Fanfics Brasil - Parte Dois - Liv Fighting Myself

Fanfic: Fighting Myself | Tema: The Batman, Sons of Anarchy, Aquaman, Mayans MC


Capítulo: Parte Dois - Liv

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Aquela mensagem de texto tinha chegado na hora certa pra salvá-la de uma possível enrascada.


Obviamente ela não queria que o esquisito soubesse onde ela morava, então insistiu que ele a deixasse a uma quadra de distância do apartamento que dividia com as amigas e ficou de olho por um bom tempo até ele sumir de vista e ela não ouvir mais a moto dele por perto.


Acelerou os passos até seu bloco, correndo escadarias acima até chegar ao seu apartamento para trocar de roupa e ficar ‘‘apresentável’’. Os deuses bem sabiam o quão estranha era a definição daqueles homens para aquela palavra, mas ela não podia se dar ao luxo de ficar incomodada com as roupas que teria que usar e a forma como precisaria agir. Precisava da grana que aquele emprego poderia oferecer, e juntar o suficiente pra conseguir sair da cidade e encontrar um lugar mais confortável longe dali.


Pegou a peruca loira que Selina havia emprestado a ela e a encaixou na cabeça rapidamente. Lavou o rosto, aplicou um pouco de lápis de olho preto e um batom de vermelho vivo e se enfiou em outra calça de couro preto justa, o busto em um corselet de látex da mesma cor, assim como a jaqueta que ela colocou para cobrir o decote revelador. Odiou ter que colocar saltos altos, mas Selina havia lhe emprestado um Scarpin e disse que ela deveria mesmo usar.


Saindo rapidamente, entrando no primeiro táxi que passou, direcionando-o para o Clube Iceberg. Seu estômago revirava de nervoso, mas um emprego era um emprego, ainda que fosse no pior lugar possível. Gostaria de pensar que ao menos entre os diabos conhecidos estaria camuflada dos outros à sua espreita.


Chegando na entrada, foi recebida por um dos famosos Gêmeos, e disse que estava ali a mando de Oz. O outro gêmeo, que ela não se importou em saber o nome, a conduziu pelo clube, sob as luzes estroboscópicas e o som alto que atordoava os ouvidos dela.


Depois de atravessar passarelas cheias de gente e de outros seguranças, o gêmeo bateu em uma porta e recebeu permissão para entrar, a entregando e saindo sem olhar pra trás.


– Você deve ser a famosa Liv.


Sentado em um sofá vermelho pequeno estava um homem de meia idade meio gordo, meio careca, com o rosto danificado por cicatrizes. Vestia um terno com gravata borboleta - formal demais em um lugar como aquele. Levantou e calmamente caminhou até ela, os olhos escuros a devorando silenciosamente, a fazendo engolir a seco, mantendo a postura ereta, os braços cruzados para trás.


– Selina me falou sobre você, disse que tem experiência com vários trabalhos diferentes.


– Sim, senhor – pigarreou, forçando um sorriso rapidamente. – Trabalhei como mecânica, garçonete, dançarina, segurança pessoal…


– Segurança? – ele riu um pouco. – Não me leve a mal, querida, mas é meio difícil de acreditar que uma moça franzina poderia ser a segurança de alguém, mas é algo… Interessante. Você tinha a minha curiosidade, agora tem a minha total atenção. Gostaria que me mostrasse o que sabe fazer. Está a fim de um desafio?


– Se for do seu agrado – outro sorriso forçado.


Oz sorriu de canto, tirando seu celular do bolso e ligando para alguém, mandando trazer os gêmeos até a sala dele.


Eles apareceram prontamente, é claro, sem entender.


– Rapazes, os chamei aqui para um pequeno teste com a Liv aqui – no que os dois sorriram maliciosamente. – Ela disse que já trabalhou como segurança pessoal, quero que a ponham à teste.


– Segurança? – um deles riu. – Baixinha e magricela desse jeito?


– Tem certeza de que quer fazer isso, docinho? – o outro a encarou. – Pode quebrar uma unha…


Liv não respondeu, os encarando apaticamente antes de se virar para o chefe e tirar sua jaqueta, o que despertou mais olhares.


– Algo específico que quer que eu faça com eles, senhor? – deixou sua jaqueta em um canto no chão.


– Se conseguir desarmá-los em cinco minutos, está contratada.


Liv estalou os ossos do pescoço, girando da esquerda para a direita, assumindo posição mais ao centro da sala, longe dos móveis.


– Vamos pegar leve com você, gracinha – um deles provocou.


– Eu não – ela respondeu sombria.


– Olha só ela, toda corajosa! – o outro continuou.


– Foco, rapazes – Oz chamou a atenção deles. – Comecem.


Um deles, presumivelmente o mais velho, avançou contra Liv, que lhe desferiu um soco forte o suficiente para empurrá-lo contra uma parede, seguido de um pontapé no estômago. O suposto gêmeo mais novo, um tanto indignado, investiu em um ataque pelas costas, mas ela o segurou pelo braço e o virou de costas, jogando-o no chão. Quando o mais velho se recuperou e partiu para o ataque, ela não lhe deu tempo: desferiu tantos socos na cara dele que o rapaz já estava cuspindo sangue, perdendo alguns dentes no processo.


Foi quando ele puxou a arma para ela.


Segurando-o pelo pulso, o apertou tanto que ele não teve escolha a não ser abrir seus dedos gritando, sentindo seus ossos estalarem perigosamente. Liv calmamente pegou a arma e a deixou sobre a mesa de Oz, que observava tudo boquiaberto. O mais novo tentou atacá-la pelas costas, a puxando pelos cabelos falsos e removendo a peruca loira, mas uma cotovelada certeira nas costelas o fez recuar sem fôlego, gemendo de dor, e uma rasteira o levou ao chão.


Um soco forte no estômago o fez vomitar rapidamente, e ela aproveitou a distração para tirar a arma dele da cintura e deixá-la na mesa com a outra.


– Como fez isso tão facilmente? – Oz a encarou com os olhos semicerrados em desconfiança.


– Tenho experiência, senhor – respondeu apática, ouvindo os gemidos dos gêmeos atrás dela.


– Estou vendo que sim. Peguem suas armas e saiam – ordenou aos dois, que com grande dificuldade começaram a recuar, fuzilando-a com os olhos. Assim que a porta se fechou, Oz ficou mais corajoso. – É mais forte do que parece, Liv. O trabalho é seu.


– O que quer que eu faça, chefe? – ela removeu a rede dos cabelos, deixando longas madeixas ruivas caírem soltas sobre os ombros.


– Com toda essa força, quero que seja minha segurança pessoal. Poderá trabalhar como garçonete aqui no clube quando eu não precisar dos seus serviços, mas quando eu chamá-la, independente do horário, terá que vir, entendeu?


– Sim, chefe.


– Agora vá, procure Selina, ela vai ensiná-la os macetes do clube – se aproximou, muito mais do que ela costumava tolerar, mas não havia nada que ela pudesse fazer. – Se algum cliente oferecer pagamento por serviços extras, não aceite. A pagarei bem o suficiente para não precisar fazer isso, não quero que perca tempo com o que não for o seu trabalho. Não use perucas aqui, querida, elas não fazem jus a esse seu rostinho lindo – segurou sua mandíbula. – E sorria. Os clientes dão gorjetas melhores às garotas sorridentes.


Ela assentiu, pegando sua jaqueta do chão e pedindo licença para se retirar da sala dele. Não sentia que tinha começado com o pé certo, mas era o que tinha em mãos e teria que fazer o melhor uso possível do seu próprio infortúnio.


Foi difícil encontrar Selina no clube, em meio à tanta movimentação, mas quando Kyle avistou Liv perdida na multidão, foi rápida em segurá-la pelo braço e levá-la a um canto.


– Os Gêmeos estão putos! O que foi que aconteceu?!


– Ele queria que eu mostrasse minhas habilidades e desarmasse os dois. Eu desarmei – deu de ombros.


– Espera aí, por que ele iria…?


– Sou segurança particular dele agora – e foi como se Selina tivesse levado um tapa, tamanha a cara de horror que fez. – Quando ele não precisar dos meus serviços, vou ficar como garçonete aqui. Ele disse que você me ensinaria os macetes…


A baixinha grunhiu irritada, desviando o olhar.


– Não era pra você se envolver tanto.


– Eu sei, não queria isso, mas preciso da grana, Sel.


– Tem outras formas de fazer isso.


– E nós duas sabemos que essa é a mais rápida.


Selina bufou, a encarando.


– Vem, vou te explicar como funciona por aqui.


Não era como se tivesse muito segredo, realmente. As regras da casa eram fáceis de seguir e ela só precisava andar na linha: não ouvir demais, não falar demais, não ver demais, não se meter onde não devia, interferir somente se necessário, não se envolver com clientes - no caso dela, é claro, já que outras garotas claramente não tinham escolha, como Annika, a colega de quarto delas.


Apesar de Selina sugerir que ela trocasse a calça de couro por uma das saias curtas da coleção das garotas, ela se recusou. Ninguém precisava ver o que suas pernas tinham, não mesmo, já era tortura suficiente ter que trabalhar usando saltos altos.


Servir bebidas e aperitivos de mesa em mesa, para clientes que tinham a mão boba em suas pernas e cintura e que faziam propostas indecentes em um piscar de olhos, era algo que ela conseguia tolerar. Já lidou com isso muitos anos antes, quando ainda vivia em Charming, mesmo sendo prima do cara mais perigoso da cidade.


O que realmente a incomodava era a parte de ter que vender drogas. De todas, a mais usada era a tal gota, da qual ela só ouvia falar, e era com o próprio chefe que ela pegava uma determinada quantidade para oferecer aos clientes.


Ela se sentiu constantemente tentada naquela noite. Tentada a experimentar aquela porcaria, tentada a dar um trago no cigarro de maconha do cliente que ofereceu a ela, tentada a se sentar nas mesas e beber com eles.


Mas não fez isso.


Se fizesse isso, todos os anos de sobriedade iriam por água abaixo assim como a sua moral, mas a noite foi uma verdadeira tortura para ela, e toda a música alta e gente conversando também não ajudou em nada.


Seu turno acabou por volta das 3h da manhã, e ela, assim como Selina e Annika, saíram do clube, pegando o mesmo táxi de volta pra casa sem trocar uma palavra durante o trajeto, mesmo que todas tivessem muita coisa sobre o qual falar. Não era seguro até em casa.


E no segundo que entraram no apartamento, Selina começou:


– Muito arriscado o que fez lá – a encarou enquanto se livrava da peruca castanha longa e Annika desabava no sofá da sala. – Os Gêmeos ficaram com a cara detonada, não estavam nada felizes, podem acabar te encurralando qualquer dia desses.


– Só estava cumprindo ordens – Liv se livrou de sua jaqueta, começando a desfazer o laço do corselet. Percebendo seu estresse com a peça, a morena se aproximou para ajudá-la a remover a roupa. – Quer falar sobre o roxo no seu braço? – encarou Annika.


A mais nova engoliu a seco, negando com a cabeça. Selina suspirou.


– Vou falar com o Oz. Isso não tá certo.


– E o que exatamente você acha que ele vai fazer? – a loira a encarou com raiva contida. – Eles são todos amigos, eu é que vou me ferrar se reclamar de alguma coisa – e então, um pouco mais calma: – Por favor, não fala nada.


As três de mãos atadas em nome de dinheiro pra pagar contas e sair daquela merda de cidade, cada uma vivendo sua parte do inferno.


Foi direto para o quarto, se livrando do resto de suas roupas, ansiando por um banho, e quando se enfiou embaixo do chuveiro frio, se ensaboou e esfregou a pele com tanta força que quase fez verter sangue.


Quando finalmente se jogou em sua cama e pegou o celular, havia uma dezena de ligações perdidas e mensagens não respondidas. Wendy, a ex-mulher de seu primo. Liv respirou fundo enquanto lia as mensagens, pensando em como responder.


Desculpe o sumiço. Consegui um trabalho novo. Estou bem, continuo na linha. Dê um beijo nos meninos por mim.


E largou o celular na mesma hora, exausta demais para continuar pensando. Só queria dormir e esquecer um pouco aquela insanidade toda que a sua vida tinha se tornado.


Mas a noite não trouxe descanso.


Ele estava às suas costas, ajudando-a a posicionar os braços e os pés no chão, apontando para as latas de cerveja à distância.


– Você vai sentir um coice, mas tem que segurar firme. Foque no alvo, respire fundo e aperte o gatilho.


BAM!


– De novo.


BAM!


– De novo.


BAM!


Um caminhão à distância buzinava alto, a moto dele indo na contramão, em direção ao caminhão. Ele sabia o que estava fazendo.


Uma tentativa de freada brusca, som de metais colidindo.


Liv acordou suando e tremendo, encarando a escuridão do quarto iluminado apenas pelas frestas na cortina da janela.


Sentia o gosto de ferro na boca. Tinha mordido um pouco da língua. Sentou na cama, tontura a abatendo um pouco. Pegou o celular no chão. 4h da manhã. Não conseguiria dormir de novo se tentasse, e não tentaria.


Levantando trôpega, acendeu o abajur e foi até o closet, que não tinha muitas roupas ou sapatos dentro. Em uma caixa de madeira, no alto de uma das prateleiras, coisas preciosas a ela.


Várias cadernetas, duas alianças, um grande álbum de fotos, a parte superior de uma armadura de escamas douradas, e um kutte manchado de sangue.


Men of Mayhem. Sons of Anarchy, Redwood Original.


Ela abraçou o colete de couro, inspirando profundamente o cheiro de cigarro, suor e sangue envelhecidos, engolindo o nó em sua garganta para não deixar lágrimas verterem.


Se ele visse o que ela tinha se tornado…


Precisava de ar fresco. Fresco, não puro, Gotham não tinha o luxo de ter ar puro para respirar, apenas o cheiro de poluição, podridão, um cadáver em forma de cidade.


Vestiu sua calça de couro e uma camiseta preta do Sons of Anarchy, colocando sua jaqueta de couro, tênis, ajeitando a peruca preta na cabeça, e saiu de mansinho para não acordar as amigas. Precisava espairecer, precisava se cansar de novo para conseguir um cochilo depois.


Em momentos como aquele, a ânsia por um cigarro era aterradora. Na maioria das vezes ela resistia bem, era uma trava de segurança que a impedia de querer outras coisas, mas naquela madrugada um cigarro era uma necessidade. Parou na primeira loja de conveniência na esquina e comprou um maço e um novo isqueiro e acendeu aquele veneno com desespero, tragando profundamente a fumaça quente e inspirando lentamente, sentindo seu nariz aquecer por dentro.


Um breve alívio.


Continuou caminhando pelas ruas cinzentas e úmidas despreocupadamente. Deveria voltar ao bar e pegar sua guitarra de volta, mas tinha a sensação de que seus companheiros de banda não teriam a deixado lá, então a pegaria mais tarde, com sorte.


– Oi.


Seus sentidos, sempre afiados, haviam falhado em perceber a aproximação da figura escondida na esquina da rua que estava prestes a atravessar. Ela se virou para encará-lo com descrença: aquela roupa dele era realmente esquisita.


– Vai ficar me seguindo toda noite, seu maluco?


– Você me deve um jantar.


Ela riu pelo nariz, tragando o cigarro de novo.


– O que aconteceu?


– Não acho que te conheço o suficiente pra falar da minha vida.


– Vi você indo pro Clube Iceberg.


– Cara! – se virou totalmente para encará-lo. – Esse negócio de perseguir os outros não é normal, vê se procura um psicólogo!


– Ainda preciso de respostas suas. Estava pensando… Se não gostaria de tomar café da manhã comigo.


Liv tombou a cabeça para trás, respirando fundo.


– Você não desiste, né?


– Só quero conversar. Por favor?


– Tá – revirou os olhos, o olhando de novo.


Ele sinalizou com a cabeça para que ela o acompanhasse, e depois de alguns instantes de caminhada, logo chegaram à moto dele, onde ela subiu à contragosto, jogando fora o cigarro para colocar o capacete.


De novo na maldita garagem subterrânea. O morcego começou a tirar algumas partes de seu traje, incluindo o estranho capacete pontudo, e então foi até o elevador, ela logo atrás. Não havia muitos botões ali, e a subida foi de um silêncio estranho, ela atrás dele, tentando observar um pouco de seu rosto, tentando decifrá-lo.


Quando as portas se abriram, eles saíram em um corredor tão escuro quanto a garagem, mas de uma riqueza evidente, estilo gótico.


– Siga à esquerda. Alfred deve estar servindo a mesa agora.


Ela se conteve de perguntar o que ele faria, porque provavelmente envolvia uma troca de roupas. Ele sumiu pela direita do corredor e ela foi para a esquerda, observando tudo com curiosidade.


O lugar tinha uma decoração sem cores vivas - e não era difícil de adivinhar o motivo - e além dos longos corredores, muitas escadas, também longas, que pareciam levar à labirintos. Liv caminhou reto por um bom tempo até chegar em um espaço aberto, onde uma mesa enorme de madeira maciça estava sendo organizada. Reconheceu o mesmo senhor de antes, que abriu um sorriso.


– Bom dia, senhorita. Fico feliz de vê-la de novo. Por favor – indicou a mesa. – Fique à vontade.


– Valeu – mordeu o lábio, desconfortável em sua própria pele quando se aproximou da mesa e sentou.


Era uma mesa farta com certeza, cheia de frutas frescas, café recém-passado de um cheiro maravilhoso, creme, açúcar, brioches e uma torta que a fez salivar um pouco.


– Café ou chá?


– Café, por favor.


– Creme e açúcar? – perguntou enquanto servia uma xícara, e ela assentiu. – Não sei o quão faminta está, mas fiz esta torta de maçã, e não querendo me gabar, é uma das minhas melhores.


– Oferecendo assim eu não tenho como recusar – sorriu sem jeito.


– Sou Alfred Pennyworth, a propósito.


– Liv – mordeu o lábio.


– Se não se importar com a minha ousadia em perguntar, Liv, você não é daqui, é? – a fitou brevemente, entregando-lhe a xícara de café com creme.


– Não – tomou um gole do café quente, sentindo suas forças começarem a voltar. – Já estive em vários lugares. Por que ele é tão insistente em falar comigo? – indagou baixinho.


– O patrão não é do tipo de homem que desiste das coisas, muito menos do tipo que consegue dormir à noite sem as respostas que deseja. Salvou a vida dele – a fitou. – E as circunstâncias daquela noite foram… Peculiares – a fez engolir a seco.


– Peculiares como? – se fez de boba.


– Você arrancou a porta do meu carro.


Ela virou a cabeça na direção dele, que agora parecia um ser humano de novo, com roupas limpas, cabelo molhado e um olhar intrusivo. Havia aparecido no campo dela de novo sem que ela notasse, de novo - o que já começava a irritá-la.


– Como é que é? – ela arqueou as sobrancelhas.


– Eu me lembro daquela noite – se aproximou da mesa, sentando na cadeira na frente dela, Alfred dando a volta na mesa para servi-lo. – Lembro de você se aproximando na água, ouvi sua voz – a fez engolir a seco. – Vi seus olhos brilhando, e vi quando arrancou a porta do carro pra me tirar de lá.


Ela não contava com a boa memória dele.


Como fez isso? Por que é tão forte?


A adrenalina começava a bombear pelas veias dela, e ela sabia, pelo canto do olho, que uma faca nada barata estava à sua esquerda.


– Salvei você – largou a xícara de café na mesa. – Contente-se com isso. Minha vida não é da sua conta.


– Você sabe o meu nome, conhece meu rosto, sabe o que eu faço, e é mais forte do que parece. Quem é você, Liv?


– Tá legal, já chega – se levantou da mesa, dando a volta para sair dali o quanto antes.


Ele levantou logo atrás, alcançando-a e segurando-a pelo pulso.


Em um movimento brusco e violento, ela girou para empurrá-lo - um empurrão forte demais que o lançou até o outro lado da sala e o deixou no chão. Alfred fez menção de se aproximar, e ela ergueu os punhos, receosa em atacar um senhor de bengala.


– Está tudo bem, Liv – ele fez um gesto de rendição com a mão livre. – Não iremos machucá-la.


– Só quero que me deixem em paz! – e sua voz tremulou mais do que ela gostaria.


– De quem está fugindo? – Bruce perguntou quase gemendo quando levantou do chão com dificuldade.


– Não é da sua conta! – esbravejou.


– Posso te ajudar – ele insistiu.


– Não! Ninguém pode!


– Você viu algo que não devia, não é? – Bruce começou a caminhar em sua direção, e ela estava pronta para brigar. – Algo com a máfia, talvez? Por que está trabalhando no Clube Iceberg?


– Porque tenho contas pra pagar! Nem todo mundo nasce rico igual um zé ruela mimando como você! Vivendo num lugar chique desses, deve ter uma família rica e de nome famoso, né?!


O morcego trocou um olhar confuso com Alfred.


– Espera, você não… Não sabe quem eu sou?


– Eu tenho cara de adivinha, por acaso?! Eu só te larguei no hospital, eu não fiquei lá pra querer saber da sua vida, cara!


Ele fechou os olhos, apertando a ponte do nariz, respirando fundo.


– Me parece, patrão, que a sua paranoia foi desnecessária – Alfred suspirou, se apoiando em sua bengala.


– Eu tenho coisas mais importantes com que me preocupar do que usar o segredo de um riquinho contra ele – Liv encarou o mordomo. – Problemas reais, sabe? – fuzilou o morcego com o olhar.


– Eu não sabia que você não sabia. Me desculpe – a fitou.


– Agora já sabe. Vai me deixar em paz?


– Você tem uma força impressionante e habilidades… Não-humanas, Liv. Alguém como você seria muito útil para a cidade.


– Ah, não, nem vem, tô fora – lhe deu as costas.


– Uma parceria seria bem-vinda no trabalho. Posso pagá-la por seu tempo se me ajudar.


– De novo com o lance de dinheiro? – se virou irritada. – Acha que é só oferecer dinheiro e as pessoas vão fazer o que você quer? Sai fora! Você nem me pagou os 5 mil que prometeu!


Ele retirou do bolso um maço de dólares, colocando-o sobre a mesa. Liv praguejou internamente, semicerrando os olhos.


– Se não se importar, gostaria de ter uma conversa decente com você. Se depois disso não quiser participar do que vou propor, não a importunarei mais. Poderia me ouvir?



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Autor(a): alexis_rodrigues

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