Fanfic: Au Pair - Vondy (Finalizada) | Tema: Vondy

Christopher Uckermann 🍼

Definitivamente Dulce era a mulher mais bonita que eu já tinha visto. Não que as mulheres daqui fossem assim, mas ela parecia ter um brilho especial. Além de ser bastante atrapalhada e engraçada. Quando a Grace disse que ela se parecia com a princesa Ariel, eu tive que concordar, porque literalmente aqueles cabelos vermelhos os lábios rosados e o olhar impactante, a fazia jus do título. Sem contar no seu sorriso, e o jeitinho engraçado de juntar as mãos como se tivesse sempre desconfiada. De fato seria eternamente grato ao Poncho por ter me indicado o programa porque senão eu não teria conhecido uma mulher tão atraente como a Dulce. 

Apertei o volante pensando novamente se realmente tinha feito a coisa certa quando aceitei que a Dulce me escolhesse. No entanto por causa do desespero de ter alguém cuidando da minha menina para eu trabalhar foi maior. De fato essa era outra tomada de decisão que teria que calcular. De pensar em uma babá pouco atraente para cuidar da minha garotinha. Porque ter a Dulce sobre o meu teto durante esses seis meses não será nada fácil. 

Eu era editor de moda, e o meu trabalho consistia em decidir as ideias de histórias e temas juntamente com o meu editor chefe que era o meu melhor amigo o Alfonso. Além de ter que relacionar-se com os fotógrafos maquiadores figurinistas e também as belíssimas modelos que por sinal era a parte mais difícil do trabalho. Não pela minha falta de conduta ou profissionalismo, mas por elas que na maioria das vezes se atiravam em cima de mim como um bando de cadelas no cio. A minha vida se resumia somente em trabalhar e cuidar da Grace e também as vezes ir a casa dos meus pais no Maryvale chorar nos ombros dos meus irmãos maiores o quanto a vida era injusta. Principalmente por causa de ter que criar a Grace sem uma figura feminina. 

- Até que fim chegou? - Poncho surgiu na porta da minha sala segurando um copo de café do Starbucks. 

- Bom dia pra você também chefinho. - Fiz um gesto com a mão sobre a testa e em seguida vi ele tomar o assento a frente da minha mesa de trabalho. - Só espero que você não tenha vindo aqui dizer o quanto as coisas estão turbulentas. Porque ontem. - Torci o nariz só em pensar no tanto de coisas que tivemos que resolver. Principalmente porque eu havia testado a minha paciência devido a uma modelo super mimada que não queria ficar para a prova dos figurinos. 

- Relaxa que hoje está bem tranquilo por aqui. Acredito que parte do seu trabalho será interno. Portanto não terá que ir a lugar algum porque não teremos locações. 

- Ufa graças a Deus! - Me senti aliviado. - Não estou querendo me livrar do trabalho entenda, mas tem horas que é bastante complicado aturar algumas modelos mimadas. Sinceramente não tenho paciência pra isso. 

- Concordo. Infelizmente temos que ter Christopher, já que é o nosso trabalho. Mas mudando o assunto e a babá já chegou? - Debruçou os braços na mesa  estreitando os olhos de um modo estranho. 

- Sim e parece ser uma moça boa. Eu ainda não tive a oportunidade de conversar direito com ela, mas hoje a noite irei fazer isso. 

- Entendi... - Ele voltou a tomar a mesma posição de antes. Ou seja, braços cruzados na altura do peito e um olhar um pouco mais incisivo. - Presta atenção no que vou te falar meu amigo, não quero desanima-lo em nenhuma hipótese, mas toma cuidado com gente estranha na sua casa. Resumindo não confie muito nessa moça. Se quiser eu te indico a mesma loja de câmeras que eu coloquei lá em casa. Ou você acha que eu confio 100%. Depois da última que entrou para cuidar dos trigêmeos, eu tomei o cuidado redobrado. Any ficou puta e com vontade de acabar com a raça da desgraçada que bateu nos meus pimpolhos. 

Arregalei os olhos mediante a sua confissão. 

- Sério! Por que não me disse  antes? 

- Porque não queria te assustar. Mas enfim sei que fui o responsável por indicá-lo à essa agência, mas só estou te alertando em relação as moças que tem nesse programa. Não são todas mas maioria delas maltratam. Principalmente as espanholas. 

Engoli seco. E também comecei a ficar com medo de deixar a Grace sozinha com a Dulce. Só espero que ela trate bem do meu anjinho, porque senão eu nem sei do que serei capaz de fazer. 

- Poncho você está me assustando. Agora vou ficar aqui preocupado e com medo da moça que esta lá em casa machucar minha bebê. Mas ela é brasileira, então tem algum problema também? Me diz que não! - Entrei em desespero, enquanto ele pousou a mão sobre a minha. 

- Você deu sorte cara, porque essas são as melhores para cuidar de crianças. A que está lá em casa também é brasileira e os trigêmeos adoram ela. O Rick diz que ela brinca bastante com eles e até faz desenhos. Porém eu ainda não confio totalmente por causa da última que era espanhola e maltratou os meus pequenos, por isso a câmera. E se fosse você faria a mesma coisa, colocaria uma câmera na casa para vigiar a moça com a sua filha. 

- Vou pensar Poncho e uma boa ideia. 

- Pensa mesmo, se fizer te darei todo o meu apoio. Então vamos aproveitar para resolver isso aqui. - Colocou um envelope sobre a mesa. 

- Pra que isso? - Me referi ao envelope. 

- São as fotos que escolhi de algumas modelos, e gostaria que desse uma olhada. 

- Ah sim são para a próxima campanha? 

- Sim. 

- Pode deixar que vou olhar. 

Comecei a sentir algo estranho não sei ao certo, mas uma intuição de que eu poderia ver algo do meu desagrado nestas fotos. 

- Por que essa cara de repente Christopher? 

Estreitou os olhos parecendo preocupado. E eu engoli seco  pegando o envelope para ver as fotos. Ufa! Graças a Deus não havia nenhuma foto daquela infeliz. E bem melhor assim pelo menos não teria que dar de cara com ela. E nem queria porque só em pensar na hipótese meu estômago embrulha. 

- São todas bonitas, mas essa morena aqui me chamou atenção. Ela tem uma beleza diferente sabe, seria ótimo tê-la trabalhando conosco. 

- Eu também acho. Pelo menos concordamos o mesmo. - Ele riu. 

- Verdade. - Também ri. 

- Então será essa mesma?

- Sim... 

- Beleza. 

Fez menção de levantar da cadeira para se retirar da sala. Assim que ele saiu, voltei ao trabalho, e como hoje as coisas estavam mais tranquilas, decidi resolver o que tinha que ser resolvido. Costumava sair para comer um sanduíche que diga-se de passagem era o melhor da cidade, mas optei por pedir um e comer aqui na sala, já que hoje queria fazer o possível para não passar do horário. Não por medo do que o Poncho contou, mas porque queria ter uma conversa com a Dulce, já que pela manhã não tivemos essa oportunidade. A tarde seguiu tranquila, pois tinha resolvido boa parte do trabalho pela manhã, então só faltava ligar para o melhor fotógrafo de Phoenix, e ver um lugar para fotografar a nossa nova modelo para a próxima campanha que seria de lingerie. 

- Sr Uckermann ligação na linha três. 

- Quem é Suzanne? 

Indaguei curioso. Já que ninguém costumava me ligar esse horário. Será que era algum cliente? Ou uma daquelas modelos mimadas. Affs! Só espero que seja a primeira opção. 

- Sua mãe senhor posso transferir a ligação?

- Pode sim.

- Oi filho até que fim consegui falar com você. 

- Oi mãe como está a senhora? 

- Bem e você? Estou com saudades sua e da minha bonequinha. Vocês nem apareceram esse fim de semana fiquei preocupada. 

- Então e que no sábado fui a casa do Poncho. Sabe ele me chamou para assistir jogo de basquete e a Grace ficou brincando com os trigêmeos. Aí já viu né. 

- Sei bem, eu entendo filho, mas esse fim de semana te espero aqui em casa. Vou preparar aquele macarrão com queijo que você adora e nem adianta inventar uma desculpa para fugir porque senão eu vou saber. E para concluir o assunto, eu liguei pra sua casa achando que estivesse lá e uma mocinha muito simpática me atendeu. Então me explica essa história direitinho. Quer dizer que finalmente a fila está andando. Filho não sabe o quanto isso me deixa feliz. 

Mesmo não a vendo nesse momento, eu imaginei suas expressões faciais. Literalmente Dona Marie Alexandra era terrível. 

- Mãe pelo amor de Deus! A moça que te atendeu e a babá da Grace. Eu ia te falar isso, mas acabei esquecendo me desculpe. E que o Poncho me indicou uma agência que faz um programa de intercâmbio para jovens, e aí em troca elas vem para cá e cuida das crianças. A moça é brasileira e está apenas para fazer intercâmbio e também cuidar da Grace. É somente isso. 

- Poxa é uma pena querido. Adoraria que seguisse em frente, mas enfim eu ainda acho que sente algo pela mãe da Grace. 

- Nem me fale dessa desgraçada. Dela eu quero distância. Distância. Porque o que essa mulher fez comigo e principalmente com a nossa filha não tem perdão. 

Infelizmente esse assunto me doía e muito era uma coisa da qual me machucou profundamente. Principalmente porque eu amava essa infeliz. 

- Olha filho não fica assim. Sabe de uma coisa: Ela nunca te mereceu tenho certeza que vai encontrar uma boa moça e se apaixonar novamente. 

- Aí eu já não sei, porque depois do que aconteceu sinceramente estou fechado pra essas coisas. Até saio com algumas mulheres de vez em quando, mas não quero trazê-las pra minha vida. Principalmente por não correr o risco de ver nenhuma delas judiando da minha garotinha. Portanto eu acho melhor continuar desse jeito só a Grace e eu. 

- Filho não faça isso por favor. E um rapaz jovem, e tem que ao menos se permitir a ser feliz com uma outra pessoa. Se não deu certo com a mãe da Grace pode dar com outra. 

- Por favor mãe estou muito bem assim. Prefiro passar a minha vida desse jeito, do que correr o risco de enfrentar a mesma situação. Não estou nem um pouco afim de sofrer tudo novamente. 

- Não seja radical com você Christopher. Pelo amor de Deus filho! Lembra do que o Jack e o Daniel conversaram contigo. Tem que se permitir a conhecer alguém sim. Vai que uma dessas moças seja a pessoa certa para você. Não custa nada tentar. 

- Bom a senhora já sabe a minha opinião em relação ao assunto, portanto será perda de tempo em continuar com a insistência. 

Fui decisivo. Definitivamente eu não queria ninguém em minha vida principalmente agora que eu finalmente estava começando a ter o controle sobre ela sem ter as crises de ansiedade depressão devido ao meu antigo histórico. 

- Tudo bem querido, não irei insistir com o assunto. Gostaria muito de vê-lo seguindo em frente, até porque seria ótimo mostrar para aquela mulher que está bem. Mas enfim você é adulto e sabe o que faz. 

- Exatamente obrigado por entender mãe. 

- Ok filho, vou desligar aqui e deixá-lo trabalhar. Mas por favor pensa nisso não se castigue tem que dar a oportunidade de conhecer outra pessoa. Tchau meu amor. 

- Tchau mãe. 

Não disse nada porque não estava nem um pouco afim de prolongar a conversa novamente. Eles sabiam o quanto eu tinha sofrido e mesmo assim insistiam para eu arrumar outra pessoa. Agora imagina se eu seguisse o conselho deles e passasse pela mesma situação, aí mesmo é que eu não aguentaria. Voltei a atenção para o computador e segui com o trabalho, pois ele me fazia esquecer dos problemas. Sobretudo desse que mais me machucava... 

Antes de tudo acontecer eu sempre fui um cara sonhador, sonhava encontrar alguém legal construir uma família. Pois é sempre fui romântico e super julgado por todos, principalmente quando estava na faculdade. Eu era o tipo que escrevia bilhetes presenteava com flores e chocolates. Só que infelizmente a maioria das garotas não gostavam, porque preferiam os bady-boys. Por isso o motivo de conseguir poucas paqueras e ter perdido a virgindade com a mãe da Grace: sim ela foi a minha primeira por isso me apaixonei perdidamente porque ela me compreendia e gostava desse meu lado romântico. Mas enfim isto não justifica a minha falta de sorte, talvez sempre será minha sina: Me relacionar com o que não presta. Pelo menos vou conseguir sair no horário, porque tinha conseguido resolver quase tudo para amanhã. 

— Finalmente saindo cedo. — Bati na porta da sala do Poncho que por sorte estava aberta. 

— Aproveita porque amanhã tem locação. 

— Nem fala. Estou com receio das coisas darem errado. Mas enfim parte delas já estão encaminhadas. Falei com o fotógrafo, os maquiadores e cabeleireiros serão os mesmos da outra campanha. Já que adorei o trabalho deles. Agora só falta ligar pra modelo para confirmar. 

— Deixa que eu faço isso agora. Pode ir pra casa descansar. 

— Valeu chefinho você é dez. — Fiz um joia desencostando do batente da porta. 

— Você dá muita sorte de sermos amigos. Tchau até amanhã. —  Acenou. 

Sai dali me encaminhando até a garagem, pois ainda iria passar na confeitaria para comprar os donuts de morango com chocolate que eram os preferidos da Grace. E por falar nela só espero que esteja acordada, já que ultimamente ela tem ido para cama cedo. Dei graças a Deus que a confeitaria estava aberta, e aproveitei para levar alguns de chocolate para a Dulce, pois queria que ela... Ah deixa pra lá. Quando cheguei em casa, entrei pela porta dos fundos, pois estranhei o silêncio. Não só ele como também a Grace que não veio me recepcionar, já que sempre vinha ao meu encontro. Provavelmente deveria estar dormindo. 

— Ãn boa noite! 

Acho que eu acabei assustando a Dulce porque ela espalmou a mão sobre o peito me encarando com os olhos esbugalhados. 

— Boa noite! A Grace? — Mesmo já sabendo resolvi indagar. 

— Ela dormiu. Queria esperar pelo senhor, mas acabou dormindo no sofá. Aí eu a coloquei  ela na cama, tanto que nem deu tempo de ler a história da Cinderela pra ela. 

— Tranquilo sem problemas...— Coloquei a caixa de donuts sobre a ilha, e pendurei o paletó no gancho. — E como foi hoje? Você está gostando? A Grace te deu muito trabalho? 

— Oh não ela é um doce. Passou o dia todo me enchendo de perguntas. — Riu. Como não havia prestado atenção nisso antes. O sorriso dela é tão bonito. Olhos tudo. Por que tinha que ser ser tão graciosa?! Que isso Christopher! Respirei fundo desviando o olhar rapidamente dela, pois os meus instintos estavam começando a me trair. E eu não queria que isso acontecesse. Principalmente por não querer assusta lá.  

— É uma pena que a baixinha esteja dormindo, porque trouxe os donuts preferidos dela. Mas amanhã ela come vou guardar na geladeira. Trouxe pra você também Dulce, se quiser. Bom eu não sei se gosta, mas se não eu posso comer sem problemas. 

— Obrigada! Eu gosto sim. — Fechei os olhos rapidamente só para não ter que vê-la sorrir. O que está acontecendo comigo? Por que essa garota está me causando essas sensações estranhas? As mesmas que a... causava. Ah não! Mas era só o que me faltava. 

— Está tudo bem? — Ela estava perto demais e isso não era bom. Tinha que me afastar pois o cheiro do seu perfume é os cabelos balançando conforme o vento do ventilador de teto da cozinha estava me deixando perturbado.

— Sim, vou guardar o donuts da Grace na geladeira com licença. — Afastei dela rapidamente e depois de guardar a caixa na geladeira, desliguei o ventilador pois seria melhor não ter os cabelos dela balançando. 

— A sua filha é muito esperta para uma criança de três anos. Olha eu não quero me meter, mas já pensou em mandá-la para o jardim de infância. 

Novamente se aproximou. 

— Sim ela é. Mas então, acontece que aqui nos mandamos a criança para o colégio após ela completar seis anos. Ou seja a Grace é bem novinha pra isso. 

— Ah sim. 

Acomodou-se no branquinho justamente ao meu lado. 

— O senh... Quer dizer você disse que queria conversar comigo?

— Sim eu queria conhecê-la melhor Dulce porque a entrevista foi rápida. Você não me apresentou a sua família e nem me disse muita coisa. Resumindo só falou o básico. Para começar, eu gostaria que começasse a se apresentar e o que te motivou a largar tudo para vim a um país desconhecido, cuidar de criança? 

Ela começou a contar que era o seu sonho de adolescência fazer intercâmbio, mas por seus pais terem dívidas ela não pôde. Também disse um pouco sobre o que gostava de fazer nas horas vagas com seus melhores amigos, e sobre ter trancado a faculdade de psicologia para ser Au pair.

— Eu sei que parece loucura, mas sempre foi meu sonho fazer intercâmbio. Ou fazia agora, ou nunca poderia realizar esse sonho. Talvez viajaria para cá algum dia: sim, mas não como intercâmbio. É provavelmente iria demorar. 

— Entendo Dulce. Você disse que seus pais são médicos. 

— Não minha mãe é Fisioterapeuta e o meu pai advogado.

— Ah sim, gostaria de conversar com eles. Não digo hoje, mas ainda essa semana você poderia providenciar isso? 

— Claro. 

— Ótimo!  Então eu ia te falar isso pela manhã, mas acabei esquecendo. A Grace tem que tomar pelo menos alguns minutos de sol. Porque eu levei ela no pediatra semana retrasada, e a vitamina dela deu baixa. Quero que faça isso pela manhã beleza. Só não deixa ela ficar muito exposta por causa de queimaduras, mas poucos minutos já e o suficiente para ela pegar a vitamina que o corpo dela precisa. Aliás que nos também precisamos. 

— Ok! Ah hoje eu não deixei ela brincar lá fora porque estava um pouco frio, mas amanhã pode né? 

— Sim por favor ela precisa tomar esse solzinho. Assim vai ajudá-la na imunidade, e não vai fazer ela ter tantos resfriados. Sabe Dulce é muito difícil para mim cuidar de uma criança sozinho mas estou fazendo o máximo para ser o melhor pai pra Grace. Desde que a mãe dela foi embora, tem sido bastante difícil sabe. 

Não queria entrar neste assunto com ela. Sei que falei que iria contar, mas eu ainda não estava  querendo partilhar isso com ninguém. 

— Bom eu não quero ser invasiva, até porque você nem me conhece. Mas se quiser desabafar ou falar qualquer coisa estou aqui. Sou toda ouvidos. — Ela sorriu de forma amigável. — Afinal curso psicológia. Não sou formada, mas posso te ajudar a curar esse trauma. — Como ela sabia se eu nem tinha aberto a boca. — Sei que tem algo relacionado a mãe da Grace que te aflige, porque percebo que fica travado sabe e suas expressões faciais mudam rapidamente dando lugar a uma certa tristeza. 

— Tudo bem, afinal de contas eu preciso desabafar com alguém. — Não consegui segurar a lágrima que estava prendendo desde o instante em  que resolvi tocar no assunto. — Desculpa desabar assim na sua frente, mas é que eu não estou aguentando mais. — Limpei a lágrima com as costas da mão. — Aquela desgraçada me trocou por outro. Sabe o que é você dar tudo em uma relação, para depois simplesmente ser trocado pelo seu chefe só porque ele tinha mais grana que você. Pois é a Belinda fez isso comigo. Abandonou tudo para viver com aquele infeliz que se dizia meu amigo, quando na verdade estava comendo a minha mulher. — Coloquei tudo pra fora deixando que também a raiva tomasse conta de mim, pois era assim que eu estava me sentindo no momento. — Eu tinha acabado de conseguir um emprego como editor de moda da revista vogue em New York, e foi aí que conheci a Belinda: ela era a modelo da campanha e foi amor a primeira vista. Me apaixonei quando vi aquele belo par de olhos azuis. Linda, a mais linda de todas nunca tinha visto uma mulher tão bonita como ela. Parecia obra de arte sabe.  Todavia fiquei ainda mais surpreso quando ela me convidou para sair: sim ela me chamou para sair, porque eu não tive a coragem de fazer isso por medo de levar um fora. Porque eu simplesmente pensava que mulheres como ela jamais daria atenção para caras como eu. Mas ela não só me deu, como também se envolveu comigo profundamente a ponto de engravidar da Grace. Daí por diante as coisas começarem a esfriar entre nós. Ela até queria interromper a gravidez, porém eu não deixei e lutei até o fim com ela  que sempre dizia que a culpa era minha por ter estragado a sua carreira de modelo. Porque depois disso ela jamais poderia voltar às passarelas. No entanto foi a partir daí que comecei a notar uma certa distância e frieza de sua parte. Principalmente após o 5° mês da Grace. Ela se distanciou de uma forma que nem eu consegui entender.  Até o dia em que decidi ir a sala do meu antigo chefe, e ver toda a cena. — Não aguentei terminar porque isso ainda me doía muito. Como pode uma pessoa ser tão fria e mesquinha como a Belinda foi naquele momento. — Desculpa Dulce, mas é ainda muito doloroso pra mim, ter que contar essa parte, eu sofri muito entrei em depressão queria me matar. Juro que se não fosse pela ajuda dos meus pais e irmãos, eu teria abandonado o barco. Foi difícil seguir sozinho depois de tudo, principalmente porque ela deixou a Grace comigo para fugir com esse infeliz. Sei que não é bom guardar esse sentimento, mas eu a odeio com todas as minhas forças. Tenho tanta raiva dela que seria capaz de enforçá-la se caso essa desgraçada aparecesse na minha frente. 

– Realmente não é bom Christopher o melhor a se fazer é esquecer o passado e seguir em frente. 

Ri pelo nariz. 

— Como pode um homem que sabe dar ótimos conselhos para os amigos, ser assim um merda que mal sabe segurar uma mulher. 

— Ei não fala isso. Essa mulher nunca te mereceu. 

— Minha mãe fala o mesmo. Que eu tenho que seguir em frente e superar isso. Mas sabe e difícil Dulce. Quando você ama alguém é essa pessoa te trai. E horrível uma dor que eu não desejo pro meu pior inimigo. 

— Eu entendo e difícil sim, mas temos que seguir em frente. Olha se serve de consolo, eu passei por uma situação parecida com a sua. No ano passado eu namorava com um cara que fez algo parecido. Ele simplesmente esfregou a garota na minha cara diante de todos da faculdade. Também foi horrível, mas eu superei mesmo o amando muito foi complicado: sim mas é a vida. — Pousou a mão no meu joelho. Enquanto esboçava um sorriso contido. 

— Verdade pelo menos eu não sou o único a se envolver com gente que não presta. 

— Olha se eu te falar a minha sorte em questão de relacionamentos, você vai dar risada. E cada um que me aparece que só Jesus. No entanto eu nem me abalo mais sabe. Já me acostumei e sigo o baile como diz meus amigos. 

— Obrigada Dulce por me escutar. E me desculpa por ter desmoronado assim na sua frente.

— Que isso! Faz parte tem que colocar tudo de ruim pra fora, pois isso é bom. Ajuda aliviar um pouco 

Outra vez pousou a mão no meu joelho, fazendo leves carícias com o polegar. Merda! Isso estava começando a ficar perigoso demais. Acho melhor me afastar. 

— Então já está um pouco tarde Dulce.  Acho melhor ir descansar, até porque amanhã temos que acordar cedo. Você por causa da Grace e eu o trabalho. 

Totalmente sem graça ela afastou a mão do joelho e em seguida se pós de pé. 

— Eu também acho. Bom vou guardar os donuts na geladeira, amanhã eu como os meus junto com a Grace. Boa noite! 

— Boa noite Dulce! — Acenei brevemente vendo ela virar as costas e sair da cozinha. Fechei os olhos me permitindo a sentir essa sensação que ao mesmo tempo era estranha e única. Pois essa conversa com a Dulce tinha me deixado mais le

ve de alguma forma. 

᭧᭧᭧᭧᭧᭧

᭧ Trouxe um pouco da história do Christopher pra vocês. Quem aí ficou com raiva da Belinda. O Coitado ainda sofre. Mas terá um certo alguém que fará ele esquecer dessa história aos poucos... 🤭