Fanfic: __A SOLUÇÃO DO DUQUE__ | Tema: RBD e ÉPOCA

            - Como não? O que o senhor estaria perdendo com isso, Sr. Diego?

          - Minha dignidade, Sr. Christopher! Consegui com muita dificuldade essa carruagem que me sustenta e não vejo o porquê deixar tudo para viver a vossa vida.

          - Fortuna e prazeres não são motivos suficientes para o senhor?

          - Não! Se fosse esse paraíso todo que queres me vender, viveria ele o senhor mesmo, não acha?

          - É pouco então? O senhor poderia descobrir vossa origem, afinal, é isso que vejo entre nós. Somos parentes, não sei se irmãos ou primos, mas somos família.

          Uma dor passou apertando o peito. Lembrei me de todas as vezes que rezara a noite pedindo para Deus pesar a consciência de meus pais e que pudesse ter uma família. Sonhara com os pais abraçando e dizendo o quanto se arrependiam de ter abandonado me na santa casa. Imaginava se teria irmãos e como eles seriam e se tivesse irmãs, se essas estariam precisando que ele as defendessem dos bêbados maus intencionados como aqueles que levava todas as noites até estalagens nos arredores da cidade.

          - Noto que esse é o seu preço. Sua origem! – Disse o sr. Christophe tirando me do devaneio.

          - Já disse não ao senhor!

          - Sr. Diego, meu irmão, descubra nosso parentesco. Veja quem não te quis na família. Se vingue se for o caso. Eu não me importo. Só necessito que mantenha me aqui. Eu serei você. Estaremos em pé de igualdade. Tornarei melhor sua vida: uma carruagem melhor, uma casa com empregados, alguns bons investimentos com o meu conhecimento em negócios...

          - Não somos irmãos!

          - Quem lhe garante isso? As vezes o senhor poderia ser o futuro duque, de qualquer jeito só estamos tornando real algo que poderia ser desde o começo.

          - Não...

          - E se for apenas pelo tempo que o senhor precisar para descobrir a verdade? Com o casamento feito e o duque Saviñón morto, posso manter a lady Dulce na fazenda dela. Terei feito a vontade do meu pai. Saberemos de fato se somos parentes ou não e poderá voltar a morar aqui. O senhor volta para a sua vida só que com muito dinheiro nas mãos e vossa origem revelada.

          - Não sei...se quiser voltar e o senhor negar o meu pedido? Como será? Te exponho? A cadeia será o destino para dois mentirosos, eu junto ao senhor ficaremos no fim disso tudo na mesma cela?

        - Não diga besteiras! Somos tão parecidos que nem os amigos de copo notariam a troca. Confie em mim.

[...]

          Já havia arrependido me dez vezes desde que começara a viagem em sentido ao interior. O sr. Christopher não estava aumentando quando dissera que a fazenda Wycliff ficava no meio do nada. Três dias de viagem e somente uma parada com estalagem para descanso. Entre um cochilo e uma leitura sobre economia (área de estudo do filho do duque), pensava quanto tempo demorariam para descobrir minha verdadeira identidade. O fato de sete anos de ausência ajudaria muito, mesmo assim ele me preparou para algumas situações: Contou como foi sua infância, a morte da mãe, o casamento do pai, seus estudos, o que costumava responder nas cartas curtas que escrevia, o que dizia para não voltar para a fazenda. Também cortou meus cabelos e aconselhou a fazer a barba todas as manhãs. Com o mesmo corte e sem a barba até a sra. Judith confundiu me com ele na última manhã que estive em Londres. Chegamos a uma conclusão: ou éramos irmãos ou sócias.

          A carruagem de aluguel que tomei só me levou a uma pequena vila que ficava próxima a fazenda. Não tinha muitas casas, uma pequena capela ficava na parte sul ao lado da única casa de correio. Pedi informação naquela capela e um homem de meia idade informou que precisava de um cavalo para chegar até as fazendas da região, pois o lamaçal empacaria qualquer veículo pesado naquela área. Estranhei, pois até aquele momento da viagem a estrada era bem seca e tranquila. Agradeci por ter uma única mala com roupas do sr. Christopher, mais que isso seria impossível cavalgar sem cansar o pobre animal. Aluguei um cavalo e segui viagem. A estrada mudou de aspecto assim que sai da vila, aparentemente um rio todo estava sendo sugado pela terra somente naquele caminho. Deveria ser natural aquilo? Provavelmente não.

          Com muita dificuldade passei aquele trecho, a estrada melhorou quando encontrei o grande muro com grandes letras douradas em que se lia “Fazenda Wycliff”. Observei que apenas aquela fachada seria cara o suficiente para sustentar um orfanato todo por muitos anos. Senti raiva pela primeira vez desde que aceitara descobrir a verdade sobre minhas origens.

          Não precisei informar quem eu era quando desci do cavalo: pegaram o animal e me deixaram passar. Não precisei dizer nada quando passei pelo portão: ele foi escancarado com violência pelo empregado que mal me olhou nos olhos. Não precisei abrir a boca após um homem alto abrir a porta principal e me dar passagem com uma reverência. Andei decidido pelos cômodos que nunca vira, mas que certamente seriam familiar para o filho do duque. 

          - Christopher!!!