Fanfic: Óbvio | Tema: As Crônicas de Nárnia

-------------------------------

Em frente à sua turma de redação criativa, Georgie segurava seu poema com as mãos trêmulas. O professor Connor queria que ela lesse para o resto dos alunos porque ele ficou muito emocionado com a emoção que aquilo transmitia e ficou desapontado com a maioria das tarefas concluídas dos outros alunos. Todos estavam olhando para ela, esperando que ela falasse. Georgie não tinha certeza se conseguiria fazer isso. As feridas das ações de Skandar tinham apenas uma semana e ainda eram muito dolorosas. Georgie ainda chorava todos os dias quando pensava nisso e segurar aquele poema nas mãos provocava novas lágrimas.

"Senhorita Henley?" O professor Connor disse. "Você está bem?"

"O quê? Ah... me desculpe, professor..." Georgie respondeu calmamente. "Eu estou... estou bem." Respirando fundo, Georgie desviou o olhar das palavras no papel, pois sabia o poema de cor e começou a falar.

" É possível amar alguém e odiá-lo ao mesmo tempo?

Porque quando penso em você... parece que é assim que me sinto...

Confusão, frustração... Já chorei tantas, muitas lágrimas...

Parece tão óbvio o que sinto por você... Como você pode não ver isso?

As noites sem dormir, o cansaço... é tudo porque eu te amo...

eu te amo... mas parece que você esqueceu que eu cresci...

Que é uma mulher que está diante de você agora...

Você falou sobre como está procurando por algo...

Algo verdadeiro... Eu só queria... que você finalmente... me visse.

Eu... pensei que se pudesse ter você por uma noite...

Que meus sentimentos seriam transmitidos e você, por sua vez,

me amaria da mesma forma...

Apesar da paixão que eu mostrei a você com um olhar... um toque...

E um sorriso... Nunca é suficiente... Será que algum dia será suficiente?

Eu tentei tantas e muitas vezes seguir em frente...

Mas meu coração simplesmente não quer... ele não consegue... deixar você ir...

Mesmo assim, me apoiar em você, no que nunca pareceremos ter

é parti-lo - despedaçá-lo...

E eu não consigo suportar a dor disso...

Às vezes eu quero que nossas memórias desapareçam...

Para que eu não sinta mais essa dor.. Você

partiu meu coração... e minha alma...

A um ponto em que sinto que nunca vou me recuperar...

E não consigo suportar a dor disso...

Será que algum dia isso vai parar? "

Georgie levou as costas da mão aos lábios, sufocando um soluço. Ela não queria o constrangimento de desabar na frente de seus colegas estudantes, mas não pôde evitar deixar cair lágrimas de medo. Se recompondo , Georgie percebeu que a sala inteira estava silenciosa. Olhando para as pessoas à sua frente, ela percebeu que a maioria delas, até mesmo alguns dos meninos, tinham lágrimas nos olhos, mas nenhum deles sabia como ela se sentia. Nenhum deles conseguiria realmente entender. Perdendo a batalha contra suas emoções, Georgie correu para seu assento, pegou suas coisas e saiu correndo da sala, indo em direção ao seu apartamento.

------------------- -----

O ar do outono estava fresco e o vento forte. Quando Georgie entrou em seu apartamento, suas bochechas ainda estavam vermelhas e irritadas. Tudo o que ela queria era vestir o pijama, beber chocolate quente e esquecer o mundo exterior. Olhando para a secretária eletrônica, Georgie viu que havia uma mensagem esperando por ela. Ela apertou o botão play e ouviu enquanto tirava o casaco e deixava cair a bolsa no chão.

"Georgie... é a Anna de novo... Will e eu estamos preocupados com você e queríamos ter certeza de que você está bem. Não tivemos notícias suas durante toda a semana... Isso está nos deixando um pouco nervosos... Eu sei que você está sofrendo, Georgie e sinto muito por isso... mas nós amamos você e estamos aqui para te ajudar ... então, se você pudesse nos ligar para sabermos que você está bem... e você sabe que pode vir quando quiser... embora eu deva te avisar que Will e Colin estão com gripe, ao que parece.. .É tudo culpa do Will, claro. Jogando futebol lá fora, na chuva... honestamente... de qualquer forma, sentimos sua falta... acho que falo com você mais tarde"

Georgie suspirou profundamente quando a mensagem terminou. Ela sabia que era errado ignorar Will e Anna e ela realmente não tinha a intenção, mas Georgie estava se esforçando ao máximo para se concentrar em seus estudos e tentando esquecer Skandar, pois ela perdeu completamente o sentido de qualquer outra coisa em sua vida. Depois de tomar um longo banho quente, Georgie decidiu que ligaria para eles e pediria desculpas. E como era mais um fim de semana prolongado sem tarefas para entregar, pensou em passar o fim de semana com os Moseley. Georgie sentia muita falta de todos eles... especialmente de Colin, que sempre conseguia fazê-la sorrir. E ela precisava disso mais do que qualquer coisa agora.

Indo para o quarto, Georgie parou para se olhar no espelho. Ela se inclinou mais perto tentando reconhecer a pessoa no reflexo. Seu rosto mostrava sinais de cansaço, mas principalmente de tristeza. Georgie percebeu até, quando olhou nos próprios olhos, o quão distante e solitária ela parecia. Perguntando-se se algum dia voltaria a ser ela mesma, Georgie soltou a presilha que prendia seu cabelo, deixando-o cair sobre os ombros. Com uma última olhada para a garota no espelho, Georgie foi até o banheiro para abrir a água. Assim que ela passou os dedos sob a torneira para testar a temperatura, houve uma batida na porta.

Soltando um suspiro de frustração, Georgie levantou-se para ver quem era. Quando ela abriu a porta, era a última pessoa que esperava ver.

"Que merda você está fazendo aqui?" ela retrucou.

"Eu... estava preocupado. Will e Anna disseram que você não falou com eles a semana toda. Posso entrar?" perguntou Skandar, com as mãos nos bolsos.

"Não", respondeu Georgie e imediatamente bateu a porta na cara dele, trancando-a atrás dela. Ela se virou e começou a caminhar de volta para o banheiro, quando ouviu a maçaneta girando. E antes que Georgie pudesse fazer qualquer coisa para impedi-lo, Skandar já estava lá dentro.

"Eu tenho uma chave, lembre-se..." ele disse.

"Sai..." Georgie disse com raiva.

"Eu tenho algo a dizer... vim aqui para me desculpar, Georgie... eu..." Skandar começou, mas ela imediatamente o interrompeu.

"Eu não quero ouvir... nada que você diga vai mudar o fato de que eu não quero nada com você..."

"Sobre a outra noite, eu sei que o que fiz foi estúpido e não deveria ter deixado você daquele jeito, mas..."

Cobrindo os ouvidos com as mãos e balançando a cabeça freneticamente, Georgie gritou: "Não, não, não... pare com isso... Por favor, me deixe em paz..."

Caminhando até ela, Skandar colocou a mão suavemente em seu braço. Georgie, por sua vez, deu-lhe um tapa no rosto.

"Não... Não se atreva a me tocar..."

"Georgie, você tem que me ouvir," implorou Skandar enquanto Georgie dava um passo para trás dele.

"Eu não tenho que fazer nada, Skandar. Você me usou... como se eu fosse mais uma daquelas garotas... como se eu não fosse nada... eu te dei tudo e realmente pensei que você... não importa... Mas quero agradecer por finalmente me ajudar a perceber o quanto eu realmente signifiquei para você... Por me ajudar a perceber que amar você foi uma perda de meu tempo... da minha vida. ...Além disso, tenho certeza de que você deseja proteger sua preciosa reputação... Não podemos permitir que o bad boy favorito de Hollywood fique mole. Isso certamente atrasaria um pouco suas atividades noturnas... não podemos permitir isso agora. , podemos? E sinto muito que a pequena Georgie Henley simplesmente não tenha conseguido satisfazê-lo..." "

É isso que você... Como você pode pensar que não importa para mim?"

Georgie passou por ele, alheia às lágrimas em seus olhos, e abriu a porta da frente mais uma vez. Ela se virou para ele mais uma vez. "Eu só quero você fora da minha vida, Skandar... não posso mais fazer isso... Por favor, vá embora."

Derrotado, Skandar relutantemente entregou a Georgie a chave do apartamento dela, mas hesitou antes de sair. "Sinto muito, Georgie. Quero que você saiba... eu nunca quis te machucar..."

"Você acabou comigo, Skandar. Isso é muito pior..." respondeu Georgie suavemente. E então ela fechou a porta.

------------------------------

"Anna... minha garganta dói," Will choramingou quando ela entrou na sala.

"Você é pior que Colin... e eu realmente não quero ouvir isso... você é a razão pela qual você e seu filho estão doentes..." repreendeu Anna,

"Eu disse que sentia muito..." ele resmungou.

Tocando sua testa, ela franziu a testa. "Você ainda está com febre. Se não passar até amanhã, vou levar você ao médico..." 

"E o Colin?"

"A febre dele baixou esta manhã... mas ele ainda não está se sentindo ele mesmo... e ele não está nem perto do bebezão que você é..." Anna sorriu, tirando a franja suada de Will da testa.

Will fez beicinho como se fosse uma mera criança. "Você é malvada..."

"Sinto muito, querido..." respondeu Anna. Ela se inclinou, beijando o marido suavemente. "Melhorou?"

“Você é a melhor enfermeira que já vi...” mas Will virou a cabeça rapidamente, incapaz de terminar a frase enquanto soltava um espirro.

"Mamãe..." veio a voz de Colin da porta. Anna e Will se viraram para ver o filho esfregando os olhos e fungando.

"Venha aqui, amigão", Will acenou. Colin caminhou lentamente até seus pais e subiu na cama ao lado de seu pai.

“Eu não me sinto bem...” Colin disse, estendendo a mão para sua mãe.

Anna puxou o filho nos braços, esfregando suas costas suavemente. "Eu sei, querido... Mamãe odeia quando você está doente tanto quanto você..."

Puxando o cobertor para baixo, Will disse: "Por que você não vem descansar comigo, Colin? Papai também está doente e gostaria de companhia."

Certificando-se de que Colin estava aconchegado, Anna se inclinou e beijou a testa do filho e depois a de Will. "Vou pegar um suco para vocês dois... mas acho que vocês dois deveriam descansar... vou trazer alguns filmes para vocês assistirem na televisão..." 

"Obrigado, mamãe..." - Colin disse, beijando sua bochecha.

Descendo as escadas, Anna ouviu Will espirrar alto no corredor. "Saúde, William", ela gritou por cima do ombro. Colocando a mão na barriga, Anna sussurrou: "Espero que você seja uma garota porque não sei se conseguiria lidar com três homens Moseley..."

--------------- -----------------

Georgie bateu na porta da residência dos Moseley, esperando alguém atender. Normalmente, ela mesma teria destrancado a porta com a chave reserva que lhe deram, mas ela havia esquecido. Ela ainda estava bastante furiosa com Skandar por ter aparecido daquela forma. E isso só piorou a dor. Durante toda a semana, Georgie tentou esquecer seus olhos escuros e intensos e como eles viram sua alma naquela noite. E ela tentou esquecer as mãos dele e como elas faziam seu corpo sentir. Georgie queria esquecer cada detalhe do homem bonito que conquistou seu coração, mas quando Skandar apareceu em seu apartamento, apesar da dor, Georgie sentiu uma necessidade irresistível de tocá-lo. Por favor, eu só quero esquecer, ela pensou com tristeza, assim que Will abriu a porta da frente.

"Oi, sumida... esqueceu sua chave de novo?" Will disse grogue, enquanto gesticulava para Georgie entrar.

"Ei..." respondeu Georgie, "Você tá péssimo..." ela acrescentou.

"Obrigado... Anna está lá em cima dando banho em Colin... ele também está doente..." 

"Eu ouvi... e aparentemente é tudo culpa sua..."

Will soltou um espirro bastante alto, antes de responder: " Parece que sim..."

"Saúde..."

"Quer um pouco de chá?"

“Eu faço...” Georgie disse indo para a cozinha. Will a seguiu lentamente, completamente esgotado por causa de sua doença. Ele e Colin não tinham feito nada além de dormir, mas ele ainda estava muito cansado.

"Eu odeio ficar doente", gemeu Will,

"Os homens se transformam em bebês chorões e resmungões quando estão doentes... por que isso?" perguntou Georgie.

Revirando os olhos e enxugando o nariz com um lenço de papel, Will respondeu: "Você é tão ruim quanto Anna. Sem simpatia. Vocês duas são malvadas."

"Não tenho simpatia pelos homens... eles são todos...cachorros..." Georgie disse, ficando na ponta dos pés para pegar duas xícaras de chá.

Levantando-se da cadeira, Will se aproximou para ajudar, sendo muito mais alto do que Georgie. Ele pegou três xícaras de chá, imaginando que Anna também gostaria de um pouco de chá, e as colocou sobre o balcão.

"Obrigada..." Georgie começou "E... eu não quis dizer que você... você tá longe de ser um cachorro... eu só..."

Observando Georgie por um momento, Will percebeu as olheiras nos seus olhos.

"Você não tem se cuidado..." Will afirmou. "Quando foi a última vez que você comeu alguma coisa?..."

"É tão difícil, Will..." ela sussurrou, enxugando uma lágrima dos olhos.

"Eu sei, Georgie..." disse Will, estendendo a mão para ela.

Balançando a cabeça e enxugando uma lágrima que havia caído, Georgie disse: "Por favor... não... isso só piora as coisas."

"Você não pode continuar fazendo isso consigo mesma, princesa. Você deveria falar sobre isso..."

"Estou farta de falar sobre isso", Georgie retrucou. "Conversei com Anna sobre isso... fiquei envergonhada na frente da minha turma ao ler um poema sobre isso... E não consigo parar de chorar por causa dele... não quero falar sobre isso." não mais...

Colocando um braço em volta dos ombros de Georgie, Will beijou o topo de sua cabeça. "Eu sei que você provavelmente não quer ouvir isso... mas sempre fomos muito honestos um com o outro. Acho que você nunca será capaz de esquecer completamente o Skandar. Ele tem sido uma parte importante da sua vida por muito tempo e acho que você se arrependeria de apagá-lo completamente dela. Você realmente ficaria bem em nunca mais vê-lo?

"Eu não sei... é tão difícil e... eu não sei..."

Suspirando, Will assentiu em compreensão. Ele odiava ver seus amigos tão tristes, mas sabia que cabia a eles se reconciliarem. Afastando-se abruptamente de Georgie, Will começou a tossir forte, colocando a mão no peito.

"Will... você está bem?" perguntou Georgie, que trouxe a mão para sentir sua testa. "Você está queimando de febre..."

"Você poderia... você poderia me trazer um copo de água?" ele resmungou dolorosamente.

Correndo para a pia, Georgie pegou uma das xícaras e encheu-a com água. Ela entregou a

Will e ele tomou um gole lentamente.

"Vá descansar no sofá... vou trazer seu chá para você..."

Fungando, Will massageou a têmpora com os dedos enquanto se dirigia para a sala.