca chegue.
Olhei para o pedaço de papel em branco da impressora, as palavras da
minha tatuagem olhando para mim.
Agora eu sabia o que significavam.
Eu era um grande e fodido idiota. Isso era, com certeza.
Não só eu tinha deixado me amarrar pelas merdas que meu pai distribuía,
mas eu, de bom grado, deixei meu ódio me controlar indevidamente pensando que isso me faria mais forte.
Inclinando-me, coloquei o papel na minha coxa e escrevi outra linha.
Até você.
Sentindo o peso se erguer dos meus ombros, eu o preguei à árvore entre a
casa de Dul e a minha e peguei o resto das coisas do chão.
Recuando, eu olhei para a enorme borda, não só brilhante com as folhas
vermelhas e douradas que ainda não tinham caído, mas com as centenas de luzes brancas e várias lanternas que eu tinha pendurado.
Era seu aniversário hoje e tudo que eu conseguia pensar era como ela iluminou meu dia quando eu tinha onze anos. Eu queria retribuir o favor e mostrar a ela que eu me lembrava.
Supondo que ela estava com Megan, entrei no quarto dela, inclinando-me sobre
os trilhos de suas portas francesas abertas e apenas olhei para a pasta que eu tinha colocado em sua cama.
A pasta com toda a prova do que o meu pai tinha feito para mim.
Ela já tinha visto isso, é claro, quando bisbilhotou no meu quarto.
Mas ela não tinha ouvido falar de mim ainda.
A porta fechou-se no andar de baixo e minhas costas se endireitaram.
Eu respirei deliberadamente - lento e calmo - mas meu corpo aqueceu e meu coração disparou.
Jesus.
Eu estava fodidamente nervoso.
Será que o que eu disser a ela será bom o suficiente? Será que ela vai entender?
Dul caminhou lentamente para o quarto dela e eu agarrei imediatamente os
trilhos atrás de mim para me impedir de correr.
As suas sobrancelhas juntaram-se levemente, quando ela olhou para mim
com uma mistura de curiosidade e preocupação.
Seu cabelo estava solto e ela usava uma calça jeans escura e uma blusa preta
desbotada de manga curta. Muitas roupas, mas eu gostava disso em Dul. Ela
nunca revelava muito e ela me lembrava de um presente que eu mal podia esperar
para desembrulhar. Ela parecia sexy como o inferno e eu tive um tempo difícil me distraindo sobre a cama no quarto.
Fiz um gesto para a pasta em cima da cama. — Era isso o que você estava
procurando no meu quarto ontem à noite?
Ela manteve sua cabeça erguida, mas seus olhos abatidos e um tom de rosa cobria seu rosto.
Vamos, Dul. Não seja covarde.
Isso realmente me agradou que ela tinha ido bisbilhotar. Ela se importava.
— Vá em frente — Eu balancei a cabeça em direção à pasta. — Dê uma olhada.
Ela provavelmente não tinha conseguido muito tempo para vê-los na outra
noite.
Seu olhar se desviou para os meus por um segundo e parecia que ela estava
considerando se deveria satisfazer sua curiosidade.
Mas ela aceitou a oferta.
Lentamente, ela abriu a pasta e espalhou as fotos. Suas mãos tremiam
quando ela pegou uma e olhou para ela, quase sem respirar.
— Christopher — Ela gemeu, levantando a mão à boca. — O que é isso? O que
aconteceu com você?
Baixei os olhos para o chão e passei a mão pelo meu cabelo.
Isso era mais difícil do que pensei que seria.
Confie-lhe tudo, especialmente seu coração.
— Meu pai — Deixei escapar um suspiro longo e silencioso. — Ele fez isso comigo. E para o meu irmão.
Seus olhos se arregalaram de surpresa e sua boca se abriu um pouco.
Dul não sabia que eu tinha um irmão. A não ser que seu pai tivesse lhe dito,
e ele nunca disse nada que não fosse necessário.
— O verão antes do primeiro ano, eu estava até ansioso para passar todo o
meu verão saindo com você, mas como se lembra, meu pai ligou do nada e queria
me ver. Então eu fui. Eu não o tinha visto em mais de dez anos e queria conhecê-lo.
Ela se sentou na cama, escutando.
— Quando eu cheguei lá — Eu continuei. — Eu descobri que o meu pai tinha outro filho. Um garoto de outro relacionamento. Seu nome é Jaxon e ele é apenas
um ano mais novo que eu.
Jax passou pela minha mente, doze anos de idade e magro. Ele tinha sujeira
em seu rosto e seu cabelo escuro era curto.
— Vá em frente — Ela sussurrou e eu soltei a respiração que estava segurando.
E eu disse-lhe toda a fodida história.
Sobre como meu pai nos usou para fazer dinheiro para ele, a venda de drogas, invadindo casas, entregando merda.
De como ele machucou Jax e, em seguida, começou a me ferir quando eu me recusei a fazer o seu trabalho sujo.
De como fomos vítimas dos delinquentes pendurados em volta da casa e eu a
deixei ver as cicatrizes nas minhas costas que o meu pai tinha me dado com uma fivela de cinto.
Disse-lhe também de como meu pai nos odiava e minha mãe nos abandonou,
e, em seguida, de como eu abandonei Jax e o deixei com o meu pai quando ele se
recusou a ir embora comigo.
Os olhos de Dul ficaram vermelhos e cheios de lágrimas que ela tentava segurar.
Eu liberei toda a doença na minha cabeça e o coágulo que tinha enegrecido o
meu coração e eu queria enxugar as lágrimas que ela chorava por mim.
Ela sempre se preocupou. Ela sempre me amou.
Eu a tinha tratado pior do que um cão durante três anos e ela ainda chorava
por mim.
Eu senti a dor na minha garganta enquanto olhava para ela, seu rosto se
contorceu com tristeza e eu sabia que ela tinha todo o direito de não me perdoar.
Mas eu sabia que ela faria.
Talvez essa fosse a coisa que estava faltando para mim sobre o amor.
Você não o retém ou o partilha quando ele é merecido.
Você não pode controlá-lo assim.
Depois que eu disse a ela a história feia, eu sentei lá ao lado dela, esperando
que ela dissesse alguma coisa.
Eu não sabia o que ela estava pensando, mas ela me deixou falar e ela ouviu.
— Você já viu o seu pai desde então? — Ela finalmente perguntou.
O seu pai. As palavras eram tão estranhas. Referi-me a ele como meu pai só para identificar o homem de vinte e dois anos de idade que caçava uma menina de dezessete anos e eu era o resultado.
— Eu o vi hoje — Eu disse a ela. — Eu o vejo todo fim de semana.
O que era verdade. Mesmo que eu tecnicamente não apareci na minha
última visita.
— O quê? — Seus olhos azuis se arregalaram. — Por quê?
— Porque a vida é uma merda, é por isso — Eu soltei uma risada amarga.
Após o soco que dei na semana passada, o juiz decidiu que eu tinha cumprido o meu compromisso e me deixou fora do gancho hoje. Eu vi o meu pai à distância, esta manhã, mas eu não tinha visto ele no último dia. Eu sabia disso.
Dul olhou para mim e analisou tudo o que eu disse. Eu disse a ela sobre os
problemas depois que ela partiu para a França, como eu sentia falta dela, como Jax havia sido espancado por seu pai adotivo e como o juiz me propôs um acordo.
Levantei-me e caminhei de volta para as portas francesas, deixando-a em
cima da cama para absorver tudo.
— Então é lá aonde você vai — Ela finalmente disse. — Para a prisão
Stateville em Crest Hill. Crest Hill?
Ela deve ter visto outras coisas no meu quarto quando estava bisbilhotando
na última noite. Minha mãe me pediu para guardar os recibos dos motéis e
combustível para fins fiscais. Merda se espalhou por todo o meu quarto.
— Sim, todos os sábados — Eu disse com um aceno de cabeça. — Hoje foi a minha última visita.
— Onde está seu irmão agora?
Seguro.
— Ele está em Weston. São e salvo, com uma boa família. Eu o tenho visto
aos domingos. Mas minha mãe e eu estamos tentando fazer com que o Estado concorde em deixá-lo viver com a gente. Ela tem estado sóbria por um tempo. Ele tem quase dezessete anos, então não é como se ele fosse uma criança.
Eu queria que ele a conhecesse e se minha mãe fosse bem sucedida com o
advogado, então ele estaria vivendo com a gente, mais cedo ou mais tarde.
Ela saiu da cama e se aproximou de mim pelas portas francesas. — Por que
você não me contou tudo isso anos atrás — Ela perguntou. — Eu poderia ter estado
lá para você.
Eu lamentava que eu não a deixei fazer isso.
Isso era algo com a qual ia ter um tempo difícil. Dul me apoiando - ou tentando - fazia este quarto parecer dez vezes menor.
Pequenos passos, baby.
Eu passei a mão pelo meu cabelo e me recostei na grade. — Quando eu
finalmente cheguei em casa naquele verão, você foi o meu primeiro pensamento.
Bem, a não ser fazer o que eu pudesse para ajudar Jax. — Acrescentei. — Eu tinha
que vê-la. Minha mãe poderia ir para o inferno. Tudo que eu queria era você. Eu te amava — Eu sussurrei a última parte, o meu estômago deu um nó com pesar.
Eu apertei meus punhos, pensando de novo no dia em que eu tinha mudado
tudo. — Eu fui a sua casa, mas sua avó disse que você estava fora. Ela tentou me
convencer a ficar. Acho que ela viu que eu não parecia certo. Mas eu corri para
encontrá-la, de qualquer maneira. Depois de um tempo, eu me encontrei no lago de
peixes no parque — Eu finalmente olhei para ela. — E lá estava você... com o seu pai e minha mãe, tocando a pequena família.
Eu entendi a confusão em seus olhos. Mesmo agora, eu sabia que era uma
triste série de pequenos acontecimentos que levei muito a sério. Eu estava errado.
— Christopher - — Ela começou, mas parou.
— Dup, você não fez nada de errado. Eu sei disso agora. Você apenas tem
que entender a minha mentalidade. Eu tinha passado por um inferno. Eu estava
fraco e sofrendo com o abuso. Eu estava com fome. Eu tinha sido traído pelas
pessoas que eu deveria ser capaz de contar: Minha mãe que não ajudou quando eu precisava dela, meu pai, que eu e meu irmão desamparamos machucado — Eu tomei uma respiração profunda. — E então eu vi você com nossos pais, parecendo a feliz família doce. Enquanto Jaxon e eu estávamos com dor e lutando para tornar isso através de todos os dias em uma peça, eu vi a mãe que eu nunca tive. Seu pai a
levava a piqueniques e para tomar um sorvete, enquanto o meu estava me surrando.
Eu senti como se ninguém me quisesse e que a vida seguiu em frente sem mim.
Ninguém se importava.
Naquele dia e as semanas anteriores foram muito, muito rápido, e, de
repente, eu era uma criança diferente.
— Você se tornou um alvo, Dul. Eu odiava meus pais, eu estava preocupado
com o meu irmão, e com certeza não podia confiar em ninguém além de mim.
Enquanto eu a odiasse, me fez sentir melhor. Muito melhor.
Eu a vi endurecer o maxilar e eu sabia que isso não era fácil para ela aceitar mais que um centímetro.
Mas eu continuei.
— Mesmo depois que percebi que nada foi sua culpa, eu ainda não conseguia
parar de tentar te odiar. Isso parecia bom, porque eu não poderia ferir quem eu
queria.
Lágrimas silenciosas caíram por seu rosto de novo, e - porra - eu não queria
Dul chorando por mim.