Fanfics Brasil - Parte Um - Bruce Fighting Myself

Fanfic: Fighting Myself | Tema: The Batman, Sons of Anarchy, Aquaman, Mayans MC


Capítulo: Parte Um - Bruce

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‘‘Terça-feira, primeiro de outubro de 2019.


Hoje o incidente completa três meses. Três meses desde que o carro afundou na baía, três meses depois de quase morrer afogado.


Três meses sem saber quem me salvou.


Tenho procurado por ela como um louco e Alfred não acha que eu deveria continuar minha busca, diz que é uma obsessão nada saudável – como se alguma obsessão fosse saudável...


Mas eu preciso saber quem ela é, já que foi ela quem me tirou do carro e me tirou do meu uniforme – uniforme esse que eu nem sei se conseguirei recuperar. Não consigo tirar da cabeça aqueles dois olhos azuis brilhantes. Quando me deixou no hospital, sem saber quem eu era, ela entregou um nome que depois se revelou falso, me fazendo andar em círculos sem chegar a lugar algum, sem saber onde deveria procurar.


Encontrá-la é uma questão de segurança. O que tem me engolido vivo é o fato de que eu consigo me lembrar com clareza do rosto dela, mas não consigo encontrar registros oficiais dela. Ela é procurada por agressão e baderna, mas sob nomes falsos. Literalmente uma das piores coisas que poderiam acontecer.


Ela sabe quem eu sou e sabe como eu saio à noite. O futuro do legado da minha família ainda reside nas mãos de uma estranha que eu não sei o que poderia querer de mim em troca de silêncio. Alguém que pode me destruir e tudo o que eu tenho feito durante dois anos em um piscar de olhos. Eu mal durmo à noite, quando consigo dormir, e monitoro constantemente notícias a meu respeito, coisa que nunca me interessei em fazer antes.


Tenho vivido em um inferno regado à paranoia, insônia e café.


Eu só quero que isso acabe logo’’.


Bruce largou a caneta, fechando o caderno onde se lia ‘‘Projeto Gotham, ano 2, outubro’’, suspirando. Estava exausto depois de mais uma noite rondando a cidade, patrulhando, brigando com criminosos e salvando alguns indefesos – quando conseguia agir a tempo.


Alfred apareceu no andar subterrâneo algum tempo depois, como sempre fazia assim que percebia que ele tinha voltado, trazendo uma caneca de café recém-feita e deixando ao lado do mais novo. Observou com ele as gravações da noite anterior em um dos monitores.


– Alguma novidade?


– Mais do mesmo. Nada dela ainda.


– Sei que não acredita em mim, mas no momento em que parar de procurá-la vai se deparar com ela. Dê algum tempo para a sua mente descansar, Bruce.


– Não posso, tô ocupado.


– Se não diminuir a velocidade agora vai acabar infartando antes dos trinta. É assim que pretende ajudar a cidade? – chamou sua atenção como se ele fosse uma criança. Bruce não respondeu, apenas desviando o olhar para uma tela. Alfred suspirou, desistindo do tópico. – Tome um banho, por favor. Dory já preparou seu café da manhã, não faça desfeita.


Era frustrante lidar com as tentativas de Pennyworth de ser uma figura paternal. Bruce não tinha tempo a perder criando laços com ninguém, e muito menos tinha tempo para ouvir sermão depois de adulto. Ele sabia se cuidar, não precisava de ninguém chamando sua atenção como se fosse um menino pequeno.


De qualquer forma, subiu para tomar café, colocando um par de óculos escuros para proteger sua vista cansada da noite agitada. Enquanto comia o desjejum preparado com esmero pela adorável senhora Dory, começou a verificar suas correspondências, mais para passar o tempo do que por interesse. Um convite chamou sua atenção, vinha de um antigo colega da faculdade de medicina – faculdade essa que ele havia largado quase no fim, para o choque geral.


‘‘Achei que iria gostar. Algo pra te fazer sair um pouco da sua toca’’, estava escrito do lado de fora do envelope. Dentro dele, um flyer de um show com várias bandas covers de outras bandas, misturando rock de décadas diferentes. Era o tipo de evento underground que ele, nas raras vezes em que saía da mansão, gostava de frequentar. Ouvir música boa seria legal, pra variar.


Depois de comer, Bruce se enfiou embaixo dos cobertores em sua cama e dormiu quase que o dia inteiro, o que parcialmente serviu como alívio para Alfred. Algumas horas de sono o fizeram acordar meio grogue, especialmente considerando o monte de sonhos que teve, sonhos sem sentido que apenas o fizeram se sentir mais exausto do que antes.


De qualquer forma, ele estava decidido a sair naquela noite para espairecer. Colocou jeans, camiseta, e uma jaqueta de couro para combinar com os coturnos, todos em preto. Ao vê-lo sair de seu quarto arrumado daquele jeito, descendo as escadas quase aos pulos, Alfred até se assustou com a visão.


– Vai se infiltrar em algum lugar?


– Não. Vou seguir o seu conselho – o fez arquear as sobrancelhas. – Vou descansar a minha mente por aí.


– Ótimo – Pennyworth sorriu. – Divirta-se! – o encorajou conforme o mais novo seguia para o elevador antigo de estética gótica, descendo para a garagem.


Mesmo em uma noite casual como aquela, ele ainda optou pela moto pela fluidez. Encontrar o endereço da pequena casa de shows não foi difícil, difícil mesmo foi passar pela entrada sem atrair olhares surpresos e curiosos. Bruce deu o seu melhor para não ser rude, mas as pessoas tendiam a ser invasivas. O máximo que ele podia fazer era ignorar o falatório delas.


Em meio ao mar de gente e luzes baixas, rock dos anos 60 tocando, ele percebeu que dificilmente encontraria o ex-colega de faculdade, e talvez fosse melhor deixar as coisas daquele jeito mesmo. Bruce encontrou um lugar vago no bar e lá ficou, pedindo por uma dose dupla de uísque. Não costumava beber, mas um pouco de álcool naquela noite talvez o ajudasse a relaxar.


A banda no palco tocou sua última música, e durante o intervalo de preparação da banda seguinte, músicas genéricas tocaram ao fundo, músicas de gosto duvidoso que fizeram Bruce bufar de tédio. Ainda havia um longo caminho até os anos 90, quando o rock era realmente o melhor – na visão dele.


Algum tempo depois, a banda seguinte começou a tocar. Bruce nem ao menos tinha se dado ao trabalho de memorizar o nome do cover, mas detectou The Runaways sendo tocado e se virou para ver melhor o que estava acontecendo e quase se engasgou com o uísque que tinha acabado de pôr na boca.


Se Alfred estivesse ali, provavelmente diria: ‘‘Viu?! Eu avisei!’’.


Ele não imaginou que reconheceria seu rosto tão bem quando o visse pessoalmente de novo, mas foi justamente o que aconteceu ali. Os cabelos pretos meio repicados nas pontas, camiseta preta rasgada em pontos estratégicos, jeans escuro também rasgado - nos joelhos, all star preto, e uma voz furiosa nos vocais que dividia com outra vocalista enquanto cantavam ‘‘Dead End Justice’’.


Pensou nas possíveis abordagens que poderia tentar assim que tivesse uma oportunidade. A banda anterior não passou nem uma hora no palco, o que dava a ele esperança de que aquela banda cover também não ficaria muito tempo. Então: 1) ele poderia se arriscar e segui-la para descobrir onde ela se escondia e quem ela era, mas não estava equipado para fazer isso sem passar despercebido - um erro grotesco dele ter saído sem preparo naquela noite, 2) poderia esperar o final da apresentação e chamar a atenção dela para uma conversa que poderia não acontecer, ou 3) se aproximaria o máximo possível do palco para encará-la de perto, na esperança de que ela o reconhecesse.


Mas as consequências de uma aproximação abrupta eram variadas, também. Ele não queria assustá-la, só queria respostas.


Então usou de toda a paciência que não tinha para permanecer ali até que o show deles acabasse e ela saísse do palco.


O problema foi que uma discussão começou a rolar entre ela e um cara na pista e depois que ela desistiu de discutir pelo microfone, tirou sua guitarra dos ombros, e se jogou sobre o estranho, a coisa ficou feia. Muita gente tentando separar a briga, outros incitando ainda mais a confusão, e Bruce apenas tentou atravessar a multidão até chegar na desconhecida para, com sorte, tirá-la dali para conversar.


Não chegou a tempo de evitar que ela, uma baixinha de prováveis 1,60m segurasse o cara pelo pescoço e o girasse no ar até cair de costas, levando os espectadores à loucura. Alguém gritou que havia chamado a polícia, e quando ela percebeu isso começou a correr pelos fundos do bar e ele correu atrás dela - não era o único, mas depois de atravessarem alguns becos, somente os dois corriam pelas ruas mal iluminadas.


Ele não fazia ideia de que ela podia ser tão rápida nas pernas, já que teve dificuldades em manter seu ritmo atrás dela - mesmo fazendo exercícios diariamente para manter a forma.


Ela virou uma esquina e ele apressou o passo para não perdê-la de vista, e no momento em que virou para a esquerda…


Um soco bem dado em cheio no seu nariz, e forte o suficiente para fazê-lo cair pra trás na rua molhada.


– Por que tá me seguindo, porra?! – ela esbravejou esbaforida.


Segurando firme seu nariz, sentindo que tinha quebrado o mesmo por causa do sangue, ele se sentou no chão molhado das ruas de Gotham e a encarou.


– Precisamos conversar.


– Sai fora – lhe deu as costas.


– Três meses atrás – a fez parar onde estava. – Porto de Gotham.


– O que tem isso? – ela pôs as mãos na cintura, se virando impaciente para encará-lo.


– Quero o meu traje de volta.


Alguma coisa com certeza estalou na cabeça dela, pois ela arqueou tanto as sobrancelhas que quase parecia que o rosto dela tinha travado.


– Ah… Você. Você é o zé ruela que se veste de morcego – riu pelo nariz. – Não te reconheci. Aquela coisa horrorosa que põe na cabeça precisa ser refeita, aliás.


– Como eu disse – levantou com dificuldade, se aproximando dela. – Precisamos conversar.


– E se eu não quiser? – cruzou os braços contra o peito.


– Vou te segurar até a polícia vir.


Ela riu.


– Boa sorte fazendo isso, grandão. Acabo com você como acabei com aquele idiota lá.


– Me salvou só pra me dar uma surra? – limpou o sangue fresco que escorria do nariz.


– Te salvei porque você é um idiota que não deveria usar peso no corpo pra nadar.


– Eu não… – engoliu a seco. – Não estava preparado pro que aconteceu aquela noite.


– Ah, não diga!


– Por favor – insistiu. – Temos que conversar. Prometo deixar você em paz depois.


– Ah, claro – lhe deu as costas de novo, começando a se afastar.


Ele só tinha uma última cartada.


– Pago 5 mil se vier comigo.


Ela grunhiu irritada, a mão nervosa coçando a cabeça.


– Merda… Tá – se virou para ele. – Tem uma lanchonete aqui perto.


– Não, não em público. Venha comigo – começou a refazer o caminho por onde correram, e ela o seguiu a contragosto.


– Olha só, se tentar alguma gracinha eu te mato – apontou o indicador na cara dele.


– Entendido.


– E vou querer os 5 mil.


– Fechado.


Como alguém tão pequeno conseguia concentrar tanto ódio em si?


Se esgueiraram pelos becos até voltar para a área do bar e ele encontrar sua moto de novo. Ele entregou a ela seu único capacete, que ela aceitou reclamando, é claro, e ele acelerou de volta para casa o mais rápido possível.


Ela ficou além de boquiaberta parcialmente irritada quando se deu conta de que ele morava em uma mansão gigantesca de estilo gótico. Ainda mais irritada quando ele a levou diretamente para a garagem subterrânea dele e se deu conta dos aparatos nada baratos que ele tinha para usar como vigilante.


– Agora entendi o mau gosto pra roupa – olhou ao redor. – Gente rica não tem noção… Especialmente de perigo, pelo visto. Por que me trouxe pro seu esconderijo? – desceu da garupa, tirando o capacete. – Não tem medo de eu usar isso contra você?


– Não tenho medo, mas não quero uma inimiga. Salvou minha vida e eu tenho uma dívida com você. Quero saber como me encontrou naquela noite. Eu estava quase no fundo da baía e estava escuro. Como teve força o suficiente pra me tirar de lá sozinha?


Ela riu baixinho, desviando o olhar enquanto caminhava pela garagem, curiosa sobre o que cada equipamento fazia.


– É um interrogatório, morcego? Se você vai me interrogar, podia ao menos me dar uma bebida antes…


O som de engrenagens chamou a atenção dos dois, que se viraram para o elevador antigo, de onde o leal mordomo saiu, caminhando apoiado em sua bengala enquanto trazia em outra mão uma bandeja de prata com duas xícaras brancas em cima e um bule de mesma cor.


– Oh… – arqueou as sobrancelhas ao vê-la. – Olá.


– Oi – respondeu desconfiada. – Você é outro vigilante?


– Ah, não – ele riu um pouco, continuando a se aproximar. – Suponho que você seja a garota misteriosa que salvou este teimoso – fez Bruce revirar os olhos.


– É, ele é um saco, se eu soubesse que encheria minha paciência, teria deixado ele se afogar – forçou um sorriso. – Olha só – ela se virou de volta para o morcego. – Eu não dou a mínima pra quem você é, entendeu? Salvei sua vida, você não me deve nada, eu não tenho o menor interesse em te chantagear pra conseguir alguma coisa, se essa é a sua preocupação. Quero que me deixe em paz, pode ser?


– Como vou saber que está falando sério?


– Não vai – ela deu de ombros. – Se serve de consolo, eu vou embora dessa pocilga de cidade e você nunca mais vai ter que se preocupar comigo. Feliz?


– Não.


Ela revirou os olhos, grunhindo irritada.


– Você dá muitos nomes falsos – chamou sua atenção, e de imediato ela assumiu uma postura rígida, o encarando seriamente ao engolir a seco. – De quem tá fugindo?


– Não é da sua conta.


– Talvez vocês tenham começado com o pé esquerdo – Alfred forçou um sorriso, tentando dispersar a tensão. – Gostaria de um chá?


Ela semicerrou os olhos.


– Não coloquei nenhuma droga no chá, se é a sua preocupação.


Antes que ela pudesse retrucar, seu estômago roncou alto demais, a deixando imediatamente vermelha de vergonha.


– Ah, um jantar, talvez – Alfred sorriu mais tranquilo. – O que acham de continuar essa conversa no andar de cima?


Os dois deram respostas diferentes: ela um ‘‘não’’ envergonhado, Bruce um ‘‘claro’’, mas alguma coisa começou a vibrar, chamando a atenção de todos. Ela tirou o celular do bolso e se assustou.


– Tenho que ir! O jantar fica pra próxima! – começou a correr para o final da garagem.


– Ei! – Bruce a chamou. – Espera! – correu até sua moto. – Eu nem sei seu nome!


Acelerando até ela, entregou o capacete de novo para que ela subisse enquanto os portões da garagem subterrânea se abriam.


– Pode me chamar de Liv!


Alfred observou de longe, suspirando.


– Os jovens de hoje em dia, sempre com uma enorme pressa…



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Autor(a): alexis_rodrigues

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