Fanfics Brasil - Capítulo 10 Scooby-Doo: Wicked Game

Fanfic: Scooby-Doo: Wicked Game | Tema: Scooby-Doo, Round 6


Capítulo: Capítulo 10

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 Shaggy sentiu o mesmo pânico que eu senti, pois escondeu a cabeça nos meus ombros e me abraçou tão forte quanto uma criança com medo. Daphne apertou minhas mãos e as mãos de Fred e se esforçou para não derramar as lágrimas que se acumulavam em seus olhos. Além de eu abraçar e segurar as mãos dos meus amigos, eu não sei qual expressão corporal meu corpo usou para demonstrar toda a consternação que senti naquele momento, eu apenas fiquei inerte, senti falta de ar e fiquei totalmente sem palavras. Estávamos diante de, pelo menos, quinze homicídios. Em tantos anos no departamento, eu nunca havia visto algo do tipo. Pela primeira vez na vida, eu admirei o senso de liderança do capitão Jones, ele foi o único que conseguiu agir naquele momento horrível.


            Fred: Bem, turma, agora nós temos provas perante a lei que quinze pessoas foram executadas naquele local. Preciso que notifique esses hospitais, Velma. Vou mandar a minha equipe agora mesmo para colher detalhes sobre como esses órgãos chegaram a esses locais sem seguir os protocolos, e quem são esses doadores. Também preciso que sua equipe expanda as buscas em bancos de dados civis, precisamos encontrar informações das outras vinte vítimas. Norville, você e Scooby vão conosco à Applegate Bank, mas você pode mandar os demais cães para a Liberty agora mesmo. Precisamos saber o caminho que essas pessoas fizeram naquele local, pode ser que o caminho delas nos leve a mais pistas. Também precisamos saber se os cães farejam Alan no local do crime. Vou mobilizar alguns agentes para acompanhá-los. Daphne, você… você…


            Às vezes, nós nos esquecíamos que a nossa advogada enxerida de estimação não trabalhava em nenhuma divisão do NYPD, por isso, não podíamos pedir nada a ela. Foi exatamente o que Fred percebeu naquele momento, mas felizmente Daphne foi mais esperta e pensou rapidamente em uma forma de nos ajudar.


            Daphne: Eu vou notificar a Interpol, Fred. Vou passar as amostras da Velma à Flim Flam e pedir que ele busque informações das trinta e cinco vítimas em todos os bancos de dados que ele tem acesso. Shaggy pode me ajudar com isso, pois também conhece Flim Flam.


            Fred: Ótimo, eu vou notificar o departamento de imigração sobre o que descobrimos e tentar algum contato com a polícia de Seul.


            Velma: E assim que você e Daphne fizerem isso, eu terei que notificar o FBI, Fred. Não estamos lidando com execuções por dívidas de uma gangue local, nem com um serial killer restrito à cidade de NY, estamos visivelmente lidando com tráfico internacional de órgãos, então eu creio que muito em breve os federais têm que saber.


            Eu pensei que ao traduzir todo o horror em palavras eu deixaria o clima menos pesado, mas o oposto ocorreu. O desconforto que senti ao admitir que pessoas aparentemente foram assassinadas para terem seus órgãos traficados foi indescritível, e Shaggy se escondeu novamente em meus ombros e me abraçou com ainda mais força.


            Shaggy: Tipo, será que eu posso notificar, tipo, Jesus, Buda, Maomé, Krishna, todos os líderes religiosos, deuses pagãos, padres, reverendos, gurus e paranormais que eu achar no Google? Porque a gente vai precisar de todos eles, minha gente, desta vez nós estamos lidando com o demônio!


            Shaggy conseguiu colocar um pequeno riso em nossos lábios e dissolver um pouco todo o medo que sentíamos. Imediatamente, começamos a desempenhar nossas funções: Miller e eu procuramos informações das demais vítimas em outros bancos de dados, mas não obtivemos nenhum sucesso. A divisão de emergência se dividiu para verificar os hospitais e coletar informações. As máquinas que coletamos foram levadas para o departamento de crimes cibernéticos para análises minuciosas.  Os brutamontes da equipe de Fred foram até a Liberty e Shaggy pediu à Crystal que liderasse outra perícia com Amber e toda a matilha. Daphne e Shaggy iniciaram uma chamada de vídeo com o agente Flim Flam em uma sala reservada, Fred notificou a imigração e seus superiores, e durante meia hora eu treinei o meu coreano em um aplicativo de idiomas para conseguir redigir um e-mail à polícia da Coréia do Sul. Quando eu terminei de escrever, Daphne saiu da sala e passou por mim falando coreano fluentemente com algum agente da polícia de Seul, então eu descontei no meu e-mail inútil toda a raiva que senti por ter trabalhado em vão. Ao encerrar a ligação, Daphne percebeu o meu gesto e a minha cara de interrogação que questionava “onde diabos você aprendeu a falar coreano?”.


            Daphne: Você sempre me fala que k-pop é música ruim e cultura inútil, então a culpa é sua por não saber falar coreano.


            Eu revirei os olhos, mas não tive tempo de responder qualquer coisa, pois Shaggy pediu informações das amostras para passar ao agente Flim Flam. Quando terminei de repassar as informações, Fred apareceu e nos avisou sobre o horário combinado com Applegate. Eu havia me esquecido da maldita perícia em Applegate, então eu só tive tempo de preparar meus equipamentos e deixar uma mensagem de “eu te amo, fique segura” para Marcie.


***


            Eu passei por Applegate Bank milhares de vezes em toda a minha vida, mas eu nunca havia entrado naquele prédio e esse foi um erro terrível. Eu não viajei para muitos lugares, minha noção de arquitetura e design se resume a catálogos da Ikea, também não sou grande conhecedora da área, mas o prédio de Applegate Bank é o lugar mais lindo que eu já vi. Estátuas de mármore por fora, enormes e pesadas portas de bronze cheias de detalhes, um assoalho tão único que eu nem sei do que é feito. Na parte de dentro, havia muitos guichês, móveis e escadas de madeira escura, papéis de parede do início do século XX, pinturas nas paredes, mais mármore e mais bronze, cofres gigantescos de ferro, janelas tão perfeitas que pareciam ser feitas de cristais. Tudo mostrava um luxo único, típico de quem enriqueceu às custas do infortúnio alheio durante a crise de 1929. A única coisa que destoava do ambiente típico dos anos 30 eram alguns caixas eletrônicos (que não eram tão modernos, aparentavam ter pelo menos uns 20 anos). Havia também computadores igualmente ultrapassados, com suas telas verdes em forma de cubo, e eu entrei em pânico só de imaginar que eu teria que vasculhar dados em MS-DOS e Windows 95. O enorme hall estava vazio e aparentemente o Sr. Applegate nos esperava no último andar da torre, porém, todos nós estávamos apreensivos por andar por aquele local. Temíamos que o assassino – ou a máfia? – estaria à espreita e nos levaria para uma emboscada. Scooby-Doo era o único que estava tranquilo. Diferente do que ocorreu no restaurante e no prédio da Liberty, ele não saiu de perto de seu tutor, não latiu, nem sentiu necessidade de farejar cada canto do local, e isso nos tranqüilizou. A única coisa anormal que ele fez foi se apoderar de uma garrafa plástica que estava na lixeira de uma das mesas e mastigá-la até ela ficar em pedaços.


            Shaggy: Hey, turma, tipo, acho que o velho Applegate está limpo, veja como Scoob está calmo. Ele até está brincando com uma garrafa!


            Fred: Shaggy tem razão, aparentemente não há nada de errado aqui. A Applegate deve ser tão vítima da máfia de Mayberry quanto George Blake.


            Velma: Eu também acho. Alguém está usando Applegate Bank para lavar o dinheiro de atividades ilegais, dentre elas jogos de azar, pirâmides financeiras e até mesmo tráfico de órgãos.


            Shaggy: Tipo, e se isso for verdade, essa pessoa não está sozinha. Deve haver muitas pessoas envolvidas, inclusive pessoas do governo. A Applegate está à beira da falência e todos estão de olho neles.


            De repente, um senhor de cerca de oitenta anos surgiu no fim do enorme hall e nos cumprimentou cordialmente. Daphne se adiantou e o abraçou, e logo em seguida ele estendeu a mão a todos nós e se apresentou como Steven Applegate. Fomos conduzidos a um elevador antigo esplêndido, que mais parecia uma caixa feita de diamantes e ouro, a beleza dele era tão única que eu até perdi o trauma de elevadores que a Liberty me causou. Os andares repetiam a arquitetura do térreo, e alguns deles, para a minha surpresa, eram compostos apenas por grandes cofres. A vista no último andar era ainda mais bonita, tanto a de fora – uma visão panorâmica de toda a cidade de NY- quanto a de dentro, com sua arquitetura de época, suas relíquias, quadros e fotos. O corredor que nos levou até o escritório do Sr. Applegate parecia um museu, ele mostrava toda a história de Applegate Bank desde a sua fundação em 1928. Havia fotos de várias gerações Applegate com presidentes e autoridades, moedas antigas em pedestais, notícias de jornal enquadradas e até dados da bolsa de valores em velhas anotações. Tudo aquilo inspirava idoneidade, e demonstrava que o império Applegate, ao contrário do império de Mayberry, foi construído lentamente e honestamente. E a julgar pela precariedade tecnológica do local e pelo modo como o Applegate aparentemente trabalha, certamente ele não está envolvido em crimes financeiros eletrônicos.


            Daphne: Sr. Applegate, muito obrigada por nos receber…


            Steven: Como você cresceu, menina! Eu me lembro de você pequenininha andando por esses andares com seu pai! Você é a quarta de George, não?


            Daphne: Não, eu sou a quinta… a caçula…


            Steven: Ah, sim, a caçula! A quarta é a Daisy… a Dra. Daisy…


            Daphne: A quarta é a Delilah…


            Steven: Ah claro, Delilah!  A que tem os olhos de George… Ela é amiga da minha neta, Heather…


           Daphne: Ela mesma… então, eu queria lhe…


         Steven: Puxa, você cresceu mesmo hein, Daphne? É Daphne, né? Eu achei que você ainda era uma jovenzinha! Você já tem namorado? Sabe, eu me lembro do dia em que você nasceu, a cidade estava coberta de neve e a minha Sally estava com os meninos em Washington…


          Eu achava que esse tipo de conversa só acontecia quando eu encontrava os meus avós, mas naquele momento percebi que esse tipo de assunto é algo comum em pessoas acima de oitenta anos.


           Steven: …e você se parece com a sua mãe! A minha Sally também acha. E como vai o velho George?  Ele já aprendeu a jogar golfe ou ainda continua horrível? Em 1987 nós disputamos o torneio e…


           O Sr. Applegate ficou cerca de meia hora falando do seu passado de amizade com a família Blake, enquanto isso eu me distraí lendo as informações dos quadros e Shaggy fez Scooby percorrer e farejar todo o local. Depois disso, perdemos mais meia hora com Steven elogiando os meus pais (maldita hora em que Daphne me apresentou como “a filha de dois prêmios Nobel”), interrogando Shaggy sobre suas origens familiares e brincando com Scooby-Doo. Felizmente, quando Steven interrogou Fred e insinuou que ele seria um bom namorado e um bom genro para George, Daphne ficou tão envergonhada que encerrou imediatamente o assunto.


Daphne: Sr. Applegate, eu queria lhe agradecer por nos receber. Como eu disse antes, eu sou advogada e estou trabalhando em um caso de desvio de dinheiro que ocorreu em uma corretora de valores chamada Liberty, que usa contas bancárias de Applegate Bank para fazer suas transações bancárias e gostaria de…


Steven: Espere aí, você está trabalhando com os federais? Esses seus amigos são federais?


Fred: Não, senhor, nós somos da NYPD.


Steven: Ótimo! Porque eu não tenho nada para falar com aqueles malditos do FBI.


O rancor nas palavras de Steven chamou a nossa atenção.


Daphne: O senhor teve algum problema com o FBI?


Steven: Algum problema? Eles cavaram o túmulo de Applegate Bank! Eles e aqueles moleques das fintechs e suas moedas invisíveis malditas!


Daphne: Se importaria de nos dar detalhes sobre isso, Sr. Applegate?


Steven: Eu não digo que eu não tive culpa da minha situação atual. Eu tive: confiei nas pessoas erradas. Os tempos mudaram, a internet dominou o mundo, as pessoas não usam mais cédulas e cheques, então, eu não podia continuar no passado. A exemplo de seu pai, eu aderi à mudanças para não perder a importância. Peguei os melhores operadores da bolsa e os melhores alunos das melhores universidades para compor a equipe que traria modernização à Applegate Bank, eu os apelidei de VIPs, porque era exatamente isso que eles eram: as pessoas mais importantes da minha empresa. Eles foram responsáveis por essa transição digital em Applegate Bank, e em pouco tempo nos tornamos fortes novamente em toda a América. Porém, assim como a tecnologia mudou as coisas, ela também mudou as pessoas, e aparentemente as pessoas não são mais tão honráveis quanto no meu tempo. Meu pai sabia o valor de um homem pelo aperto da mão dele, e eu me enganei terrivelmente ao usar a mesma medida. Eu mal sei usar o meu e-mail, por isso ingenuamente acreditei que tudo o que os VIPs faziam digitalmente na Applegate era honesto. Eu só percebi o tamanho do erro que cometi quando meus netos assumiram o meu lugar. Milhões e milhões de dólares de meus clientes haviam sumido e todos os meus garotos VIPs tinham as suas próprias fintechs  fazendo o mesmo trabalho que Applegate Bank sempre fez. E hoje estou aqui, à beira da falência, enquanto esses filhos da puta se tornaram bilionários às custas do dinheiro de meus clientes.


O depoimento de Steven nos serviu como uma luva, e ficamos tão surpresos com o que ouvimos que inevitavelmente nos olhamos.


Daphne: Sr. Applegate, o senhor mencionou que os federais contribuíram para esses acontecimento…?


Steven: Ah sim, é claro, com o enorme déficit que tive, os malditos federais começaram a investigar Applegate Bank e descobriram os desvios dos VIPs. Aparentemente os desvios foram feitos com uma chave secreta… olha, eu não sei dos detalhes porque eu odeio essa maldita internet, mas eu sei que eles não conseguiram provar que foram os VIPs que desviaram todo o dinheiro…


Velma: Então, eles culparam o senhor…


Steven: Exatamente! Toda a culpa caiu sobre meus ombros, mesmo sabendo que eu não sei a diferença entre um iPhone e um iPad. E então eles divulgaram isso para o governo e para a mídia, e eu, além de falido, me tornei um criminoso…


Velma: E com toda essa difamação, eu imagino que o senhor perdeu clientes, certo?


Steven: Foram todos para as malditas fintechs.


Velma: E como estão as ações de Applegate Bank agora?


Steven: Despencaram. Se não fosse a generosidade de George Blake, eu teria fechado as portas há meses…


Velma: E o senhor tem recebido muitas propostas para comprar a sua empresa ultimamente?


Steven: A todo momento.


Velma: Foi o que eu imaginei, Sr. Applegate.




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Autor(a): kendrakelnick

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  Daphne: Eu sinto muito por ouvir isso, Sr. Applegate. Mas saiba que estamos aqui para ajudá-lo, não para difamá-lo. Estamos investigando um desvio de dinheiro feito por uma corretora chamada Liberty e acreditamos que o senhor também pode ser uma das vítimas… Steven: Ah, a Liberty, claro, eu me lembro dela porque perten ...


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