Fanfic: Você consegue me amar? | Tema: Gap the series

Khun Sam

O dia a dia de Khun Sam era bem previsível, rotineiro mesmo.

Fazia os exercícios de karatê pela manhã, um banho com o mesmo sabonete, shampoo de lavanda e creme corporal da mesma fragrância que usava a anos, tomava o café da manhã com a família e começava o trajeto para suas aulas.

Sam tinha 33 anos, cabelos negros e longos, olhos grandes e castanhos, corpo definido e forte pela pratica do karate. Era uma mulher bonita, muito bonita. 

Sempre preferia se vestir da forma mais confortável possível, não suportava penduricalhos, coisas que chamavam muita atenção. Às vezes uma calça de moletom e uma camisa de malha simples com boné era o traje perfeito para ela.

Sam dava aula em duas academias e algumas aulas particulares. Era faixa preta a 6 anos e foi no karatê que encontrou o equilíbrio que precisava depois dos dias sombrios que passou. Foi um longo caminho passando de faixa para faixa, se aperfeiçoando e se dedicando cada dia mais até conseguir chegar onde chegou.

Mas tinha aquele passado… aquela sombra que por mais que ela tentasse, nunca iria esquecer e iria persegui-la para o resto da vida.

No momento passava por uma forte crise financeira. A família teve que juntar todo dinheiro que tinham para custear a cirurgia de sua mãe e todos cuidados pós-cirúrgicos, remédios, etc. Khun Sam vendeu seu carro e comprou uma moto. Resumindo, ela estava quebrada.

Khun Sam entrou em contato com algumas academias, colocou anúncios na internet sobre suas aulas, mas até agora nada apareceu. Só tinha como fonte de renda as aulas nas duas academias e dois alunos particulares.

Na hora do almoço, seu celular toca:

• Boa tarde, gostaria de falar com a professora Khun Sam.


• Boa tarde. É ela mesma. Quem fala?


• Ah Khun Sam, meu nome é Kirk. Você dá aulas para crianças?


• Sim, qualquer idade se não houver nenhum problema de saúde.


• Ótimo,ótimo! Meu filho tem cinco anos e gostaria que ele iniciasse no karatê logo cedo. Você teria algum horário esta semana para nos encontrarmos?


• Tenho sim… Pode ser depois de amanhã à tarde?


• Para mim está perfeito. Vou te mandar o endereço por mensagem e nos vemos às… 14h?


• Por mim tudo bem Sr. Kirk.


• Então nos vemos. Obrigado pela atenção.


• Eu que agradeço sua ligação, abraços.

Khun Sam respirou aliviada, pelo menos seria mais uma aluno para ajudar com suas dívidas.

Mon

Era 15h quando Mon acordou. Tinha dormido com a roupa que saíra ontem a noite. A cabeça latejava, gosto de bebida e vômito na boca e uma vontade de ficar na cama até a próxima semana, sem se mexer.

Esticou o braço até a pequena cômoda ao lado da cama, pegou um dos frascos de seus comprimidos e tomou logo dois de uma vez.

Sentia cansaço. Tanto físico como mental. Sem forças e sem disposição para nada. Seus únicos compromissos eram as gravações do próximo disco e as festas e mais festas à noite sempre com sua trupe: Jim e Tee. Tinha que aturar os velhos babões, os outros homens idiotas, as mulheres com roupas sensuais se jogando em cima dela. Todos a olhavam e pensavam em uma única coisa: SEXO!

Mon era uma mulher extremamente bonita e sensual. Cabelos longos, pele impecável, olhos castanhos. Não era alta, mas tinha um olhar penetrante, implacável. Era definitivamente difícil resistir a Mon. 

Ela odiava isso! Odiava! Às vezes queria que ninguém a visse, queria ficar invisível, mas era tarde demais. Ela entrou no jogo e agora era quase um vício. seduzir e levar para cama o maior número de homens e mulheres que conseguisse.

Quando pensava nisso sentia raiva “Porra de cabeça de merda que tenho!”

• Dara!! Traz minha bebida. A garrafa do quarto está vazia!

O celular de Mon toca. Kirk.. Ela não queria atender, a voz dele a enjoava mas tinham um filho juntos e era obrigada a falar com o ex de vez em quando.

• O que é Kirk?


• Boa tarde pra você também, Mon. E como foi a noite? Mais uma daquelas de bebedeira com seus amigos fiéis de putaria?


• Não enche o saco Kirk! O que você quer?


• Só para avisar que depois de amanhã passarei por aí. Quero ver o Niram e marquei com a professora de karatê. Ele vai começar a fazer aulas.


• Palhaçada isso, mas se é você que vai pagar tô me lixando.


• Mon, esteja em casa por favor às 14h para conhecer a professora. Pelo menos finja que tem interesse no bem estar do nosso filho e eu finjo que acredito.


• Vai se ferrar Kirk! - E desligou o telefone.

Dara chegou com a garrafa de Gim, deixou no pequeno bar do quarto e disse:

• Sra. Mon o Niram já tomou seu lanche da tarde. Yuki pode levar ele para a piscina um pouco?


• Tanto faz, ela que vai se molhar… vai, vai… pode.

Dara, trabalhava para Mon a 4 anos e conhecia muito bem suas reações tempestuosas, palavrões e gritos e também seus silêncios.

Dara sabia que Mon chorava escondida e muitas vezes chorava dormindo, mas ela agia como se não soubesse de nada. Dara sabia que quanto menos perceptível fosse, menos acessos de raiva Mon teria.

O celular de Mon apita avisando que chegou mensagem no grupo do zap:

Jim “Bandida! Nem vi você sair da festa! Levou quem pra casa ontem?”

Tee “Mon, você tava muito louca! Acho que bebeu tudo que tinha na festa!”

Mon “Eu nem lembro como cheguei em casa, mas não trouxe ninguém. Trepei no banheiro mesmo com aquela mulher de vermelho que tava me enchendo o saco. Meu motorista me trouxe nem sei que horas”

Tee “Aquela gostosa de vermelho? Uiiiiii”

Jim “Credo, como vocês são óbvias. Tanto homem lindo e tu vai dar pra mulher, não entendo mas o corpo é teu...”

Mon “Jim não enche meu saco e Tee ela só tinha corpo bonito mas de gostosa não tinha nada, na próxima eu passo pra você"

Jim “Hoje tem algum rolê ? Não achei nada na agenda…”

Mon “Hoje preciso ficar em casa e tentar recuperar a garganta pq tenho estúdio. Minha voz tá uma merda. Bye bye”

Tee e Jim “Bye bye Baby, nos falamos depois”

Khun Sam

• Oi mãe, oi Song. Oi Filho!

Kla, o cachorro de Sam correu para dar as costumeiras lambidas.

• Oi filha, tudo bem? muitas aulas?


• O de sempre, mas acho que consegui mais um cliente. Vou conhecê-lo depois de amanhã.


• Ah, graças a Deus filha! Um dinheirinho a mais vai ser muito bem vindo. Nossa conta de luz já tá atrasada…


• Vamos resolver isso mãe, não se preocupe. Song, você não deveria estar estudando ao invés de ficar grudada no vídeo game?


• Ah, dá um tempo Sam! Tava na faculdade de manhã e estudei um pouco de tarde, preciso me distrair também. Para de pegar no meu pé!

Você que deveria sair um pouco pra melhorar essa cara de mafiosa rsrs

• Eu nem vou discutir com você Song, tô cansada e vou subir.

Sam se preocupava com a irmã, com seu futuro, mas sabia que Song era jovem e era rebelde. “Coisa de jovem sam, coisa de jovem” disse a si mesma.

Tomou seu banho e desceu para jantar quando a campainha tocou.

• Nitta! Saudade de você ! Abandonou a gente é?


• Song deixa de ser exagerada, eu vim aqui semana passada rsrsrs

Sam já chegou?

• Já sim. Deve tá na cozinha com mamãe.

Nitta se aproxima devagar por trás de Sam e dá um beijo estalado em sua bochecha pegando Sam de surpresa.

• Aiii que susto garota!


• Oi Nitta, janta com a gente?


• Claro tia, vim pra isso mesmo. tô morrendo de fome rsrsrs


• Descarada demais você - Diz Sam rindo

Nitta e Sam foram namoradas a 4 anos atrás, mas hoje eram só amigas. Nitta era extremamente bonita e ainda nutria paixão por Sam, por isso preferiu ficar perto como amiga do que longe sem poder ter contato.

Depois de jantarem e conversarem na sala, Sam resolveu subir.

• Vamos Kla, vem dormir com a mamãe.

• Vou com você Sam, conversamos um pouco antes de eu ir embora

Nitta e Sam subiram. Sam começou a escovar os cabelos enquanto falava sobre amenidades e Kla se deitava em sua caminha ao lado da cama de Sam.

• Deixa eu escovar pra você… - Disse Nitta pegando a escova de Sam

Nitta começou devagar, escovando para os lados os cabelos longos de Sam, depois para o outro lado “Impressionante que você tem o mesmo cheiro de sempre Sam…”

• Claro Nitta, eu uso a mesma coisa a anos, então é o mesmo cheiro.


• Por sinal delicioso… - Disse Nitta dando um cheiro nos cabelos de Sam.


• Nitta, para… Já falamos sobre isso.


• Sam… você não sente falta de mim, nem um pouquinho?


• Nitta…


• Tá bem, entendi. Desculpe mas você sabe que eu ainda gosto de você, nunca te escondi isso.


• E eu nunca te escondi que hoje te vejo como uma amiga. Vamos deixar isso como está tá certo?


• Táaaaa tá bem. Bem pelo menos tentei né - Disse Nitta rindo


• Você não tem jeito garota… - E Sam riu

Hoje era o dia de conhecer o Sr Kirk. Sam viu que o endereço ficava num bairro nobre, só tinha casa chique.

Chegou na residência de Mon e Kirk exatamente às 14h. Uma empregada a atendeu e a conduziu para a sala onde Kirk já estava.

• Boa tarde, Sra Khun Sam?


• Srta.. Pode me chamar de Sam. Muito prazer Sr Kirk


• O prazer é meu, vamos sentar? Por favor… Então, como havia lhe dito ao telefone, quero que meu filho comece desde cedo no Karatê. Eu aprendi alguma coisa mas não levava muito jeito, porém meu pai era incrível. O Karatê era a paixão dele.


• Entendo… qual a idade do seu filho mesmo?


• Ele tem cinco anos. Acha muito cedo?


• Não, de forma nenhuma. É até melhor começar mais cedo pq o corpo memoriza, ele vai aprender sobre respiração, concentração apesar de ser uma criança ainda.

Nessa idade começamos bem devagar, tem que respeitar o ritmo de cada um.

• Ah, que bom! Vou pedir pra trazer ele pra você conhecer.

“Dara, pede para Yuki trazer o Niram aqui por favor."

Srta Sam, estou feliz que poderá dar as aulas para meu filho. Tive excelentes referências suas.

Eu na verdade não moro aqui, somos divorciados. Quem mora aqui é minha ex mulher e meu filho.

• Entendi

Entra na sala Yuki e um menino lindo com cara de curioso.

• Niram, cumprimente a Srta Sam. Ela será sua professora de Karatê


• Minha o que? Jura papai? Eu vou dar golpes igual nos filmes?


• Niram, cumprimente…

O menino faz uma leve curvatura em direção a Sam e sorri

• Muito prazer Niram. Você parece ser um rapazinho muito esperto e forte!


• Ah sou muuuuuuuito forte não é papai? Consigo até levantar as pedras no jardim sozinho - Diz Niram com orgulho


• Nossa! Então terei que tomar cuidado com seus golpes não é?

Niram sorri de novo, estava muito animado!

• Agora vai com a Yuki filho. Hora do seu lanche… Mas antes vem aqui me dar um abraço!

Niram correu para os braços do pai dando um abraço forte, cumprimentou de novo Sam e saiu dando golpes de karatê com as mãos pelo ar.

• Tenha modos e não corra dentro de casa Niram

Sam se virou e viu Mon. Ela estava de cabelos soltos, com um vestido branco solto no corpo e um copo de Gim na mão. Sam reconhece aquele rosto de capas de revistas e da TV.

• Essa é a Sra Mon, mãe do Niram - Disse Kirk


• Mon, essa é Srta Sam, a professora de Karatê do Niram.


• Muito prazer Sra Mon, você tem um filho lindo e esperto

Mon sentou na poltrona em frente a Sam e rapidamente observou a mulher. Pensou “Interessante…”

• O prazer é meu Srta Sam. 


• Srta Sam, eu vou deixar você marcar os dias e horários com a Mon pq afinal ela que mora aqui e sabe os horários das atividades do Niram. Eu preciso ir pois tenho uma reunião. Me passe por mensagem os valores e sua conta do banco. Vou transferir o referente a três meses pq vou viajar e ficarei fora do país por um tempo. Quero deixar tudo arranjado para não correr o risco de ficar adiando.

Sam quase se engasgou com a própria saliva quando ouviu “vou transferir referente a três meses”.

• Sim te passo hoje mesmo, pode deixar. - Disse Sam


• Então vou indo, muito prazer Srta Sam! Sempre que possível mande vídeo das aulas do Niram, ok? Vou tentar acompanhar da melhor forma que puder. - Disse Kirk


• Pode deixar que envio sim.


• Mon, vou lá me despedir dele. Qualquer coisa me ligue e marque logo agora os dias e horários das aulas, ok?


• Ok Sr Kirk. Boa viagem. - Respondeu Mon

Kirk, fez uma leve reverência para Sam e saiu.

Mon finalmente falou:

• Então… Sam não é? Como está sua agenda?


• É melhor a Sra me dizer quais os horários melhor para o Niram que eu encaixo. - Disse Sam


• Ele chega da escola às 13h30. Terças e quintas tem aula de piano e sexta de inglês. Fora isso, a agenda dele é livre.


• Huumm, então podemos marcar 2 aulas por semana. Segunda e quarta às 15h. Fica bom assim para vocês?


• Pode ser. Fica marcado então. Se tiver que comprar alguma coisa para aula, me avise para que eu providencie. - Rebecca se levantou para encher de novo seu copo.


• Só um kimono e a faixa branca. Nessas lojas de esporte a Sra encontra.


• Eu não iria procurar numa sapataria Srta Sam, fique tranquila.

Mon volta a poltrona, senta, olha nos olhos de Sam e pergunta:

• Você dá aula à muito tempo?


• Sim, a pelo menos seis anos - Responde Sam


• Você não é de falar muito não é? Parece ser …humm retraída.


• Não costumo falar muito. Gosto de dar aulas e só. - Diz Sam


• Então você, posso chamar a Srta de você? - Diz Mon


• Claro, sem problemas


• Então você é um pouco limitada… econômica com as palavras


• Pode-se dizer que sim. Prefiro dessa forma - Responde Sam olhando nos olhos de Mon


• Ok então, que seja. Aguardamos você depois de amanhã, quarta às 15h


• Certo, estarei aqui no horário Sra Mon. Então vou indo. Muito prazer em conhecê-la


• Digo o mesmo Sam

Sam saiu da casa, pegou sua moto e partiu. Da janela Mon olhou e pensou: “Essa mulher é estranha…”