Fanfic: __A SOLUÇÃO DO DUQUE__ | Tema: RBD e ÉPOCA

          Em resposta seu olhar estava vazio e sem vida. Acreditei que estivesse perdido suas esperanças. Para uma lady criada com pessoas lhe atendendo todos os caprichos era difícil ser obrigada a fazer algo. Para mim que vivi servindo as pessoas era fácil entender os motivos. Olhando-a assim imaginei Dulce em uma escola para jovens rebeldes, vendo sua ousadia ser drenada e a tristeza lhe matando dia após dia. Entendi que precisa de ajuda não por ser uma moça mimada demais, mas por precisar que alguém a ensinasse a ser forte ou que lutasse com ela.

          - Diga me, o que podemos fazer? – insisti.

        - Não há nada. Pedi para ficar até que acordasse. Logo vão perceber que acordou e serei levada.

          - Então posso fingir até termos um plano melhor.

          A lady riu. Também me pareceu tola essa ideia, porém precisávamos de tempo.

         - Acho que o duque Wycliff levaria o mesmo dormindo. Falando nisso, acho que quando descobrir que está sozinho comigo será o suficiente para arrombar essa porta.

          - Acredito que sim.

          Ficamos mais um pouco em silêncio.

          - Estamos entre o casamento e a escola. Qual é a pior? – Indaguei querendo ouvir sua opinião.

          -...ambos. Não tenho nada contra você, Christopher, mas não nasci para ser uma lady como as outras. Ou uma duquesa. Solteira posso continuar minha vida sem ter que cumprir um papel.

       - Para mim, Dulce – destaquei seu nome já que ela havia tirado a formalidade da conversa. – meus problemas deixariam de existir com a sua partida, mas quero te ajudar.

          - Por que ajudaria? Claro, eu te pedi ajuda, mas não ganharia nada com isso. Digo, eu entendi quando respondeu a carta que consegui livrar te do casamento e que as consequências eram minha responsabilidade.

           - Eu ouvi coisas sobre essas escolas. Só por isso estou aqui. Se você fosse para um convento, pode ter certeza que nem teria saído de casa.

          - E eu que sou a engraçadinha? – riu a lady tentando parecer chocada.  

          - O casamento ou a escola?

          - A guilhotina ou a forca?

          A porta abriu com um estrondo. Dois duques e um sr. Thomas adentraram o quarto numa discussão acalorada. De um lado Wycliff insistia em levar me dali e que a lady Dulce era um perigo para a sociedade. Do outro lado Saviñón rebatia que a filha era doce e que precisa apenas aprender bons modos. No meio o sr. Thomas tentava afastar os velhos que se peitavam como se tivesse vinte anos cada. Lady Dulce e eu ficamos assistindo enquanto a discussão prosseguia. Entretanto pararam do nada observando a lady que ainda estava de joelhos diante da cama em que eu me repousava do desmaio.

        - A guilhotina ou a forca? – Perguntei a ela usando sua analogia enquanto os três homens continuavam em silêncio.

          - A guilhotina... – respondeu me ela.

          - Que história é essa de guilhotina que estão falando? – Perguntou o duque Saviñón.

         Sentei na cama para responder com mais dignidade. O sangue vazado pela camisa chamou a atenção do duque Wycliff.

          - Está sangrando? Essa doida voltou a te machucar?

          - Olha como fala da minha filha, Wycliff seu maldito. 

        - Maldita é essa criatura. Toda vez que fica perto de meu filho ele acaba cheio de sangue. É uma bruxa e quer matá-lo.

          - Eu não sou uma bruxa! – Gritou a lady.

       - Pois parece muito com essas plantas esquisitas aqui, deve ser para feitiços. – cochichou o sr. Thomas para o duque Wycliff.

          - Chega! Não vou ouvir essas grosserias conta minha querida Dulce. Fora todos daqui!

          O duque Saviñón teve então uma crise de tosse tão forte que os outros cavalheiros ficaram observando em dúvida se saíam ou ajudavam o homem. Lady Dulce correu pegar um copo com água e lhe estendeu ao pai que tomou e foi acalmando. Pensei que após a acusação de bruxaria curar uma crise de tosse apenas com água não seria uma boa defesa, mas acredito que apenas eu tenha pensado nisso.  

          - Meus pontos abriram com a caminhada. – comecei aproveitando o silêncio.

          - Não deveria ter vindo para cá. Eu o proibi!

          - Pois não obedeci. Vim impedir que a lady seja mandada para a escola em Londres.

          - E quem é o senhor para impedir minhas decisões? – Voltou a falar o duque Saviñón bem abatido pela tosse recente.

          - O noivo! Não foi isso que decidiram por mim a dezesseis anos? Como noivo com um pé no altar de lady Dulce exijo que ela fique aqui até o casamento.

          - Eu não faço mais gosto desse casamento. – Wycliff rebateu com frieza.

          - Eu a amo, pai.    

          De onde aquelas palavras saíram? O ar tornou-se sólido em meus pulmões. Eu não tinha me preparado para dizer isso. Na verdade estava disposto a continuar o noivado apenas para livrá-la da escola. Percebi que havia criado um problemão maior do que o de Dulce com a história da minha queda da árvore.

       Todos ficaram olhando assombrados para mim. Pensei se teria alguma forma de consertar, vi que não. Teria que sustentar essa frase e que Deus me ajudasse.

            - Eu...a amo e vou seguir com o casamento mesmo sem vosso apoio, meu pai.